segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Campanhas eleitorais gastaram, até agora, R$ 7,9 milhões em pesquisas

Candidatos ao Palácio do Planalto estão vigilantes aos dados das pesquisas eleitorais. O interesse não se resume às sondagens de intenção de voto encomendadas pela mídia, mas também em levantamentos contratados por eles mesmos. Até ontem, as campanhas tinham gastado quase R$ 7,9 milhões com 18 pesquisas.

Henrique Meirelles (MDB) foi o que mais fez despesas com levantamentos: 45% dos gastos. Ele já desembolsou R$ 3,4 milhões em nove amostragens. Em seguida, aparece a candidatura do PT, que pagou R$ 2,5 milhões em três pesquisas. Nesse caso, somente durante o período em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva era o cabeça de chapa. Não há registros em nome de Fernando Haddad, o atual candidato da sigla.

Os dados fazem parte de um levantamento feito pelo Correio, com informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Outros candidatos que encomendaram pesquisas foram Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB) e Guilherme Boulos (PSol). Os demais não registraram esse tipo de despesa (veja quadro).

Jacqueline Quaresemin de Oliveira, professora de Pesquisa Eleitoral e Opinião Pública da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), explica que, neste momento, os candidatos contratam pesquisas qualitativas, ou seja, que se aprofundam em determinadas questões. “O que vemos nos jornais e tevês são amostragens quantitativas, de aglutinação de números. As qualitativas buscam outros aspectos. Querem saber o que o seu potencial eleitor pensa ou o que pensa quem vota nos adversários. São pesquisas caras, por se tratar de aspectos subjetivos”, diz.
A professora acrescenta que em pesquisas quantitativas, como as de intenção de voto, o eleitor se adequa a um questionário. Já nas qualitativas, são questões como problemas ligados à imagem do candidato ou associações a ela. “Há, ainda, pesquisas voltadas para os redutos de voto branco ou nulo. Normalmente, essas informações não são divulgadas, por tratarem de questões estratégicas e muito usadas na coordenação de campanha e no marketing eleitoral.”

O cientista político Marcus Ianoni, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), detalha como essas informações são usadas para nortear as campanhas. “Há casos em que se questiona a rejeição ou a aprovação. Isso serve para traçar estratégias de comportamento e comunicação do candidato. Esses dados servem para o partido tentar diminuir sua rejeição ou explorar um nicho do eleitorado”, explica.

“Bússola”

Presidente da Associação Brasileira de Consultores Políticos, Carlos Manhanelli ressalta que as pesquisas são usadas desde as primeiras corridas eleitorais. “É a bússola da campanha, o que diz para onde ir e como ir. Elas ancoram a construção do discurso ou o argumento de voto. Se forem bem-feitas, com informações bem segmentadas, podem remontar a estratégia da campanha e mudar uma eleição”, avalia.

A assessoria de Henrique Meirelles informou que encomendou pesquisas “básicas”. Entre as amostragens, estão as de tracking. Elas servem para avaliar como a imagem está no mercado. Esse acompanhamento é feito de forma contínua (diária, semanal ou mensal). “Todas as pesquisas foram registradas no TSE e são informações estratégicas de campanha”, disse.

A reportagem entrou em contato com as assessorias dos demais candidatos citados, mas elas não comentaram os dados até o fechamento desta edição. Segundo o TSE, a “Justiça Eleitoral considera gastos eleitorais legítimos” a realização de pesquisas ou testes pré-eleitorais. As informações devem ser esclarecidas na prestação de contas.

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

ATAQUE A BOLSONARO FREIA AGRESSÕES NA CAMPANHA



Disputa presidencial retorna com apelo ao diálogo, conciliação e repúdio à violência; episódio será abordado pelos candidatos no horário eleitoral no rádio e na TV
O efeito imediato do atentado contra o candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, foi frear o clima beligerante que marcava a disputa pelo Palácio do Planalto nas eleições 2018. A campanha presidencial volta às ruas neste sábado, 8, – dois dias após Bolsonaro (PSL) ser esfaqueado durante um ato em Juiz de Fora (MG) – com um novo foco: o apelo ao diálogo e o repúdio à violência. O ataque será abordado pelos presidenciáveis com tom de conciliação em novos programas de TV e rádio, gravados às pressas sob orientação dos marqueteiros. Agendas públicas preveem carreatas e uma caminhada pela paz.
Se em outras eleições a tensão entre os candidatos ia subindo, gradativamente, com a aproximação das semanas decisivas, nesta campanha mais curta e em meio a um cenário político acirrado a fase de ataques já estava em curso. Bolsonaro, que se notabilizou por um discurso antipetista, era alvo constante de adversários. Agora, a ordem geral é evitar qualquer tipo de crítica mais pesada à biografia do candidato do PSL.
A cúpula da campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) se reuniu nesta sexta-feira, 7, e decidiu gravar um programa quase todo dedicado ao atentado em Juiz de Fora e com a mensagem de união e pacificação do País. Haverá falas de Alckmin e da candidata a vice, Ana Amélia (PP). Até a agressão, o tucano era o que mantinha a linha mais agressiva contra Bolsonaro na TV e no rádio, com comerciais que citavam seu histórico agressivo, especialmente contra mulheres. Os ataques foram suspensos, ao menos temporariamente.
Pesquisas qualitativas definirão o rumo dos comerciais veiculados pela campanha de Alckmin a partir da semana que vem. Por ora, o plano prevê uma fase mais propositiva.
A campanha de Marina Silva (Rede) agendou para o início da tarde de hoje uma “caminhada pela paz” na rua mais popular de São Paulo, a 25 de Março. 
Alvaro Dias, do Podemos, também mudou o planejamento. Ele regravou o programa eleitoral que será veiculado hoje. A agressão a Bolsonaro vai tirar Dias do seu discurso principal, de exaltar a Operação Lava Jato. “Interrompo hoje a campanha no rádio e na TV por causa do atentado contra Bolsonaro, espero que ele se recupere logo. Eu sempre soube que não é na faca e na bala que vamos resolver os problemas”, diz o candidato do Podemos no programa. 
“Minha vida inteira foi de combate contra a corrupção, as mordomias e os vagabundos, mas indignação e raiva são coisas bem diferentes. Com ódio ninguém constrói nada.”
Ciro Gomes, do PDT, programou caminhadas em seu reduto eleitoral. Ciro, que também suspendeu críticas mais duras a Bolsonaro, estará em Juazeiro do Norte, no Ceará.
Até quinta-feira, o tom belicoso era uma arma eleitoral adotada sem constrangimento por parte dos candidatos. 
A avaliação é de que a campanha mais curta e a percepção de que o eleitor estaria seduzido por uma postura “mais extremada e radical” potencializavam o ambiente eleitoral agressivo. 
“Na política, não temos direito de passar com paletó limpo”, afirmou Ciro Gomes durante a sabatina Estadão-Faap, na terça-feira passada, quando questionado sobre seu temperamento intempestivo. 
Dois dias depois, horas antes do atentado contra Bolsonaro em Minas, Alckmin – também na sabatina Estadão-Faap – foi questionado sobre a estratégia de sua campanha de usar metade do seu tempo TV com uma campanha negativa contra o candidato do PSL. “Campanha política é para pôr o dedo na ferida. É para isso que tem campanha”, respondeu o tucano.
Nos últimos dias, Bolsonaro, por exemplo, falou em “fuzilar a petralhada” e mandá-la para a Venezuela, em evento no Acre. O clima de campanha está tão fora do tom costumeiro que o próprio presidente da República, Michel Temer, gravou vídeos atacando Alckmin e o petista Fernando Haddad, provável substituto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Operação Lava Jato, como candidato do partido à Presidência.

Quebra de hegemonia entre PT e PSDB é fator de acirramento, diz analista
 Para o cientista político Vitor Oliveira, a quebra de hegemonia entre PT e PSDB é um dos fatores desse acirramento. “Esse ano a campanha é curta. E já estamos na metade dela. Além disso, houve uma quebra de hegemonia das duas forças mais relevantes nos últimos anos. Tudo isso somado acirrou a disputa, abriu espaço para competição. Mais competição, mais calor, mais ataques e tentativas de desconstrução. Nós temos exemplos em eleições passadas de que bater funciona. 
Carlos Manhanelli, especialista em marketing político, avaliou que a eleição “está contaminada pelas redes sociais”. 
O cientista político Rodrigo Prando (Mackenzie) vê nesta campanha resquícios de 2014. “Ainda é uma herança da disputa entre ‘nós ou eles’ ou ‘coxinhas contra mortadelas’ e outras divisões criadas pelos próprios partidos”, disse. “Se o candidato evita esse embate mais duro, pode ser taxado de covarde – o que seria a morte eleitoral. O brasileiro gosta desse elemento virulento.”/ GILBERTO AMENDOLA, ADRIANA FERRAZ, MARIANNA HOLANDA, PEDRO VENCESLAU e RICARDO GALHARDO 
https://politica.estadao.com.br/noticias/eleicoes,ataque-a-bolsonaro-freia-agressoes-na-campanha,70002493003

quinta-feira, 6 de setembro de 2018

O que antes era ignorado, agora vira tema das eleições presidenciais


O articulado setor da agropecuária conseguiu colocar seu peso político e se fez enxergar nesta campanha eleitoral entre os presidenciáveis.
Não é à toa. O setor que segurou a economia brasileira nos anos de crise e serviu de porto seguro para as instabilidades que assolaram o país foi levado em conta para a formação de boa parte das chapas presidenciais.
Paulo Kramer analisa o setor dizendo que: "O papel político do setor agropecuário decorre do fato dele ser a âncora da economia brasileira. Sobretudo depois da crise, que começou justamente no último trimestre de 2014. Eles viraram a solitária âncora da economia brasileira".
A força política do setor também decorre da compreensão de seus representantes, ainda na época da redemocratização, da importância que deram ao se organizarem institucionalmente, inclusive no Legislativo do país.
Para isso fizeram a influente frente Parlamentar mista da Agropecuária, que conta com 227 deputados e 27 senadores inscritos, alguns fora do exercício.
A sociedade brasileira acordou para a importância do agronegócio e  percebeu o peso que tem na economia brasileira.
Hoje nenhum candidato a presidência da república ignora a agricultura, dando ênfase em seus programas de governo, as ações em prol desse segmento.
Um setor que era até marginalizado, o agronegócio brasileiro passou a ser um caso de sucesso.
Os agricultores, no passado, tinham frustração de safra, o governo não dava o devido apoio financeiro de custeio para o produtor, agora ganhou muito mais atenção, virando discurso de campanha eleitoral.
Termino esse comentário de hoje com a frase de Jose Graciano Dias: “AO PÉ DA LETRA, SOMENTE A AGRICULTURA E A PECUÁRIA REPRESENTAM PRODUÇÃO”.