segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

O FUTURO DE KASSAB


José Agripino vai procurar dissidentes do DEM

Diário Comercio e Industria (DCI)
14 de fevereiro de 2.011
anderson passos


São Paulo - Apesar de as reuniões da semana passada não terem garantido a permanência do prefeito Gilberto Kassab nos quadros do DEM, mesmo com uma luta incessante do partido para isso, o senador José Agripino Maia (DEM-RN), que concorrerá à presidência da sigla em março, foi escalado para procurar aliados do prefeito para negociar um pacto que garanta espaço na sigla ao prefeito paulistano ainda nesta semana. O périplo começa hoje em São Paulo, onde Agripino participará de um almoço com os ex-senadores Marco Maciel (PE) e Jorge Bornhausen (SC), aliados de Kassab. O objetivo é unificar o partido e evitar a sangria de quadros após a convenção nacional.
Cientistas políticos ouvidos pelo DCI entendem que, se deixar o DEM, o prefeito da capital, Gilberto Kassab deve buscar um entendimento para não ter seu mandato reivindicado pelo partido e se abrigar numa sigla da base do governo Dilma Rousseff, com vistas à disputa do governo do estado de São Paulo em 2014. O professor Carlos Manhanelli, da Manhanelli Associados, diz que politicamente a opção mais viável é o PMDB, que carece de lideranças desde a morte do ex-governador Orestes Quércia. "Desde a morte do Quércia o PMDB carece de lideranças, já que tanto o Baleia Rossi quanto o Jorge Caruso são lideranças regionais. A hora boa de o PMDB ter um novo líder é agora", afirma.
Já o professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Francisco Fonseca defende que o PSB do governador Eduardo Campos (PE) é uma alternativa melhor. "O PMDB já é um partido de 'cobras criadas', tem uma teia política consolidada, liderada pelo Michel Temer. O PSB, como não está consolidado em São Paulo, seria uma opção interessante porque é um partido em expansão. Basta dizer que o PMDB não elege mais ninguém em São Paulo e o PSB pode tentar buscar seu espaço, construindo uma alternativa com o meio empresarial, como fez com a candidatura de Paulo Skaf no ano passado", relembrou Fonseca.
Tanto Manhanelli quanto Fonseca concordam em um item: o grande desafio de 2014 já está colocado e consiste na construção de uma alternativa aos governos do PSDB em São Paulo. "É natural que o PSDB tenha um desgaste. Pode ser que em 2014 ele esteja mais acentuado ou não, vai depender do governo de Alckmin, que está começando. Agora, a eleição ao governo de São Paulo tem se caracterizado pela falta de alternativas às gestões do PSDB. O grande desafio da oposição em 2014 será apresentar novas alternativas ao eleitorado", sustenta Manhanelli. Ainda em defesa da migração para o PMDB, ele adverte que, embora o PT municipal já tenha anunciado que permanecerá na oposição a Kassab, a ida do prefeito para o PMDB poderia ajudar, em paralelo, a "asfaltar" o caminho entre os dois partidos no estado, como aconteceu no plano federal. "O PMDB não conseguiu emplacar ninguém no governo de Alckmin, apesar de todo o apoio da sigla na campanha. Se o Kassab consolida a ida para o PMDB, ele pode levar para o seu secretariado um deputado peemedebista, prestigiando o partido, ao contrário do movimento que o Alckmin tem feito de não levar o PMDB para o seu primeiro escalão", alerta.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Caso Cesare Battisti

RIT TV entrevista Manhanelli sobre caso de Cesare Battisti


O Profº MS Carlos Manhanelli, na tarde da última sexta-feira (14), concedeu entrevista para a RIT TV, dando sua opinião a respeito da decisão do ex-presidente Lula de negar o pedido de extradição de Cesare Battisti.

Segundo Manhanelli, ao negar o pedido, Lula levou em consideração a similaridade do caso com os fatos que ocorreram entre o governo militar e os guerrilheiros que lutavam por outra ideologia. A luta de Battisti, assim como a luta dos revolucionários brasileiros na década de 60, 70 e 80, foi totalmente ideológica, e não por serem criminosos. Se Lula fosse contra Battisti, estaria indo contra a luta ideológica de seus companheiros de partido.

O fato do ex-presidente não ter deixado a decisão para a atual Presidente Dilma Rousseff, entende-se como uma forma de evitar colocá-la em uma situação onde falariam que Dilma defendeu Battisti por ter agido da mesma forma que ele no passado. “A Dilma, assim como Cesare Battisti, foi uma guerrilheira. Já o Lula, não pegou em armas”, ressaltou o professor.

Também foi levantada a questão sobre o STF (Supremo Tribunal Federal) ter discordado com a decisão do ex-presidente, que para Manhanelli é muito importante, pois é uma atitude que caracteriza a democracia. Onde ninguém é obrigado a assinar em baixo das decisões do presidente, reafirmando a independência dos poderes.

Na entrevista, o professor também salientou que mesmo com o governo italiano tendo demonstrado desconforto quanto a extradição negada pelo governo brasileiro, a presença do Embaixador Italiano na posse da presidente Dilma mostra que não passou de um descontentamento da Itália e que a decisão do Brasil foi respeitada.

A entrevista será transmitida durante um debate sobre a decisão do ex-Presidente Lula, que irá ao ar na RIT TV, canal 40 UHF ou 12 pela Net e 6 pela Sky, ou ao vivo pelo site vejamso.com.br.

Legenda: A entrevista vai ao ar na próxima quarta-feira (19), às 22:10, na RIT TV (Rede Internacional de Televisão).

domingo, 2 de janeiro de 2011

Para analistas, primeiro discurso teve mensagem ‘ampla’ e alguns ‘recados’

Fabrícia Peixoto
Da BBC Brasil em São Paulo
em 1 de janeiro, 2011 - 18:41 (Brasília) 20:41 GMT


Em seu primeiro pronunciamento como presidente do Brasil, Dilma Rousseff privilegiou um texto sem foco em temas específicos, o que resultou em uma mensagem “um tanto ampla”, na avaliação de especialistas ouvidos pela BBC Brasil.

A avaliação é de que Dilma mencionou praticamente “todos os temas” relevantes para o país na atualidade durante o discurso no Congresso, mas sem estabelecer compromissos.
“Ouvimos um discurso amplo, com uma quantidade enorme de temas, mas sem ênfases pontuais”, diz Leonardo Barreto, cientista político e professor da Universidade de Brasília (UNB).
Segundo ele, um dos “poucos momentos” de ênfase ocorreu na menção à reforma tributária, classificada como “inadiável” pela nova presidente.
“Ela falou de praticamente tudo, mas muito rapidamente. Falou de economia, política externa, da questão social, mas sempre de forma muito cuidadosa, sem grandes compromissos”, diz o professor.

Simbolismos
Na opinião do consultor político Carlos Manhanelli, a preferência por “abraçar” os mais variados temas acabou resultando em uma fala “linear”, ou seja, “sem grandes pontos de emoção”.
"Mesmo um discurso político, feito no Congresso, poderia ter tido um toque mais emotivo”, diz.
Mas apesar de “genérico”, o texto lido pela presidente Dilma Rousseff no Congresso Nacional refletiu alguns “simbolismos” referentes à nova ocupante do Palácio do Planalto.
“O principal deles é, sem dúvida, o fato de uma mulher estar subindo a rampa do Palácio do Planalto. Nesse sentido, Dilma tenta se comparar ao ex-presidente Lula, que durante sua posse chamou atenção para o fato de ter sido o primeiro metalúrgico eleito”, diz.
Ainda de acordo com Manhanelli, Dilma Rousseff também reforçou a ideia de que “não pode errar”, à semelhança do recado dado por Lula nos últimos anos.
“De certa forma, são discursos parecidos. Assim como Lula, Dilma busca enfatizar um fato inédito como forma de dar maior destaque à sua eleição”, acrescenta o especialista.
Situação ‘confortável’
Na avaliação dos analistas ouvidos pela BBC Brasil, Dilma Rousseff toma posse em um momento “bastante favorável” ao país, com a estabilidade econômica e indicadores positivos.
A situação é diferente daquela vivenciada por Lula em 2003, quando o então presidente eleito precisava “conquistar a confiança” da elite empresarial, tanto no Brasil como no exterior.
“Dilma assume em um momento mais favorável, sem ter que se explicar muito do ponto de vista econômico”, diz
Manhanelli.
Barreto lembra ainda que o discurso de Lula, em 2003, teve um forte cunho de mudança, com a promessa de um “novo caminho” para o país.
“Já no caso de Dilma, a questão principal do discurso é a continuidade da política de seu antecessor, o que reduz ainda mais a possibilidade de grandes novidades no discurso”, diz o professor da UNB.
Recados
Apesar da generalidade do discurso, os analistas ouvidos pela BBC Brasil apontam alguns “recados” dados pela presidente Dilma Rousseff em seu primeiro pronunciamento.
Um dos mais fortes foi na menção a sua história como ativista política durante o regime militar, quando foi presa e torturada.
Dilma disse não “carregar ressentimentos ou rancor”, acrescentando ainda que não haveria “retaliações” durante seu governo.
“Esse não deixa de ser um recado importante aos militares, uma tentativa de minimizar eventuais rusgas”, diz
Manhanelli.
Já o professor da UNB chama atenção para o trecho em que Dilma “estende a mão à oposição”, sugerindo certa “generosidade” àqueles que não a apoiaram durante a campanha.
“Senti falta de um afago aos deputados e senadores, sobretudo em um momento delicado na relação entre o novo governo e o Legislativo”, diz Barreto.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Candidatos usaram mal as redes sociais em 2010


“Efeito Obama” não se repetiu no Brasil; para especialistas, faltou interatividade por parte dos políticos, que usaram os sites para propaganda estática
Entrevista ao Jornal Gazeta do Povo em 15/10/2.010


No dia 31 de outubro, quando ocorre o segundo turno para escolha de presidente da República (e de governador em alguns estados), chega ao fim o primeiro processo eleitoral no Brasil com uso pleno das mídias sociais. Milhares de candidatos puderam usar e abusar de Twitter, Orkut, YouTube, MySpace e Facebook, ferramentas que encantam e seduzem os brasileiros. Apesar da grande expectativa, o aproveitamento desse tipo de mídia no relacionamento candidato/eleitor não atingiu o resultado nem o público esperado, opinião unânime entre os especialistas em marketing político consultados pela Gazeta do Povo.
“Desde o começo, todos sabiam que essa eleição seria um grande laboratório para o uso das mídias sociais. O problema é que muitos candidatos, por desconhecimento, não souberam utilizar os veículos ou os usaram de forma equivocada”, destaca Carlos Manhanelli, presidente da Associação Brasileira dos Consultores Políticos e professor de comunicação política e marketing eleitoral na Universidade de Salamanca, na Espanha.
Interação
Antes do início das campanhas eleitorais existia a expectativa de que a troca de informação por meio das novas tecnologias pudesse influenciar na decisão do voto. Não foi o que ocorreu – muito por culpa dos próprios candidatos e suas equipes, que não souberam utilizar as ferramentas de maneira adequada. “As redes sociais não foram bem utilizadas pelas candidatos que não estavam prontos. Eles não interagiram com os eleitores, sanando suas dúvidas. Em vez disso, usaram as redes como canal de propaganda estática”, analisa o gerente de contas da Arca Estúdio de Criação e palestrante de marketing político Elizeu Alves. A opinião é compartilhada pelo consultor de marketing e comunicação Evandro Barreto. “Como instrumento, as redes sociais não foram eficientes; serviram mais como arma tática do que estratégica. Faltou maturidade”, disse.
A crítica dos especialistas reside justamente no modelo utilizado, em que as tecnologias foram apenas canais para fazer propaganda das propostas, deixando de lado a possibilidade de debate. A interação, segundo Alves, ocorreu apenas pelo lado dos eleitores. “O usuário está muito mais preparado que o candidato. Se uma pessoa segue um político no Twitter, é porque ela tem interesse em conhecer suas propostas. Quando ela fizer uma pergunta, é fundamental ter uma resposta, coisa que não ocorreu na maioria das vezes”, afirma.
Na avaliação dos especialistas, o uso das redes sociais na eleição brasileira passou longe do “efeito Obama”, quando a internet foi utilizada de forma decisiva para eleger o presidente americano. Para chegar a esse ponto no Brasil é preciso um período de maturação e o cumprimento de algumas etapas. “Essa eleição serviu para conhecer o uso das novas tecnologias. Os candidatos precisam se aprofundar. Eles têm dois anos até as próximas eleições para fazer um balanço, identificar o que deu certo e adquirir experiências. Precisam se familiarizar com as redes sociais, popularizá-las e despertar o interesse do eleitor”, ressalta Manhanelli.
Pontos positivos
Apesar das críticas, algumas ações pontuais no uso das novas tecnologias na eleições tiveram resultado positivo. Na opinião de Manhanelli, os debates na internet são o principal destaque, pois conseguiram atrair a atenção da população e envolver os eleitores. “Os debates na internet funcionaram muito bem. Ocorreu a interação entre candidatos e eleitores de forma a sanar muitas dúvidas. Esse deveria ser o propósito de todas as redes sociais, uma via de mão dupla”, afirma.
Para Barreto, a aprovação da Lei da Ficha Limpa também se deve muito à mobilização nas redes sociais. “Era visível que não existia o interesse em aprovar a lei. Com a mobilização pública que ocorreu, juntando mais de 1 milhão de assinaturas, não houve outra saída”, conclui.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

COMO O ELEITOR SE INFORMA PARA DECIDIR VOTAR!

1. O Datafolha perguntou como os eleitores se informam para decidir seu voto. São duas formas de perguntar. Na primeira, o pesquisado cita apenas um meio. Na segunda, pode citar três. A internet sozinha fica com 7%, um número expressivo, pois se iguala ao rádio e se aproxima dos jornais, estes com 12%. Na segunda, a internet sobe para 27%. Claro, a TV, o grande veículo de massa, continua disparado em primeiro lugar: 65% e 88% respectivamente.
2. Mas há uma diferença: a TV é como se fosse uma chuva que atinge a todos. A internet é como uma mangueira de regar que só chega a pontos para onde é direcionada. Internet e Conversa com Amigos devem ser somadas. Uma é um boca a boca eletrônico e outra boca a boca direto. A soma na segunda pergunta alcança 59%. Mas a chuva da TV pode não chegar a quem está abrigado. Quem individualiza é a internet e a conversa entre amigos.
3. E ainda se acresce um dado fundamental. A comunicação direta via conversa com amigos e via internet tem um poder muito maior de transformar eleitores em multiplicadores, quando o eleitor passa a ser um indutor do voto. A TV espalha a informação. O boca a boca eletrônico ou direto fixa a informação, ou dispersa, subtrai o impacto ou multiplica.
4. (Folha SP, 28) A televisão é o principal meio de comunicação utilizado pelos eleitores brasileiros para se informar sobre os candidatos que disputam as eleições neste ano. Segundo o Datafolha, 65% dos entrevistados afirmam que a TV é a mídia preferida para obter informações. Os jornais aparecem em segundo lugar, com 12% de preferência, e a internet e o rádio vêm em terceiro, com 7% cada um. Conversas com amigos ou familiares são apontadas por 6%. 5. (Folha SP, 28) Quando o Datafolha pede para os entrevistados citarem três meios de comunicação usados para se informar: 27% mencionam a internet, que fica atrás de conversas com amigos e familiares (32%). A TV é lembrada por 88% e continua em primeiro lugar. Em segundo vêm os jornais, com 54%, e rádio aparece em terceiro, com 52%. O Datafolha ouviu 10.905 eleitores em 379 municípios de todo o país (exceto Roraima). A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

O CONCEITO DE MARKETING POLÍTICO/ELEITORAL


Em 1952, o marketing político surgiu com o seu formato mais moderno nos Estados Unidos com o partido dos Republicanos na Campanha do general Eisenhower mediante contratação da agência de publicidade BBDO (Batten, Barton, Durstin e Osborne). FIGUEIREDO (2000, p.16).
Naquela época, surgiam as primeiras regras da comunicação política, como a USP (Unique Selling Proposition), dizendo que em cada peça publicitária do candidato, deveria ser vendida apenas uma idéia como uma proposição, como afirma FIGUEIREDO (2000,p.17). Para se falar de marketing político, primeiro há uma necessidade para conceituar o marketing.
YANAZE (2007,p.7) diz que a American Marketing Association (AMA), a mais antiga associação de profissionais e pesquisadores ligados à atividade, assim define marketing como:
“o processo de planejar e executar a concepção, estabelecimento de preço, promoção e distribuição de idéias, bens e serviços, para criar trocas que satisfaçam objetivos individuais e organizacionais (AMA,2004)”.
Por um outro lado, KOTLER (2003,p.8) afirma que marketing é um conceito de mercado onde indivíduos realizam trocas de produtos que necessitam e desejam.
O conceito de mercado acaba por nos levar ao conceito de marketing. Marketing significa administração de mercados para efetuar trocas e relacionamentos com o propósito de criar valor e satisfazer necessidades e desejos. Assim, voltamos à nossa definição de marketing como um processo administrativo e social pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam, por meio da criação, oferta e troca de produtos e valor com terceiros.
Dessa mesma forma, o marketing político efetua troca e relacionamentos com o propósito de criar valor para um certo candidato, e satisfazer as necessidades e desejos do eleitorado. Segundo FIGUEIREDO (2000, p.14)
“O marketing político como um conjunto de técnicas e procedimentos cujo objetivo é avaliar, através de pesquisas qualitativas e quantitativas, os humores do eleitorado para, a partir daí, encontrar o melhor caminho para que o candidato atinja a maior votação possível”
Seguindo a linha de raciocínio de FIGUEIREDO, percebe-se que o marketing político é bem amplo e complexo, exigindo, assim, uma sequência que consiste em análise do clima de opinião que se baseia em análises de conjuntura, do quadro político e dos adversários. O planejamento e a realização das pesquisas tanto qualitativas como quantitativas, é essencial. Análise das pesquisas e elaboração da estratégia é a segunda etapa. A definição dos mais eficazes meios de comunicação para se atingir os objetivos faz parte da terceira etapa. A partir dai, surgem novas necessidades de pesquisas para aferir a eficácia do caminho escolhido e, se necessário, corrigir o que já estava anteriormente planejado. Percebe-se que esse conjunto de ações que se somam e finalizam, são algumas estratégias usadas do marketing político para se vencer uma eleição.
YANAZE (2007,p.482) define vários conceitos no campo do marketing do setor público, mas o que interessa para este estudo são dois conceitos: marketing político definido por ele como marketing político partidário e marketing eleitoral.
No marketing político partidário, o candidato ao cargo parlamentar constrói sua imagem e posicionamento, fortalecendo-a dia-a-dia com o eleitorado. A relação direta com o eleitorado faz a diferença para que o torne popular e, assim, cria-se um ambiente político favorável para elegê-lo a um cargo público.
Ainda, YANAZE (2007,p.482) cita de forma direta o conceito de marketing político partidário:
“é um processo de longo prazo, praticado pelo partido político, destinado à construção e ao fortalecimento de uma boa imagem pública na sociedade, em busca de adeptos e simpatizantes, criando condições favoráveis para eleger seus candidatos”.
Nesse mesmo sentido, há autores que afirmam de maneira diferente seus pontos de vista, como MANHANELLI (2006, p.14), alegando que as muitas formas variadas de definir o marketing político ficam restritas à compreensão desse processo como ações simplesmente eleitorais, e diz ”…é dirigido a quem receberá as ações políticas ou sociais derivadas dos mandatários dos cargos executivos e legislativos”. Contudo, o contexto se encontra na mesma linha de pensamento de YANAZE(2007) e KOTLER(2000)
O período eleitoral consiste em três meses a começar por julho, com data prevista para o término no dia da eleição do dia três de outubro. No marketing eleitoral, o candidato tem pouco tempo para persuadir seus eleitores com a campanha eleitoral. MANHANELLI (2004, p.57-58) coloca que, no marketing eleitoral, os eleitores terão de ser convencidos a votar neste ou naquele candidato.
YANAZE (2007,p.482) diz que no marketing eleitoral o candidato é comparado a um produto. É bem verdade que ele precisa ser “vendido”, ter uma boa “embalagem” e “ganhar” o cliente, mas, nesse caso, o “produto” tem que conquistar o voto do eleitor e ganhar a eleição. Se o candidato é como um produto, a sua embalagem precisa ser bem elaborada para conseguir criar uma boa imagem e, assim, a aprovação do eleitorado. Tal aprovação se baseia na criação de um clima político forte, conquistado dia-a-dia, favorável para o candidato. De acordo com Yanaze, a consequência dessa conquista é um marketing político partidário bem consolidado ao longo do tempo.
Apesar do marketing político ser diferente do marketing comercial/empresarial, percebe-se que as ferramentas do marketing empresarial podem ser usadas e estão contidas no marketing político, mas ambos possuem objetivos bastante diferentes. Dentre seus objetivos, conforme autores como Kotler, Yanaze, Manhanelli e Figueiredo conceituaram as definições de marketing e marketing político, o marketing comercial/empresarial acaba possuindo semelhança com o marketing político quando ambos buscam e utilizam suas estratégias para a conquista da satisfação e fidelização do cliente/eleitor ou vice-versa.
Satisfazer o eleitorado é tarefa de um candidato ou partido político para conseguir a vitória eleitoral e, com isso, o candidato, como líder comunitário, trabalha buscando políticas públicas em função de seu eleitorado/cliente. No trabalho de um líder comunitário, ele pode envolver pequenos grupos, ou até mesmo muita gente, agindo de uma forma específica,

terça-feira, 9 de novembro de 2010

MARKETING CHEGOU PELA VIA MINEIRA


Desde Celso Mello de Azevedo, o primeiro candidato a usar publicitários, em 54, técnicas pouco mudaram; internet ainda é incógnita
Dominante na campanha eleitoral de 2010 e transformado em produto de exportação, o marketing eleitoral chegou ao Brasil por Minas Gerais há mais de meio século, na eleição para a prefeitura de Belo Horizonte, em 1954. Temendo uma derrota esmagadora, Magalhães Pinto - um dos fundadores da União Democrática Nacional (UDN) que depois seria governador do Estado e um dos chefes civis do golpe de 64- encomendou à agência de publicidade que atendia o antigo Banco Nacional, de sua propriedade, a campanha de seu apadrinhado, Celso Azevedo.
O engenheiro de 40 anos, neófito na política e desconhecido da população, tinha a missão de enfrentar Amintas de Barros, candidato do PSD, de perfil populista e apoiado por Juscelino Kubitschek, na época governador de Minas, e pelo PTB do então presidente Getúlio Vargas - uma aliança quase imbatível. Até então, não havia a atuação profissional de publicitários em campanhas eleitorais brasileiras, ainda marcadas pelo amadorismo, improvisação e instinto. Mesmo no Primeiro Mundo, o marketing político era uma novidade.
Para reverter a desvantagem do udenista, o publicitário João Moacir de Medeiros copiou técnicas da que é considerada a primeira campanha eleitoral do mundo a ter uma agência de propaganda a seu serviço - a do general Dwight Eisenhower, candidato republicano à presidência dos Estados Unidos em 1952, e conhecida pelo slogan I like Ike ("Eu gosto de Ike", apelido de Eisenhower). Uma delas foi o recurso a pesquisas de opinião.
Algumas sondagens indicaram que a população preferia um engenheiro para a solução dos problemas a um advogado de oratória cativante. A campanha se baseou em propostas factíveis, como a ampliação do transporte coletivo para os bairros mais distantes e o calçamento de ruas. "Os consultores de Azevedo transformaram a eleição em um debate dos problemas locais, retirando os aspectos ideológicos", diz Heucimara de Souza Telles, professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e especialista no assunto, para quem o grande mérito da campanha udenista foi personalizar. "Quando o tal Amintas se deu conta, não tinha mais como reverter."
Nem mesmo o apelo emocional pelo suicídio do ex-presidente - em agosto, dois meses antes da votação - evitou a derrota de Amintas. O PSD mineiro e o PTB chegaram a explorar o fato, lançando um folheto no qual o candidato e Vargas apareciam abraçados. "Um voto no Amintas é uma pétala de rosa no túmulo de Getúlio", dizia o folheto. Mas, para a surpresa dos próprios idealizadores, Azevedo venceu o candidato de JK e Vargas.
Internacional
Como ferramenta eleitoral, a publicidade ganhou força no Brasil a partir do processo de redemocratização, nos anos 80. Especialistas concordam que, nas últimas duas décadas, marketing e eleição se tornaram quase indissociáveis. Ao longo da sua história, o marketing político brasileiro deixou símbolos. Um deles foi a vassourinha de Jânio Quadros, que iria varrer a corrupção do País, na eleição para a Presidência da República em 1960, até hoje no imaginário e na memória nacionais. Outro foi a campanha de Tancredo Neves na eleição indireta de 1985. "Era uma campanha atípica. Você tinha de convencer o povo a fazer pressão no Colégio Eleitoral para votar em Tancredo. Era uma triangulação de votos", diz Carlos Manhanelli, presidente da Associação Brasileira de Consultores Políticos (ABCOP).
Um terceiro exemplo foi a própria campanha presidencial de 1989, quando o marketing ocupou, pela primeira vez, lugar central na campanha pelo Palácio do Planalto. Nela, o ex-governador de Alagoas Fernando Collor de Mello virou o "caçador de marajás" e se lançou pelo nanico Partido da Reconstrução Nacional (PRN).
"Foram usados os instrumentos de televisão para, dentro do marketing eleitoral, ressaltar as qualidades do herói", observa Manhanelli.
Collor foi eleito no segundo turno, derrotando um Lula bem mais radical do que a bem-sucedida versão "paz e amor" do petista apresentada pelo marqueteiro Duda Mendonça em 2002.
Mais de 50 anos depois da eleição em BH, com a experiência de já ter participado de campanhas em oito países africanos e na América Latina, Manhanelli destaca que o Brasil agora exporta experiências de marketing político e eleitoral. Segundo ele, o know-how nacional está relacionado às constantes mudanças nas leis.
"Somos obrigados a usar toda a capacidade de adaptação e criatividade para poder incluir as técnicas de campanha para a eleição daquele ano. Nos EUA, há 120 anos, a lei é idêntica. Então, você faz campanha do mesmo jeito", explica Manhanelli.
Ele ressalta que a novidade das eleições deste ano é a utilização, de fato, da internet como ferramenta de marketing. Para Manhanelli, contudo, ainda é cedo para falar da eficácia da web. "Essa campanha se tornou um grande laboratório, onde estão sendo testadas todas as ferramentas da internet." Para o publicitário, ainda é cedo para dizer qual a influência efetiva da web em campanha eleitoral no Brasil. "É a primeira vez que a web está sendo usada, em sua plenitude", diz. "Todo mundo está testando tudo. Já se sabe, por exemplo, que a arrecadação no Brasil por meio da internet não alcançou os resultados da campanha de Obama."

http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,marketing-chegou-pela-via-mineira-,631771,0.htm