quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Campanha prioriza Marina e estados


Entrevista ao DCI


DIÁRIO COMERCIO E INDUSTRIA
13/10/10 - 00:00 > POLÍTICA


Campanha prioriza Marina e estados

anderson passos


SÃO PAULO - O foco dos presidenciáveis Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) neste segundo turno deve se voltar aos aliados nos estados. Além disso, as campanhas devem se preocupar em incorporar as principais propostas da candidatura do PV e sobretudo conquistar o apoio da presidenciável do partido, Marina Silva, derrotada no primeiro turno com cerca de 20% dos votos do eleitorado. Essa é a opinião de cientistas políticos ouvidos pelo DCI. Para o consultor da MCM Marcelo Ribeiro, Serra tem de olhar com atenção estados como Minas Gerais e São Paulo. "São os dois maiores colégios eleitorais do País e são estados considerados reduto tucano, mas onde Dilma conseguiu superar Serra. Então tem de investir com cuidado e força nessas duas frentes. "O consultor entende que, livre da campanha de Antônio Anastasia ao governo de Minas e da disputa ao Senado, o ex-governador Aécio Neves será uma peça-chave na campanha de Serra. Para ele, a saída de Aécio Neves do processo de escolha do presidenciável tucano, no começo do ano, deve ser superado. "Aquele caso das prévias sugeridas pelo mineiro para a escolha do candidato à Presidência será esquecido. Se o Aécio realmente entrar de cabeça na campanha, o eleitor vai esquecer aquele episódio e apoiar o Serra", prevê. O professor Carlos Manhanelli concorda e diz que, neste momento, Aécio é uma "moeda excelente" a favor dos tucanos. "E, num eventual governo tucano, ele sabe que pode se tornar um grande líder. Ele pode negociar com o PSDB, reivindicando de ministérios à possibilidade de concorrer em 2014. Por isso não desperdiçará essa oportunidade", defende.

Marina

Enquanto Manhanelli defende que a adequação dos programas de governo às propostas defendidas pelo PV pode garantir a transferência de votos para os candidatos, Ribeiro acredita que o apoio formal da senadora do Acre é suficiente para atrair parte significativa dos setores do partido e para levar seus eleitores a apoiarem o PT ou o PSDB. "Dialogar com o PV e com a senadora Marina Silva é, de fato, importante. Mas fazer um movimento na linha programática, de incorporar ao programa de governo projetos sugeridos pelo PV, é a maneira mais eficaz de atrair apoio", afirma Manhanelli. Ribeiro defende, no entanto, que Marina tornou-se uma figura maior do que o PV e que o foco das ações de PT e PSDB deve ser a senadora. "Quem realmente mais importa é a Marina Silva. O PV ainda é um partido pequeno. O partido que conseguir o apoio formal dela no segundo turno tem muito mais chances de transferir votos na eleição", defende o consultor. Ribeiro, no entanto, acredita que Marina não apoiará formalmente nenhum candidato e que o PV deve liberar seus filiados para votar como quiserem em 31 de outubro.

Demonização

O crescimento do tema do aborto na campanha eleitoral, sobre o qual Dilma já divergiu de si mesma publicamente, ora emitindo opinião favorável, ora em contrário, é uma das armas da campanha de Serra contra o PT. "Quando o PSDB muda o slogan para 'Serra é do bem', fica claro que essa polêmica em torno do aborto seja uma linha auxiliar de uma campanha de demonização da candidata do governo", sugere Manhanelli. Ele lembra que os eleitores católicos e evangélicos, quando defrontados com o tema, mantêm uma postura sectária, de difícil reversão. Ribeiro sugere que o PT está experimentando agora, com a questão do aborto, uma estratégia concebida por ele em 2006. "Nas eleições presidenciais de 2006, o PT fez uma grande campanha para vincular o PSDB às privatizações. E, por mais que o candidato Geraldo Alckmin fosse à televisão rejeitar aquela ideia de privatização do Banco do Brasil ou da Petrobras, por exemplo, o presidente Lula acabou eleito. Esse fenômeno pode se repetir agora", prevê.


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