terça-feira, 8 de novembro de 2011

INTERNET A NOVA FERRAMENTA PARA CAMPANHAS ELEITORAIS.



Vou falar sobre uma das ferramentas de campanhas eleitorais, a mais comentada nos últimos pleitos: a Internet.
Políticos de todo o mundo invadiram a internet depois do sucesso da estratégia de campanha de Barack Obama durante as eleições americanas de 2008, que utilizou redes sociais como Facebook, MySpace, YouTube, Flickr, AsianAve e Twitter.
Embora muitos estejam achando que colocaram o ovo em pé, nós da ABCOP utilizamos essa ferramenta desde 1996. Minha primeira entrevista sobre esse assunto foi na TV Gazeta de São Paulo em 1996, quando Francisco Rossi e Walter Feldmann colocaram suas páginas na Internet, ou seja, desde a década de 90 que já usamos essa ferramenta, porem com as restrições legais que lhe foram impostas. Agora podemos usar na sua plenitude, ou quase plenitude, de recursos.
Ainda não está estabelecido o que funciona e o que não funciona na Internet, em campanhas eleitorais no Brasil. Já sabemos o que funciona nos E.U.A., agora temos que saber abaixo do Equador o que realmente funciona nesse espetacular veículo interativo. É hora de testar todas as possibilidades e consagrar as melhores.
Estão divulgando números mirabolantes de usuários da Internet. Mas no caso da eleição, não adianta o numero de usuários. O que nos interessa é saber quantas pessoas poderão ser influenciadas pela internet na hora do voto. A questão é: internet convence alguém a votar?
No levantamento efetuado pela ESPM realizado nas eleições de 2008, desta vez em parceria com o Ibope Inteligência, mostrou que a rede foi o principal fator de decisão do voto para 5% dos eleitores paulistanos. E entre os mais jovens, esse percentual dobrou para 10%, chegando a 12% entre os que possuem nível superior.
Aqui estão os percentuais e os segmentos que foram atingidos na ultima campanha eleitoral. Com a possibilidade de utilização de todas as ferramentas na campanha pode subir esse índice? Pode porem não muito. E que segmentos poderemos atingir com o uso pleno da Internet? Incógnita.
Nas campanhas municipais, quantos serão atingidos em cidades pequenas e médias?
Em 2.010 a candidata Marina Silva, tentou a plena utilização da internet. Pelos resultados, não foi muito longe.
Em entrevista ao Jornal da Tarde de 22/10/2.011, um candidato declarou: “iPhone não vota”, sentencia Aleksander Mandic (ex-DEM, atual PSD). Como um dos precursores da internet no Brasil, ele tentou provar a eficácia da rede investindo em uma campanha totalmente focada na internet. “Eu mandava os santinhos virtuais por e-mail e celular, mas não deu certo. De qualquer maneira, só serei candidato novamente se puder vencer uma eleição desta maneira”.
Outros levantamentos realizados nos Estados Unidos e na Europa mostram que o impacto da rede sobre o resultado eleitoral é fruto de três fatores: número de eleitores com acesso, grau de interesse na eleição e grau de interesse dos políticos em utilizar o meio. Quanto destes três fatores pesa no Brasil? Quanto pesa o grau de interesse na eleição nos E.U.A e no Brasil?
Estar presente nas redes sociais não será o suficiente para colher sucesso nas urnas, adverte Fernando Barros, presidente da agência de publicidade e marketing político Propeg. "Será preciso montar estratégias criativas, inéditas e que trabalhem a customização das mensagens para públicos específicos, deixando de lado os boletins generalistas." Para ele, esse foi o grande trunfo da campanha eleitoral de Obama.A segmentação será palavra de ordem na Internet e lembrando que de nada vai adiantar ter blogs, twitter, sites, portais e etc., se não tiver na campanha alguém para atualizar e gerenciar a interatividade. Não adianta deixar apenas para um profissional fazer o serviço. Ele terá que coletar um mailling segmentado para melhor aproveitamento das mensagens, ou seja, alem das atualizações de conteúdo, teremos que ter atualizações e gerenciamento de mailling, para que a interatividade, que é a função maior da Internet, funcione.
Temos encontrado nas campanhas que participamos a total falta de interesse dos partidos políticos e dos próprios candidatos em ter os e-mails dos filiados partidários. Não existe um mailling gerenciado nem do primeiro grupo de trabalho para a campanha, imagine então de eleitores. A maioria dos políticos acredita que os SPAM’S serão úteis em sua campanha. O tiro pode (e na maioria das vezes sai) pela culatra.
Observamos também o fator credibilidade na internet. A toda hora o Fantástico (Rede Globo de TV) mostra as mentiras que navegam pela internet, alem do enorme numero de Vírus que paira pelo universo virtual.
A credibilidade é fundamental para um veículo de comunicação.
Não se iludam. A TV e o Rádio ainda serão os grandes carros chefes de várias campanhas futuras, principalmente as inserções de 30” que pegarão de surpresa o desavisado eleitor e conseguirá fazer com que a maioria receba a mensagem, quer queira quer não queira.
Na Internet, discurso não funciona, mas diálogos sim. Resta saber se os políticos brasileiros estão dispostos a ouvir, a falar e a responder as questões, críticas e sugestões advindas da interatividade.
Roy Campos, consultor mexicano que trabalhou e acompanhou a campanha de Obama, em um dos Congressos que foi palestrante nos E.U.A juntamente comigo, disse uma frase que definiu muito bem a internet Obama: A campanha de Obama na internet teve como objetivo angariar fundos para pagar a TV, que é onde se convence o eleitor a votar neste ou naquele candidato.
Em entrevista ao Jornal da Tarde de 22/10/2.011 declaro meu pensamento sobre a internet nas campanhas eleitorais: “O acesso à internet cresceu, é verdade, mas política não é um tema tão procurado nas redes sociais”. Ou seja, “política” não é “sexo” (nem aqui, nem no Google).
A internet ainda chegará lá, mas respeitando sua característica de veiculo de comunicação interativa.
Mutatis Mutantis.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Liturgia da queda: o 'jeito mineiro' de Dilma demitir

Em todas as crises, presidente agiu para que os próprios acusados pedissem demissão. Estratégia evita que sua imagem seja atingida, dizem especialistas

Veja

26/10/2011 - 21:27

Adriana Caitano


Os mineiros costumam dizer que o pior inconveniente é melhor que a melhor das brigas. A frase, lembrada pelo cientista político e professor da Universidade de Brasília (UnB) Octaciano Nogueira, ajuda a entender o comportamento da presidente Dilma Rousseff nas sucessivas crises que enfrenta desde que assumiu o governo, no início de 2011. Para evitar arranhões em sua imagem, ela seguiu o mesmo ritual na queda dos cinco ministros defenestrados por envolvimento em escândalos: no lugar de demitir, agiu nos bastidores para que o próprio alvo pedisse para sair. Uma liturgia que a livra de sujar as próprias mãos.
Dilma não tem nenhuma experiência como governante e ainda está aprendendo a lidar com a rotina de ocupar o posto mais importante do Executivo. Mas conta com a história a seu favor. No extenso anedotário político brasileiro, políticos como Juscelino Kubitschek e Tancredo Neves (por acaso também mineiros) adotaram um estilo peculiar de gerenciamento de crise. “Os mineiros não são de confrontar, são de conciliar, não querem arestas, sempre entendimento”, comenta. “Quando você demite alguém, mesmo que involuntariamente se cria um conflito, então o cerimonial para enterrar uma carreira política é manter a pessoa em fogo brando para que ela se sinta na obrigação de abandonar o posto.”
O especialista em marketing político e presidente da Associação Brasileira de Consultores Políticos, Carlos Manhanelli, reforça a tese de Nogueira relatando uma história que diz ter ouvido de Tancredo Neves, quando governador de Minas Gerais. Segundo ele, antes de o mineiro tomar posse, um homem começou a avisar aos jornais que seria convidado para ser o secretário de Fazenda.
Quando Tancredo assumiu, ele disse que ficaria chato se não fosse indicado para o cargo, já que todos os jornais diziam que isso aconteceria. “A resposta do governador foi simples: ‘Então anuncie no jornal que eu te convidei e você não aceitou’, disse, demonstrando que o governador ou presidente sempre tem que ser preservado”, diz o especialista.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

SANTINHOS: TODOS DIZEM AMÉM

JORNAL DA TARDE


22 de outubro de 2011 23h00
GILBERTO AMENDOLA


Nem rezando para o “São” Steve Jobs. Especialistas em marketing político garantem que ainda não será em 2012 que os iPhones, iPads e redes sociais em geral (Twitter, Facebook…) irão substituir os pré-históricos, porcalhões e ecologicamente incorretos “santinhos eleitorais”.


“Os santinhos são fundamentais, imprescindíveis. Boa parte dos eleitores brasileiros ainda precisa de ‘cola’ para votar”, diz o consultor e professor de marketing e planejamento estratégico Walter Martins. “Quando um candidato sai pela periferia, em companhia de uma liderança de bairro, ele precisa ter alguma coisa para entregar, um mimo. Isso funciona”.


O também consultor Carlos Manhanelli considera loucura abandonar os santinhos. “Uma campanha você faz atacando em diversas frentes. O santinho não pode ser deixado de lado – e algo que o eleitor pode levar na carteira, algo que cria proximidade”, diz. “O acesso à internet cresceu, é verdade, mas política não é um tema tão procurado nas redes sociais”. Ou seja, “política” não é “sexo” (nem aqui, nem no Google).

Até o candidato a deputado federal que recusou-se a usar papel na última campanha “caiu na real”: “iPhone não vota”, sentencia Aleksander Mandic (ex-DEM, atual PSD). Como um dos precursores da internet no Brasil, ele tentou provar a eficácia da rede investindo em uma campanha totalmente focada na internet. “Eu mandava os santinhos virtuais por e-mail e celular, mas não deu certo. De qualquer maneira, só serei candidato novamente se puder vencer uma eleição desta maneira”.


As gráficas já começaram a receber as primeiras sondagens dos pré-candidatos – principalmente dos postulantes a uma vaga nas Câmaras Municipais. A Gráfica Paulista, por exemplo, já está fechando orçamento com dois candidatos, que devem gastar de R$ 4 mil a R$ 7 mil em 1 milhão de santinhos. A Grafnorte é outra que já recebeu propostas para impressão de santinhos. “Mas estamos relutantes. Nas últimas eleições tomamos muitos calotes. Os políticos, simplesmente, somem e não pagam pelos santinhos”, diz a gerente Vera Lúcia.


Na universidade
A professora de estudos linguísticos da Universidade Federal de Minas Gerais Priscila Viana dedicou um trabalho acadêmico aos santinhos. “Provavelmente, a origem dos santinhos políticos é mesmo a igreja, a distribuição de santinhos durante missas ou pregações”, afirma. “A linguagem dos santinhos é direta e eficaz. Nos casos mais emblemáticos, o eleitor encontra, nos santinhos, informações sobre a vida dos candidatos. Isso tem mais valor do que as propostas”.


Já Talden Farias, especialista em Gestão e Controle Ambiental pela Universidade Estadual de Pernambuco (UPE), tem desenvolvido um trabalho sobre o ‘direito eleitoral e a poluição ambiental. “Na minha visão, as secretarias de Meio Ambiente poderiam atuar em parceria com a Justiça Eleitoral contra a poluição produzida pelos santinhos. Não só indicando os locais onde eles não poderiam ser entregues, mas também legislando sobre o tipo de material usado – exigindo algo ecologicamente correto”.


Só para slogan
Infelizmente, detratores dos santinhos não têm muito o que comemorar. O consultor político Walter Martins diz que o fator “ecológico” e questões como “sustentabilidade” são bons como slogan, mas não garantem votações expressivas. “Principalmente em pequenos municípios. Pouca gente deixa de votar em candidato por ele sujar a rua com santinho”.


O colecionador
Os santinhos têm um defensor apaixonado, o delegado Manoel Camassa, de 68 anos. “Sem eles, a política fica muito restrita aos velhos nomes. É por meio dos santinhos que as novas caras podem se apresentar”, avalia. Além da defesa ideológica, Camassa é um colecionador de material de campanha eleitoral – e os santinhos ocupam um espaço de destaque em sua coleção.
“Sou um colecionista nato. Junto de maquininha de cabelo, brinquedos, cartões postais… Mas tudo começou com a numismática (coleção de cédulas, moedas e medalhas), acho que entre os anos 40 e 50. Eu era novinho, herdei esse gosto do meu pai”, conta.
Ao colecionar cédulas, Camassa descobriu que alguns partidos políticos usavam imitações de dinheiro para divulgar candidatos. “Também tinha partido que carimbava em nota de verdade nome do candidato. Era santinho que circulava muito tempo, de mão em mão. Hoje isso é proibido, claro”.
A partir dessas cédulas, Camassa começou a buscar outros santinhos. Sua coleção conta com mais de cinco mil exemplares. Santinhos de Jânio Quadros, Adhemar de Barros e de candidatos do MDB, Arena e até do Partido Comunista (quando ele ainda era ilegal) estão entre os mais raros. Em um dos santinhos mais improváveis, o ex-governador Cláudio Lembo surge jovem e sem suas revoltas sobrancelhas.
Dos mais modernos, Maluf é um dos que sempre usou e abusou do recurso – é possível encontrá-lo sorridente ao lado de Celso Pitta em um santinho. O governador Geraldo Alckmin (PSDB) é outro que está estampado ao lado do então tucano Gabriel Chalita em um santinho (hoje, Chalita está no PMDB e pode figurar em santinhos de prefeito em 2012).


http://blogs.estadao.com.br/jt-politica/santinhos-todos-dizem-amem/

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

DISSIDENTES DO PMDB NÃO TERÃO FORÇA CONTRA GRUPO DE TEMER




Diário Comercio e Industria.
19/09/11 - 00:00; POLÍTICA


São Paulo - Ainda que tenham se rebelado contra a Comissão Provisória que dirige o PMDB paulista, peemedebistas ligados ao ex-governador Orestes Quércia dificilmente vão conseguir impor à legenda a realização imediata de eleições nos diretórios municipais que sofreram intervenção da Executiva estadual. Os consultores de marketing político Carlos Manhanelli (Manhanelli Associados) e Cristiano Noronha (Arko Advice) entendem que dois pontos fragilizam as reivindicações dos "rebeldes": a falta de uma liderança para reivindicar a realização das eleições e ainda a forte influência que o vice-presidente Michel Temer passou a ter na legenda desde a morte de Quércia em dezembro passado.

Para Manhanelli, o PMDB histórico ficou no passado.

"O PMDB histórico tinha Montoro, Covas, Quércia, Fleury e não houve renovação. Eu acho que esse grupo simpático ao Quércia tem o direito de 'espernear', mas não creio que vá mudar alguma coisa. O grupo do Temer chega para ficar", afirma.

Noronha entende que os dissidentes conseguirão, no máximo, dificultar, mas não impedir que Temer imponha seu domínio ao PMDB paulista.

"O grande problema que eu vejo é que não tem quem aglutine, não tem uma liderança. De outro lado, o Michel Temer é bem articulado. Toda a mobilização para a troca de comando em São Paulo se fez ao lado dos deputados estaduais", aponta.

O consultor da Arko Advice completa que não vê muita alternativa aos quercistas.

"Eles [aliados do ex-governador] podem se acomodar diante dessa nova realidade ou sair. Esses quadros precisam entender que o Brasil não é a Argentina, onde sobrevive o Peronismo, onde as pessoas se confundem com os partidos. Quando lideranças como um Leonel Brizola ou um Orestes Quércia morrem, os movimentos políticos que eles lideraram tendem a se enfraquecer porque é impossível você ter um substituto à altura", explica Cristiano Noronha.

Contexto nacional

Os dois estudiosos também avaliaram o desconforto vivido pelo PMDB nacional, seja por conta da proximidades do processo eleitoral ou pelas trapalhadas do líder da legenda na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), que teve sua credibilidade abalada pela recente indicação de dois políticos com ficha suja para o Ministério do Turismo.

"O PMDB, com a proximidade da eleição, já tem acenado que a parceria com o governo vai continuar no plano institucional, mas que a legenda vai ter candidaturas próprias no ano que vem e em 2014", lembra Carlos Manhanelli.

Já Noronha sinaliza que, embora fragilizado, Henrique Alves tem tempo para reverter a desconfiança. "A eleição à mesa diretora da Câmara será em fevereiro de 2013. Então ele tem tempo para reverter o quadro", finaliza.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

AFAGO DE GOVERNADORES DA OPOSIÇÃO A DILMA É INSTITUCIONAL



DCI – DIÁRIO COMERCIO E INDUSTRIA
22/08/11 - 00:00 > POLÍTICA
Aderson Passos


São Paulo - A receptividade dos governadores tucanos Geraldo Alckmin (SP) e Antonio Anastasia (MG) à presidente Dilma Rousseff, verificada no lançamento do Pacto Sudeste do plano Brasil Sem Miséria na semana passada, em São Paulo, tem apenas um caráter institucional. A avaliação é do analista político Carlos Manhanelli. - "Há entre governadores e o Executivo federal uma relação de dependência. Os governos estaduais precisam de dinheiro federal para cumprir as promessas de campanha. E uma relação institucional acidentada não contribui para a vinda de recursos. Essa relação faz parte do jogo", resume o consultor.

O diretor da Manhanelli Associados, especializada em marketing político, completa ainda que os afagos de Dilma à oposição não terão força suficiente para afogar a pretensão de PSDB, DEM e PPS de instalar uma CPI no Congresso para investigar irregularidades nos ministérios.

"A relação com o Congresso é diferente porque os legisladores só dependem de emendas parlamentares que o governo, o que é muito diferente das relações com os governadores porque dependem dos repasses federais para completar seus orçamentos. Não vejo por onde a Dilma pode brecar a mobilização em torno da CPI", completa Manhanelli.

Assinaturas

Passados seis dias da mobilização para a coleta de assinaturas visando a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista para investigar as denúncias de corrupção no governo Dilma Rousseff, a oposição contabiliza até agora a adesão de 20 senadores e de 115 deputados federais. Para conseguir a instalação da investigação é necessária a coleta de 27 adesões no Senado e de 171 deputados na Câmara.

Na Câmara, o pedido contou com assinaturas de parlamentares que engrossavam as fileiras da base governista como os deputados Tiririca e Paulo Freire (SP) e do ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho (PR-RJ). Além deles, outros nove integrantes da sigla firmaram apoio à investigação. Também entre os signatários do pedido está o delegado Protógenes Queiroz,que é filiado ao PCdoB paulista, e o ministro dos Esportes, Orlando Silva. Na lista de assinaturas da Câmara também há apoios de quadros do PV e do PSol.

http://www.dci.com.br/Afago-de-governadores-da-oposicao-a-Dilma-e-institucional_-diz-analista-5-387412.html

AS INTENÇÕES DE VOTO DA NOVA CLASSE MÉDIA BRASILEIRA


Nas próximas eleições municipais, em centros urbanos como Campinas, deve ser montado um laboratório para diagnosticar como a população pensa e age

Após a publicação do artigo O papel da oposição na imprensa, no qual o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) orientou seu partido a debruçar-se sobre a 'nova classe média', os partidos tentam alinhar seus discursos. Passaram a rever as estratégias e abrir um diálogo mais próximo com esse quase 30 milhões de brasileiros que ascenderam à classe C nos últimos dez anos. Cidadãos que passaram a desfrutar de um poder de compra até então distante de suas realidades.

Porém, a inflação tem comido parte desses rendimentos. Os partidos, então, passaram a se perguntar; até que ponto a perda do poder de compra e o medo de regredir à classe D e E pode afetar o voto desses quase 20 milhões de eleitores? Nas próximas eleições municipais, principalmente nos maiores centros urbanos, como Campinas, um grande laboratório deve ser montado para diagnosticar como pensam e agem esses 'batalhadores brasileiros' , como definiu o sociólogo Jessé de Souza em seu livro Os Batalhadores Brasileiros - Nova Classe Média ou Nova Classe Trabalhadora?'.

'Serão as pesquisas, quantitativas e qualitativas, que servirão para descobrir qual é a demanda que essa nova classe média tem. E, com certeza, elas estão ocorrendo agora e continuarão sendo feitas nas próximas eleições' , afirmou o presidente da Associação Brasileira de Consultores Políticos (ABCOP), Carlos Manhanelli. Entretanto, na visão dele, poderão ocorrer surpresas em 2014 no âmbito estadual e nacional. 'As eleições municipais são diferentes. Ainda que o cidadão e essa classe emergente tenha alguma afinidade ideológica com o partido, interfere muito o local e a realidade na qual ele vive na hora do voto' , disse.

Para o cientista político da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Valeriano Mendes Ferreira Costa, a antiga classe média é diferente da atual. 'Enquanto uma é mais conservadora, vota por uma estabilidade, nós não sabemos exatamente qual é o comportamento dessa nova classe média. Essa nova classe emergente é a classe trabalhadora que conseguiu estabilização da renda. Ela tem um vinculo muito forte com o trabalho e com a expectativa de vida. Ela pensa no futuro dos filhos. É uma classe que reclama muito dos impostos. É preciso mais tempo para sentir uma mudança real, pois ainda está obscuro em que setor ela está inserida' , afirmou.

É o caso do auxiliar administrativo Ademir Bazzanella, de 49 anos. Ele notou que sua situação financeira melhorou nos últimos anos porém, também percebeu que o salário tem perdido poder aquisitivo de antes. 'Nos últimos dois anos parece que eu não consigo mais comprar a mesma quantidade que eu conseguia antes. Se a Dilma não deixar a peteca cair, eu voto nela, senão eu mudo para alguém que me dê estabilidade, não importa o partido' , contou.

Costa também explicou que em 1990 a então classe média apostou na estabilidade, que era a proposta do PSDB, mas em 2000 apoiou Lula na promessa de mais empregos. 'Agora ela está um pouco perdida e mais exigente. Essas pessoas não caem na lábia do populismo e não aceitam o velho reformismo' , relatou o cientista político. Grávida de nove meses, a auxiliar administrativa Francine Aparecida Prudêncio da Silva, de 26 anos, tem o costume de discutir o voto com o marido. 'Na última eleição assistimos aos debates e conversamos para ver em quem iríamos votar. Votamos os dois no mesmo. Agora, na próxima que tiver, acho que o candidato tem que conseguir manter crescimento e estabilidade. Se não der, prefiro pelo menos a estabilidade' , contou.

No ponto de vista da gerente Viviane Pereira de Souza, de 25 anos, a presidente não tem tido sucesso em manter as mesmas políticas de seu antecessor. 'A inflação está subindo e a educação está cada vez pior. Não estou gostando. Eu votei pelo candidato e não pelo partido. Se continuar assim, na próxima eleição eu mudo o voto' , disse.

Para Costa, o ano de 2011 está 'praticamente perdido' para Dilma no que diz respeito à economia e inflação, o que pode ter reflexos no voto dessa classe emergente. 'Se ela não conseguir manter um crescimento com estabilidade, essa nova classe média tem a tendência de ser mais conservadora e escolher pela estabilidade ao invés do crescimento' , explicou. Segundo ele, o governo é o grande favorito para a reeleição se conseguir fazer um bom trabalho, do contrário, abre espaço até mesmo para candidaturas alternativas como a da ex-senadora Marina Silva (PV) e de o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB).

Disputa

Enquanto os tucanos apostam na indecisão do voto dessa fatia da população, os petistas colocam as fichas na crença de que as melhorias dos últimos anos irão, por si só, 'fazer a cabeça desses cidadãos' . 'O que pudemos verificar nas últimas eleições é que a população forma muito sua opinião em cima de situações concretas do que ela vê e sente. Ela formula uma verdade que tem muito mais peso que uma notícia no jornal' , afirmou o deputado estadual e presidente estadual do PT, Edinho Silva (PT).

O deputado federal Vanderlei Macris (PSDB), vice-presidente estadual do partido, disse que após o artigo de FHC, toda a legenda se convenceu de que era preciso mudar a linguagem e a forma de comunicação com os brasileiros, bem como trabalhar na reformulação e unificação do discurso. 'Essa classe que ascendeu não se sente representada por um movimento político específico. Acredito que o PSDB precisa estar voltado para esse setor, pois temos propostas muito claras. E tenho certeza que a inflação como está irá atrapalhar o PT, pois ninguém quer andar para trás. Ela é o pior instrumento de corrosão da renda. Isso bate de frente com os interesses da população e fomos nós que trouxemos a tranquilidade econômica ao País' , relatou o deputado.

As eleições municipais servirão, segundo ele, para 'dar o recado' aos partidos, principalmente ao governo, se algo estiver errado. 'Não é definitivo, mas é um sinal. Eleições municipais são diferentes das estaduais e nacionais, mas com certeza muitas pesquisas e informações serão colhidas para entender essa nova classe média brasileira. Com o último Senso do IBGE também já temos um grande volume de informações para ajudar a adequar o discurso' , explicou.

Para o presidente estadual do PT, a identidade dessa fatia da população ainda não está definida, porém são os petistas que estão mais próximos dessa classe ascendente. 'Eles têm identificação com o governo Lula, pois foi esse governo que proporcionou essa ascensão social, uma nova perspectiva de futuro e auto-estima. Eles se sentem parte de um projeto de nação e ninguém tira isso deles. Essa é a maior aquisição que eles tiveram. Não acredito que essas pessoas, que obtiveram esses direitos, virarão as costas para mais empobrecidos' , declarou.

Mas, na opinião do tucano, o discurso do rival 'está caindo por terra' . 'Essa ideia de que o Brasil é o País mais maravilhoso do mundo e que não há defeitos está se desgastando. Todo mundo sente na carne a inflação que eles não tem conseguido dominar. Eles são patrimonialistas e acham que o governo é propriedade do partido. Nós entendemos o governo como instrumento da sociedade' , disse.

Eleições municipais

Para a deputada estadual e presidente do diretório regional do PSDB, Célia Leão, a tentativa nas próximas eleições municipais será a de tentar envolver todos os segmentos e dialogar com todas as classes. 'Todas as pessoas são importantes no processo eleitoral. Temos um programa de governo que é para todos, mas vamos pegar dentro dele o que tem especificamente para cada setor. A política tem que melhorar a vida das pessoas, senão ela não serve para nada' , disse.

Segundo ela, as pesquisas apenas têm um resultado científico. 'Serve para mapear de onde vieram essas pessoas e conhecer parte dessa sociedade. Quando fazemos campanha, buscamos o voto de quem não vota também, pois eles podem influenciar o quem vota' , explicou.

Líder do DEM na Câmara Municipal de Campinas, o vereador Dário Saadi disse que a bandeira que será defendida por seu partido será a da redução da carga tributária. 'A desoneração tributária é um tema que com certeza interessa à essa classe emergente e terá muito peso. O DEM, junto com o PSDB, foi responsável pela estabilidade econômica do País. Precisamos chamar uma discussão mais aprofundada sobre isso' , disse.

Para o presidente do diretório regional do PT, Ari Fernandes, essa classe emergente não é apenas formada por trabalhadores, mas também por pequenos empresários. 'Não é uma classe nova. É uma classe que melhorou de qualidade de vida. A classe que já era média antes, não se afina muito com o PT, ao contrário dessa classe emergente. Queremos nos aproximar dessa fatia através da recuperação de ideias e posições históricas do partido' , explicou.

Segundo ele, a antiga classe média tem 'estranhado dividir espaços públicos e compartilhar o progresso' com os cidadãos que ascenderam socialmente. 'Isso é um sinal de progresso como um todo e achamos isso muito saudável. Não acho que a inflação possa nos prejudicar, e o recado do FHC para o PSDB focar nessa nova classe média, não nos preocupa' , afirmou Fernandes.

Com a ascensão dos cerca de 30 milhões de brasileiros à classe média, o presidente do diretório regional do PMDB, Arnaldo Salvetti, afirmou que, por ser 'a maior fatia da pirâmide social' , eles é que 'irão moldar um novo perfil de povo' . 'O primeiro resultado desta ascensão social foi sentido no aumento do consumo, pois, claro, as pessoas tinham necessidades e desejos imediatos. Mas o verdadeiro impacto transformador da sociedade virá agora com a melhoria da formação educacional, especialmente através do acesso à informação, que naturalmente provocará uma maior consciência social e política' , disse.

http://www.rac.com.br/noticias/brasil/85954/2011/06/03/as-intencoes-de-voto-da-nova-classe-media-brasileira.html

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Investigação pode atrapalhar pretensão eleitoral de Marta

São Paulo - A prisão do ex-secretário Executivo do Ministério do Turismo pela Polícia Federal na Operação Voucher terá reflexos nas pretensões da senadora Marta Suplicy que tenta alavancar seu nome para representar o PT na disputa à Prefeitura de São Paulo ano que vem.

Mario Moysés atuou no Ministério do Turismo entre 2007 e 2008 e presidiu a Empresa Brasileira de Turismo (Embratur). O cientista político Francisco Fonseca, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), reconhece que Marta pode ter a sua pretensão de concorrer em São Paulo prejudicada, e que o momento é de cautela. "Setores do PT podem usar esse episódio [a prisão de Mário Moysés] nas prévias, assim como os adversários, se ela conseguir lançar candidatura. Mas o fato de haver prisão não significa condenação. Ele [Moysés] pode ser absolvido. Então é muito cedo para avaliar estragos. As convenções só vão acontecer no ano que vem", minimiza Fonseca.
Sócio da Manhanelli Associados, que atua em marketing político eleitoral, Carlos Manhanelli flagra igualmente que a ex-prefeita fica vulnerável a ataques mesmo que seu auxiliar venha a ser absolvido pela Justiça.

Flanco
"Essa prisão abre um flanco tanto interno quanto externo. Haja condenação judicial ou não", avalia o professor, que leciona na Universidade de Salamanca (Espanha).
Ele observa também uma tentativa da mídia em geral de aplicar ao governo de Dilma Rousseff uma marca de corrupção, mas alerta a que desde a gestão de FHC (1994-2002) a base do governo é formada pelos mesmos partidos.
"Não parecem simples coincidência esses escândalos na Casa Civil e mais recentemente nos Ministérios dos Transportes, da Agricultura e do Turismo. Eu peço a atenção para o fato de a mídia colar uma imagem de corrupção ao governo. O que muita gente esquece é que a base do governo de Dilma é exatamente a mesma dos governos de Lula e de Fernando Henrique. Não estou afirmando que não há corrupção, mas levantando que a Polícia Federal e a Justiça é que devem esclarecer os fatos", observa Fonseca.
Manhanelli entende que a teoria de que a mídia está contra a presidente equivale a uma "síndrome de perseguição" e advertiu que as medidas de saneamento nos diferentes ministérios estão sendo tomadas pela presidente.


<http://www.dci.com.br/Investigacao-pode-atrapalhar-pretensao-eleitoral-de-Marta-5-385260-dci.html#>