sábado, 12 de março de 2011

PROPOSTA PROÍBE CONTRATAÇÃO DE CABOS ELEITORAIS


Está tramitando na Câmara dos Deputados projeto de lei 8040/10, do ex-deputado Arnaldo Madeira que proíbe a contratação de cabos eleitorais.
Talvez seja por esse tipo de pensamento que o até então Deputado, tenha se tornado ex.
Com a legislação vigente, as campanhas eleitorais foram obrigadas a contatar oficialmente seus cabos eleitorais e fazer folha de pagamento com recolhimento de tributos e tudo o mais.
O ex-deputado argumenta que: “as eleições viraram um negócio, e o voto um produto a ser comercializado. Para gerenciar esse negócio, afirma Madeira, nasceu à figura do cabo eleitoral, que recebe de acordo com o número de votos angariados. “Por isso, ser cabo eleitoral no Brasil virou profissão sazonal”, critica.
Segurar bandeira, colocar e retirar placas das ruas, carregar e distribuir panfletos, operacionalizar a campanha e garantir um emprego, mesmo que seja sazonal (assim como o é no natal) para o ex-deputado é angariar votos e influenciar o eleitor.
Cada vez mais eu me convenço de que muitos dos deputados eleitos não conhecem nem as campanhas eleitorais que participam, pois, com certeza outros organizam e operacionalizam para eles, pois se conhecessem e já tivessem colocado a mão na massa não iriam propor o fim de quem realmente trabalha em campanhas eleitorais e que tem a oportunidade de aumentar sua renda através de um trabalho limpo e honesto.
Para Madeira, o fim da "mercantilização do voto" assegurará a vivência de uma democracia plena. “O sistema vigente repudia a compra do voto, mas permite a sua influência pelo cabo eleitoral”, aponta.
Influencia do cabo eleitoral? Será que o nobre ex-deputado se dignará a segurar bandeira nas ruas, ou irá à praça pública distribuir panfletos com suas propostas de trabalho?
Outra questão colocada pelo ex.
Democracia plena? Como chamar de democracia plena um país que tem o voto como obrigação e não como direito? Enquanto continuarmos com o voto obrigatório não poderemos nunca chamar o Brasil de “democracia plena”
Mas nosso ex-deputado faz uma ressalva com relação aos cabos eleitorais não remunerados, que, segundo ele, “influenciam não pelo poder da moeda, mas pelo poder da palavra” e devem continuar a existir.
Então o problema não está na influencia e sim na remuneração de quem trabalha?
Quanta incoerência em tão pouco espaço.
O que os nossos nobres representantes querem, no frigir dos ovos, é que se trabalhe de graça para eles, carregando bandeiras, distribuindo planos de governo e parlamentar, carregando pacotes em comitês e andando em veículos velhos para colocar os cavaletes nas ruas e depois retira-los.
Em troca meu querido cabo eleitoral você ganha um sincero: Muito obrigado.

segunda-feira, 7 de março de 2011

A MÍDIA DEVE DECLARAR APOIO A CANDIDATO?

Apoio político. Declarar ou não
http://portaldacomunicacao.uol.com.br/graficas-livros/38/artigo209251-1.asp
O que pensam os editores sobre a mídia assumir o candidato ou manter a isenção

Aprendeu-se na faculdade que a imparcialidade é a base para a credibilidade e a qualidade do texto jornalístico. Veículo que é sério pratica essa lição. Quando o assunto é política em tempo de eleição, entretanto, vale o velho dito popular "toda regra tem sua exceção". Está aí uma questão que ainda causa certo mal-estar entre os editores, pois, embora o apoio político aconteça, muito raramente é assumido pelos veículos.
"O problema não é apoiar um candidato, mas a falta de clareza que vemos aqui no Brasil. O leitor é desinformado e os veículos mentem, falta honestidade. Exemplos de apoio velado não faltam", aponta Mino Carta, diretor da revista CartaCapital (Ed. Confiança), lembrando da campanha que elegeu Fernando Collor, em 1989. "A Veja até inventou a expressão 'Caçador de marajás'. O jogo está aí, mas não assumido. O Serra é o candidato de hoje, assim como foi o Alkmin, em 2006, o Serra, em 2002, o Collor, em 89. Nesse ponto, acho o Estadão mais claro. Todo dia solta editorial para atacar o Governo Lula. É mais assumido", avalia.
Se, dizem, futebol e religião não se discute, política é gosto popular. Todo mundo tem uma colocação a fazer e - especialmente na forma de conduzir a cobertura - a conversa vai longe. Pelo menos, até o presente momento, as opiniões divergem. "Embora a posição oposta também possa ser legítima, a Folha mantém uma tradição de apartidarismo, e não apóia candidatos", afirma Otávio Frias Filho, diretor de redação da Folha de S.Paulo.
"Apenas nos editoriais", enfatiza Heródoto Barbeiro, jornalista da rádio CBN e da TV Cultura, que, com essa ressalva, é a favor do apoio declarado de um veículo a um candidato . "E o apoio explícito em editorial é uma informação a mais para o leitor poder ver se esse veículo está sendo isento; por exemplo, pelo tratamento dado aos demais candidatos", resume. Conteúdo jornalístico isento, com todas as informações com as quais as pessoas poderão formar suas próprias opiniões. O argumento é endossado por Ricardo Kotscho, diretor-adjunto e repórter da revista Brasileiros, e autor do blog Balaio do Kotscho. "Não existe neutralidade ou imparcialidade, então é importante um veículo informar sua posição em editorial", justifica.
Para Frias, embora haja "deslizes aqui e ali", de maneira geral a cobertura política realizada pelos principais jornais diários brasileiros é isenta e equilibrada. "O Globo parece-me menos isento, ao menos no que diz respeito à política carioca. Já a Veja tem um viés político tão explícito e ostensivo, que compromete sua isenção", analisa

Maturidade política
Nos Estados Unidos, esse apoio é já tradicional. Em 2008, dois dos mais importantes jornais norte-americanos - o The New York Times e The Washington Post -defenderam em editorial candidaturas à presidência dos Estados Unidos. O The New York Times assumiu claramente sua preferência por Barack Obama. O Brasil tem poucos exemplos: a CartaCapital apoiou o candidato Lula nas duas últimas eleições presidenciais, em 2002 e 2006; nos anos 90 o Estadão e o Jornal da Tarde defenderam Mário Covas e Marta Suplicy, que disputavam o governo e a prefeitura de São Paulo, respectivamente. A revista Trip (Trip Editorial) trouxe a então candidata a vereadora Soninha Francine na capa da edição 125, com a chamada A Trip Vota Nela.
"Demonstrar o apoio político não quer dizer não praticar o bom jornalismo. É possível mostrar uma posição sem, com isso, deixar de ouvir todos e relatar, sem preconceito e atitudes preestabelecidas. Em outros países é diferente. A Argentina trata melhor da cobertura política. Lá, você vê posturas diferentes", compara Carta. O caso, prossegue, é que aqui existe uma implacável defesa do poder, desde o Golpe de 64. A defesa de 64. "Temos histórias da censura mal contadas até hoje. A imprensa brasileira não dizia Golpe, dizia Revolução. Não faltam passagens para contar."

A lei em TV e rádio
A concessão, no caso de TV e rádio, impõe aos meios a proibição expressa de opiniões sobre candidatos. Mesmo se não houvesse essa restrição legal, a Rede Globo, por meio da Central Globo de Comunicação, afirma que não apoiaria abertamente uma candidatura. No entanto, poderá: "Apesar disso, a emissora considera que o dispositivo legal atenta contra a liberdade de expressão, e que a decisão de apoiar ou não candidatos, com o ônus ou o bônus que isso acarreta, deveria caber a cada emissora, segundo seus valores, como ocorre nas democracias consolidadas".
Para Frias, uma concessão - caso da TV - deve adotar a postura de isenção política. "Jornais, revistas e sítios eletrônicos, que se situam na esfera da sociedade civil, e não do Estado, em minha opinião, devem ser totalmente livres nesse aspecto", defende o diretor de redação da Folha de S.Paulo.
Marion Strecker, diretora de conteúdo do portal UOL, considera ser mais difícil produzir jornalismo independente quando há apoio político declarado. "Nesse caso", ela diz, "o veículo precisa levar muito rigorosamente a sério seu espírito crítico para garantir aos repórteres a independência necessária para exercer a investigação jornalística, e garantir aos editores poder publicá-la, independentemente do partido político tomado por ele". Kotscho rebate: "Em uma redação, todo mundo sabe naturalmente quem os controladores do veículo apoiam, somente quem não tem essa informação é o público."
Marion vê na TV aberta o maior potencial de manipulação da opinião dos eleitores. "É o veículo que atende gratuitamente a quase totalidade da população do país, sem interatividade nem participação ativa da audiência, e tem o maior poder de mexer com as emoções do eleitor."
Alguns casos se tornaram notórios da influência da mídia em eleições. Um dos mais célebres aconteceu em 1989. A edição do último debate entre Collor e Lula, nos telejornais da Rede Globo, foi considerada favorável ao primeiro candidato, e decisiva em sua vitória.

O papel da internet
Será extremamente relevante o papel desempenhado pela internet nas campanhas preparadas para as eleições desse ano, pelos principais candidatos e partidos. E, diferentemente de anos anteriores, quando a legislação relegava-a a papel quase decorativo, ela agora poderá ser aproveitada em algumas de suas mais dinâmicas possibilidades, como email marketing, redes sociais, blogs, instant messengers, e mesmo para solicitação e recebimento de doações. Partidos e políticos não poderão realizar propaganda paga na internet. Já aqueles que se sentirem prejudicados por informações veiculadas na web poderão solicitar direito de resposta.
A importância atribuída à internet nas próximas eleições pode ser avaliada pela contratação - ainda não confirmada oficialmente, mas já noticiada pela mídia -, de Ben Self, coordenador da vertente digital da campanha que elegeu Barack Obama à presidência dos Estados Unidos, para a equipe de campanha da candidata Dilma Roussef. Dono da agência Blue State Digital, além de mobilizar imensos contingentes de eleitores em torno dessa candidatura, via mídias digitais, Bem Self arrecadou aproximadamente US$ 500 milhões, fundamentais para o custeio da campanha de Obama.
No Brasil, a participação da web nas verbas de campanha, em 2010, deverá situar-se entre 9% ou 10% do total, prevê Carlos Manhanelli, diretor da consultoria de marketing e comunicação política Manhanelli Associados, e presidente da Associação Brasileira de Consultores Políticos. Segundo ele, a internet ainda não será utilizada em escala muito ampla, por ser a primeira experiência de utilização de suas diversas possibilidades no marketing eleitoral.
Além disso, prossegue Manhanelli, a realidade brasileira é diferente da norte-americana. Lá, as campanhas duram um ano - começam nas chamadas eleições primárias, nas quais os partidos políticos escolhem seus candidatos -, e aqui abrangem apenas três meses. "Tempo talvez insuficiente para o público acostumar-se ao uso desse meio. Mas a internet pode ser uma ferramenta muito eficaz de comunicação política, pois ela e o telefone constituem as únicas alternativas de comunicação interativa", aponta.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

O FUTURO DE KASSAB


José Agripino vai procurar dissidentes do DEM

Diário Comercio e Industria (DCI)
14 de fevereiro de 2.011
anderson passos


São Paulo - Apesar de as reuniões da semana passada não terem garantido a permanência do prefeito Gilberto Kassab nos quadros do DEM, mesmo com uma luta incessante do partido para isso, o senador José Agripino Maia (DEM-RN), que concorrerá à presidência da sigla em março, foi escalado para procurar aliados do prefeito para negociar um pacto que garanta espaço na sigla ao prefeito paulistano ainda nesta semana. O périplo começa hoje em São Paulo, onde Agripino participará de um almoço com os ex-senadores Marco Maciel (PE) e Jorge Bornhausen (SC), aliados de Kassab. O objetivo é unificar o partido e evitar a sangria de quadros após a convenção nacional.
Cientistas políticos ouvidos pelo DCI entendem que, se deixar o DEM, o prefeito da capital, Gilberto Kassab deve buscar um entendimento para não ter seu mandato reivindicado pelo partido e se abrigar numa sigla da base do governo Dilma Rousseff, com vistas à disputa do governo do estado de São Paulo em 2014. O professor Carlos Manhanelli, da Manhanelli Associados, diz que politicamente a opção mais viável é o PMDB, que carece de lideranças desde a morte do ex-governador Orestes Quércia. "Desde a morte do Quércia o PMDB carece de lideranças, já que tanto o Baleia Rossi quanto o Jorge Caruso são lideranças regionais. A hora boa de o PMDB ter um novo líder é agora", afirma.
Já o professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Francisco Fonseca defende que o PSB do governador Eduardo Campos (PE) é uma alternativa melhor. "O PMDB já é um partido de 'cobras criadas', tem uma teia política consolidada, liderada pelo Michel Temer. O PSB, como não está consolidado em São Paulo, seria uma opção interessante porque é um partido em expansão. Basta dizer que o PMDB não elege mais ninguém em São Paulo e o PSB pode tentar buscar seu espaço, construindo uma alternativa com o meio empresarial, como fez com a candidatura de Paulo Skaf no ano passado", relembrou Fonseca.
Tanto Manhanelli quanto Fonseca concordam em um item: o grande desafio de 2014 já está colocado e consiste na construção de uma alternativa aos governos do PSDB em São Paulo. "É natural que o PSDB tenha um desgaste. Pode ser que em 2014 ele esteja mais acentuado ou não, vai depender do governo de Alckmin, que está começando. Agora, a eleição ao governo de São Paulo tem se caracterizado pela falta de alternativas às gestões do PSDB. O grande desafio da oposição em 2014 será apresentar novas alternativas ao eleitorado", sustenta Manhanelli. Ainda em defesa da migração para o PMDB, ele adverte que, embora o PT municipal já tenha anunciado que permanecerá na oposição a Kassab, a ida do prefeito para o PMDB poderia ajudar, em paralelo, a "asfaltar" o caminho entre os dois partidos no estado, como aconteceu no plano federal. "O PMDB não conseguiu emplacar ninguém no governo de Alckmin, apesar de todo o apoio da sigla na campanha. Se o Kassab consolida a ida para o PMDB, ele pode levar para o seu secretariado um deputado peemedebista, prestigiando o partido, ao contrário do movimento que o Alckmin tem feito de não levar o PMDB para o seu primeiro escalão", alerta.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Caso Cesare Battisti

RIT TV entrevista Manhanelli sobre caso de Cesare Battisti


O Profº MS Carlos Manhanelli, na tarde da última sexta-feira (14), concedeu entrevista para a RIT TV, dando sua opinião a respeito da decisão do ex-presidente Lula de negar o pedido de extradição de Cesare Battisti.

Segundo Manhanelli, ao negar o pedido, Lula levou em consideração a similaridade do caso com os fatos que ocorreram entre o governo militar e os guerrilheiros que lutavam por outra ideologia. A luta de Battisti, assim como a luta dos revolucionários brasileiros na década de 60, 70 e 80, foi totalmente ideológica, e não por serem criminosos. Se Lula fosse contra Battisti, estaria indo contra a luta ideológica de seus companheiros de partido.

O fato do ex-presidente não ter deixado a decisão para a atual Presidente Dilma Rousseff, entende-se como uma forma de evitar colocá-la em uma situação onde falariam que Dilma defendeu Battisti por ter agido da mesma forma que ele no passado. “A Dilma, assim como Cesare Battisti, foi uma guerrilheira. Já o Lula, não pegou em armas”, ressaltou o professor.

Também foi levantada a questão sobre o STF (Supremo Tribunal Federal) ter discordado com a decisão do ex-presidente, que para Manhanelli é muito importante, pois é uma atitude que caracteriza a democracia. Onde ninguém é obrigado a assinar em baixo das decisões do presidente, reafirmando a independência dos poderes.

Na entrevista, o professor também salientou que mesmo com o governo italiano tendo demonstrado desconforto quanto a extradição negada pelo governo brasileiro, a presença do Embaixador Italiano na posse da presidente Dilma mostra que não passou de um descontentamento da Itália e que a decisão do Brasil foi respeitada.

A entrevista será transmitida durante um debate sobre a decisão do ex-Presidente Lula, que irá ao ar na RIT TV, canal 40 UHF ou 12 pela Net e 6 pela Sky, ou ao vivo pelo site vejamso.com.br.

Legenda: A entrevista vai ao ar na próxima quarta-feira (19), às 22:10, na RIT TV (Rede Internacional de Televisão).

domingo, 2 de janeiro de 2011

Para analistas, primeiro discurso teve mensagem ‘ampla’ e alguns ‘recados’

Fabrícia Peixoto
Da BBC Brasil em São Paulo
em 1 de janeiro, 2011 - 18:41 (Brasília) 20:41 GMT


Em seu primeiro pronunciamento como presidente do Brasil, Dilma Rousseff privilegiou um texto sem foco em temas específicos, o que resultou em uma mensagem “um tanto ampla”, na avaliação de especialistas ouvidos pela BBC Brasil.

A avaliação é de que Dilma mencionou praticamente “todos os temas” relevantes para o país na atualidade durante o discurso no Congresso, mas sem estabelecer compromissos.
“Ouvimos um discurso amplo, com uma quantidade enorme de temas, mas sem ênfases pontuais”, diz Leonardo Barreto, cientista político e professor da Universidade de Brasília (UNB).
Segundo ele, um dos “poucos momentos” de ênfase ocorreu na menção à reforma tributária, classificada como “inadiável” pela nova presidente.
“Ela falou de praticamente tudo, mas muito rapidamente. Falou de economia, política externa, da questão social, mas sempre de forma muito cuidadosa, sem grandes compromissos”, diz o professor.

Simbolismos
Na opinião do consultor político Carlos Manhanelli, a preferência por “abraçar” os mais variados temas acabou resultando em uma fala “linear”, ou seja, “sem grandes pontos de emoção”.
"Mesmo um discurso político, feito no Congresso, poderia ter tido um toque mais emotivo”, diz.
Mas apesar de “genérico”, o texto lido pela presidente Dilma Rousseff no Congresso Nacional refletiu alguns “simbolismos” referentes à nova ocupante do Palácio do Planalto.
“O principal deles é, sem dúvida, o fato de uma mulher estar subindo a rampa do Palácio do Planalto. Nesse sentido, Dilma tenta se comparar ao ex-presidente Lula, que durante sua posse chamou atenção para o fato de ter sido o primeiro metalúrgico eleito”, diz.
Ainda de acordo com Manhanelli, Dilma Rousseff também reforçou a ideia de que “não pode errar”, à semelhança do recado dado por Lula nos últimos anos.
“De certa forma, são discursos parecidos. Assim como Lula, Dilma busca enfatizar um fato inédito como forma de dar maior destaque à sua eleição”, acrescenta o especialista.
Situação ‘confortável’
Na avaliação dos analistas ouvidos pela BBC Brasil, Dilma Rousseff toma posse em um momento “bastante favorável” ao país, com a estabilidade econômica e indicadores positivos.
A situação é diferente daquela vivenciada por Lula em 2003, quando o então presidente eleito precisava “conquistar a confiança” da elite empresarial, tanto no Brasil como no exterior.
“Dilma assume em um momento mais favorável, sem ter que se explicar muito do ponto de vista econômico”, diz
Manhanelli.
Barreto lembra ainda que o discurso de Lula, em 2003, teve um forte cunho de mudança, com a promessa de um “novo caminho” para o país.
“Já no caso de Dilma, a questão principal do discurso é a continuidade da política de seu antecessor, o que reduz ainda mais a possibilidade de grandes novidades no discurso”, diz o professor da UNB.
Recados
Apesar da generalidade do discurso, os analistas ouvidos pela BBC Brasil apontam alguns “recados” dados pela presidente Dilma Rousseff em seu primeiro pronunciamento.
Um dos mais fortes foi na menção a sua história como ativista política durante o regime militar, quando foi presa e torturada.
Dilma disse não “carregar ressentimentos ou rancor”, acrescentando ainda que não haveria “retaliações” durante seu governo.
“Esse não deixa de ser um recado importante aos militares, uma tentativa de minimizar eventuais rusgas”, diz
Manhanelli.
Já o professor da UNB chama atenção para o trecho em que Dilma “estende a mão à oposição”, sugerindo certa “generosidade” àqueles que não a apoiaram durante a campanha.
“Senti falta de um afago aos deputados e senadores, sobretudo em um momento delicado na relação entre o novo governo e o Legislativo”, diz Barreto.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Candidatos usaram mal as redes sociais em 2010


“Efeito Obama” não se repetiu no Brasil; para especialistas, faltou interatividade por parte dos políticos, que usaram os sites para propaganda estática
Entrevista ao Jornal Gazeta do Povo em 15/10/2.010


No dia 31 de outubro, quando ocorre o segundo turno para escolha de presidente da República (e de governador em alguns estados), chega ao fim o primeiro processo eleitoral no Brasil com uso pleno das mídias sociais. Milhares de candidatos puderam usar e abusar de Twitter, Orkut, YouTube, MySpace e Facebook, ferramentas que encantam e seduzem os brasileiros. Apesar da grande expectativa, o aproveitamento desse tipo de mídia no relacionamento candidato/eleitor não atingiu o resultado nem o público esperado, opinião unânime entre os especialistas em marketing político consultados pela Gazeta do Povo.
“Desde o começo, todos sabiam que essa eleição seria um grande laboratório para o uso das mídias sociais. O problema é que muitos candidatos, por desconhecimento, não souberam utilizar os veículos ou os usaram de forma equivocada”, destaca Carlos Manhanelli, presidente da Associação Brasileira dos Consultores Políticos e professor de comunicação política e marketing eleitoral na Universidade de Salamanca, na Espanha.
Interação
Antes do início das campanhas eleitorais existia a expectativa de que a troca de informação por meio das novas tecnologias pudesse influenciar na decisão do voto. Não foi o que ocorreu – muito por culpa dos próprios candidatos e suas equipes, que não souberam utilizar as ferramentas de maneira adequada. “As redes sociais não foram bem utilizadas pelas candidatos que não estavam prontos. Eles não interagiram com os eleitores, sanando suas dúvidas. Em vez disso, usaram as redes como canal de propaganda estática”, analisa o gerente de contas da Arca Estúdio de Criação e palestrante de marketing político Elizeu Alves. A opinião é compartilhada pelo consultor de marketing e comunicação Evandro Barreto. “Como instrumento, as redes sociais não foram eficientes; serviram mais como arma tática do que estratégica. Faltou maturidade”, disse.
A crítica dos especialistas reside justamente no modelo utilizado, em que as tecnologias foram apenas canais para fazer propaganda das propostas, deixando de lado a possibilidade de debate. A interação, segundo Alves, ocorreu apenas pelo lado dos eleitores. “O usuário está muito mais preparado que o candidato. Se uma pessoa segue um político no Twitter, é porque ela tem interesse em conhecer suas propostas. Quando ela fizer uma pergunta, é fundamental ter uma resposta, coisa que não ocorreu na maioria das vezes”, afirma.
Na avaliação dos especialistas, o uso das redes sociais na eleição brasileira passou longe do “efeito Obama”, quando a internet foi utilizada de forma decisiva para eleger o presidente americano. Para chegar a esse ponto no Brasil é preciso um período de maturação e o cumprimento de algumas etapas. “Essa eleição serviu para conhecer o uso das novas tecnologias. Os candidatos precisam se aprofundar. Eles têm dois anos até as próximas eleições para fazer um balanço, identificar o que deu certo e adquirir experiências. Precisam se familiarizar com as redes sociais, popularizá-las e despertar o interesse do eleitor”, ressalta Manhanelli.
Pontos positivos
Apesar das críticas, algumas ações pontuais no uso das novas tecnologias na eleições tiveram resultado positivo. Na opinião de Manhanelli, os debates na internet são o principal destaque, pois conseguiram atrair a atenção da população e envolver os eleitores. “Os debates na internet funcionaram muito bem. Ocorreu a interação entre candidatos e eleitores de forma a sanar muitas dúvidas. Esse deveria ser o propósito de todas as redes sociais, uma via de mão dupla”, afirma.
Para Barreto, a aprovação da Lei da Ficha Limpa também se deve muito à mobilização nas redes sociais. “Era visível que não existia o interesse em aprovar a lei. Com a mobilização pública que ocorreu, juntando mais de 1 milhão de assinaturas, não houve outra saída”, conclui.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

COMO O ELEITOR SE INFORMA PARA DECIDIR VOTAR!

1. O Datafolha perguntou como os eleitores se informam para decidir seu voto. São duas formas de perguntar. Na primeira, o pesquisado cita apenas um meio. Na segunda, pode citar três. A internet sozinha fica com 7%, um número expressivo, pois se iguala ao rádio e se aproxima dos jornais, estes com 12%. Na segunda, a internet sobe para 27%. Claro, a TV, o grande veículo de massa, continua disparado em primeiro lugar: 65% e 88% respectivamente.
2. Mas há uma diferença: a TV é como se fosse uma chuva que atinge a todos. A internet é como uma mangueira de regar que só chega a pontos para onde é direcionada. Internet e Conversa com Amigos devem ser somadas. Uma é um boca a boca eletrônico e outra boca a boca direto. A soma na segunda pergunta alcança 59%. Mas a chuva da TV pode não chegar a quem está abrigado. Quem individualiza é a internet e a conversa entre amigos.
3. E ainda se acresce um dado fundamental. A comunicação direta via conversa com amigos e via internet tem um poder muito maior de transformar eleitores em multiplicadores, quando o eleitor passa a ser um indutor do voto. A TV espalha a informação. O boca a boca eletrônico ou direto fixa a informação, ou dispersa, subtrai o impacto ou multiplica.
4. (Folha SP, 28) A televisão é o principal meio de comunicação utilizado pelos eleitores brasileiros para se informar sobre os candidatos que disputam as eleições neste ano. Segundo o Datafolha, 65% dos entrevistados afirmam que a TV é a mídia preferida para obter informações. Os jornais aparecem em segundo lugar, com 12% de preferência, e a internet e o rádio vêm em terceiro, com 7% cada um. Conversas com amigos ou familiares são apontadas por 6%. 5. (Folha SP, 28) Quando o Datafolha pede para os entrevistados citarem três meios de comunicação usados para se informar: 27% mencionam a internet, que fica atrás de conversas com amigos e familiares (32%). A TV é lembrada por 88% e continua em primeiro lugar. Em segundo vêm os jornais, com 54%, e rádio aparece em terceiro, com 52%. O Datafolha ouviu 10.905 eleitores em 379 municípios de todo o país (exceto Roraima). A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais.