O GLOBO
27/08/2.010
Apenas um "fato novo" e de "peso significativo" é capaz de conter a diferença que separa os candidatos Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) nas pesquisas de intenção de voto, avaliam especialistas em marketing político ouvidos pela BBC Brasil.
Levantamentos dos três principais institutos de pesquisa, divulgados nas últimas duas semanas, indicaram uma ampliação progressiva da vantagem de Dilma sobre Serra.
Pela média, a diferença entre os dois subiu de 5 para 18 pontos percentuais no prazo de um mês.
Na avaliação do publicitário e consultor político Carlos Manhanelli, os rumos da eleição "ainda podem mudar", mas segundo ele, a essa altura da campanha, apenas um fato "excepcional" seria capaz de "reconfigurar" as intenções de voto.
"Se analisarmos historicamente, veremos que temos, sim, exemplos de eleições que foram redefinidas nos últimos momentos", diz.
"Mas em todos os casos, o motivo dessa reviravolta foi sempre um fato novo e excepcional", acrescenta Manhanelli, autor do livro Marketing Eleitoral.
O consultor lembra o caso do então candidato Fernando Collor, que às vésperas da eleição presidencial de 1989 conseguiu estancar o crescimento de Luiz Inácio Lula da Silva ao trazer à tona um caso pessoal envolvendo uma filha do petista, fora do casamento.
'Pouco provável'
Membro do Conselho Orientador de Pesquisas Públicas da Unicamp, o consultor Ney Figueiredo também sugere cautela na antecipação de resultados, mas acrescenta que "uma mudança agora é pouco provável".
Ele também acredita que somente um fato novo poderá mudar o cenário atual, mas, esse fato, se vier, "será do lado petista".
"Não vejo mais como esse fato surgir do lado tucano. Eles já fizeram tudo o que tinha de ser feito."
"Já do lado petista, não podemos subestimar a chance de um equívoco que prejudique a candidata Dilma Rousseff", acrescenta.
Para ele, a candidata está baseando sua campanha em fatos "fortes", ligados às realizações do governo Lula no campo socioeconômico. "No entanto, dizer que a campanha está ganha é desprezar a possibilidade de um escorregão, o que acontece", diz.
Mudanças
A rápida consolidação da candidata petista na liderança acirrou o debate, entre tucanos, sobre uma possível mudança no curso da campanha, a pouco menos de 40 dias da eleição presidencial.
Após uma série de reuniões nos últimos dias, a equipe de José Serra decidiu melhorar a infraestrutura da campanha nos Estados, além de triplicar a distribuição de material para essas regiões.
Outra medida será a maior participação de lideranças regionais, como governadores e prefeitos, no programa de Serra na TV e no rádio. Nessa quinta-feira, o ex-governador de Minas Gerais, Aécio Neves, apareceu pela primeira vez no programa pedindo votos para o candidato tucano.
Na avaliação de Manhanelli, medidas como essas são apenas "pontuais" e insuficientes para mudar o curso de uma campanha na fase atual.
"Essas mudanças ajudam a estancar a perda de votos, mas não vão reverter o quadro, que está totalmente favorável a Dilma Rousseff, segundo as pesquisas", diz o consultor.
'Equivocada'
Na semana passada, diversos aliados de José Serra criticaram publicamente algumas estratégias da campanha tucana, entre elas a decisão de "esconder" o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e de tentar "colar" a imagem de Serra à de Lula.
O ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB), que integra a base de apoio a Serra, usou seu microblog para criticar o coordenador de marketing da campanha tucana, Luiz Gonzalez, por seu "olhar enfarado e apressado" sobre os políticos e por ter usado o apelido de "Zé Serra" na propaganda gratuita.
Figueiredo discorda das críticas. Para o consultor político, a equipe de Gonzales já realizou trabalhos "difíceis", como a eleição de Gilberto Kassab, em São Paulo, mostrando que é "muito competente".
O problema, segundo ele, não está na estratégia da campanha, mas sim no "momento econômico" do país.
"Desde o início essa era uma eleição difícil para a oposição. Ele teria que provar à sociedade que seria capaz de levar adiante os feitos do Lula", diz.
"Esse era o pulo do gato nessa eleição e pelo visto está se mostrando realmente muito difícil de ser colocado em prática", completa Figueiredo.
http://oglobo.globo.com/pais/mat/2010/08/27/diferenca-entre-serra-dilma-so-diminui-com-fato-novo-dizem-especialistas-917491907.asp
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
terça-feira, 24 de agosto de 2010
CAMPANHA CURTA FAVORECE VETERANO
JORNAL ABCD MAIOR
Por: Juliana Finardi (juliana@abcdmaior.com.br)
Carlos Manhanelli: maioria da população não sabe para quê serve um deputado
Presidente da Associação Brasileira de Consultores Políticos diz que propaganda de três meses é ruim para renovação
Muita gente ainda não faz a mínima ideia de que vai ter eleição em outubro. Dos que têm consciência do ano eleitoral, um número menor ainda de pessoas sabe quais são os cargos para os quais serão eleitos novos representantes. Na opinião do presidente da Associação Brasileira de Consultores Políticos, Carlos Manhanelli, a falta de informação da maioria dos eleitores “é normal”. “O eleitor só vai começar a prestar atenção na campanha depois do dia 17, quando começa a propaganda na televisão”, disse. Manhanelli também questiona o calendário eleitoral, que prevê uma campanha de três meses. Na opinião do consultor, o curto tempo para propaganda privilegia apenas quem já está no poder. “A campanha de três meses é muito boa para quem já está no poder. Para as novas lideranças, para renovar o quadro político é péssimo.” Leia, a seguir, a entrevista.
ABCD MAIOR - É normal que as pessoas não saibam para quais cargos vão votar?
CARLOS MANHANELLI - É normal, não só este ano como em toda eleição. A sociedade reage através de três leis básicas em qualquer campanha eleitoral. Existe uma parcela da população que se utiliza da lei da procrastinação, ou seja, eleição para ele é problema, não é solução; então ele vai decidir de última hora em quem votar porque é um problema que ele tem para resolver já que o voto no Brasil é obrigatório. Tem a famosa lei da indiferença; é uma parcela da população que é indiferente à campanha eleitoral. Na cabeça deles, não importa quem vai ser o governador, o presidente, o deputado, porque a vida deles não vai mudar com isso, então se dá pouca importância ao processo eletivo. E tem também a lei da efemeridade, que é o valor do voto. Quanto vale o voto no Brasil? Principalmente para deputado, ou seja, para cargo proporcional. Se você fizer uma pesquisa e perguntar para quê serve um deputado, a maioria não vai saber. Sabem que existe, mas para quê serve poucos vão saber responder. Então é isso; você tem uma sociedade que reage às campanhas eleitorais de forma bastante atípica com relação aos outros países.
ABCD MAIOR – O sr. acha que é papel do candidato fazer uma campanha voltada a isso, ou seja, de conscientizar o eleitor sobre o que faz um deputado ou qualquer outro cargo?
MANHANELLI – O eleitor só vai começar a prestar atenção na campanha depois do dia 17, quando começa a propaganda na televisão. Antes disso são nomes que aparecem. Quem conhece, reconhece a pessoa. Quem não conhece, é apenas um rosto que está ali com um número e não quer dizer absolutamente nada para ele. Vai começar realmente a interessar quando o rádio e a televisão começarem a divulgar a campanha eleitoral.
ABCD MAIOR – Até lá, alguns candidatos avaliam que fazer campanha é jogar dinheiro no lixo por ser ainda o começo. O sr. concorda com isso?
MANHANELLI – Concordo. Não é jogar dinheiro no lixo, mas dependendo do grau de conhecimento que ele tem, não vale muito a pena. Um deputado que há quatro anos está no mandato e já teve mídia suficiente para se tornar conhecido vai ‘chover no molhado’ se fizer propaganda agora. Ele vai esperar realmente começar a campanha de rádio e TV para ir à rua e pleitear o voto.
ABCD MAIOR - O sr. acha, então, que uma reforma no calendário eleitoral resolveria o problema?
MANHANELLI – É muito importante. A eleição em três meses só privilegia quem já está no poder porque fica muito pouco tempo de debate, muito pouco tempo para que novas lideranças se apresentem ao eleitorado e ganhem credibilidade suficiente para obter o voto. A campanha de três meses é muito boa para quem já está no poder. Para as novas lideranças, para renovar o quadro político é péssimo.
http://www.abcdmaior.com.br/noticia_exibir.php?noticia=22971
Por: Juliana Finardi (juliana@abcdmaior.com.br)
Carlos Manhanelli: maioria da população não sabe para quê serve um deputado
Presidente da Associação Brasileira de Consultores Políticos diz que propaganda de três meses é ruim para renovação
Muita gente ainda não faz a mínima ideia de que vai ter eleição em outubro. Dos que têm consciência do ano eleitoral, um número menor ainda de pessoas sabe quais são os cargos para os quais serão eleitos novos representantes. Na opinião do presidente da Associação Brasileira de Consultores Políticos, Carlos Manhanelli, a falta de informação da maioria dos eleitores “é normal”. “O eleitor só vai começar a prestar atenção na campanha depois do dia 17, quando começa a propaganda na televisão”, disse. Manhanelli também questiona o calendário eleitoral, que prevê uma campanha de três meses. Na opinião do consultor, o curto tempo para propaganda privilegia apenas quem já está no poder. “A campanha de três meses é muito boa para quem já está no poder. Para as novas lideranças, para renovar o quadro político é péssimo.” Leia, a seguir, a entrevista.
ABCD MAIOR - É normal que as pessoas não saibam para quais cargos vão votar?
CARLOS MANHANELLI - É normal, não só este ano como em toda eleição. A sociedade reage através de três leis básicas em qualquer campanha eleitoral. Existe uma parcela da população que se utiliza da lei da procrastinação, ou seja, eleição para ele é problema, não é solução; então ele vai decidir de última hora em quem votar porque é um problema que ele tem para resolver já que o voto no Brasil é obrigatório. Tem a famosa lei da indiferença; é uma parcela da população que é indiferente à campanha eleitoral. Na cabeça deles, não importa quem vai ser o governador, o presidente, o deputado, porque a vida deles não vai mudar com isso, então se dá pouca importância ao processo eletivo. E tem também a lei da efemeridade, que é o valor do voto. Quanto vale o voto no Brasil? Principalmente para deputado, ou seja, para cargo proporcional. Se você fizer uma pesquisa e perguntar para quê serve um deputado, a maioria não vai saber. Sabem que existe, mas para quê serve poucos vão saber responder. Então é isso; você tem uma sociedade que reage às campanhas eleitorais de forma bastante atípica com relação aos outros países.
ABCD MAIOR – O sr. acha que é papel do candidato fazer uma campanha voltada a isso, ou seja, de conscientizar o eleitor sobre o que faz um deputado ou qualquer outro cargo?
MANHANELLI – O eleitor só vai começar a prestar atenção na campanha depois do dia 17, quando começa a propaganda na televisão. Antes disso são nomes que aparecem. Quem conhece, reconhece a pessoa. Quem não conhece, é apenas um rosto que está ali com um número e não quer dizer absolutamente nada para ele. Vai começar realmente a interessar quando o rádio e a televisão começarem a divulgar a campanha eleitoral.
ABCD MAIOR – Até lá, alguns candidatos avaliam que fazer campanha é jogar dinheiro no lixo por ser ainda o começo. O sr. concorda com isso?
MANHANELLI – Concordo. Não é jogar dinheiro no lixo, mas dependendo do grau de conhecimento que ele tem, não vale muito a pena. Um deputado que há quatro anos está no mandato e já teve mídia suficiente para se tornar conhecido vai ‘chover no molhado’ se fizer propaganda agora. Ele vai esperar realmente começar a campanha de rádio e TV para ir à rua e pleitear o voto.
ABCD MAIOR - O sr. acha, então, que uma reforma no calendário eleitoral resolveria o problema?
MANHANELLI – É muito importante. A eleição em três meses só privilegia quem já está no poder porque fica muito pouco tempo de debate, muito pouco tempo para que novas lideranças se apresentem ao eleitorado e ganhem credibilidade suficiente para obter o voto. A campanha de três meses é muito boa para quem já está no poder. Para as novas lideranças, para renovar o quadro político é péssimo.
http://www.abcdmaior.com.br/noticia_exibir.php?noticia=22971
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segunda-feira, 23 de agosto de 2010
ENTREVISTA NA MTV
Profº Manhanelli fala à MTV sobre o papel do jingle na campanha eleitoral
A entrevista vai ao ar nesta quarta-feira (25) às 24h, no programa Notícias MTV, canal 32, e reprise na quinta-feira às 12h30
Profº Ms. Carlos Manhanelli, presidente da Abcop (Associação Brasileira de Consultores Políticos), concedeu entrevista ao repórter da MTV, Marcelo Soares, na tarde de segunda-feira (17). O objetivo do encontro foi saber a opinião do professor sobre o papel do jingle na campanha eleitoral. Durante a entrevista, Manhanelli salientou que seu próximo livro vai ser sobre jingle, o 12º livro de sua carreira que deverá ser lançado em 2011.
Para Manhanelli, o jingle eleitoral serve para colocar na cabeça do eleitor o nome do candidato, o que ele está postulando, o número, e a sua ação eleitoral ou o que ele pretende fazer como plataforma seja em campanha proporcional ou majoritária.
Questionado pelo repórter se o jingle ajuda a ganhar a eleição, o professor respondeu que não. “O jingle dá argumento de lembrança”, ressaltou. A primeira coisa que se tem que fazer numa campanha é se tornar conhecido, o jingle te ajuda muito quando é bem feito, pois ele leva ao eleitor o nome e o número e vira como costumo dizer um “chiclete de ouvido”.
Sobre o que transforma um bom jingle em “chiclete de ouvido”, Manhanelli disse que é uma incógnita, pois muitos jingles mal feitos acabaram tornando em chiclete de ouvido e outros bem feitos não. É como fazer televisão, pois existe a dúvida será que o programa vai ser sucesso? Você não pode garantir enquanto o programa não for para o ar e não tiver uma receptividade da própria população.
Jingles Antigos
O especialista em consultoria política salientou durante a entrevista que possui um acervo de 390 jingles de todas as campanhas eleitorais existentes no Brasil e ressaltou que no Brasil as campanhas eleitoras contam uma história do país.
Indagado pelo repórter sobre os aspectos mais marcantes dos jingles desde 1929, Manhanelli respondeu que alguns jingles viraram “chiclete de ouvido” e outros mesmo uma “febre”. Como foi o caso de Jânio Quadro com o “Varre-Varre Vassourinha” que todo mundo cantava. Em 1929, teve também a do “Julinho Vem”, na campanha de Julio Prestes que foi considerado o primeiro jingle eleitoral. Nesta oportunidade, o professor explicou que jingle é quando se encomenda uma música para ressaltar as qualidades do candidato.
Depois na campanha de 45 não foi muito usado o jingle. Já em 50, na campanha de Getúlio Vargas o famoso jingle “Bota o retrato do velho outra vez, bota no mesmo lugar, o sorriso do velhinho faz a gente trabalhar”, marcou muito a campanha de 50 considerado um chiclete de ouvido. Aí na campanha de 60, a febre do Jânio “Varre-Varre Vassourinha” considerado uns dos melhores jingles até hoje.
Tempos depois veio a campanha Collor que teve um jingle não muito bom, mas o melhor jingle da ocasião que até hoje é considerado um dos melhores da campanha de 89 é o “Lula lá”, que foi gravado pelos cantores Gilberto Gil, Djavan e Chico Buarque. Esse foi o último jingle que temos de grande repercussão.
Para Manhanelli a falta de bons jingles nos últimos 20 anos deve-se a pasteurização e amadorismo na criação de jingles. “Já tivemos jingles criados por grande compositores e cantados por grandes cantores”, concluiu. Hoje o afastamento dos artistas deve-se ao fato de ficarem marcados porque se engajam numa campanha. Mas, na verdade ele apóia a idéia, o programa e não apenas o candidato.
Para encerrar a entrevista, o professor mostrou alguns jingles para a equipe e fez uma brincadeira com o apresentador Casé Peçanha da MTV compondo um jingle a pedido da equipe de reportagem. Manhanelli frisou ainda que a paródia é proibida por lei a não ser que o próprio autor faça.
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domingo, 22 de agosto de 2010
Campanha eleitoral começa agora
Campanha eleitoral começa agora, dizem analistas
Raphael Di CuntoEspecial para o Diário do ABC
domingo, 22 de agosto de 2010 7:21
A impressão dos eleitores de que a campanha ainda não tomou as ruas pode não ser só impressão. Segundo especialistas em política, os próprios candidatos preservam recursos e fôlego para os últimos 45 dias antes da eleição - quando a população estará mais atenta aos candidatos e suas propostas.
"É uma estratégia antiga. Normalmente as pessoas acordam para a eleição só na segunda quinzena de agosto, quando começa a propaganda gratuita na televisão e no rádio e você não tem mais como ficar alheio", explica o presidente da ABCOP (Associação Brasileira de Consultores Políticos), Carlos Manhanelli.
Isso explica, segundo ele, a baixa arredação dos candidatos nos primeiros meses da campanha. Levantamento do Diário na prestação de contas dos políticos da região mostra que eles juntaram apenas R$ 1,6 milhão até o dia 3 de agosto - data da 1º parcial. O valor, que pode parecer elevado a princípio, representa somente 0,3% da estimativa de gastos dos partidos no Grande ABC, avaliada em R$ 503 milhões.
Para o consultar político Marcos Justino dos Santos, a dificuldade financeira dos candidatos têm outra explicação, a lei Ficha Limpa - que impede a participação de pessoas com condenações na Justiça na eleição. "Muitos políticos estão com as candidaturas contestadas e aguardando julgamento, o que deixa o apoiador inseguro de investir dinheiro na campanha", ressalta.
Na opinião de Santos, este ano haverá corrida principalmente nos últimos 15 dias, quando já existirá certeza sobre os candidatos. "Os políticos mais experientes conseguem contornar essa situação e têm fontes próprias de financiamento. Mas os outros vão ter dificuldade e o recurso pode chegar tarde demais."
Na avaliação de Manhanelli, porém, a eleição neste ano estará mais barata do que as anteriores devido à minirreforma eleitoral de 2006, que proibiu a publicidade em outdoors, restringiu a pintura em muros e estabeleceu limites para gastos. "Diminuiram as despesas. Mas também diminuiu o número de investidores nas campanhas porque aumentou a transparência", avalia.
Raphael Di CuntoEspecial para o Diário do ABC
domingo, 22 de agosto de 2010 7:21
A impressão dos eleitores de que a campanha ainda não tomou as ruas pode não ser só impressão. Segundo especialistas em política, os próprios candidatos preservam recursos e fôlego para os últimos 45 dias antes da eleição - quando a população estará mais atenta aos candidatos e suas propostas.
"É uma estratégia antiga. Normalmente as pessoas acordam para a eleição só na segunda quinzena de agosto, quando começa a propaganda gratuita na televisão e no rádio e você não tem mais como ficar alheio", explica o presidente da ABCOP (Associação Brasileira de Consultores Políticos), Carlos Manhanelli.
Isso explica, segundo ele, a baixa arredação dos candidatos nos primeiros meses da campanha. Levantamento do Diário na prestação de contas dos políticos da região mostra que eles juntaram apenas R$ 1,6 milhão até o dia 3 de agosto - data da 1º parcial. O valor, que pode parecer elevado a princípio, representa somente 0,3% da estimativa de gastos dos partidos no Grande ABC, avaliada em R$ 503 milhões.
Para o consultar político Marcos Justino dos Santos, a dificuldade financeira dos candidatos têm outra explicação, a lei Ficha Limpa - que impede a participação de pessoas com condenações na Justiça na eleição. "Muitos políticos estão com as candidaturas contestadas e aguardando julgamento, o que deixa o apoiador inseguro de investir dinheiro na campanha", ressalta.
Na opinião de Santos, este ano haverá corrida principalmente nos últimos 15 dias, quando já existirá certeza sobre os candidatos. "Os políticos mais experientes conseguem contornar essa situação e têm fontes próprias de financiamento. Mas os outros vão ter dificuldade e o recurso pode chegar tarde demais."
Na avaliação de Manhanelli, porém, a eleição neste ano estará mais barata do que as anteriores devido à minirreforma eleitoral de 2006, que proibiu a publicidade em outdoors, restringiu a pintura em muros e estabeleceu limites para gastos. "Diminuiram as despesas. Mas também diminuiu o número de investidores nas campanhas porque aumentou a transparência", avalia.
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
Emprego no palanque
Campanhas milionárias atraem mão de obra qualificada, como advogados que chegam a ganhar 150 000 reais. E você, vai ficar de fora?
Em quatro meses, milhões de brasileiros decidirão nas urnas quem irá governar o país, os estados e os representar nas assembleias distritais, Legislativa e no Congresso Nacional pelos próximos quatro anos. Durante todo este mês, as cúpulas dos partidos estarão ocupadas com a realização de convenções para formalizar as candidaturas e com os últimos retoques das campanhas de seus correligionários, antes da entrada da propaganda eleitoral no rádio e na televisão, no dia 6 de julho, que marca o início da corrida eleitoral. Até lá, programas estarão sendo gravados, jingles finalizados, discursos afi nados, camisetas, adesivos, santinhos e toda a parafernália eleitoreira a que os candidatos têm direito, estarão prontos para ganhar as ruas. Serão quatro meses em ritmo de maratona para quem resolver fazer das eleições uma oportunidade de trabalho. E as chances existem. De acordo com os cálculos do consultor de marketing político Gaudêncio Torquato, vice-presidente da Associação Brasileira de Consultores Políticos (Abcop), ao menos 3 milhões de empregos temporários serão criados nesse período e cerca de 2 bilhões de reais serão injetados na economia; especula- se que apenas as campanhas presidenciais do PT e do PSDB somem quase 500 milhões de reais. Os altos custos refl etem a tendência de profi ssionalização das campanhas, que, ao lado dos tradicionais distribuidores de santinhos e seguradores de placas e bandeiras, têm atraído cada vez mais mão de obra qualifi cada, com remunerações também atrativas. Para quem pensa em colocar sua expertise em prol de algum candidato e enriquecer o currículo e o bolso, a vez é agora. Segundo a consultora política Gil Castilho, muitos candidatos deixam para montar suas equipes em junho. Ela mesma, que mora em São José dos Campos, no interior paulista, e já trabalha para quatro candidatos do Sudeste e do Nordeste, ainda aguarda fechar negócio com pelo menos mais um político. O especialista em marketing eleitoral, também chamado de marqueteiro político, é um dos profi ssionais com maior mercado nessa época do ano. Visto por muitos como uma espécie de guru, ganhou fama depois que publicitários bem-sucedidos passaram a assinar as campanhas presidenciais dos últimos 12 anos. "Um profi ssional sério é de bastidor, ele nunca aparece mais do que o candidato", diz Gil. "O que fazemos é um bom trabalho de publicidade, explorando o que há de melhor em cada candidato", afirma Leorinbergue Lima, diretor da MB&Cia, que espera quintuplicar sua equipe em Fortaleza até agosto. Apesar da quantidade de "marqueteiros", faltam profi ssionais no mercado, garante o consultor Carlos Manhanelli, presidente da Abcop. A remuneração é concentrada e geralmente equivale aos ganhos de um ano inteiro. INTERNET 2.0 O caráter multidisciplinar de uma campanha eleitoral acaba atraindo as mais variadas profi ssões, principalmente as ligadas à comunicação. De acordo com o consultor Gaudêncio Torquato, somente os gastos com marketing da campanha do governo do estado de São Paulo deverão ser equivalentes a 30 milhões de reais. "É fácil chegar a esse número quando se acompanha eleições há 30 anos." Entre os itens considerados estratégicos para um pleito hoje, está uma novidade nas eleições brasileiras: as mídias sociais. A exemplo do que aconteceu nos Estados Unidos em 2008, que consagrou o uso da internet na campanha do presidente Barack Obama, os candidatos brasileiros prometem investir pesado na propaganda virtual, depois que a Justiça Eleitoral liberou o uso da web, uma boa notícia para os interessados nos 3 000 postos de trabalho que serão gerados na rede por todo o Brasil, segundo estimativa do consultor Carlos Manhanelli. "Levando em consideração que é necessária, no mínimo, uma pessoa por campanha para gerenciar as redes sociais, e considerando que a quantidade de candidatos dessa eleição não fuja muito à da eleição de 2006, que foi de 17 429, esse é até um número bem conservador", diz o consultor. Outro meio de ganhar dinheiro com as eleições são os institutos de pesquisa, que se planejam para ampliar suas equipes durante o processo eleitoral. Em Belo Horizonte, as contratações já começaram no Instituto Sensus tanto para as pesquisas públicas quanto para aquelas divulgadas exclusivamente para os partidos. "No período eleitoral, nossa equipe salta de 80 entrevistadores para 300", diz o presidente, Ricardo Guedes. Em São Paulo, institutos como DataFolha e Ibope deverão contratar, juntos, até 1 500 entrevistadores com formação de nível médio e superior. "No auge da eleição chegamos a trabalhar com 1 200 entrevistadores em campo, número 14 vezes maior do que o contingente de pessoal em ano não eleitoral", diz Márcia Cavallari, diretora executiva de atendimento e planejamento do Ibope Inteligência. No Rio Grande do Sul, o Instituto Index espera crescer 30% em relação à eleição passada e também já iniciou seu processo de seleção de novos colaboradores, principalmente de entrevistadores. Para Cacá Arais, os graduandos dos cursos de ciências sociais são os mais procurados para o cargo de supervisor. Outro profi ssional que passa despercebido e vem ganhando importância nos bastidores é o advogado eleitoral: sua função é blindar o candidato e fi scalizar os adversários. Para Paulo Taques, da Zamar Taques Advogados, banca de Cuiabá, no Mato Grosso, a Justiça Eleitoral está mais vigilante e nenhum candidato quer ver seu projeto político naufragar por causa de um descuido que infrinja a legislação. De acordo com Paulo, que faz a pré-campanha do empresário Mauro Mendez, pelo PSB, ao governo do Mato Grosso, um advogado de candidato majoritário pode receber até 150 000 reais mensais na coordenação de uma equipe. "Hoje não há nenhum candidato majoritário que não tenha pelo menos dez advogados." Mesmo acenando com essa grana ele avisa: está faltando profissional qualificado.
Em quatro meses, milhões de brasileiros decidirão nas urnas quem irá governar o país, os estados e os representar nas assembleias distritais, Legislativa e no Congresso Nacional pelos próximos quatro anos. Durante todo este mês, as cúpulas dos partidos estarão ocupadas com a realização de convenções para formalizar as candidaturas e com os últimos retoques das campanhas de seus correligionários, antes da entrada da propaganda eleitoral no rádio e na televisão, no dia 6 de julho, que marca o início da corrida eleitoral. Até lá, programas estarão sendo gravados, jingles finalizados, discursos afi nados, camisetas, adesivos, santinhos e toda a parafernália eleitoreira a que os candidatos têm direito, estarão prontos para ganhar as ruas. Serão quatro meses em ritmo de maratona para quem resolver fazer das eleições uma oportunidade de trabalho. E as chances existem. De acordo com os cálculos do consultor de marketing político Gaudêncio Torquato, vice-presidente da Associação Brasileira de Consultores Políticos (Abcop), ao menos 3 milhões de empregos temporários serão criados nesse período e cerca de 2 bilhões de reais serão injetados na economia; especula- se que apenas as campanhas presidenciais do PT e do PSDB somem quase 500 milhões de reais. Os altos custos refl etem a tendência de profi ssionalização das campanhas, que, ao lado dos tradicionais distribuidores de santinhos e seguradores de placas e bandeiras, têm atraído cada vez mais mão de obra qualifi cada, com remunerações também atrativas. Para quem pensa em colocar sua expertise em prol de algum candidato e enriquecer o currículo e o bolso, a vez é agora. Segundo a consultora política Gil Castilho, muitos candidatos deixam para montar suas equipes em junho. Ela mesma, que mora em São José dos Campos, no interior paulista, e já trabalha para quatro candidatos do Sudeste e do Nordeste, ainda aguarda fechar negócio com pelo menos mais um político. O especialista em marketing eleitoral, também chamado de marqueteiro político, é um dos profi ssionais com maior mercado nessa época do ano. Visto por muitos como uma espécie de guru, ganhou fama depois que publicitários bem-sucedidos passaram a assinar as campanhas presidenciais dos últimos 12 anos. "Um profi ssional sério é de bastidor, ele nunca aparece mais do que o candidato", diz Gil. "O que fazemos é um bom trabalho de publicidade, explorando o que há de melhor em cada candidato", afirma Leorinbergue Lima, diretor da MB&Cia, que espera quintuplicar sua equipe em Fortaleza até agosto. Apesar da quantidade de "marqueteiros", faltam profi ssionais no mercado, garante o consultor Carlos Manhanelli, presidente da Abcop. A remuneração é concentrada e geralmente equivale aos ganhos de um ano inteiro. INTERNET 2.0 O caráter multidisciplinar de uma campanha eleitoral acaba atraindo as mais variadas profi ssões, principalmente as ligadas à comunicação. De acordo com o consultor Gaudêncio Torquato, somente os gastos com marketing da campanha do governo do estado de São Paulo deverão ser equivalentes a 30 milhões de reais. "É fácil chegar a esse número quando se acompanha eleições há 30 anos." Entre os itens considerados estratégicos para um pleito hoje, está uma novidade nas eleições brasileiras: as mídias sociais. A exemplo do que aconteceu nos Estados Unidos em 2008, que consagrou o uso da internet na campanha do presidente Barack Obama, os candidatos brasileiros prometem investir pesado na propaganda virtual, depois que a Justiça Eleitoral liberou o uso da web, uma boa notícia para os interessados nos 3 000 postos de trabalho que serão gerados na rede por todo o Brasil, segundo estimativa do consultor Carlos Manhanelli. "Levando em consideração que é necessária, no mínimo, uma pessoa por campanha para gerenciar as redes sociais, e considerando que a quantidade de candidatos dessa eleição não fuja muito à da eleição de 2006, que foi de 17 429, esse é até um número bem conservador", diz o consultor. Outro meio de ganhar dinheiro com as eleições são os institutos de pesquisa, que se planejam para ampliar suas equipes durante o processo eleitoral. Em Belo Horizonte, as contratações já começaram no Instituto Sensus tanto para as pesquisas públicas quanto para aquelas divulgadas exclusivamente para os partidos. "No período eleitoral, nossa equipe salta de 80 entrevistadores para 300", diz o presidente, Ricardo Guedes. Em São Paulo, institutos como DataFolha e Ibope deverão contratar, juntos, até 1 500 entrevistadores com formação de nível médio e superior. "No auge da eleição chegamos a trabalhar com 1 200 entrevistadores em campo, número 14 vezes maior do que o contingente de pessoal em ano não eleitoral", diz Márcia Cavallari, diretora executiva de atendimento e planejamento do Ibope Inteligência. No Rio Grande do Sul, o Instituto Index espera crescer 30% em relação à eleição passada e também já iniciou seu processo de seleção de novos colaboradores, principalmente de entrevistadores. Para Cacá Arais, os graduandos dos cursos de ciências sociais são os mais procurados para o cargo de supervisor. Outro profi ssional que passa despercebido e vem ganhando importância nos bastidores é o advogado eleitoral: sua função é blindar o candidato e fi scalizar os adversários. Para Paulo Taques, da Zamar Taques Advogados, banca de Cuiabá, no Mato Grosso, a Justiça Eleitoral está mais vigilante e nenhum candidato quer ver seu projeto político naufragar por causa de um descuido que infrinja a legislação. De acordo com Paulo, que faz a pré-campanha do empresário Mauro Mendez, pelo PSB, ao governo do Mato Grosso, um advogado de candidato majoritário pode receber até 150 000 reais mensais na coordenação de uma equipe. "Hoje não há nenhum candidato majoritário que não tenha pelo menos dez advogados." Mesmo acenando com essa grana ele avisa: está faltando profissional qualificado.
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