segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

O FUTURO DE KASSAB


José Agripino vai procurar dissidentes do DEM

Diário Comercio e Industria (DCI)
14 de fevereiro de 2.011
anderson passos


São Paulo - Apesar de as reuniões da semana passada não terem garantido a permanência do prefeito Gilberto Kassab nos quadros do DEM, mesmo com uma luta incessante do partido para isso, o senador José Agripino Maia (DEM-RN), que concorrerá à presidência da sigla em março, foi escalado para procurar aliados do prefeito para negociar um pacto que garanta espaço na sigla ao prefeito paulistano ainda nesta semana. O périplo começa hoje em São Paulo, onde Agripino participará de um almoço com os ex-senadores Marco Maciel (PE) e Jorge Bornhausen (SC), aliados de Kassab. O objetivo é unificar o partido e evitar a sangria de quadros após a convenção nacional.
Cientistas políticos ouvidos pelo DCI entendem que, se deixar o DEM, o prefeito da capital, Gilberto Kassab deve buscar um entendimento para não ter seu mandato reivindicado pelo partido e se abrigar numa sigla da base do governo Dilma Rousseff, com vistas à disputa do governo do estado de São Paulo em 2014. O professor Carlos Manhanelli, da Manhanelli Associados, diz que politicamente a opção mais viável é o PMDB, que carece de lideranças desde a morte do ex-governador Orestes Quércia. "Desde a morte do Quércia o PMDB carece de lideranças, já que tanto o Baleia Rossi quanto o Jorge Caruso são lideranças regionais. A hora boa de o PMDB ter um novo líder é agora", afirma.
Já o professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Francisco Fonseca defende que o PSB do governador Eduardo Campos (PE) é uma alternativa melhor. "O PMDB já é um partido de 'cobras criadas', tem uma teia política consolidada, liderada pelo Michel Temer. O PSB, como não está consolidado em São Paulo, seria uma opção interessante porque é um partido em expansão. Basta dizer que o PMDB não elege mais ninguém em São Paulo e o PSB pode tentar buscar seu espaço, construindo uma alternativa com o meio empresarial, como fez com a candidatura de Paulo Skaf no ano passado", relembrou Fonseca.
Tanto Manhanelli quanto Fonseca concordam em um item: o grande desafio de 2014 já está colocado e consiste na construção de uma alternativa aos governos do PSDB em São Paulo. "É natural que o PSDB tenha um desgaste. Pode ser que em 2014 ele esteja mais acentuado ou não, vai depender do governo de Alckmin, que está começando. Agora, a eleição ao governo de São Paulo tem se caracterizado pela falta de alternativas às gestões do PSDB. O grande desafio da oposição em 2014 será apresentar novas alternativas ao eleitorado", sustenta Manhanelli. Ainda em defesa da migração para o PMDB, ele adverte que, embora o PT municipal já tenha anunciado que permanecerá na oposição a Kassab, a ida do prefeito para o PMDB poderia ajudar, em paralelo, a "asfaltar" o caminho entre os dois partidos no estado, como aconteceu no plano federal. "O PMDB não conseguiu emplacar ninguém no governo de Alckmin, apesar de todo o apoio da sigla na campanha. Se o Kassab consolida a ida para o PMDB, ele pode levar para o seu secretariado um deputado peemedebista, prestigiando o partido, ao contrário do movimento que o Alckmin tem feito de não levar o PMDB para o seu primeiro escalão", alerta.

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