quarta-feira, 27 de julho de 2011

A INTERNET NA POLÍTICA




DIÁRIO COMERCIO E INDUSTRIA

26/07/11 - 00:00 gt; POLÍTICA





São Paulo - Ao intensificarem sua presença na Internet, os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) atendem a uma pressão que vem da militância partidária conectada à rede mundial de computadores e não necessariamente se dirigem a eleitores comuns. A observação é do professor Carlos Manhanelli, que dirige a Manhanelli Associados. - Recentemente, o tucano abriu no portal do instituto que leva seu nome (www.ifhc.org.br) debates acerca dos problemas do País, enquanto o petista, que voltou a viajar pelo Brasil autointitulando-se "o defensor número um das causas sociais", tem veiculado vídeos e a íntegra de seus discursos no endereço eletrônico do Instituto da Cidadania (www.institutocidadania.org.br).

"Eles [Fernando Henrique e Lula] estão se posicionando como líderes de massa que são. Um político do porte deles é um líder que, como tal, deve externar o que pensa e informar os seus liderados. Essas iniciativas deles são uma resposta à militância e aos eleitores mais conscientes, que estão conectados à rede", defende o estudioso.

Manhanelli, que preside a Associação Brasileira de Consultores de Marketing Político (Abcop), afirma ainda que não se pode medir qual dos dois ex-ocupantes do Palácio do Planalto está em vantagem. Ele argumenta que o uso da Internet por políticos ainda é "um laboratório".

"Eu utilizei a Internet como consultor político nas eleições de 1996, e eu penso que, de lá para cá, a legislação brasileira retardou a cada eleição o uso da Web como ferramenta para buscar votos. A Web, de lá para cá, virou um grande laboratório. Não dá pra medir quem sai na frente nessa corrida porque a Internet ainda não é um veículo popular como são televisão, rádio e jornal hoje", pondera.

Já o coordenador do curso de Direito Digital da GV Law, Renato Opice Blum, afirma que o perfil do internauta brasileiro é diverso do dos demais.

"O internauta brasileiro é mais interativo, participa ativamente de redes sociais e de fóruns, e é aquele que passa mais tempo conectado à Internet. Eles [Fernando Henrique e Lula] até podem estar se dirigindo à militância, mas essa comunicação, com o passar do tempo, pode ser ampliada a outros nichos específicos", aponta.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

JINGLES ELEITORIAS E MARKETING POLÍTICO

DIÁRIO DO NORDESTE


Publicado em 14/07/2011 - 10:04 por mara.cristina

Hoje, quando a tecnologia e as redes sociais permitem debates cada vez mais amplos a respeito da política, os candidatos a cargos no Executivo precisam usar todas as armas possíveis para conquistar o eleitor. Entre elas, uma se destaca: o jingle. Verdadeiro símbolo das campanhas, o jingle benfeito pode ser decisivo para a conquista de uma vaga – seja na prefeitura, no governo estadual ou na presidência da República.
Partindo da importância do jingle como ferramenta, Carlos Manhanelli lança Jingles eleitorais e marketing político – Uma dupla do barulho (Summus Editorial, 248p., R$ 55,90). A obra realiza um estudo profundo das músicas de campanha veiculadas nas eleições presidenciais diretas entre 1930 e 2010.
Com origem no rádio do início do século XX, o jingle conquistou rapidamente as massas e logo provou seu poder de fogo. A transição para a TV se deu sem percalços e em poucas décadas a produção de músicas eleitorais se profissionalizou. Atualmente, não se fazem boas campanhas sem que sejam contratados diversos profissionais envolvidos na criação de jingles.
“Para ser considerados bons, eles precisam, entre outras características, ter ritmo, melodia, emoção e adequar-se às características do eleitorado”, afirma Manhanelli, que é especialista em marketing político.
O livro começa discutindo o conceito de marketing e fazendo distinção entre o marketing político e o eleitoral. Enquanto o primeiro tem objetivos de longo prazo, o segundo concentra-se no momento da campanha e busca atingir objetivos mais rapidamente. Em seguida, Manhanelli investiga as origens do jingle no Brasil e, na sequência, analisa as campanhas presidenciais diretas realizadas entre 1930 e 2010.
O autor analisa o contexto histórico de cada época, traça o perfil dos principais candidatos e reproduz os jingles mais famosos, analisando suas marcas discursivas.
De Getulio Vargas a Dilma Roussef, Manhanelli estabelece uma relação direta entre as boas músicas de campanha e as vitórias eleitorais, mostrando, ainda, erros que nunca poderiam ter sido cometidos.
Verdadeiro mergulho na história do nosso país, o livro conta ainda com jingles magistrais de diversas campanhas, selecionados pelo autor ao longo de décadas de pesquisas. “Embora meu público-alvo seja composto de estudantes de comunicação, marketing, publicidade e propaganda, consultores e coordenadores de campanhas, políticos e assessores, procurei escrever um livro acessível também àqueles que se interessam pela história recente do nosso país”, diz o autor. “Conhecer a forma como as campanhas são feitas é importante para a consolidação da democracia”, conclui.


O autor
Formado em Administração de Empresas, com cursos de especialização em Sociologia, Ciência Política e Marketing e MBA em Marketing pela Universidade de São Paulo (USP), Carlos Manhanelli é mestre em Comunicação pela Universidade Metodista de São Paulo (Umesp) e professor titular da Universidade Pontifícia de Salamanca (Espanha). Especialista no uso das pesquisas para desenhar a estratégia dos candidatos a cargos eletivos, é jornalista, radialista, conferencista e palestrante renomado, além de autor de vários livros, entre eles Eleição é guerra – Marketing para campanhas eleitorais, Estratégias eleitorais – Marketing político e Marketing pós-eleitoral, todos editados pela Summus.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Serra terá dificuldades de emplacar candidatura à Presidência em 2014




01/06/11 - 00:00 POLÍTICA
Diário Comercio e Industria - DCI





São Paulo O Conselho Político criado pelo PSDB para acolher o ex-governador de São Paulo José Serra não será suficiente para alavancar a pretensão do paulista quanto a uma terceira candidatura à Presidência em 2014. - O consultor de marketing político Carlos Manhanelli, da Manhanelli Associados, comenta que o órgão, criado para alinhavar coligações e candidaturas, não substitui a Executiva. "Essa instância partidária é nova e, pela legislação que rege os partidos políticos, não pode diminuir a importância da Executiva partidária na tomada de decisões", registra.Já o professor da Universidade de Brasília (UnB) David Fleischer concorda que o Conselho "foi criado às pressas". No entanto, diz que Serra é um obstinado e não vai abandonar seu projeto. "Serra vai tentar capitalizar os 40 milhões de votos conquistados no ano passado", justifica. O cientista da UnB pondera ainda que o ex-governador de São Paulo alimenta esperanças para 2014 inspirado pelo fato de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva só conseguiu vencer uma eleição presidencial na quarta tentativa. Fleischer observa, no entanto, que, ao contrário de Serra, Lula jamais teve adversários dentro do PT. "Lula só conseguiu se candidatar por tantas vezes e se eleger em 2002 porque houve um consenso no PT de que ele era o único candidato. Já Serra, sem mandato, tentará dividir a preferência com Aécio Neves, que terá a tribuna do Senado para ser a voz da oposição", aponta o professor da UnB. O professor Carlos Manhanelli enumera ainda que Serra tem dificuldades na disputas nacionais com o PT. "Se Serra conseguir se lançar em 2014, certamente o PT vai contragolpear, lançando o ex-presidente Lula para enfrentá-lo", projeta.Os dois cientistas convergem ainda ao apontar que Aécio conseguiu formatar uma boa composição da Executiva. "Os paulistas só ficaram com a vice-presidência [com o ex-governador Alberto Goldman] e o Conselho Político, destinado a Serra", flagra Fleischer.O Instituto Teotônio Vilela ficou com o ex-senador Tasso Jereissati (CE) enquanto a secretaria-geral permaneceu com o deputado federal Rodrigo de Castro (MG). Ambos, assim como o presidente reeleito Sérgio Guerra, são aliados do mineiro.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

O VANTAJOSO MERCADO DO MARKETING POLÍTICO

Coluna Mac Margolis
O Estado de S. Paulo » 2011 » 04 » 24 »


Minérios, energia, aviões - e consultoria política. A pauta de exportação das nações da América Latina já está maior e bem mais sofisticada. Tempos atrás, a política abaixo da linha do Equador era pouco complicada, definida por embates de figurões cuja ascensão e queda dependiam dos arranjos de um punhado de poderosos provinciais ou do "dedo" do caudilho nacional. A democracia mudou tudo.

Com eleições pautadas quase a cada ano, a política eleitoral se transformou em mercado livre. Os pretendentes aos palácios e tribunas não são mais príncipes herdeiros à espera da unção oficial, mas mercadorias a serem analisadas por clientes cada vez mais criteriosos. Antes de depositar seu voto, os eleitores - mais de 300 mil em toda a região - exigem ver o peso. É quando aparece consultor de campanha política, cuja arte já desponta como uma especialidade latino-americana.

Não faz muito tempo que os maiores estrategistas de campanha eram americanos. Afinal, com tradição secular, a democracia dos Estados Unidos aprimorou sua técnica. Quem cuida do espetáculo são os "spin doctors" - os "doutores" de marketing - que examinam o eleitorado, monitoram os sinais vitais da campanha e prescrevem estratégias vencedoras.

São homens Dick Morris, James Carville, Rob Allyn e Karl Rove. Analistas que saíram dos bastidores para se tornar protagonistas da política dos EUA e, depois, do mundo. A América Latina era cliente fiel, consumindo caríssimos conselheiros gringos. O presidente do México, Felipe Calderón, contratou Dick Morris, ex-guru de campanha do ex-presidente Bill Clinton; Ravi Singh, especialista em campanhas na internet, atuou no Mexico, na Colômbia e na campanha do ex-candidato José Serra no ano passado.

Hoje os marqueteiros falam espanhol e português, sem sotaque. Com a volta da democracia, um mercado gigante se abriu para assessorar candidatos locais, estaduais e nacionais. Os estudiosos latinos absorveram técnicas avançadas de estatística, pesquisa de opinião pública, demografia e comunicação.

"Campanhas políticas exigem dados demográficos de alta precisão e o Brasil faz censos de primeira classe desde os anos 40 e 50", diz o analista político Amaury de Souza.

Mais do que técnicas, os consultores "nativos" têm a vantagem da fluência cultural, conhecimento dos códigos e gíria locais. Dificilmente um guru de spin americano ou europeu teria o gingado ou o ouvido para as nuances e timbres da política de Guayaquil ou Salta, muito menos o tempo e paciência para dominá-las. Não me esquecerei tão cedo de James Carville, careca e gigante, quase batendo a cabeça na porta do avião da Varig, enquanto, pelo celular xingava a empresa, o país e o Cristo Redentor pelo atraso do seu voo para Nova York. E, quando dispõem de tempo, cobram fábulas.

Não que as campanhas latinas sejam bagatelas. Um candidato à presidência no México precisa desembolsar dezenas de milhões de dólares e, no Brasil, centenas de milhões. Mas há muitas eleições menores, de prefeitos, vereadores e deputados que procuram assessoria à sua medida.

A oportunidade criou o mercado. Milhares os consultores voadores latinos vendem estratégia de campanha, seja em casa ou em países vizinhos. O Cuarto de Guerra, consultoria mexicana, ajudou a eleger o presidente equatoriano, Rafael Correa, em 2006. Ano passado, a poucos meses da eleição presidencial na Colômbia, o governista Juan Manuel Santos perdia feio para o carismático candidato verde Antanas Mockus. Contratou o exótico consultor venezuelano J.J. Rendon, que veste trajes pretos de samurai e fuma sem parar, e virou o pleito, ganhando de lavada.

Há anos, os brasileiros - especialistas no ramo - cruzam o Atlântico para aconselhar políticos na África portuguesa, com excelentes resultados. Às vezes, as condições de trabalho são extremamente difíceis. O estrategista Carlos Manhanelli cita como exemplo o candidato a prefeito moçambicano que foi expulso da legenda a oito dias da votação por ciumeira do líder do partido. Os marqueteiros brasileiros lançaram-no candidato independente e repaginaram sua campanha, levando- o a vitória.

O spin também é nosso.

É COLUNISTA DO "ESTADO", CORRESPONDENTE DA REVISTA "NEWSWEEK

O Estado de S. Paulo » 2011 » 04 » 24 »

domingo, 24 de abril de 2011

Dilma alia apelo feminino a estilo gerente em cem dias de governo

Presidente ressalta fato de ser 1ª mulher no Planalto, mas sem abandonar o estilo 'gerente'.

08 de abril de 2011 17h 21

Em seus primeiros cem dias de mandato, a presidente Dilma Rousseff procurou reforçar seu lado "feminino", ressaltando o fato de ser a primeira mulher a comandar o governo, mas sem abandonar o estilo "executivo" que marcou a sua carreira pública.

O tema da mulher foi reforçado por Dilma logo em sua primeira viagem ao exterior, realizada em janeiro, na Argentina. Ao lado de sua colega Cristina Kirchner, ela ressaltou o fato de que os dois maiores países da América do Sul são governados por mulheres, e defendeu uma maior participação feminina na política.

Na mesma viagem, a presidente também se encontrou com representantes das Mães da Praça de Maio, grupo de mulheres que buscam informações sobre desaparecidos durante o regime militar argentino.

Além disto, ao fazer suas aparições na televisão, Dilma escolheu dois programas voltados principalmente ao público feminino - o Mais Você, apresentado por Ana Maria Braga na Rede Globo, e o de Hebe Camargo, na RedeTV!.

Em março, uma pesquisa realizada pelo Datafolha apontou que Dilma tinha uma maior aprovação entre mulheres do que entre homens. Durante a campanha eleitoral, levantamentos indicavam dificuldades da petista em ganhar o voto feminino.

Para o diretor do Datafolha, Mauro Paulino, este foi o dado mais relevante da pesquisa, na qual 47% das pessoas consideram o governo ótimo ou bom - índice superior aos de Lula e Fernando Henrique Cardoso no mesmo período de seus mandatos.

"Creio que isto seja um resultado de uma estratégia dos primeiros meses de governo de focar e valorizar o fato de Dilma ser a primeira mulher presidente", diz Paulino.

Já segundo uma pesquisa CNI/Ibope divulgada em 1º de abril, 73% dos entrevistados aprovam Dilma, enquanto 12% desaprovam e 14% não opinaram. Estes números também superam Lula e Fernando Henrique no início de seus governos.

'Gerente'
Apesar do reforço em sua imagem "feminina", analistas acreditam que Dilma não abandonou totalmente o estilo "gerente" ao qual foi associada durante o período em que foi ministra do governo Lula.

"Dilma está correspondendo à imagem de gerente, de técnica", diz o especialista em marketing político Carlos Manhanelli. "Não existe brincadeira no gestual, ela nem tenta se mostrar simpática. Isto é positivo, porque reforça a imagem verdadeira dela."

Para o sociólogo e professor da Unicamp Ricardo Antunes, Dilma está tentando se equilibrar entre a imagem de mulher e de "gerente" séria. "Ela quer mostrar que é possível ser sóbria e serena e, ao mesmo tempo, ter momentos de sensibilidade".

Antunes vê um exemplo disto na reação de Dilma ao caso do atirador que matou 12 pessoas em uma escola em Realengo, zona oeste do Rio. Durante cerimônia em Brasília, a presidente chorou e pediu um minuto de silêncio em homenagem às vítimas.

"Ela claramente se emocionou de maneira sincera, e ela não pode mesmo ser uma general", diz o professor. "O povo brasileiro é muito sensível, o país ficou tocado com a tragédia."

Popularidade
A diretora-executiva do Ibope Inteligência, Márcia Cavallari Nunes, não acredita que haja atualmente uma "transferência de popularidade" de Lula para Dilma. No fim do governo passado, pesquisas indicavam níveis recordes de aprovação popular para o ex-presidente.

"Lula não tem aparecido com Dilma, ela tem aparecido sozinha. Não é como na campanha, em que os dois apareciam juntos e acontecia uma transferência. Agora os dados são dela mesma", afirma.

Cavallari destaca o fato de que 54% dos entrevistados pelo Ibope percebem diferenças nos estilos de governo de Lula e Dilma.

"O fato de Lula ser mais carismático faz com que ele seja mais próximo

http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,dilma-alia-apelo-feminino-a-estilo-gerente-em-cem-dias-de-governo,703701,0.htm

sábado, 12 de março de 2011

PROPOSTA PROÍBE CONTRATAÇÃO DE CABOS ELEITORAIS


Está tramitando na Câmara dos Deputados projeto de lei 8040/10, do ex-deputado Arnaldo Madeira que proíbe a contratação de cabos eleitorais.
Talvez seja por esse tipo de pensamento que o até então Deputado, tenha se tornado ex.
Com a legislação vigente, as campanhas eleitorais foram obrigadas a contatar oficialmente seus cabos eleitorais e fazer folha de pagamento com recolhimento de tributos e tudo o mais.
O ex-deputado argumenta que: “as eleições viraram um negócio, e o voto um produto a ser comercializado. Para gerenciar esse negócio, afirma Madeira, nasceu à figura do cabo eleitoral, que recebe de acordo com o número de votos angariados. “Por isso, ser cabo eleitoral no Brasil virou profissão sazonal”, critica.
Segurar bandeira, colocar e retirar placas das ruas, carregar e distribuir panfletos, operacionalizar a campanha e garantir um emprego, mesmo que seja sazonal (assim como o é no natal) para o ex-deputado é angariar votos e influenciar o eleitor.
Cada vez mais eu me convenço de que muitos dos deputados eleitos não conhecem nem as campanhas eleitorais que participam, pois, com certeza outros organizam e operacionalizam para eles, pois se conhecessem e já tivessem colocado a mão na massa não iriam propor o fim de quem realmente trabalha em campanhas eleitorais e que tem a oportunidade de aumentar sua renda através de um trabalho limpo e honesto.
Para Madeira, o fim da "mercantilização do voto" assegurará a vivência de uma democracia plena. “O sistema vigente repudia a compra do voto, mas permite a sua influência pelo cabo eleitoral”, aponta.
Influencia do cabo eleitoral? Será que o nobre ex-deputado se dignará a segurar bandeira nas ruas, ou irá à praça pública distribuir panfletos com suas propostas de trabalho?
Outra questão colocada pelo ex.
Democracia plena? Como chamar de democracia plena um país que tem o voto como obrigação e não como direito? Enquanto continuarmos com o voto obrigatório não poderemos nunca chamar o Brasil de “democracia plena”
Mas nosso ex-deputado faz uma ressalva com relação aos cabos eleitorais não remunerados, que, segundo ele, “influenciam não pelo poder da moeda, mas pelo poder da palavra” e devem continuar a existir.
Então o problema não está na influencia e sim na remuneração de quem trabalha?
Quanta incoerência em tão pouco espaço.
O que os nossos nobres representantes querem, no frigir dos ovos, é que se trabalhe de graça para eles, carregando bandeiras, distribuindo planos de governo e parlamentar, carregando pacotes em comitês e andando em veículos velhos para colocar os cavaletes nas ruas e depois retira-los.
Em troca meu querido cabo eleitoral você ganha um sincero: Muito obrigado.

segunda-feira, 7 de março de 2011

A MÍDIA DEVE DECLARAR APOIO A CANDIDATO?

Apoio político. Declarar ou não
http://portaldacomunicacao.uol.com.br/graficas-livros/38/artigo209251-1.asp
O que pensam os editores sobre a mídia assumir o candidato ou manter a isenção

Aprendeu-se na faculdade que a imparcialidade é a base para a credibilidade e a qualidade do texto jornalístico. Veículo que é sério pratica essa lição. Quando o assunto é política em tempo de eleição, entretanto, vale o velho dito popular "toda regra tem sua exceção". Está aí uma questão que ainda causa certo mal-estar entre os editores, pois, embora o apoio político aconteça, muito raramente é assumido pelos veículos.
"O problema não é apoiar um candidato, mas a falta de clareza que vemos aqui no Brasil. O leitor é desinformado e os veículos mentem, falta honestidade. Exemplos de apoio velado não faltam", aponta Mino Carta, diretor da revista CartaCapital (Ed. Confiança), lembrando da campanha que elegeu Fernando Collor, em 1989. "A Veja até inventou a expressão 'Caçador de marajás'. O jogo está aí, mas não assumido. O Serra é o candidato de hoje, assim como foi o Alkmin, em 2006, o Serra, em 2002, o Collor, em 89. Nesse ponto, acho o Estadão mais claro. Todo dia solta editorial para atacar o Governo Lula. É mais assumido", avalia.
Se, dizem, futebol e religião não se discute, política é gosto popular. Todo mundo tem uma colocação a fazer e - especialmente na forma de conduzir a cobertura - a conversa vai longe. Pelo menos, até o presente momento, as opiniões divergem. "Embora a posição oposta também possa ser legítima, a Folha mantém uma tradição de apartidarismo, e não apóia candidatos", afirma Otávio Frias Filho, diretor de redação da Folha de S.Paulo.
"Apenas nos editoriais", enfatiza Heródoto Barbeiro, jornalista da rádio CBN e da TV Cultura, que, com essa ressalva, é a favor do apoio declarado de um veículo a um candidato . "E o apoio explícito em editorial é uma informação a mais para o leitor poder ver se esse veículo está sendo isento; por exemplo, pelo tratamento dado aos demais candidatos", resume. Conteúdo jornalístico isento, com todas as informações com as quais as pessoas poderão formar suas próprias opiniões. O argumento é endossado por Ricardo Kotscho, diretor-adjunto e repórter da revista Brasileiros, e autor do blog Balaio do Kotscho. "Não existe neutralidade ou imparcialidade, então é importante um veículo informar sua posição em editorial", justifica.
Para Frias, embora haja "deslizes aqui e ali", de maneira geral a cobertura política realizada pelos principais jornais diários brasileiros é isenta e equilibrada. "O Globo parece-me menos isento, ao menos no que diz respeito à política carioca. Já a Veja tem um viés político tão explícito e ostensivo, que compromete sua isenção", analisa

Maturidade política
Nos Estados Unidos, esse apoio é já tradicional. Em 2008, dois dos mais importantes jornais norte-americanos - o The New York Times e The Washington Post -defenderam em editorial candidaturas à presidência dos Estados Unidos. O The New York Times assumiu claramente sua preferência por Barack Obama. O Brasil tem poucos exemplos: a CartaCapital apoiou o candidato Lula nas duas últimas eleições presidenciais, em 2002 e 2006; nos anos 90 o Estadão e o Jornal da Tarde defenderam Mário Covas e Marta Suplicy, que disputavam o governo e a prefeitura de São Paulo, respectivamente. A revista Trip (Trip Editorial) trouxe a então candidata a vereadora Soninha Francine na capa da edição 125, com a chamada A Trip Vota Nela.
"Demonstrar o apoio político não quer dizer não praticar o bom jornalismo. É possível mostrar uma posição sem, com isso, deixar de ouvir todos e relatar, sem preconceito e atitudes preestabelecidas. Em outros países é diferente. A Argentina trata melhor da cobertura política. Lá, você vê posturas diferentes", compara Carta. O caso, prossegue, é que aqui existe uma implacável defesa do poder, desde o Golpe de 64. A defesa de 64. "Temos histórias da censura mal contadas até hoje. A imprensa brasileira não dizia Golpe, dizia Revolução. Não faltam passagens para contar."

A lei em TV e rádio
A concessão, no caso de TV e rádio, impõe aos meios a proibição expressa de opiniões sobre candidatos. Mesmo se não houvesse essa restrição legal, a Rede Globo, por meio da Central Globo de Comunicação, afirma que não apoiaria abertamente uma candidatura. No entanto, poderá: "Apesar disso, a emissora considera que o dispositivo legal atenta contra a liberdade de expressão, e que a decisão de apoiar ou não candidatos, com o ônus ou o bônus que isso acarreta, deveria caber a cada emissora, segundo seus valores, como ocorre nas democracias consolidadas".
Para Frias, uma concessão - caso da TV - deve adotar a postura de isenção política. "Jornais, revistas e sítios eletrônicos, que se situam na esfera da sociedade civil, e não do Estado, em minha opinião, devem ser totalmente livres nesse aspecto", defende o diretor de redação da Folha de S.Paulo.
Marion Strecker, diretora de conteúdo do portal UOL, considera ser mais difícil produzir jornalismo independente quando há apoio político declarado. "Nesse caso", ela diz, "o veículo precisa levar muito rigorosamente a sério seu espírito crítico para garantir aos repórteres a independência necessária para exercer a investigação jornalística, e garantir aos editores poder publicá-la, independentemente do partido político tomado por ele". Kotscho rebate: "Em uma redação, todo mundo sabe naturalmente quem os controladores do veículo apoiam, somente quem não tem essa informação é o público."
Marion vê na TV aberta o maior potencial de manipulação da opinião dos eleitores. "É o veículo que atende gratuitamente a quase totalidade da população do país, sem interatividade nem participação ativa da audiência, e tem o maior poder de mexer com as emoções do eleitor."
Alguns casos se tornaram notórios da influência da mídia em eleições. Um dos mais célebres aconteceu em 1989. A edição do último debate entre Collor e Lula, nos telejornais da Rede Globo, foi considerada favorável ao primeiro candidato, e decisiva em sua vitória.

O papel da internet
Será extremamente relevante o papel desempenhado pela internet nas campanhas preparadas para as eleições desse ano, pelos principais candidatos e partidos. E, diferentemente de anos anteriores, quando a legislação relegava-a a papel quase decorativo, ela agora poderá ser aproveitada em algumas de suas mais dinâmicas possibilidades, como email marketing, redes sociais, blogs, instant messengers, e mesmo para solicitação e recebimento de doações. Partidos e políticos não poderão realizar propaganda paga na internet. Já aqueles que se sentirem prejudicados por informações veiculadas na web poderão solicitar direito de resposta.
A importância atribuída à internet nas próximas eleições pode ser avaliada pela contratação - ainda não confirmada oficialmente, mas já noticiada pela mídia -, de Ben Self, coordenador da vertente digital da campanha que elegeu Barack Obama à presidência dos Estados Unidos, para a equipe de campanha da candidata Dilma Roussef. Dono da agência Blue State Digital, além de mobilizar imensos contingentes de eleitores em torno dessa candidatura, via mídias digitais, Bem Self arrecadou aproximadamente US$ 500 milhões, fundamentais para o custeio da campanha de Obama.
No Brasil, a participação da web nas verbas de campanha, em 2010, deverá situar-se entre 9% ou 10% do total, prevê Carlos Manhanelli, diretor da consultoria de marketing e comunicação política Manhanelli Associados, e presidente da Associação Brasileira de Consultores Políticos. Segundo ele, a internet ainda não será utilizada em escala muito ampla, por ser a primeira experiência de utilização de suas diversas possibilidades no marketing eleitoral.
Além disso, prossegue Manhanelli, a realidade brasileira é diferente da norte-americana. Lá, as campanhas duram um ano - começam nas chamadas eleições primárias, nas quais os partidos políticos escolhem seus candidatos -, e aqui abrangem apenas três meses. "Tempo talvez insuficiente para o público acostumar-se ao uso desse meio. Mas a internet pode ser uma ferramenta muito eficaz de comunicação política, pois ela e o telefone constituem as únicas alternativas de comunicação interativa", aponta.