DIÁRIO WEB
São José do Rio Preto, 10 de Junho, 2012 - 2:15
Se sentar na cadeira de prefeito de Rio Preto custa pelo menos R$ 2 milhões. A avaliação foi feita por especialistas em marketing político e produtores de televisão a pedido do Diário. Segundo o cálculo elaborado por marqueteiros, cada voto conquistado na eleição municipal deve custar, em média R$ 17, estima
Carlos Manhanelli, especialista em marketing eleitoral com diversos livros publicados sobre o assunto. O valor estimado do voto conquistado foi obtido em análises de campanhas vitoriosas nas principais cidades brasileiras.
Em Rio Preto, na última eleição, em 2008, o prefeito Valdomiro Lopes (PSB) declarou à Justiça Eleitoral gastos de R$ 1,98 milhão para um universo de 109 mil votos no segundo turno. Para ampliar a votação, chegando a aproximadamente 120 mil votos, número que daria ao prefeito a garantia da reeleição, ele terá que desembolsar, no mínimo, R$ 2,04 milhões. O superfaturamento das campanhas é verificado quando comparado com 2004, quando o ex-prefeito Edinho Araújo declarou gastos de R$ 750 mil para se reeleger.
A proporção do especialista vale para os demais pré-candidatos João Paulo Rillo (PT), Manoel Antunes (PDT), Maurício Bellodi (PV), Marcelo Henrique (Psol) e Daniel Caldeira (PSL) e incluem desde gastos com programa eleitoral até o custeio de cabos eleitorais. O petista, por exemplo, gastou R$ 1,06 milhão na eleição de 2008 e conquistou 103 mil votos no segundo turno. Os valores estimados podem variar para cima ou para baixo.
“O custo da campanha varia de acordo com a dificuldade da disputa e não pelo tamanho da cidade”, explica
Manhanelli. Do montante a ser investido na campanha, 40% será direcionado para os programas de televisão, que exigem equipamentos de ponta e profissionais qualificados. As produtoras de televisão se adequaram às exigências dos candidatos e, principalmente, dos eleitores, que não aceitam programas de baixa qualidade.
De acordo com o produtor Adriano Nunes, de Rio Preto, atualmente as emissoras de televisão produzem novelas e telejornais com imagens e conteúdo de alto padrão e, por isso, os eleitores não aceitam mais programas eleitorais com padrões inferiores. Para obter qualidade, as produtoras investem em equipamentos. Até um aeromodelo de helicóptero foi adaptado para captar imagens aéreas.
Do chão, acionando um controle remoto e auxiliado por um diretor de fotografia, Nunes consegue captar imagens que antes exigiam equipamentos pesados e até o uso de avião. “Esse aeromodelo será uma das novidades para a campanha eleitoral de 2012. Aparelho semelhante foi usada nas filmagens de Gabriela (novela que Globo exibirá)”, afirmou o produtor.
O custo para o uso desse equipamento na produção de programas eleitorais será diluído nos 40% do orçamento final da campanha. De acordo com a estimativa de gastos, a campanha vitoriosa de R$ 2 milhões deverá reservar pelo menos R$ 800 mil para a produção dos programas de televisão.
Alta Definição
O aeromodelo é apenas uma das novidades que serão usadas nos programas de televisão exibidos nas eleições municipais de 2012. De acordo com o produtor Renato Brito, de Rio Preto, todas as imagens dos programas serão captadas com equipamento HD, sigla da expressão em inglês “High Definition”, que significa Alta Definição. “O programa eleitoral tem que ter boa qualidade de imagem e produção para o candidato não cair no descrédito”, disse.
Brito também afirmou que o uso de equipamentos compactos vai ganhar força na eleição deste ano. “Câmeras fotográficas com capacidade de filmagem serão muito usadas nas produções das campanhas, sempre com ótima qualidade de captação de imagens”, disse. “O eleitor já tem parâmetros de programas bons e, por isso, os candidatos não podem apresentar programas de baixa qualidade”, completou.
Redes sociais serão vedete
Os investimentos em internet crescem a cada campanha eleitoral. Em 2008, especialistas estimaram que a rede mundial de computadores consumiria aproximadamente 7% do orçamento de uma campanha eleitoral para prefeito. Para 2012, esse índice chega a 15%. “Os investimentos em internet devem ser avaliados de acordo com o contexto da cidade”, disse o publicitário
Carlos Manhanelli.
Tanto que, pela primeira numa campanha municipal em Rio Preto, candidatos devem contratar equipes exclusivamente para monitorar e alimentar sites, blogs e, principalmente, redes sociais como Twitter e Facebook. Os principais candidatos a prefeito, como Valdomiro Lopes (PSB), Manoel Antunes (PDT), Maurício Bellodi (PV) e João Paulo Rillo (PT), já mantêm assessores e simpatizantes em alerta nas redes sociais.
A qualquer comentário positivo ou negativo sobre seus candidatos se manifestam. Estimativas de especialistas em marketing político e produtores apontam que uma campanha vitoriosa para a Prefeitura de Rio Preto exige investimentos de pelo menos R$ 300 mil na internet.
Pesquisas
O mesmo valor deve ser reservado por coligações, partidos e candidatos para custear pesquisas eleitorais. O custo das despesas com esse item varia de acordo com a dificuldade da disputa. “Em determinados casos a pesquisa é feita para corrigir os rumos da campanha. Então, se o cenário apresentar uma eleição muito disputada, o investimento em pesquisa pode ser ainda maior”, disse
Manhanelli.
As despesas com programas de televisão, internet e pesquisas deverão consumir aproximadamente 70% do orçamento de uma campanha. Os 30% restantes serão distribuídos para a produção dos programas de rádio, material impresso em gráficas e com a contração de pessoal para trabalhar como cabo eleitoral.
Considerando o gasto que o prefeito Valdomiro Lopes (PSB) teve na eleição de 2008 - R$ 1,9 milhão - comparado com o salário recebido pelo chefe do Executivo - R$ 9 mil - seriam necessários 18 anos de mandato para recuperar o valor investido.
Além disso, com os R$ 2 milhões estimados como gastos para se eleger prefeito de Rio Preto, seria possível, entre outros, construir duas unidades básicas de saúde (UBS) de R$ 1 milhão cada. Ou então comprar mais de 13,3 mil cestas básicas de R$ 150 cada.