Denúncias só criam impactos se há “dinheiro e gente presa”
Gazeta de Caxias
Segundo cientistas políticos, escândalos têm pouco efeito eleitoral e eles só criam impacto se há “dinheiro e gente presa”.
Por João C. Garavaglia
Por João C. Garavaglia
Escândalos não devem ter grande influência na disputa Dilma/Serra Escândalos envolvendo supostos dossiês fabricados para prejudicar adversários políticos como o episódio de violação de sigilo fiscal do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge e de Verônica Serra, filha do candidato do partido à Presidência, José Serra, viraram praxe nas eleições do país. Segundo especialistas eles elevam a temperatura da campanha, mas produzem impacto limitado nas urnas.
Escândalo da Receita
No denominado Escândalo da Receita, que resultou na saída da ministra Eunice Guerra, a Polícia Federal investiga a falsificação da assinatura de Verônica na procuração usada pelo contador Antonio Carlos Atella para obter seus dados na Receita Federal, além da violação do sigilo fiscal de outras pessoas ligadas ao partido PSDB.
As três últimas eleições já foram marcadas por denúncias envolvendo tentativa de compra e venda de dossiês. “As campanhas eleitorais dos últimos anos vêm sendo contaminadas por esses episódios lamentáveis”, avalia o cientista político Aldo Fornazieri.
Caso dos Aloprados
Em 2006 o caso conhecido como Escândalo dos Aloprados ilustra a avaliação. A prisão de dois homens com 1,75 milhão de reais no quarto de um hotel pela Polícia Federal ganhou o noticiário cerca de 15 dias antes do primeiro turno da eleição. A dupla tinha ligação com o Senador e o candidato ao governo de São Paulo, Aloísio Mercadante (PT) e ia comprar um dossiê supostamente contra o adversário do PSDB José Serra.
Antes de o escândalo estourar, as pesquisas já apontavam a vitória de Serra sobre Mercadante no primeiro turno com 47% a 23%. No final, o tucano venceu com 57% dos votos válidos contra 31% do petista.
Caso flagrante
Já na disputa presidencial Lula viu seus 15 pontos de vantagem sobre o tucano Geraldo Alckmin cair após o episódio e perder a chance de se reeleger no primeiro turno, com o placar apertado de 48% a 41%. Mas no segundo turno Lula venceu por 60% a 39%. “O caso dos Aloprados foi flagrante. Tinha imagens de maços de dinheiro, pessoas sendo algemadas. Isso tudo foi para TV. Ajudou a levar a disputa para o segundo turno, mas mesmo assim Lula venceu. O caso de agora, da filha de Serra, não tem foto e nem vídeo, é uma coisa abstrata para o eleitor”, avalia o consultor de marketing político Carlos Manhanelli.
Operação Lunus
Em 2002 foi a vez de Serra, então pré-candidato à Presidência, ser acusado por José Sarney (PMDB-AP) de estar por trás de suposta rede de espionagem para prejudicar a pré-candidatura da filha Roseana. Sarney acusou a operação Lunus, da PF, de ser o desdobramento do dossiê criado para barrar o crescimento da filha. Agentes federais apreenderam mais de 1,5 milhão de reais no escritório das empresas de Roseana e seu marido Jorge Murad, no Maranhão. Imagens do dinheiro ganharam o noticiário.
Dossiê Cayman
Em 1998, o chamado Dossiê Cayman, com denúncias de que tucanos, entre eles o presidente Fernando Henrique Cardoso, o governador Mário Covas e o ministro José Serra, tinham dinheiro no paraíso fiscal do Caribe, foi usado por chantagista na reta final das eleições. O suspeito tentou, sem sucesso, vender as informações a candidatos adversários. Fernando Henrique e Covas se reelegeram.
Setores pequenos
“Esse tipo de denúncia tem impacto em setores pequenos da classe média e não no grande eleitorado, interessado em outras questões”, diz Fornazieri. “Dossiê tem em toda a eleição. Há sempre investigação da vida privada dos candidatos”, comenta Marco Antonio Teixeira, cientista político da Fundação Getúlio Vargas.
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