Jornal do Brasil
As recentes declarações do ministro do Trabalho, Manoel Dias (PDT), sobre a campanha negativa pela qual passa a presidente Dilma Rousseff voltaram a suscitar comparações entre o contexto atual com o do presidente Getúlio Vargas, primeiro com a crise econômica decorrente da quebra da Bolsa de Nova York, em 1929, e depois com a crise política.
No Congresso, em homenagem aos 61 anos da morte de Vargas, Dias relacionou a “campanha difamatória” do ex-presidente à sofrida por João Goulart, Leonel Brizola e a presidente Dilma, “uma campanha intensiva de tantos quantos querem impedir que o Brasil avance, se democratize”, discursou o ministro pedetista, acrescentando que “mudam os atores, mas o cenário é o mesmo”.
Especialista em marketing político que já participou de mais de 200 campanhas eleitorais, Carlos Manhanelli reitera que, mesmo na economia, o cenário é similar e que mudam apenas os atores sociais. Segundo ele, troca-se os Estados Unidos de 1929, que deu fôlego à crise do café, pela China de agora, que preocupa o cenário mundial, tal como ocorreu com a quebra da Bolsa de Nova York.
“Agora, tal como ocorreu com a bolsa de Nova York arrebentando o Brasil, uma crise externa atinge o país. Tal como em 29, a crise prejudicou o mundo inteiro, e não só o Brasil. A China, agora, é a grande capitã da nau do mercado mundial e o timão está nas mãos dela. O mundo está alerta porque ele está escorregando”, analisa Manhanelli.
A única diferença, segundo o analista político, é a forma como o remédio para o problema é apresentado. “A doença da crise econômica é a mesma, com a diferença de que em Vargas havia a imposição do remédio, enquanto na democracia de Dilma Rousseff ela precisa provar para a população que esse remédio não fará mal”, compara.
Tal como no cenário getulista, em que a crise do café afetou, sobretudo, a elite paulista e o presidente fez oposição à política do café com leite (a alternância de poderes entre as oligarquias São Paulo e Minas Gerais), as dificuldades econômicas de agora deterioram a popularidade da petista, com mais força em São Paulo, reduto dos tucanos, e com sede em Minas Gerais, ninho do senador Aécio Neves (PSDB), algoz de Dilma nas eleições e um dos principais defensores da deposição da presidente.
Para o cientista político Aldo Fornazieri, professor da Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fespsp), a ideia de impeachment, levada como ameaça e chantagem, é o elemento de similitude entre as duas figuras políticas. Tanto no caso da petista quanto do trabalhista, a crise política se acirra no segundo governo – no segundo mandato de Dilma e no chamado segundo período varguista, quando o presidente é eleito por voto direto.
“Há semelhanças, sim. O que muda é o contexto histórico: Vargas estava numa luta ideológica para que se implantasse um governo sindicalista e a direita estava mais organizada. Há, hoje, um colapso das instituições – dos partidos, do Congresso – e não há perspectiva para a direita, porque ela sequer consegue apontar uma saída, no caso de um impeachment da Dilma”, analisa Fornazieri.
No Congresso, em homenagem aos 61 anos da morte de Vargas, Dias relacionou a “campanha difamatória” do ex-presidente à sofrida por João Goulart, Leonel Brizola e a presidente Dilma, “uma campanha intensiva de tantos quantos querem impedir que o Brasil avance, se democratize”, discursou o ministro pedetista, acrescentando que “mudam os atores, mas o cenário é o mesmo”.
Especialista em marketing político que já participou de mais de 200 campanhas eleitorais, Carlos Manhanelli reitera que, mesmo na economia, o cenário é similar e que mudam apenas os atores sociais. Segundo ele, troca-se os Estados Unidos de 1929, que deu fôlego à crise do café, pela China de agora, que preocupa o cenário mundial, tal como ocorreu com a quebra da Bolsa de Nova York.
“Agora, tal como ocorreu com a bolsa de Nova York arrebentando o Brasil, uma crise externa atinge o país. Tal como em 29, a crise prejudicou o mundo inteiro, e não só o Brasil. A China, agora, é a grande capitã da nau do mercado mundial e o timão está nas mãos dela. O mundo está alerta porque ele está escorregando”, analisa Manhanelli.
A única diferença, segundo o analista político, é a forma como o remédio para o problema é apresentado. “A doença da crise econômica é a mesma, com a diferença de que em Vargas havia a imposição do remédio, enquanto na democracia de Dilma Rousseff ela precisa provar para a população que esse remédio não fará mal”, compara.
Tal como no cenário getulista, em que a crise do café afetou, sobretudo, a elite paulista e o presidente fez oposição à política do café com leite (a alternância de poderes entre as oligarquias São Paulo e Minas Gerais), as dificuldades econômicas de agora deterioram a popularidade da petista, com mais força em São Paulo, reduto dos tucanos, e com sede em Minas Gerais, ninho do senador Aécio Neves (PSDB), algoz de Dilma nas eleições e um dos principais defensores da deposição da presidente.
Para o cientista político Aldo Fornazieri, professor da Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fespsp), a ideia de impeachment, levada como ameaça e chantagem, é o elemento de similitude entre as duas figuras políticas. Tanto no caso da petista quanto do trabalhista, a crise política se acirra no segundo governo – no segundo mandato de Dilma e no chamado segundo período varguista, quando o presidente é eleito por voto direto.
“Há semelhanças, sim. O que muda é o contexto histórico: Vargas estava numa luta ideológica para que se implantasse um governo sindicalista e a direita estava mais organizada. Há, hoje, um colapso das instituições – dos partidos, do Congresso – e não há perspectiva para a direita, porque ela sequer consegue apontar uma saída, no caso de um impeachment da Dilma”, analisa Fornazieri.
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