sexta-feira, 15 de outubro de 2010

DEBATE UNIV. SÃO JUDAS TADEU


Manhanelli participa de debate na Universidade São Judas Tadeu sobre a cobertura jornalística das eleições

Entrevista está prevista para ir ao ar no canal da Universidade, dia 15 de outubro

Na última sexta-feira (08), o Prof° MS Carlos Manhanelli, presidente da Abcop (Associação Brasileira de Consultores Políticos) participou do programa Imprensa em Debate, dirigido e apresentado pelos alunos do quarto ano de jornalismo da Universidade São Judas Tadeu, campus Mooca. O encontro teve também a participação do presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, José Augusto Camargo. O tema do debate foi a cobertura jornalística nas ultimas eleições.

O Especialista em marketing político há 36 anos começou ressaltando que a cobertura eleitoral é um espetáculo, isto porque a eleição em si já é vista como uma festa para o povo. Manhanelli explicou que essa característica de espetáculo deve-se ao fato da televisão ser um veículo sintético e não analítico. Ou seja, não temos simples informações, mas um show de notícias.

O outro convidado, Augusto Camargo, presidente do sindicato dos jornalistas, salientou que a cobertura eleitoral está sendo contaminada pela visão de coberturas de outras editorias. Tais como: polícia, esporte etc. A eleição está sendo tratada como espetáculo, cujo objetivo é emocionar, causar comoção.


Redes Sociais

Questionado sobre a utilização das redes sociais nas eleições, Manhanelli frisou que é importante lembrar que no Brasil a campanha é diferente dos EUA. Aqui são 3 meses de campanha apenas, enquanto que lá são dois anos. E é o tempo que influencia a fomentação com os eleitores.

“No Brasil, a internet nunca teve uso pleno. A utilização desta ferramenta nas eleições deste ano foi um grande laboratório”, ressaltou. A internet precisa passar por segmentação, assim como passaram o Rádio e a Televisão.

Para Augusto Camargo, a internet não é popular ainda e para o jornalista não é um campo de liberdade de imprensa e sim de expressão.

Quanto ao veículo de comunicação assumir sua posição na eleição, ou seja, de que lado está, Manhanelli acha salutar. Ele citou que na França os jornais tomam posição logo no começo. Para o eleitor, quanto mais ele ficar sabendo que aquele veículo tem a tendência A ou B, ele vai ler a noticia de uma foram diferenciada. Acho muito saudável que cada veículo coloque pra quem ele está trabalhando

Mídias Alternativas


Sobre o papel das mídias alternativas, Augusto Camargo, argumentou que ao longo da historia sempre teve espaço para mídias alternativas. Não é um fenômeno novo, faz parte da nossa tradição a existência desses veículos. “É saudável numa sociedade ter pequenos veículos fazendo o contrapondo com os grandes jornais, ajuda a fazer a democracia se estabelecer de forma mais plena”.

Indagado se um político interfere em um veiculo de comunicação, Manhanelli diz que sim. Uma vez que as concessões dos grupos estão nas mãos deles. Ele ainda salientou que não há como fazer um jornalismo ético, é praticamente impossível. Existe dentro da empresa um esquema de como funciona a imprensa,ou o jornalista se submete ou está fora da empresa.

Para o presidente do sindicato, o jornalista é o que menos tem força para decidir algo, isto porque os veículos de comunicação estão se tornando grandes corporações. Cada vez menos o poder está nas mãos dos jornalistas e não são eles quem ditam o funcionamento da empresa, mas sim os bancos, as empresas coligadas, os acionistas e etc. “O caminho para a mudança é a legislação. Uma lei que imponha padrões, regras e limites. Hoje o Brasil tem a liberdade de imprensa mais clara do mundo, porque não possui uma lei de imprensa” frisou.

Para encerrar o debate, Manhanelli presenteou a biblioteca da Universidade com o seu mais recente livro, Marketing Eleitoral : O Passo a Passo do Nascimento de um Candidato, no qual consagra tudo que aprendeu ao longo de 36 anos de carreira
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quarta-feira, 13 de outubro de 2010

ANÁLISE DO DEBATE PRESIDENCIAL


Rede TV entrevista Profº Manhanelli sobre a postura dos candidatos presidenciáveis
A entrevista foi ao ar nesta segunda-feira (11) às 21h, na Rede TV News

O presidente da Abcop (Associação Brasileira de Consultores Políticos), Profº Ms Carlos Manhanelli concedeu entrevista a repórter da Rede TV, Patrícia Zorzan, na tarde de segunda-feira (11).A avaliação do professor quanto ao debate de domingo (10) entre os candidatos a presidência da república Dilma e Serra foi o tema da entrevista.

Com a postura de ataque da candidata Dilma (PT), Manhanelli ressaltou que o candidato Serra (PSDB) foi pego de surpresa isso ficou claro na reação e nas repostas dele. Dilma mostrou uma imagem de guerreira, de heroína. Assim, ela conseguiu agradar militantes, mas não ganha votos, salientou o professor.

O Especialista em marketing político, ressaltou que em sua opinião o debate teve duas vitórias. A da Dilma enquanto consolidação política de uma imagem aguerrida que vem para resolver as coisas, ganhou a militância. Mas, quem ganhou os eleitores foi o Serra.

Para Manhanelli, a postura de quem ataca dificilmente ganha indecisos e aquele que conseguiu falar de propostas com uma linguagem mais acessível foi com certeza quem ganhou mais votos.

Questionado sobre o que deve ter acontecido para a mudança de postura de Dilma, o professor argumentou que nada em campanha eleitoral acontece sozinho com certeza alguma informação interna existe para mudança de comportamento e na estratégia de Dilma. “As pesquisas internas devem estar mostrando outra realidade que não a do instituto de pesquisa de televisão”, frisou.

Manhanelli acrescentou que pode ser que uma pesquisa qualitativa tenha mostrado que a postura de Dilma “paz e amor” não foi bem aceita pela população. Desta forma, retorna a imagem de heroína não somente para colocar a militância mais ativa, mas também de apresentar uma nova fase da Dilma que é a Dilma verdadeira, executiva e que resolve problemas técnicos e não a Dilma política.

A repórter questionou se essa imagem de ataque da Dilma afugenta o eleitor. O especialista respondeu que sim, uma vez que a Dilma começou aparecendo como heroína depois percebeu que tal imagem não dava continuidade ao governo Lula, então passou a ter uma imagem de grande mãe dos mais pobres. E agora no segundo turno, retorna como heroína.

“Essa mudança de imagem é muito ruim, pois uma construção de imagem é construída com hábito, com freqüência. Quando se começa a mudar muito a imagem, a população começa a pensar qual é a verdadeira imagem do candidato? Após o debate, o que temos que ver qual a imagem que foi passada para o eleitor. Qual a repercussão que vai ter esse debate?”ressaltou Manhanelli. .

O professor citou que Dilma estava nervosa gaguejou durante o debate e Serra foi pego de surpresa. O que demonstrou não ser mais aquela pessoa que tinha resposta para tudo.

O Serra não estava preparado para atacar ele foi para o debate esperando que ia encontrar a Dilma de antes, com doçura na voz, mas pelo contrário, a Dilma foi com postura guerreira, uma postura agressiva que também é nova pra a população.

Para Manhanelli não se pode afirmar se foi uma tática suicida ou uma nova estratégia derivadas das estatísticas, faz-se necessário ter acesso as pesquisas para saber o motivo da mudança abrupta de imagem e isso só quem pode dize é quem está fazendo o marketing da Dilma .

Indagado se a militância da Dilma acomodou-se durante a campanha, Manhanelli acredita que na verdade estavam de “salto alto” achando que a campanha estava ganha. Com a nova postura da Dilma, com a imagem de executiva, que resolver resolvendo, ela mostra o verdadeiro estilo de Dilma ser e assim com certeza conseguiu sacudir a militância e mostrar que é preciso ir as ruas e ganhar mais votos. “A pior coisa que pode acontecer numa campanha é o pensamento já ganhamos, antes de sair o resultado”, mencionou.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

ENTREVISTA NA REVISTA TIME - E.U.A

In Brazil, Lula's Heir Prepares for Power
By Andrew Downie/Sao Paulo Thursday, Sep. 30, 2010






Brazilian President Luiz Inacio Lula da Silva raises the arm of Dilma Rousseff, his former Chief of Staff and presidential candidate for the ruling Workers Party (PT), upon their arrival for a campaign rally in Campinas on September 18, 2010. Brazil's general elections are scheduled for October 3.



Few Brazilians outside the political elite knew much about Dilma Rousseff before the presidential election campaign got under way in July. As chief of staff to the massively popular President Luiz Inácio Lula da Silva, Rousseff had been a powerful behind-the-scenes figure who had also served as Energy Minister. But she had never had to win the hearts and minds of voters by running for political office. That was before Lula tapped her to succeed him.

In most countries, Rousseff might have been expected to use the last couple of months to tell voters what she stands for and how she plans to govern. But this is Brazil, and Lula is the most popular president in its history. Rousseff did not have to articulate a detailed election platform; she simply had to convince voters that she'll continue Lula's work. She has managed that with ease, and it has all but guaranteed she will become the leader of the world's fifth most populous nation and eighth most powerful economy.
(See "No Satire Please, We're Brazilian.")


"Lula has an 80% approval rating and those people want Lula to continue," said Carlos Manhanelli, the president of the Brazilian Association of Political Consultants. "Who is going to best provide continuity? Dilma. And the Workers' Party have... realized that if they can present her as Lula in a skirt, she will get elected."

With the election just two days away, Dilma, as everyone in this informal nation calls her, is polling around 50% — enough to guarantee her first place, and perhaps even the majority that would allow her to avoid a runoff ballot on Oct. 31.

If and when she does take office, it will cap a remarkable political ascent. The daughter of a well-off Bulgarian immigrant, Dilma became politically active as a teenager during the dictatorship, when she bravely took up arms in a leftist guerrilla movement against the military regime. Although she never fired a weapon in anger, she was arrested and tortured, and spent three years in jail.

Dilma studied economics after her release in 1973, and she moved into government when the military gave up power in 1985. She served as finance secretary in Porto Alegre, and was twice state Energy Secretary of Rio Grande do Sul. Lula invited her to be his Energy Minister in 2003, and was so impressed by her performance that he charged her with running the most important programs of his second term. And last year, highlighting her "sensibility and intrepidness," he named her as his preferred successor. (Lula is constitutionally forbidden from seeking a third consecutive term.)

"I can say without fear of contradiction that one of the main reasons my government was a success was down to Comrade Dilma Rousseff's ability to coordinate," Lula said.

Dilma's campaign style has been to bask in Lula's glow, and assure his supporters that she will not deviate an inch from the progressive program that made his eight-year reign such a success. That may be because Dilma herself is, in fact, an inexperienced and reluctant campaigner who appears ill at ease among crowds and on stage. And she has no need to risk proposing big ideas. Thanks to Lula's unwavering support — and boosted by the lackluster campaign of her main rival — her coronation is all but assured.
(See "Lula's Way.")


By suggesting Brazil needs to simply keep coasting along, however, Dilma is tempting fate. Brazil's past two presidents transformed the country from unpredictable and underperforming regional power to rising global star. Fernando Henrique Cardoso stabilized the currency and tamed inflation, privatized hundreds of inefficient state-run companies, and laid the foundations for future growth. Lula built on that by consolidating the economic gains, sharing them amongst the poor for the first time and improving the shameful social indicators that had made Brazil one of the most unequal countries in the world.

Brazil's next president, though, needs to continue that modernization process — which Dilma will be in a good position to do if, as appears likely, her coalition wins majorities in both houses of the legislature. Despite Brazil's impressive growth, it remains a developing country. Its tax burden is too high, its education system too poor, its infrastructure too basic and its red tape and corruption too widespread. Urgent reforms are also needed in social security, labor policy and governance.

Dilma, 62, has not articulated how she will tackle these challenges. Whether she, or anyone, is even capable of carrying out the required reforms remains an open question — and not just because she is known more as a bureaucratic combatant than a conciliator. Even Lula, with his unrivaled charisma, popularity and political skills, avoided attempting major reforms.

Dilma will rely much more heavily than Lula did on the machinery of the Workers Party, which raises some concern because of its increasingly authoritarian inclinations and recent influence-peddling scandals involving key party figures.

"Lula had a big cabinet with 40 ministers and he brilliantly used his experience in politics and as a union negotiator to put out fires," said João Augusto de Castro Neves, a political analyst with the CAC Political Consultancy firm. "There are going to be a lot of voices, there will be differences of opinion. How is she going to deal with that? It is not what she thinks about policy; that won't change much. The question is how is she going to run the government machine without it blowing up."

Dilma's managerial competence has never been questioned, even by her opponents. But uncertainty remains over whether she has what it takes to follow in Lula's footsteps. Her months on the campaign trail have not provided the answers; they'll more likely emerge only when she's in power.

http://www.time.com/time/world/article/0,8599,2022661,00.html

sábado, 2 de outubro de 2010

CANDIDATOS BIZARROS

TV Record entrevista Manhanelli sobre candidatos bizarros

Entrevista está prevista para ir ao ar no dia 03 de outubro, no programa Domingo Espetacular, no quadro “A grande reportagem”, às 19h

Candidatos bizarros foi o tema da entrevista que o Prof° Ms Carlos Manhanelli, presidente da Abcop (Associação Brasileira de Consultores Políticos), concedeu a repórter Fabíola Correa, da TV Record, na manhã de sexta-feira (25).

Para o especialista em marketing político há 36 anos, a campanha eleitoral é dividida em dois períodos. O primeiro deles é o conhecimento, só se vota em quem se conhece. Diante disto, quando o candidato já é famoso pula essa primeira fase e segue para a segunda etapa que é a busca do voto. “Fica mais barato e fácil de fazer campanha, isso falando em campanha proporcional”, argumentou Manhanelli.

Durante a entrevista, o professor ressaltou que hoje não temos mais o voto escrito. Antes com a cédula, o eleitor podia expressar através da escrita o que pensava do candidato A ou B, agora com o voto eletrônico a indignação ou aceitação se materializa com o voto em si. Ou seja, a forma do eleitor mandar o recado é votando.

Questionado se a imagem vale mais que tudo, Manhanelli afirma que não. Hoje a imagem do candidato enquanto cidadão pode ser ruim, mas se ele faz algo em benefício da sociedade e isso é divulgado na mídia é o que pesa mais.

Manhanelli salientou que a mensagem de um candidato já conhecido é recebida com mais facilidade, uma vez que o público já tem o histórico do candidato. Quando aparece um lutador de boxe, por exemplo, não precisa dizer, o eleitor já sabe quem é. E assim vai, um cantor,um comediante e etc.

Quanto ao êxito dos candidatos bizarros isso depende de sua postura, de sua consciência política e se tem conteúdo. “Temos casos no Brasil de candidatos famosos que conseguiram se reeleger”, destacou o especialista.

Finalizando a entrevista, Manhanelli diz que como técnico em marketing eleitoral prefere ter um candidato já conhecido pelo povo e passar logo para a fase seguinte, que é a busca do voto.

Mais uma vez, o especialista frisou seu ponto de vista com relação ao voto obrigatório. “Para o povo, o voto não tem valor. Enquanto o voto for obrigatório a consciência política não vai mudar e qualquer um pode ser votado que não faz diferença”, argumentou Manhanelli

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

TELEMARKETING VALE A PENA?


Telemarketing é importante mas custa caro

Jessica Cavalheiro Do Diário do Grande ABC


Mesmo a internet sendo uma nova e importante ferramenta para as propagandas eleitorais, o telemarketing ainda é uma ótima opção para atingir o eleitorado de forma maciça. Como o serviço demanda grande investimento financeiro, no Grande ABC apenas três candidatos a cargos proporcionais apostaram na ferramenta.
Vanessa Damo (PMDB) foi a que mais investiu em telemarketing. A candidata à reeleição à Assembleia gastou R$ 10.000, segundo prestação de contas divulgada no site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) até o início de setembro. Na mesma época, Marcelo Chehade (PSDB), candidato a deputado federal, havia gastado R$ 2.400. E Gilberto do Primavera (PTB), que disputa para deputado estadual, investiu R$ 1.000.
Segundo o coordenador-geral da campanha de Gilberto da Primavera, Rodrigo Marcon Alves, que é presidente de uma empresa de telemarketing e responsável pelo serviço de comunicação do candidato, a alternativa é uma estratégica política fundamental para uma campanha proporcional. "Depois da minirreforma na lei eleitoral, o espaço do político nos demais meios de comunicação, como a TV e o rádio, ficou limitado", observou.
Uma entrevista com a população é a forma que o telemarketing do candidato petebista aborda o eleitorado. Nas ligações telefônicas, as pessoas são questionadas, por exemplo, sobre os principais problemas encontrados pelos morador na cidade. De acordo com Alves, até agora a resposta do eleitorado com o serviço de telemarketing de Gilberto do Primavera tem sido positivo. "70% das pessoas aceitaram fazer a entrevista e desses, 95% aceitaram ouvir no fim da ligação uma mensagem do candidato e aprovaram também o recebimento de uma cartilha do político por correio", afirmou o coordenador.
Vanessa Damo também optou por entrevistas com o eleitorado, como forma de criar um canal de comunicação e saber o as demandas da população. "Não gravei nenhuma mensagem pedindo voto. É mais um serviço para entrar em contato com os moradores e obter informações que possam me ajudar na campanha", relatou.
‘Entrevista por telefone é irritante'', diz consultor políticoPara o consultor em Comunicação Política e Marketing Eleitoral Carlos Manhanelli, a forma como os candidatos a deputado estadual Vanessa Damo e Gilberto do Primavera optaram por utilizar o serviço de telemarketing não foi a melhor opção. De acordo com ele, uma entrevista com o eleitorado pode irritar muito mais do que uma mensagem gravada do político pedindo voto.
Manhanelli recomenda que a ferramenta seja utilizada primeiramente como um canal de utilidade pública. "A mensagem faz toda a diferença. Ao invés de o candidato ligar ou mandar um mensagem de texto pedindo voto, ele pode passar alguma informação primeiro, por exemplo: ‘No dia da votação não esqueça de levar seu título de eleitor e um documento com foto.'' Depois citar o nome e número de votação."
O consultor alerta ainda sobre o telemarketing no celular. "O aparelho fixo é da casa e qualquer pessoa pode atender, é mais aceitável. O celular é um objeto muito pessoal e quando alguém invande algo particular normalmente a pessoa já rejeita", observa Manhanelli, ao salientar um lado positivo do celular. "Ele aceita mensagem de texto, que no caso a pessoa tem a opção de ler mais tarde e na hora que prefetir."

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Denúncias só criam impactos se há “dinheiro e gente presa”

Denúncias só criam impactos se há “dinheiro e gente presa”
Gazeta de Caxias
Segundo cientistas políticos, escândalos têm pouco efeito eleitoral e eles só criam impacto se há “dinheiro e gente presa”.
Por João C. Garavaglia

Escândalos não devem ter grande influência na disputa Dilma/Serra Escândalos envolvendo supostos dossiês fabricados para prejudicar adversários políticos como o episódio de violação de sigilo fiscal do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge e de Verônica Serra, filha do candidato do partido à Presidência, José Serra, viraram praxe nas eleições do país. Segundo especialistas eles elevam a temperatura da campanha, mas produzem impacto limitado nas urnas.

Escândalo da Receita
No denominado Escândalo da Receita, que resultou na saída da ministra Eunice Guerra, a Polícia Federal investiga a falsificação da assinatura de Verônica na procuração usada pelo contador Antonio Carlos Atella para obter seus dados na Receita Federal, além da violação do sigilo fiscal de outras pessoas ligadas ao partido PSDB.
As três últimas eleições já foram marcadas por denúncias envolvendo tentativa de compra e venda de dossiês. “As campanhas eleitorais dos últimos anos vêm sendo contaminadas por esses episódios lamentáveis”, avalia o cientista político Aldo Fornazieri.

Caso dos Aloprados
Em 2006 o caso conhecido como Escândalo dos Aloprados ilustra a avaliação. A prisão de dois homens com 1,75 milhão de reais no quarto de um hotel pela Polícia Federal ganhou o noticiário cerca de 15 dias antes do primeiro turno da eleição. A dupla tinha ligação com o Senador e o candidato ao governo de São Paulo, Aloísio Mercadante (PT) e ia comprar um dossiê supostamente contra o adversário do PSDB José Serra.
Antes de o escândalo estourar, as pesquisas já apontavam a vitória de Serra sobre Mercadante no primeiro turno com 47% a 23%. No final, o tucano venceu com 57% dos votos válidos contra 31% do petista.

Caso flagrante
Já na disputa presidencial Lula viu seus 15 pontos de vantagem sobre o tucano Geraldo Alckmin cair após o episódio e perder a chance de se reeleger no primeiro turno, com o placar apertado de 48% a 41%. Mas no segundo turno Lula venceu por 60% a 39%. “O caso dos Aloprados foi flagrante. Tinha imagens de maços de dinheiro, pessoas sendo algemadas. Isso tudo foi para TV. Ajudou a levar a disputa para o segundo turno, mas mesmo assim Lula venceu. O caso de agora, da filha de Serra, não tem foto e nem vídeo, é uma coisa abstrata para o eleitor”, avalia o consultor de marketing político Carlos Manhanelli.

Operação Lunus
Em 2002 foi a vez de Serra, então pré-candidato à Presidência, ser acusado por José Sarney (PMDB-AP) de estar por trás de suposta rede de espionagem para prejudicar a pré-candidatura da filha Roseana. Sarney acusou a operação Lunus, da PF, de ser o desdobramento do dossiê criado para barrar o crescimento da filha. Agentes federais apreenderam mais de 1,5 milhão de reais no escritório das empresas de Roseana e seu marido Jorge Murad, no Maranhão. Imagens do dinheiro ganharam o noticiário.

Dossiê Cayman
Em 1998, o chamado Dossiê Cayman, com denúncias de que tucanos, entre eles o presidente Fernando Henrique Cardoso, o governador Mário Covas e o ministro José Serra, tinham dinheiro no paraíso fiscal do Caribe, foi usado por chantagista na reta final das eleições. O suspeito tentou, sem sucesso, vender as informações a candidatos adversários. Fernando Henrique e Covas se reelegeram.

Setores pequenos
“Esse tipo de denúncia tem impacto em setores pequenos da classe média e não no grande eleitorado, interessado em outras questões”, diz Fornazieri. “Dossiê tem em toda a eleição. Há sempre investigação da vida privada dos candidatos”, comenta Marco Antonio Teixeira, cientista político da Fundação Getúlio Vargas.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

E SE O VOTO NÃO FOSSE OBRIGATÓRIO?


Entrevista concedida a revista Superinteressante
Charge do blog da Serra - de Carlos Emerson.

“A tentação é grande… Seus amigos querem saber o que você vai fazer no feriado, as agências de viagem anunciam pacotes para a data. E você pensa que, em pleno calor de 15 de novembro (ou de 3 de outubro), um dia livre é mesmo um convite ao lazer. Afinal, com o fim do voto obrigatório, essas datas viraram simples feriados.
Mas não é que, justo agora que acabou a obrigação de votar, a eleição parece mais interessante? Os temas da campanha são bem mais palpáveis, os problemas discutidos pelos candidatos se assemelham aos seus e tem até gente acenando com uma solução! Será que eles, finalmente, descobriram que eu existo?, você pensa.
Chega o dia da eleição. E, de repente, você está com o título de eleitor na mão, votando! Utopia? Coisa de país desenvolvido? Nem tanto. O voto voluntário torna o eleitor bem mais seletivo, afirma o especialista em marketing eleitoral Carlos Manhanelli, presidente da Associação Brasileira dos Consultores Políticos (Abcop). Para convencer o brasileiro a ir às urnas, os programas eleitorais teriam de ser educativos, mostrar as diferenças entre os trabalhos do Executivo e do Legislativo e explicar a importância do voto.
Tudo isso, no entanto, não evitaria a redução do número de votantes. Nos países onde o voto é voluntário, como os Estados Unidos, só votam 30% a 40% dos eleitores. Aqui, é provável que, a princípio, o comparecimento continuasse alto, devido ao hábito. As abstenções ficariam por conta de quem normalmente deixa de votar e dos que votariam em branco ou nulo, diz o cientista político Rogério Schmitt, professor da Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Aos poucos, porém, a abstenção aumentaria.
OK, mas isso faria alguma diferença? A longo prazo, sim. Segundo simulações realizadas com pesquisas de opinião, os partidos de esquerda, que têm mais militância política e para quem seria esperada uma vantagem, na verdade perderiam espaço para os políticos mais conservadores, que já dispõem de um eleitorado cativo. Pelo menos a princípio. Sim, porque arrebanhar os eleitores novos, desobrigados do voto, seria bem mais difícil.
O voto facultativo não acabaria com a compra de votos, um mau hábito comum em alguns Estados. Mas pelo menos encareceria a fraude. Afinal, é bem mais fácil convencer alguém que já está na boca da urna a votar em Fulano do que demovê-lo do futebol ou da cerveja só para digitar um número na urna eletrônica. E há, de fato, muita gente que escolhe o candidato na última hora e só vota porque é obrigado. Segundo uma pesquisa da Abcop, nas eleições para cargos executivos, 15% dos eleitores definem seu voto na boca da urna. Para cargos legislativos, a indefinição é pior: 45% saem de casa para votar sem saber em quem. Esses eleitores talvez nem saíssem de casa para ir às urnas, diz Manhanelli.
Com tanta competitividade, os candidatos os astros das eleições de hoje não sobreviveriam individualmente. Resultado: os partidos roubariam a cena. O eleitor brasileiro sempre votou em indivíduos, não em partidos, afirma Rogério Schmitt. Com o voto facultativo, a longo prazo a escolha seria mais centrada nas legendas e em suas propostas de governo.
Candidatos desconhecidos, que surgem do nada a bordo de uma legenda de aluguel e que abusam das propostas mirabolantes, teriam cada vez menos espaço. Enfim, as mudanças seriam grandes. Mas, se, apesar delas, nenhum candidato despertasse seu interesse, tudo bem: sempre restaria a opção de pegar o carro e ir à praia, sem dor de cabeça.”