sábado, 23 de outubro de 2010

AULA DE MKT ELEITORAL


ENTREVISTA A REVISTA VEJA





Manhanelli fala sobre marketing político e eleitoral à VEJA
programa Veja Entrevista com o jornalista Augusto Nunes, na sexta-feira (22)


O Profº MS. Carlos Manhanelli, presidente da Abcop (Associação Brasileira de Consultores Políticos) concedeu entrevista ao jornalista Augusto Nunes para o programa Veja Entrevista, nesta quarta-feira (20). A entrevista teve como tema o marketing político e eleitoral no Brasil.

Manhanelli que já escreveu 11 livros sobre marketing político abriu a entrevista definindo antes de tudo o que é Marketing “Hoje qualquer coisa que se venda as pessoas já acham que é marketing. O nome em si já traduz o significado- mercado em ação. Ou seja, marketing é o estudo do movimento do mercado”, salientou.

Marketing eleitoral x Marketing político

Muitos confundem marketing eleitoral e marketing político. Questionado pelo Jornalista, Manhanelli esclareceu que há diferença entre os dois conceitos. O marketing eleitoral é uma tarefa é o momento da conquista do voto. É quando a campanha deflagra e termina no dia da eleição.

Quanto ao marketing político é uma missão. Ele nasce com o político e morre quando perde o mandato. Usa-se marketing porque enquanto político tem que atender as reivindicações, os anseios do eleitorado. Não quer dizer que o político é um produto, mas uma referência que tem demanda.

O professor ressaltou ao entrevistador que para ser um especialista faz-se necessário conhecer comunicação, ciência política, marketing e propaganda. “Meu currículo vasto não é à toa”, respondeu sorrindo para Augusto Nunes.

E o debate entre candidatos? Perguntou Augusto Nunes. Manhanelli disse que é puramente marketing eleitoral. “O debate tem a função de conquistar eleitores e não ganhar a eleição”. Como dizia Sergio Arapuã " Debate não é arena, debate é passarela"

Durante a entrevista, falando sobre a imagem do político, Manhanelli citou Jânio Quadros como um dos fenômenos eleitorais que são únicos e não servem de exemplo para outros políticos. Ele fez menção às quatro imagens citadas pelo escritor Roger-Gérard Schwartzenberg, em seu livro "O Estado Espetáculo", onde aponta as imagens que o candidato passa para o eleitor. São elas: Herói, pai, líder charme e homem simples. “ E Jânio não se encaixa em nenhuma dessas imagens” argumentou.

Marqueteiro x Marquetólogo

Indagado pelo repórter sobre a profissão de “marqueteiro”, Manhanelli frisou que a expressão correta é marquetólogo, uma vez que na Língua portuguesa a terminação “eiro” é depreciativa em qualquer profissão e essa questão é antiga vem desde a colonização, quando fomos tratados de “brasileiro” o que remete uma classificação pejorativa.

Outra questão levantada por Augusto Nunes foi sobre a importância da inserção na TV. Para o especialista, a inserção é mais importante que programa eleitoral. Isto porque, a inserção pega o telespectador de surpresa, no meio de um programa de grande audiência. Já o programa eleitoral há um horário definido e o eleitor pode escolher se assiste ou não.

Quanto às restrições a propaganda eleitoral. Manhanelli salientou para analisar de fato é necessário fazer um levantamento histórico. O professor contou que há duas datas marcantes para o início da atividade no Brasil. Em 1954, com a campanha de Celso Azevedo, em Belo Horizonte, onde foram utilizadas as primeiras técnicas de marketing eleitoral e a campanha de Jânio Quadros que foi o primeiro político a usar a televisão como meio de comunicação para campanha eleitoral.

Na época de ditadura a televisão e do rádio são usados como instrumentos para reafirmar o regime ditatorial. Continuando a história, Manhanelli citou que em 1974, fez sua primeira campanha para senador do PMDB, o qual o candidato obteve vitória. Nessa campanha, a televisão foi utilizada como ferramenta para mostrar todas as mazelas do país.

Diante disso, o poder percebe e instaura a lei falcão (1976) proibindo que as imagens fossem exibidas na televisão. E essa determinação dura até 1989.

Em seguida veio a campanha de Fernando Collor que utilizada na televisão todos os recursos possíveis montagem, trucagem e outros. Saindo da campanha de Collor, entra a do Fernando Henrique Cardoso. Daí percebe-se que usando tudo quem leva a vantagem é a oposição ( Caravana da Cidadania - Lula) e fica proibido o uso da imagem externa no programa eleitoral.

Campanha 2010

Augusto Nunes pede ao especialista que avalie a campanha de 2010 quanto ao trabalho dos marquetólogos pelos seus conceitos. Manhanelli salientou que há erros primários em ambos. Mas, frisou que esses conceitos não são só dele, mas também dos membros da IAPC (The Internacional Association of Political Consultants) na qual é integrante.

Por exemplo, a candidata Dilma começou sua campanha apresentando uma imagem de heroína, aquela que veio para resolver os problemas. Daí gerou uma contradição, que problema que seu antecessor vai deixar (Lula)? Depois ao perceber essa situação, ela muda de imagem e aparece como mãe dos fracos e necessitados. Com uma voz mais doce. Ela vem cuidar e dar continuidade as ações do homem simples. Já no segundo turno, ( no primeiro debate) a imagem da Dilma muda novamente. Ela volta a ser a heroína gerando dúvidas para o eleitor.O que é uma incoerência na opinião do professor.

No caso de Serra, o marquetólogo apostou na imagem de pai. Aquele que vai dar continuidade ao que lula fez. Na opinião de Manhanelli, ele deveria ter afirmado a imagem de herói o que resolveria todos os problemas deixados pele opositor (Lula). Mas, a estratégia certa foi manter essa postura até agora sem deixar dúvidas para o eleitor.

O repórter perguntou se a eleição terminasse hoje qual a previsão? Manhanelli respondeu que nenhuma, a campanha está equilibrada e como já é sabido por todos qualquer coisa pode acontecer e virar em 24h.

Indagado sobre qual político do Brasil que mais soube usar o marketing político e eleitoral Manhanelli falou da campanha mais difícil e o maior exemplo de marketing político, em sua opinião, até hoje foi a campanha de Tancredo Neves. Era preciso convencer a população a fazer uma pressão no colégio eleitoral para votar nele. Não havia voto direto. “Foi uma triangulação de voto”, finalizou.

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