quinta-feira, 9 de setembro de 2010

ENTREVISTA PARA ALUNOS DA UNESP


Profº Ms. Carlos Manhanelli, presidente da Abcop (Associação Brasileira de Consultores Políticos), concedeu entrevista a três acadêmicos do curso de jornalismo da UNESP, de Bauru (SP), Juliana Heiffig Penteado, Gabriel Bordignon de Lima, Sérgio Murilo Bocardo Ferreira, na tarde de quarta-feira (08). O objetivo do encontro foi saber a opinião do professor sobre eleições e marketing político.

Durante a entrevista, Manhanelli salientou que a sua empresa foi a primeira do Brasil especializada em marketing político atuando nesta área há 36 anos e sendo consultor em 242 campanhas até hoje.

Indagado pelos estudantes sobre o papel do Marquetólogo, o professor ressaltou que há uma diferença entre marqueteiro e o Marquetólogo. Isto é, o marqueteiro é aquele que só tem a prática, só tem uma expertise e terá apenas uma vertente. Já o Marquetólogo é aquele profissional que tem a base teórica e a prática. Para enfatizar a definição entre as categorias, Manhanelli citou que na Língua Portuguesa a terminação “eiro” sempre foi depreciativa desde o tempo da colonização, considerando uma classe inferior.

Manhanelli explicou também aos estudantes que a importância do Marquetólogo numa campanha eleitoral é comparada a importância de um médico para um paciente doente. Cabe ao doente procurar ajuda do especialista ou tomar remédios caseiros .

Imagem

Para falar sobre a imagem do candidato, Manhanelli citou o escritor Roger Gerárd que escreveu em seu livro “O Estado Espetáculo” sobre quatro imagens que o eleitor percebe no seu candidato. São elas: A imagem de Pai; a imagem de líder charme; de herói e de homem simples.

Os estudantes questionaram qual a imagem que os candidatos à presidência da república apresentam para a população. Manhanelli explicou que a candidata do PT começou enfatizando uma imagem de heroína, o que demonstra uma dicotomia de imagem, uma vez que a heroína vem para resolver os problemas deixados pelo antecessor. A imagem que ela deveria reforçar era de mãe que acolhe e protege os necessitados.

Quanto ao candidato do PSDB, iniciou sua campanha apresentando uma imagem de pai, que na verdade deveria ser de herói que irá resolver os problemas do país.

Faz-se necessário salientar que a imagem não é fabricada.”Não é um teatro”, argumentou Manhanelli. A imagem do candidato já existe no inconsciente coletivo. O marketing não constrói a imagem, a imagem é percebida e alavancada.

Muitos acreditam que o conteúdo, ou seja, o que o candidato fala na televisão é o que pesa mais. Para o professor, a arma mais poderosa em campanha eleitoral é a televisão e esta é um veículo de comunicação sintética, tem ritmo próprio e prioriza a imagem. Assim, o conteúdo fica em segundo plano. A imagem é primordial que o candidato passa que fala mais alto.

Quanto à vantagem de tempo na programação obrigatória, Manhanelli esclareceu que o tempo só favorecerá se houver um bom aproveitamento. “Quanto maior tempo de TV, maior a possibilidade de erro. Quem fala muito em televisão corre o risco de falar demais e dar bom dia a cavalo”, comentou o professor.

Eleição é Guerra

Em falar de eleições, Manhanelli ressaltou que numa campanha eleitoral não tem medalha de prata só de ouro. E desta forma, ele enfatizou “Eleição é Guerra”, citando seu segundo livro, no qual menciona que no mundo todo, as campanhas eleitorais usam e consolidam cada vez mais os conceitos de guerra em suas ações de cooptação e persuasão do eleitorado. Até as nomenclaturas empregadas têm certo paralelismos: “estratégia, tática, batalha de votos, penetração no segmento adversário e outros.

Voto Obrigatório

Questionado sobre o voto obrigatório, Manhanelli enfatizou que é contra. O voto é um direito e a obrigatoriedade não condiz com a democracia. Para mudar isso é necessário primeiro valorizar o voto. Ou seja, o cidadão entender que seu voto tem valor, pois atualmente o voto não vale nada para o brasileiro.

Voto ideológico

Questionado sobre o voto ideológico ou o apoio do militante ao candidato, Manhanelli ressaltou que o militante sempre teve importância. O que mudou hoje é que a campanha se profissionalizou. Não há mais amadores, todos que trabalham são remunerados e a busca por profissionais aumentou.

Para finalizar, Manhanelli argumentou que o profissional de marketing no Brasil é valorizado no exterior por sua criatividade. Isto é, em outros países a legislação não muda podendo usar as mesmas técnicas. Já no Brasil, as leis mudam em cada eleição, o que impulsiona o marquetólogo a pensar, criar e se adaptar as novas leis para obter bons resultados.

Um comentário:

  1. Bela entrevista! Essa questão da legislação eleitoral no Brasil é uma vergonha!!!

    Dependendo da Comarca ainda tem juízes que criam as suas próprias regras e proíbem mais ainda, onde trabalhei em MG até comício eles proibiram... eles querem é menos trabalho e não pensam no acesso a informação do povo!

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