Por Raul Galhardi
Segundo pesquisa divulgada pelo Datafolha em março deste ano, a
preferência dos eleitores pelo PT atingiu seu menor nível desde 1989 e a
situação é pior entre os jovens de 16 a 24 anos, faixa em que, pela primeira
vez, o partido foi ultrapassado pelo PSDB. Integrantes da legenda avaliam o
cenário
O PT
está em crise. Se em 2014, durante a campanha eleitoral do segundo turno, o
partido pareceu ter ressuscitado sua relação com a militância, criando momentos
de intensa mobilização como o comício realizado na PUC de São Paulo em outubro
daquele ano, hoje o partido encontra-se recuado e dividido. A situação é
particularmente problemática entre os jovens, historicamente mais simpáticos à
legenda.
Segundo pesquisa divulgada pelo Datafolha em março deste ano, a preferência dos eleitores pelo PT atingiu seu menor nível desde 1989. Apenas 9% disseram preferir a sigla, enquanto em março de 2013 esse percentual alcançava 30%
Segundo pesquisa divulgada pelo Datafolha em março deste ano, a preferência dos eleitores pelo PT atingiu seu menor nível desde 1989. Apenas 9% disseram preferir a sigla, enquanto em março de 2013 esse percentual alcançava 30%
A situação, entretanto, é pior entre
os jovens de 16 a 24 anos. Pela primeira vez, o PT foi ultrapassado pelo PSDB.
A pesquisa mostra que 6% preferem os tucanos e 5% os petistas. Em 2014, os
petistas possuíam 15% de simpatia nessa faixa etária, enquanto os tucanos tinham
5%.
Nos dias 22 e 23 de maio aconteceu em São Paulo a etapa estadual do 5º Congresso do PT. O encontro, que ocorreu na Quadra dos Bancários no centro da cidade, teve como objetivo debater a conjuntura estadual e nacional, refletir sobre o atual momento e apresentar propostas que serão encaminhadas ao 5º Congresso Nacional do Partido dos Trabalhadores, que terá lugar em Salvador entre os dias 11 a 14 de junho
Nos dias 22 e 23 de maio aconteceu em São Paulo a etapa estadual do 5º Congresso do PT. O encontro, que ocorreu na Quadra dos Bancários no centro da cidade, teve como objetivo debater a conjuntura estadual e nacional, refletir sobre o atual momento e apresentar propostas que serão encaminhadas ao 5º Congresso Nacional do Partido dos Trabalhadores, que terá lugar em Salvador entre os dias 11 a 14 de junho
O cenário era do encontro era de
desolação. Na sexta-feira, quando era esperada a presença do ex-presidente
Lula, que faltou ao evento, apenas metade das cadeiras estava ocupada por
filiados e simpatizantes. No dia seguinte, a situação foi ainda pior: cerca de
dois terços dos assentos encontravam-se vazios. Dentre os participantes que ali
se encontravam, poucos eram jovens.
Marco
Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência, fez um balanço que retratou
bem a situação do partido. “Como fundador e alguém que militou 35 anos no
partido, nunca vi uma reunião do PT tão vazia como essa. Vazia ontem, quando se
anunciava que Lula viria. Esvaziada hoje, quando no passado se disputava um
crachá. Isso é um sintoma grave de uma crise que nos atinge de forma objetiva e
subjetiva”, disse ele ao abrir os trabalhos de uma das mesas de discussão do
Congresso.
Rodrigo
Cesar, 29 anos, membro da direção estadual da Juventude do PT de São Paulo e da
corrente do partido Articulação de Esquerda, diz que a sigla poderia ter
evitado essa queda de popularidade entre a juventude se tivesse aproveitado as
manifestações de 2013. “Teve queda em 2013, mas foi menor, de 24% para 19%.
Isso quer dizer que o movimento daquele ano não era ruim para nós. Ele fazia
críticas que nós fazíamos às instituições falidas desse Estado burguês. Agora,
se nós queremos nos colocar na posição de ‘vidraça’, essa é uma opção nossa.”
Para
Paulo Costa, funcionário público e integrante da corrente Novo Rumo para o PT,
a juventude petista fala muito a “linguagem dos velhos”. “Muitos jovens do
partido têm o mesmo discurso dos fundadores da década de 80 e a molecada de
fora não consegue se enxergar aqui dentro.”
A
estudante de Direito Tamires Gomes Sampaio, 21 anos, integrante da corrente
Construindo um Novo Brasil, acredita que a crise política não é problema apenas
do PT, mas da esquerda como um todo. “A juventude está se afastando dos
movimentos tradicionais, mas está se organizando e nós vemos cada vez mais
coletivos surgindo”. Ela diz militar no movimento estudantil e também em
coletivos de estudantes negros, prounistas e feministas, além de outros coletivos
horizontais.
“O PT
precisa aprender com as novas formas de expressão dos jovens”, disse à
Fórum o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha. Para ele, a juventude
atual se organiza mais por temas do que por organizações.
Um dos papéis que o partido precisa
assumir, segundo o ex-ministro, é “tornar-se protagonista no enfrentamento ao
genocídio da juventude negra”. “Um passo para isso consiste na derrota da
proposta de redução da maioridade penal que está sendo discutida no Congresso
Nacional”, defende.
Diante
desse panorama, a presença de Gabriel Rodrigues dos Santos, 16 anos, destoava
entre os participantes do encontro estadual do partido. O adolescente, que está
filiado ao PT há um ano, disse que estava ali porque esperava “novas propostas
para barrar o PL 4330/04 (lei que trata da regulamentação das terceirizações)”
e que acreditava que o PT fosse melhor do que os outros partidos “por causa do
Lula”. Ele mora em Carapicuíba e participou de outros dois encontros municipais
do partido em Osasco.
De
acordo com o presidente da Associação Brasileira de Consultores Políticos
(ABCOP), Carlos Manhanelli, a informação hoje se encontra mais disseminada e os
jovens possuem maior acesso a ela em diversos meios, o que permite a eles
analisarem melhor o que é do seu interesse. Um partido que queira se aproximar desse grupo precisaria apresentar
uma ideologia que satisfizesse a sua vontade de participar da vida política da
sociedade.
“O
principal é ter o que falar. Vamos defender um ajuste fiscal, que acaba
restringindo o acesso ao seguro-desemprego, quando a gente sabe que a mais alta
taxa de rotatividade de emprego é entre os jovens? Como é que a gente vai falar
pros jovens ‘venham para o PT’? Isso cria uma contradição muito grande”,
argumenta Rodrigo Cesar
Mas para ele existe uma solução para a
sigla e ela apareceu no segundo turno das últimas eleições. De acordo com o
membro da Articulação de Esquerda, foi a polarização do debate que fez com que
Dilma virasse o jogo. “Nós íamos perder de lavada entre os jovens. Por que nós
conseguimos reverter essa derrota? Porque a gente politizou o debate mais do
que em muitos anos de gestão do governo Lula e Dilma por opção de fazer um
programa à esquerda”, conclui o jovem militante petista
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