Com base nos jingles já
divulgados pelas campanhas, Ciro Gomes (PDT),
Alvaro Dias
(Podemos), Henrique
Meirelles (MDB), Jair Bolsonaro
(PSL) e Geraldo
Alckmin (PSDB) são os que mais abusam da promessa de mudar o rumo do
País. Ciro diz que tem experiência para isso, Meirelles e Dias afirmam que
só eles são capazes de fazer o que o eleitor espera e Bolsonaro até nomeou seu
hit de Muda Brasil.
Para Carlos Manhanelli, especialista
em marketing político e autor do livro Jingles Eleitorais e Marketing
Político – Uma Dupla do Barulho, os jingles da eleição “estão todos iguais
e parecem escritos por uma mesma pessoa”. “Tem uma falta de originalidade.
Parece que um está copiando o outro. Nenhum deles vai sobreviver depois do
período eleitoral. Não tem um chiclete de ouvido”, disse.
Entre os jingles já apresentados,
Manhanelli notou que Alvaro Dias usa o sertanejo universitário para passar uma
ideia de honestidade; que o nome Ciro é repetido 67 vezes em meio a um tecno
brega; que Meirelles escolheu ritmos nordestinos para se vender como o homem
que precisa ser chamado para resolver qualquer problema; e que o jingle de
Bolsonaro repete quase um Lulinha paz e amor quando afirma “Bolsonaro com amor
e com coragem”.
Líder
nas pesquisas de intenção de voto no cenário sem a participação do
ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT), condenado e preso na Lava Jato, Bolsonaro
apela ainda à emoção para conquistar – ou ao menos manter – seu eleitorado em
busca de uma vaga no segundo turno. O jingle espalhado pelas redes sociais do
candidato e de apoiadores começa com os acordes do hino nacional e segue no
ritmo do forró para afirmar que “olha para o futuro, quer ver seus filhos num
país mais seguro” e, “com amor e com coragem”, vai “mudar a nossa Nação”.
Com a indefinição a respeito da candidatura de Lula, que terá seu registro
julgado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nos próximos dias, o
PT, por enquanto, mantém o jingle lançado para a convenção nacional do partido,
que indicou o ex-presidente como candidato. A música remete às campanhas de
1989 e da vitória de 2002, famosas pelo “Lula lá” e pelo coro da “esperança”,
mantendo a estratégia de usar o nome do ex-presidente o máximo durante a
campanha deste ano.
Para o cientista político Marco
Antonio Teixeira, da Fundação Getulio Vargas de São Paulo (FGV-SP), caberá ao
eleitorado agora julgar se as promessas de mudança vendidas nos jingles
convencem e são ou não viáveis. “Obviamente, o que se tenta é seduzir o eleitor
com promessas de um futuro novo. Mas até que ponto isso convence? Vale lembrar
que vários desses candidatos estão ou já estiveram no governo”, disse.
Omissão
Teixeira também chama a atenção
para a ausência da palavra “corrupção” nos jingles. Em vez de mencionar os
escândalos revelados pela Operação Lava Jato
e por outras investigações conduzidas pela Polícia Federal, a maioria dos
presidenciáveis optou por destacar as palavras “honestidade” e “ficha limpa”
nas músicas de suas campanhas.
Mesmo o candidato que levanta costumeiramente a bandeira da Lava Jato, o
senador Alvaro Dias, omite o termo na balada sertaneja que levará para a TV e o
rádio. Para o cientista político, a explicação é óbvia: “A maioria não toca na
palavra corrupção porque não pode atirar pedra em ninguém.”
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