Jornal do Brasil Eduardo Miranda
Visto da perspectiva do déficit do Orçamento de 2016 da União, que será de R$ 30,5 bilhões, o anunciado corte de ministérios pode ter efeito maior para a imagem do governo da presidente Dilma Rousseff e menos impacto financeiro. A economia estimada com a extinção de pastas ficará em aproximadamente R$ 100 milhões ao ano.
Mas, em tempos de descrédito das instituições políticas em todo o mundo, o gesto tem a intenção de ser nobre. Na Espanha, logo após as eleições municipais, seis governantes anunciaram rebaixamento de seus próprios salários. Levantamento do jornal “El País” mostra que os prefeitos de Barcelona, Zaragoza e Valência já cortaram cerca de 25% de seus salários. Em Madri, as mudanças foram anunciadas para este mês.
A pressão do orçamento, aliada a deslegitimação da política, chegou ao Brasil. Na semana passada, o prefeito de Florianópolis anunciou corte de 30% no próprio salário e de 10% no de seus secretários. Em Campina Grande, na Paraíba, o prefeito reduzirá o próprio vencimento em 40%.
Para o pesquisador da Casa de Rui Barbosa, o cientista social Julio Aurélio Vianna Lopes, as ações vindas do próprio poder respondem, de certa maneira, às manifestações que se iniciaram em 2013 e tornaram os cidadãos “ativos pela ética”, defende. “A democracia é um regime de persuasão e a eficiência funcional depende da ética. Até mesmo em falsas democracias, sem a ética, o poder corre riscos, como na queda do presidente Mubarak, no Egito”.
Vianna Lopes chama a atenção para o efeito simbólico de governantes que reduzem os próprios salários, apesar da pouca eficácia nas contas públicas que o ato pode ter. Ele afirma, porém, que o senso de percepção do político em adequar seu salário à conjuntura política e econômica não se estende a questões de impacto maior para a sociedade. “Só discutimos o ajuste fiscal economicamente. Ele não foi debatido como pacto ou acordo fiscal”, lamenta.
Para o professor de marketing político Carlos Manhanelli, a redução de salários, no contexto brasileiro, já vem com sinal negativo. “No Brasil, tudo o que vier para prejudicar um político é muito bem visto pela população, enquanto nos Estados Unidos, as pessoas doam dinheiro para seus candidatos. A situação da Espanha não é muito diferente da do Brasil, mas não é tão extremada”, analisa ele, que leciona gerenciamento de campanhas eleitorais em duas faculdades de Madri.
Manhanelli lembra que os fatos negativos sobre políticos ganham mais repercussão, inclusive na mídia, e acabam prevalecendo. "Fala-se pouco dos prefeitos que baixaram salários por conta própria. Lembramos mais da cidade do Paraná em que a população fez pressão e os vereadores tiveram que obrigatoriamente reduzir seus próprios vencimentos", diz ele, em referência ao município de Jacarezinho, onde o presidente da Câmara de Vereadores chamou os manifestantes de "gatos pingados" e acabou tendo que ceder quando os protestos ganharam adesão da população local, em agosto.
Mas, em tempos de descrédito das instituições políticas em todo o mundo, o gesto tem a intenção de ser nobre. Na Espanha, logo após as eleições municipais, seis governantes anunciaram rebaixamento de seus próprios salários. Levantamento do jornal “El País” mostra que os prefeitos de Barcelona, Zaragoza e Valência já cortaram cerca de 25% de seus salários. Em Madri, as mudanças foram anunciadas para este mês.
A pressão do orçamento, aliada a deslegitimação da política, chegou ao Brasil. Na semana passada, o prefeito de Florianópolis anunciou corte de 30% no próprio salário e de 10% no de seus secretários. Em Campina Grande, na Paraíba, o prefeito reduzirá o próprio vencimento em 40%.
Para o pesquisador da Casa de Rui Barbosa, o cientista social Julio Aurélio Vianna Lopes, as ações vindas do próprio poder respondem, de certa maneira, às manifestações que se iniciaram em 2013 e tornaram os cidadãos “ativos pela ética”, defende. “A democracia é um regime de persuasão e a eficiência funcional depende da ética. Até mesmo em falsas democracias, sem a ética, o poder corre riscos, como na queda do presidente Mubarak, no Egito”.
Vianna Lopes chama a atenção para o efeito simbólico de governantes que reduzem os próprios salários, apesar da pouca eficácia nas contas públicas que o ato pode ter. Ele afirma, porém, que o senso de percepção do político em adequar seu salário à conjuntura política e econômica não se estende a questões de impacto maior para a sociedade. “Só discutimos o ajuste fiscal economicamente. Ele não foi debatido como pacto ou acordo fiscal”, lamenta.
Para o professor de marketing político Carlos Manhanelli, a redução de salários, no contexto brasileiro, já vem com sinal negativo. “No Brasil, tudo o que vier para prejudicar um político é muito bem visto pela população, enquanto nos Estados Unidos, as pessoas doam dinheiro para seus candidatos. A situação da Espanha não é muito diferente da do Brasil, mas não é tão extremada”, analisa ele, que leciona gerenciamento de campanhas eleitorais em duas faculdades de Madri.
Manhanelli lembra que os fatos negativos sobre políticos ganham mais repercussão, inclusive na mídia, e acabam prevalecendo. "Fala-se pouco dos prefeitos que baixaram salários por conta própria. Lembramos mais da cidade do Paraná em que a população fez pressão e os vereadores tiveram que obrigatoriamente reduzir seus próprios vencimentos", diz ele, em referência ao município de Jacarezinho, onde o presidente da Câmara de Vereadores chamou os manifestantes de "gatos pingados" e acabou tendo que ceder quando os protestos ganharam adesão da população local, em agosto.
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