segunda-feira, 22 de agosto de 2011
AS INTENÇÕES DE VOTO DA NOVA CLASSE MÉDIA BRASILEIRA
Nas próximas eleições municipais, em centros urbanos como Campinas, deve ser montado um laboratório para diagnosticar como a população pensa e age
Após a publicação do artigo O papel da oposição na imprensa, no qual o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) orientou seu partido a debruçar-se sobre a 'nova classe média', os partidos tentam alinhar seus discursos. Passaram a rever as estratégias e abrir um diálogo mais próximo com esse quase 30 milhões de brasileiros que ascenderam à classe C nos últimos dez anos. Cidadãos que passaram a desfrutar de um poder de compra até então distante de suas realidades.
Porém, a inflação tem comido parte desses rendimentos. Os partidos, então, passaram a se perguntar; até que ponto a perda do poder de compra e o medo de regredir à classe D e E pode afetar o voto desses quase 20 milhões de eleitores? Nas próximas eleições municipais, principalmente nos maiores centros urbanos, como Campinas, um grande laboratório deve ser montado para diagnosticar como pensam e agem esses 'batalhadores brasileiros' , como definiu o sociólogo Jessé de Souza em seu livro Os Batalhadores Brasileiros - Nova Classe Média ou Nova Classe Trabalhadora?'.
'Serão as pesquisas, quantitativas e qualitativas, que servirão para descobrir qual é a demanda que essa nova classe média tem. E, com certeza, elas estão ocorrendo agora e continuarão sendo feitas nas próximas eleições' , afirmou o presidente da Associação Brasileira de Consultores Políticos (ABCOP), Carlos Manhanelli. Entretanto, na visão dele, poderão ocorrer surpresas em 2014 no âmbito estadual e nacional. 'As eleições municipais são diferentes. Ainda que o cidadão e essa classe emergente tenha alguma afinidade ideológica com o partido, interfere muito o local e a realidade na qual ele vive na hora do voto' , disse.
Para o cientista político da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Valeriano Mendes Ferreira Costa, a antiga classe média é diferente da atual. 'Enquanto uma é mais conservadora, vota por uma estabilidade, nós não sabemos exatamente qual é o comportamento dessa nova classe média. Essa nova classe emergente é a classe trabalhadora que conseguiu estabilização da renda. Ela tem um vinculo muito forte com o trabalho e com a expectativa de vida. Ela pensa no futuro dos filhos. É uma classe que reclama muito dos impostos. É preciso mais tempo para sentir uma mudança real, pois ainda está obscuro em que setor ela está inserida' , afirmou.
É o caso do auxiliar administrativo Ademir Bazzanella, de 49 anos. Ele notou que sua situação financeira melhorou nos últimos anos porém, também percebeu que o salário tem perdido poder aquisitivo de antes. 'Nos últimos dois anos parece que eu não consigo mais comprar a mesma quantidade que eu conseguia antes. Se a Dilma não deixar a peteca cair, eu voto nela, senão eu mudo para alguém que me dê estabilidade, não importa o partido' , contou.
Costa também explicou que em 1990 a então classe média apostou na estabilidade, que era a proposta do PSDB, mas em 2000 apoiou Lula na promessa de mais empregos. 'Agora ela está um pouco perdida e mais exigente. Essas pessoas não caem na lábia do populismo e não aceitam o velho reformismo' , relatou o cientista político. Grávida de nove meses, a auxiliar administrativa Francine Aparecida Prudêncio da Silva, de 26 anos, tem o costume de discutir o voto com o marido. 'Na última eleição assistimos aos debates e conversamos para ver em quem iríamos votar. Votamos os dois no mesmo. Agora, na próxima que tiver, acho que o candidato tem que conseguir manter crescimento e estabilidade. Se não der, prefiro pelo menos a estabilidade' , contou.
No ponto de vista da gerente Viviane Pereira de Souza, de 25 anos, a presidente não tem tido sucesso em manter as mesmas políticas de seu antecessor. 'A inflação está subindo e a educação está cada vez pior. Não estou gostando. Eu votei pelo candidato e não pelo partido. Se continuar assim, na próxima eleição eu mudo o voto' , disse.
Para Costa, o ano de 2011 está 'praticamente perdido' para Dilma no que diz respeito à economia e inflação, o que pode ter reflexos no voto dessa classe emergente. 'Se ela não conseguir manter um crescimento com estabilidade, essa nova classe média tem a tendência de ser mais conservadora e escolher pela estabilidade ao invés do crescimento' , explicou. Segundo ele, o governo é o grande favorito para a reeleição se conseguir fazer um bom trabalho, do contrário, abre espaço até mesmo para candidaturas alternativas como a da ex-senadora Marina Silva (PV) e de o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB).
Disputa
Enquanto os tucanos apostam na indecisão do voto dessa fatia da população, os petistas colocam as fichas na crença de que as melhorias dos últimos anos irão, por si só, 'fazer a cabeça desses cidadãos' . 'O que pudemos verificar nas últimas eleições é que a população forma muito sua opinião em cima de situações concretas do que ela vê e sente. Ela formula uma verdade que tem muito mais peso que uma notícia no jornal' , afirmou o deputado estadual e presidente estadual do PT, Edinho Silva (PT).
O deputado federal Vanderlei Macris (PSDB), vice-presidente estadual do partido, disse que após o artigo de FHC, toda a legenda se convenceu de que era preciso mudar a linguagem e a forma de comunicação com os brasileiros, bem como trabalhar na reformulação e unificação do discurso. 'Essa classe que ascendeu não se sente representada por um movimento político específico. Acredito que o PSDB precisa estar voltado para esse setor, pois temos propostas muito claras. E tenho certeza que a inflação como está irá atrapalhar o PT, pois ninguém quer andar para trás. Ela é o pior instrumento de corrosão da renda. Isso bate de frente com os interesses da população e fomos nós que trouxemos a tranquilidade econômica ao País' , relatou o deputado.
As eleições municipais servirão, segundo ele, para 'dar o recado' aos partidos, principalmente ao governo, se algo estiver errado. 'Não é definitivo, mas é um sinal. Eleições municipais são diferentes das estaduais e nacionais, mas com certeza muitas pesquisas e informações serão colhidas para entender essa nova classe média brasileira. Com o último Senso do IBGE também já temos um grande volume de informações para ajudar a adequar o discurso' , explicou.
Para o presidente estadual do PT, a identidade dessa fatia da população ainda não está definida, porém são os petistas que estão mais próximos dessa classe ascendente. 'Eles têm identificação com o governo Lula, pois foi esse governo que proporcionou essa ascensão social, uma nova perspectiva de futuro e auto-estima. Eles se sentem parte de um projeto de nação e ninguém tira isso deles. Essa é a maior aquisição que eles tiveram. Não acredito que essas pessoas, que obtiveram esses direitos, virarão as costas para mais empobrecidos' , declarou.
Mas, na opinião do tucano, o discurso do rival 'está caindo por terra' . 'Essa ideia de que o Brasil é o País mais maravilhoso do mundo e que não há defeitos está se desgastando. Todo mundo sente na carne a inflação que eles não tem conseguido dominar. Eles são patrimonialistas e acham que o governo é propriedade do partido. Nós entendemos o governo como instrumento da sociedade' , disse.
Eleições municipais
Para a deputada estadual e presidente do diretório regional do PSDB, Célia Leão, a tentativa nas próximas eleições municipais será a de tentar envolver todos os segmentos e dialogar com todas as classes. 'Todas as pessoas são importantes no processo eleitoral. Temos um programa de governo que é para todos, mas vamos pegar dentro dele o que tem especificamente para cada setor. A política tem que melhorar a vida das pessoas, senão ela não serve para nada' , disse.
Segundo ela, as pesquisas apenas têm um resultado científico. 'Serve para mapear de onde vieram essas pessoas e conhecer parte dessa sociedade. Quando fazemos campanha, buscamos o voto de quem não vota também, pois eles podem influenciar o quem vota' , explicou.
Líder do DEM na Câmara Municipal de Campinas, o vereador Dário Saadi disse que a bandeira que será defendida por seu partido será a da redução da carga tributária. 'A desoneração tributária é um tema que com certeza interessa à essa classe emergente e terá muito peso. O DEM, junto com o PSDB, foi responsável pela estabilidade econômica do País. Precisamos chamar uma discussão mais aprofundada sobre isso' , disse.
Para o presidente do diretório regional do PT, Ari Fernandes, essa classe emergente não é apenas formada por trabalhadores, mas também por pequenos empresários. 'Não é uma classe nova. É uma classe que melhorou de qualidade de vida. A classe que já era média antes, não se afina muito com o PT, ao contrário dessa classe emergente. Queremos nos aproximar dessa fatia através da recuperação de ideias e posições históricas do partido' , explicou.
Segundo ele, a antiga classe média tem 'estranhado dividir espaços públicos e compartilhar o progresso' com os cidadãos que ascenderam socialmente. 'Isso é um sinal de progresso como um todo e achamos isso muito saudável. Não acho que a inflação possa nos prejudicar, e o recado do FHC para o PSDB focar nessa nova classe média, não nos preocupa' , afirmou Fernandes.
Com a ascensão dos cerca de 30 milhões de brasileiros à classe média, o presidente do diretório regional do PMDB, Arnaldo Salvetti, afirmou que, por ser 'a maior fatia da pirâmide social' , eles é que 'irão moldar um novo perfil de povo' . 'O primeiro resultado desta ascensão social foi sentido no aumento do consumo, pois, claro, as pessoas tinham necessidades e desejos imediatos. Mas o verdadeiro impacto transformador da sociedade virá agora com a melhoria da formação educacional, especialmente através do acesso à informação, que naturalmente provocará uma maior consciência social e política' , disse.
http://www.rac.com.br/noticias/brasil/85954/2011/06/03/as-intencoes-de-voto-da-nova-classe-media-brasileira.html
segunda-feira, 15 de agosto de 2011
Investigação pode atrapalhar pretensão eleitoral de Marta
São Paulo - A prisão do ex-secretário Executivo do Ministério do Turismo pela Polícia Federal na Operação Voucher terá reflexos nas pretensões da senadora Marta Suplicy que tenta alavancar seu nome para representar o PT na disputa à Prefeitura de São Paulo ano que vem.
Mario Moysés atuou no Ministério do Turismo entre 2007 e 2008 e presidiu a Empresa Brasileira de Turismo (Embratur). O cientista político Francisco Fonseca, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), reconhece que Marta pode ter a sua pretensão de concorrer em São Paulo prejudicada, e que o momento é de cautela. "Setores do PT podem usar esse episódio [a prisão de Mário Moysés] nas prévias, assim como os adversários, se ela conseguir lançar candidatura. Mas o fato de haver prisão não significa condenação. Ele [Moysés] pode ser absolvido. Então é muito cedo para avaliar estragos. As convenções só vão acontecer no ano que vem", minimiza Fonseca.
Sócio da Manhanelli Associados, que atua em marketing político eleitoral, Carlos Manhanelli flagra igualmente que a ex-prefeita fica vulnerável a ataques mesmo que seu auxiliar venha a ser absolvido pela Justiça.
Flanco
"Essa prisão abre um flanco tanto interno quanto externo. Haja condenação judicial ou não", avalia o professor, que leciona na Universidade de Salamanca (Espanha).
Ele observa também uma tentativa da mídia em geral de aplicar ao governo de Dilma Rousseff uma marca de corrupção, mas alerta a que desde a gestão de FHC (1994-2002) a base do governo é formada pelos mesmos partidos.
"Não parecem simples coincidência esses escândalos na Casa Civil e mais recentemente nos Ministérios dos Transportes, da Agricultura e do Turismo. Eu peço a atenção para o fato de a mídia colar uma imagem de corrupção ao governo. O que muita gente esquece é que a base do governo de Dilma é exatamente a mesma dos governos de Lula e de Fernando Henrique. Não estou afirmando que não há corrupção, mas levantando que a Polícia Federal e a Justiça é que devem esclarecer os fatos", observa Fonseca.
Já Manhanelli entende que a teoria de que a mídia está contra a presidente equivale a uma "síndrome de perseguição" e advertiu que as medidas de saneamento nos diferentes ministérios estão sendo tomadas pela presidente.
<http://www.dci.com.br/Investigacao-pode-atrapalhar-pretensao-eleitoral-de-Marta-5-385260-dci.html#>
Mario Moysés atuou no Ministério do Turismo entre 2007 e 2008 e presidiu a Empresa Brasileira de Turismo (Embratur). O cientista político Francisco Fonseca, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), reconhece que Marta pode ter a sua pretensão de concorrer em São Paulo prejudicada, e que o momento é de cautela. "Setores do PT podem usar esse episódio [a prisão de Mário Moysés] nas prévias, assim como os adversários, se ela conseguir lançar candidatura. Mas o fato de haver prisão não significa condenação. Ele [Moysés] pode ser absolvido. Então é muito cedo para avaliar estragos. As convenções só vão acontecer no ano que vem", minimiza Fonseca.
Sócio da Manhanelli Associados, que atua em marketing político eleitoral, Carlos Manhanelli flagra igualmente que a ex-prefeita fica vulnerável a ataques mesmo que seu auxiliar venha a ser absolvido pela Justiça.
Flanco
"Essa prisão abre um flanco tanto interno quanto externo. Haja condenação judicial ou não", avalia o professor, que leciona na Universidade de Salamanca (Espanha).
Ele observa também uma tentativa da mídia em geral de aplicar ao governo de Dilma Rousseff uma marca de corrupção, mas alerta a que desde a gestão de FHC (1994-2002) a base do governo é formada pelos mesmos partidos.
"Não parecem simples coincidência esses escândalos na Casa Civil e mais recentemente nos Ministérios dos Transportes, da Agricultura e do Turismo. Eu peço a atenção para o fato de a mídia colar uma imagem de corrupção ao governo. O que muita gente esquece é que a base do governo de Dilma é exatamente a mesma dos governos de Lula e de Fernando Henrique. Não estou afirmando que não há corrupção, mas levantando que a Polícia Federal e a Justiça é que devem esclarecer os fatos", observa Fonseca.
Já Manhanelli entende que a teoria de que a mídia está contra a presidente equivale a uma "síndrome de perseguição" e advertiu que as medidas de saneamento nos diferentes ministérios estão sendo tomadas pela presidente.
<http://www.dci.com.br/Investigacao-pode-atrapalhar-pretensao-eleitoral-de-Marta-5-385260-dci.html#>
"Jingle bom é aquele que cai no gosto do eleitor"
ENTREVISTA A REVISTA VEJA
Consultor político lança livro sobre o uso da música nas campanhas eleitorais
Branca Nunes
"O jingle Ei, Ei, Eymael, do José Maria Eymael, prova que um bom jingle é apenas uma das ferramentas da campanha – ele jamais elegerá sozinho um candidato"
Um dos maiores especialistas brasileiros em marketing político, Carlos Manhanelli é apaixonado por tudo o que diz respeito a campanhas eleitorais. Há 37 anos, coleciona filmes, jingles, objetos e outros documentos relativos aos pleitos no Brasil.
Parte desse acervo serviu como fonte de pesquisa para seu 12º livro, Jingles eleitorais e marketing político – uma dupla do barulho, lançado na última semana. Nesta entrevista ao site de VEJA, o presidente da Associação Brasileira dos Consultores Políticos e professor do curso Máster em Assessoramento de Imagem e Consultoria Política da Pontifícia Universidade de Salamanca, na Espanha, fala sobre os principais jingles brasileiros, conta qual a importância deles nas campanhas políticas e analisa as estratégias de marketing dos principais candidatos à Presidência nas eleições de 2010.
Abaixo, os principais trechos da entrevista concedida por Manhanelli:
Por que escrever um livro sobre jingles políticos?
Durante o mestrado que fiz na Faculdade Metodista de São Paulo, percebi que não havia no país um único livro que analisasse de maneira completa os jingles políticos brasileiros. Assim, decidi que minha tese não se limitaria aos jingles, mas os localizaria dentro do contexto das campanhas eleitorais e situaria essas campanhas no momento histórico que o país estava passando. O resultado é um livro que conta a história do Brasil republicano a partir dos jingles eleitorais.
Como nasceu o jingle no Brasil?
A música Seu Julinho Vem, composta em 1929 por Francisco José Freire Júnior, pode ser considerada a pioneira. Foi a primeira vez que criaram uma canção exclusivamente para enaltecer determinadas características de um político. Antes, o que havia eram músicas satíricas ou de protesto, com críticas aos candidatos. Getúlio Vargas, adversário de Júlio Prestes naquela eleição, também inovou com a impressão de cartazes e o uso do rádio, embora de forma ainda bastante embrionária.
O que determina a qualidade de um jingle?
Um jingle bom é aquele que cai no gosto da população de tal maneira que se torna eterno. Numa campanha, cada ferramenta tem a sua função: os santinhos, os cartazes, o rádio, a propaganda eleitoral gratuita e as inserções na televisão. A do jingle é cair no gosto dos eleitores.
Quais os melhores jingles brasileiros?
O Varre, varre, varre vassourinha, do Jânio Quadros, é um dos maiores clássicos de todos os tempos. Ei, Ei, Eymael, do José Maria Eymael, prova que um bom jingle é apenas uma das ferramentas da campanha – ele jamais elegerá sozinho um candidato. Bota o retrato do velho, de Getúlio Vargas, também está entre essas preciosidades e tornou-se um hit carnavalesco da época. Lula lá é o último grande jingle brasileiro, tanto que sempre é reutilizado de alguma forma nas campanhas do Lula. Outro que merece destaque é o Eu vou jangar, criado para a campanha de João Goulart para a vice-presidência, em 1960. Naquela época, o presidente e o vice eram eleitos separadamente. O jingle permitia que as pessoas colocassem o seu próprio nome na letra da música. Eu, por exemplo, poderia cantar “Para Vice presidente, Manhanelli vai jangar, é Jango, é Jango. É o João Goulart”.
http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/manhanelli-jingle-bom-e-aquele-que-cai-no-gosto-do-eleitor
Consultor político lança livro sobre o uso da música nas campanhas eleitorais
Branca Nunes
"O jingle Ei, Ei, Eymael, do José Maria Eymael, prova que um bom jingle é apenas uma das ferramentas da campanha – ele jamais elegerá sozinho um candidato"
Um dos maiores especialistas brasileiros em marketing político, Carlos Manhanelli é apaixonado por tudo o que diz respeito a campanhas eleitorais. Há 37 anos, coleciona filmes, jingles, objetos e outros documentos relativos aos pleitos no Brasil.
Parte desse acervo serviu como fonte de pesquisa para seu 12º livro, Jingles eleitorais e marketing político – uma dupla do barulho, lançado na última semana. Nesta entrevista ao site de VEJA, o presidente da Associação Brasileira dos Consultores Políticos e professor do curso Máster em Assessoramento de Imagem e Consultoria Política da Pontifícia Universidade de Salamanca, na Espanha, fala sobre os principais jingles brasileiros, conta qual a importância deles nas campanhas políticas e analisa as estratégias de marketing dos principais candidatos à Presidência nas eleições de 2010.
Abaixo, os principais trechos da entrevista concedida por Manhanelli:
Por que escrever um livro sobre jingles políticos?
Durante o mestrado que fiz na Faculdade Metodista de São Paulo, percebi que não havia no país um único livro que analisasse de maneira completa os jingles políticos brasileiros. Assim, decidi que minha tese não se limitaria aos jingles, mas os localizaria dentro do contexto das campanhas eleitorais e situaria essas campanhas no momento histórico que o país estava passando. O resultado é um livro que conta a história do Brasil republicano a partir dos jingles eleitorais.
Como nasceu o jingle no Brasil?
A música Seu Julinho Vem, composta em 1929 por Francisco José Freire Júnior, pode ser considerada a pioneira. Foi a primeira vez que criaram uma canção exclusivamente para enaltecer determinadas características de um político. Antes, o que havia eram músicas satíricas ou de protesto, com críticas aos candidatos. Getúlio Vargas, adversário de Júlio Prestes naquela eleição, também inovou com a impressão de cartazes e o uso do rádio, embora de forma ainda bastante embrionária.
O que determina a qualidade de um jingle?
Um jingle bom é aquele que cai no gosto da população de tal maneira que se torna eterno. Numa campanha, cada ferramenta tem a sua função: os santinhos, os cartazes, o rádio, a propaganda eleitoral gratuita e as inserções na televisão. A do jingle é cair no gosto dos eleitores.
Quais os melhores jingles brasileiros?
O Varre, varre, varre vassourinha, do Jânio Quadros, é um dos maiores clássicos de todos os tempos. Ei, Ei, Eymael, do José Maria Eymael, prova que um bom jingle é apenas uma das ferramentas da campanha – ele jamais elegerá sozinho um candidato. Bota o retrato do velho, de Getúlio Vargas, também está entre essas preciosidades e tornou-se um hit carnavalesco da época. Lula lá é o último grande jingle brasileiro, tanto que sempre é reutilizado de alguma forma nas campanhas do Lula. Outro que merece destaque é o Eu vou jangar, criado para a campanha de João Goulart para a vice-presidência, em 1960. Naquela época, o presidente e o vice eram eleitos separadamente. O jingle permitia que as pessoas colocassem o seu próprio nome na letra da música. Eu, por exemplo, poderia cantar “Para Vice presidente, Manhanelli vai jangar, é Jango, é Jango. É o João Goulart”.
http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/manhanelli-jingle-bom-e-aquele-que-cai-no-gosto-do-eleitor
MATÉRIA ESTADÃO
Por Isadora Peron, estadao.com.br,10/8/2011
Amador engajado dá lugar a expert em marketing
No fim da década de 1980, tanto o alfaiate José Raimundo de Castro quanto o músico Hilton Acioli não cobraram um centavo para escrever os jingles que se tornaram símbolos dos candidatos José Maria Eymael e Luiz Inácio Lula da Silva. Eram outros tempos. Hoje, há uma rede de profissionais especializada em, literalmente, transformar em música para os ouvidos as propostas dos candidatos. A maioria das empresas trabalha fazendo jingles comerciais e aproveita a época das eleições para faturar.
Ricardo Engels Garay, sócio da produtora Jinga, não fala em valores, mas diz que em ano de eleição é como se houvesse um mês a mais na receita da empresa. O publicitário PC Bernardes, dono da Amics Áudio, diz que as eleições municipais são um período melhor para as empresas do que quando há disputa para a Presidência. 'Em eleições para presidente e governador, você tem no máximo umas 60 campanhas grandes pelo País. Já nas municipais, você tem pelo menos umas mil que compensam. O mercado é maior.'
O professor do curso de publicidade do Mackenzie Adolpho Queiroz diz que essa profissionalização do que antes tinha ares de amadorismo pode ser uma das explicações de por que os jingles das eleições recentes não ficaram na memória do eleitor. 'Os marqueteiros tem utilizado técnicas e instrumentos muito parecidos e isso nivela as campanhas por baixo.'
O especialista em marketing político Carlos Manhanelli tem outra explicação: 'Os jingles que marcam mais são os das campanhas que estão mais aquecidas'. 'Por exemplo, o do Jânio Quadros na década de 60. Qualquer pessoa com mais de 40 anos, se você falar 'Varre, Varre', canta o resto. Depois, tivemos a campanha do Lula, que também foi altamente emocional. As outras não foram tão emotivas', avalia. 'Então, por melhor que seja o jingle, ele não gruda, não vira o famoso chiclete de ouvido.
http://estadao.br.msn.com/ultimas-noticias/amador-engajado-d%C3%A1-lugar-a-expert-em-marketing-1
Amador engajado dá lugar a expert em marketing
No fim da década de 1980, tanto o alfaiate José Raimundo de Castro quanto o músico Hilton Acioli não cobraram um centavo para escrever os jingles que se tornaram símbolos dos candidatos José Maria Eymael e Luiz Inácio Lula da Silva. Eram outros tempos. Hoje, há uma rede de profissionais especializada em, literalmente, transformar em música para os ouvidos as propostas dos candidatos. A maioria das empresas trabalha fazendo jingles comerciais e aproveita a época das eleições para faturar.
Ricardo Engels Garay, sócio da produtora Jinga, não fala em valores, mas diz que em ano de eleição é como se houvesse um mês a mais na receita da empresa. O publicitário PC Bernardes, dono da Amics Áudio, diz que as eleições municipais são um período melhor para as empresas do que quando há disputa para a Presidência. 'Em eleições para presidente e governador, você tem no máximo umas 60 campanhas grandes pelo País. Já nas municipais, você tem pelo menos umas mil que compensam. O mercado é maior.'
O professor do curso de publicidade do Mackenzie Adolpho Queiroz diz que essa profissionalização do que antes tinha ares de amadorismo pode ser uma das explicações de por que os jingles das eleições recentes não ficaram na memória do eleitor. 'Os marqueteiros tem utilizado técnicas e instrumentos muito parecidos e isso nivela as campanhas por baixo.'
O especialista em marketing político Carlos Manhanelli tem outra explicação: 'Os jingles que marcam mais são os das campanhas que estão mais aquecidas'. 'Por exemplo, o do Jânio Quadros na década de 60. Qualquer pessoa com mais de 40 anos, se você falar 'Varre, Varre', canta o resto. Depois, tivemos a campanha do Lula, que também foi altamente emocional. As outras não foram tão emotivas', avalia. 'Então, por melhor que seja o jingle, ele não gruda, não vira o famoso chiclete de ouvido.
http://estadao.br.msn.com/ultimas-noticias/amador-engajado-d%C3%A1-lugar-a-expert-em-marketing-1
quarta-feira, 27 de julho de 2011
Sem vassoura, sem janismo, Dilma faz o que o eleitor espera

Autor(es): Gabriel Manzano
O Estado de S. Paulo - 26/07/2011
Uma simples associação de ideias - quem fala em faxina fala em vassoura -, tem levado alguns políticos e analistas a fazer uma comparação entre Dilma Rousseff e o presidente Jânio Quadros, que ocupou sua cadeira por sete meses, há exatos 50 anos. Ela, com a disposição de fazer uma limpeza no ministério. Ele com o "varre, varre, vassourinha", mote de sua campanha e um dos símbolos com que construiu sua imagem política.
A comparação parece, a alguns estudiosos, imprecisa. "Ela começou sendo a mãezona, que daria continuidade à obra do governo anterior. Mas aos poucos está voltando ao que de fato é, uma gerentona", resume o consultor político Carlos Manhanelli. "Pode haver uma ligação entre sua faxina e a vassoura de Jânio, mas cada um tem caráter próprio", diz ele. "A limpeza que Jânio anunciava era moralista. Incluía a proibição de biquínis e da briga de galo. A visão de Dilma é mais técnica: ela afasta os que não servem porque o governo tem de funcionar".
Na mesma direção, o professor Charles Pessanha, que ensina ciência política na UFRJ, no Rio, acha que Dilma "está empenhada mesmo é em responder a um clamor público, do qual a imprensa é porta-voz". Tanto que, na sua faxina, que chama de reestruturação, ela toma cuidados. "Ela cobra explicações e escolhe as palavras, Mas faz o que a população aprova."
Otimista, Pessanha lembra, sobre o jogo com o Congresso, que a avassaladora maioria de Dilma no Congresso afasta o risco de isolamento. "Democracia é isso. Temos um governo plural, com limites. Os controles, como a CGU, funcionam bem e ela os vê como um recurso técnico."
O Estado de S. Paulo - 26/07/2011
Uma simples associação de ideias - quem fala em faxina fala em vassoura -, tem levado alguns políticos e analistas a fazer uma comparação entre Dilma Rousseff e o presidente Jânio Quadros, que ocupou sua cadeira por sete meses, há exatos 50 anos. Ela, com a disposição de fazer uma limpeza no ministério. Ele com o "varre, varre, vassourinha", mote de sua campanha e um dos símbolos com que construiu sua imagem política.
A comparação parece, a alguns estudiosos, imprecisa. "Ela começou sendo a mãezona, que daria continuidade à obra do governo anterior. Mas aos poucos está voltando ao que de fato é, uma gerentona", resume o consultor político Carlos Manhanelli. "Pode haver uma ligação entre sua faxina e a vassoura de Jânio, mas cada um tem caráter próprio", diz ele. "A limpeza que Jânio anunciava era moralista. Incluía a proibição de biquínis e da briga de galo. A visão de Dilma é mais técnica: ela afasta os que não servem porque o governo tem de funcionar".
Na mesma direção, o professor Charles Pessanha, que ensina ciência política na UFRJ, no Rio, acha que Dilma "está empenhada mesmo é em responder a um clamor público, do qual a imprensa é porta-voz". Tanto que, na sua faxina, que chama de reestruturação, ela toma cuidados. "Ela cobra explicações e escolhe as palavras, Mas faz o que a população aprova."
Otimista, Pessanha lembra, sobre o jogo com o Congresso, que a avassaladora maioria de Dilma no Congresso afasta o risco de isolamento. "Democracia é isso. Temos um governo plural, com limites. Os controles, como a CGU, funcionam bem e ela os vê como um recurso técnico."
A INTERNET NA POLÍTICA

DIÁRIO COMERCIO E INDUSTRIA
26/07/11 - 00:00 gt; POLÍTICA
26/07/11 - 00:00 gt; POLÍTICA
São Paulo - Ao intensificarem sua presença na Internet, os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) atendem a uma pressão que vem da militância partidária conectada à rede mundial de computadores e não necessariamente se dirigem a eleitores comuns. A observação é do professor Carlos Manhanelli, que dirige a Manhanelli Associados. - Recentemente, o tucano abriu no portal do instituto que leva seu nome (www.ifhc.org.br) debates acerca dos problemas do País, enquanto o petista, que voltou a viajar pelo Brasil autointitulando-se "o defensor número um das causas sociais", tem veiculado vídeos e a íntegra de seus discursos no endereço eletrônico do Instituto da Cidadania (www.institutocidadania.org.br).
"Eles [Fernando Henrique e Lula] estão se posicionando como líderes de massa que são. Um político do porte deles é um líder que, como tal, deve externar o que pensa e informar os seus liderados. Essas iniciativas deles são uma resposta à militância e aos eleitores mais conscientes, que estão conectados à rede", defende o estudioso.
Manhanelli, que preside a Associação Brasileira de Consultores de Marketing Político (Abcop), afirma ainda que não se pode medir qual dos dois ex-ocupantes do Palácio do Planalto está em vantagem. Ele argumenta que o uso da Internet por políticos ainda é "um laboratório".
"Eu utilizei a Internet como consultor político nas eleições de 1996, e eu penso que, de lá para cá, a legislação brasileira retardou a cada eleição o uso da Web como ferramenta para buscar votos. A Web, de lá para cá, virou um grande laboratório. Não dá pra medir quem sai na frente nessa corrida porque a Internet ainda não é um veículo popular como são televisão, rádio e jornal hoje", pondera.
Já o coordenador do curso de Direito Digital da GV Law, Renato Opice Blum, afirma que o perfil do internauta brasileiro é diverso do dos demais.
"O internauta brasileiro é mais interativo, participa ativamente de redes sociais e de fóruns, e é aquele que passa mais tempo conectado à Internet. Eles [Fernando Henrique e Lula] até podem estar se dirigindo à militância, mas essa comunicação, com o passar do tempo, pode ser ampliada a outros nichos específicos", aponta.
"Eles [Fernando Henrique e Lula] estão se posicionando como líderes de massa que são. Um político do porte deles é um líder que, como tal, deve externar o que pensa e informar os seus liderados. Essas iniciativas deles são uma resposta à militância e aos eleitores mais conscientes, que estão conectados à rede", defende o estudioso.
Manhanelli, que preside a Associação Brasileira de Consultores de Marketing Político (Abcop), afirma ainda que não se pode medir qual dos dois ex-ocupantes do Palácio do Planalto está em vantagem. Ele argumenta que o uso da Internet por políticos ainda é "um laboratório".
"Eu utilizei a Internet como consultor político nas eleições de 1996, e eu penso que, de lá para cá, a legislação brasileira retardou a cada eleição o uso da Web como ferramenta para buscar votos. A Web, de lá para cá, virou um grande laboratório. Não dá pra medir quem sai na frente nessa corrida porque a Internet ainda não é um veículo popular como são televisão, rádio e jornal hoje", pondera.
Já o coordenador do curso de Direito Digital da GV Law, Renato Opice Blum, afirma que o perfil do internauta brasileiro é diverso do dos demais.
"O internauta brasileiro é mais interativo, participa ativamente de redes sociais e de fóruns, e é aquele que passa mais tempo conectado à Internet. Eles [Fernando Henrique e Lula] até podem estar se dirigindo à militância, mas essa comunicação, com o passar do tempo, pode ser ampliada a outros nichos específicos", aponta.
sexta-feira, 15 de julho de 2011
JINGLES ELEITORIAS E MARKETING POLÍTICO

Publicado em 14/07/2011 - 10:04 por mara.cristina
Hoje, quando a tecnologia e as redes sociais permitem debates cada vez mais amplos a respeito da política, os candidatos a cargos no Executivo precisam usar todas as armas possíveis para conquistar o eleitor. Entre elas, uma se destaca: o jingle. Verdadeiro símbolo das campanhas, o jingle benfeito pode ser decisivo para a conquista de uma vaga – seja na prefeitura, no governo estadual ou na presidência da República.
Partindo da importância do jingle como ferramenta, Carlos Manhanelli lança Jingles eleitorais e marketing político – Uma dupla do barulho (Summus Editorial, 248p., R$ 55,90). A obra realiza um estudo profundo das músicas de campanha veiculadas nas eleições presidenciais diretas entre 1930 e 2010.
Com origem no rádio do início do século XX, o jingle conquistou rapidamente as massas e logo provou seu poder de fogo. A transição para a TV se deu sem percalços e em poucas décadas a produção de músicas eleitorais se profissionalizou. Atualmente, não se fazem boas campanhas sem que sejam contratados diversos profissionais envolvidos na criação de jingles.
“Para ser considerados bons, eles precisam, entre outras características, ter ritmo, melodia, emoção e adequar-se às características do eleitorado”, afirma Manhanelli, que é especialista em marketing político.
O livro começa discutindo o conceito de marketing e fazendo distinção entre o marketing político e o eleitoral. Enquanto o primeiro tem objetivos de longo prazo, o segundo concentra-se no momento da campanha e busca atingir objetivos mais rapidamente. Em seguida, Manhanelli investiga as origens do jingle no Brasil e, na sequência, analisa as campanhas presidenciais diretas realizadas entre 1930 e 2010.
O autor analisa o contexto histórico de cada época, traça o perfil dos principais candidatos e reproduz os jingles mais famosos, analisando suas marcas discursivas.
De Getulio Vargas a Dilma Roussef, Manhanelli estabelece uma relação direta entre as boas músicas de campanha e as vitórias eleitorais, mostrando, ainda, erros que nunca poderiam ter sido cometidos.
Verdadeiro mergulho na história do nosso país, o livro conta ainda com jingles magistrais de diversas campanhas, selecionados pelo autor ao longo de décadas de pesquisas. “Embora meu público-alvo seja composto de estudantes de comunicação, marketing, publicidade e propaganda, consultores e coordenadores de campanhas, políticos e assessores, procurei escrever um livro acessível também àqueles que se interessam pela história recente do nosso país”, diz o autor. “Conhecer a forma como as campanhas são feitas é importante para a consolidação da democracia”, conclui.
O autor
Formado em Administração de Empresas, com cursos de especialização em Sociologia, Ciência Política e Marketing e MBA em Marketing pela Universidade de São Paulo (USP), Carlos Manhanelli é mestre em Comunicação pela Universidade Metodista de São Paulo (Umesp) e professor titular da Universidade Pontifícia de Salamanca (Espanha). Especialista no uso das pesquisas para desenhar a estratégia dos candidatos a cargos eletivos, é jornalista, radialista, conferencista e palestrante renomado, além de autor de vários livros, entre eles Eleição é guerra – Marketing para campanhas eleitorais, Estratégias eleitorais – Marketing político e Marketing pós-eleitoral, todos editados pela Summus.
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