Como
foram as eleições 2016, qual recado das urnas e o que os eleitos vão enfrentar?
As eleições de 2.016 foram marcadas pela constatação de que a reforma eleitoral proposta pelos legisladores, ocasionou uma enorme decepção para os eleitores.
A diminuição do tempo
nas campanhas eleitorais levou a um não aprofundamento das propostas dos
candidatos para o governo, deixando os eleitores sem oportunidade de discutir e
participar dos planos de governo.
A sociedade organizada
não teve como colocar as suas opiniões e sugestões, nem tão pouco analisar o
que estava sendo proposto.
Resultado: Muitos
eleitores se abstiveram do voto, além de anularem e votarem em branco.
O maior índice que se
teve conhecimento em campanhas municipais que, na verdade são as que mais
diretamente influenciam na vida dos cidadãos, indicam e apontam para algumas
conclusões: O eleitor esta muito descontente com a classe politica; o eleitor
não conseguiu interpretar os programas de governo (os poucos que tiveram); o
eleitor descobriu que uma democracia plena se faz com o direito ao voto e não a
obrigação de votar, o que nos remete ao voto facultativo que, embora a nossa
democracia obrigue o voto, as sanções são mínimas e possíveis de dispensar essa
obrigatoriedade; o tempo e os veículos de comunicação usados nessa eleição
foram insuficientes para que o eleitor e a sociedade organizada pudessem
analisar e interpretar as propostas dos candidatos; por falta de tempo para que
candidatos pudessem aprofundar as discussões sobre plano de governo, as
campanhas eleitorais centraram na desconstrução dos candidatos desaguando em
agressões e acusações na maioria das vezes infundadas, ensejando em várias
interpelações judiciais; o aumento de inserções em rádio e TV oneraram as
campanhas eleitorais desfazendo a fantasia de diminuir custos; a proibição de
angariar recursos de pessoas jurídicas fez com que as campanhas tivessem uma
comunicação pobre, levando o eleitor a não votar por desconhecer os argumentos
dos candidatos que pudessem levar ao voto; o fundo partidário, que poderia
ajudar nestes custos, não chega às campanhas e nos diretórios municipais (com
raríssimas exceções); o uso da internet, de quem tanto se esperava,
demonstrou-se insuficiente para se tornar arauto de campanhas eleitorais tendo
ainda que ser estudada e testada em suas várias ferramentas comunicacionais.
Enfim temos uma
demonstração incontestável que o modelo proposto pela nova legislação não serve
para uma campanha eleitoral no Brasil e que é urgente rever os parâmetros que
se colocam para eleger um politico, principalmente a cargos majoritários que
derivam de propostas de governabilidade que devem ser discutidas com a
sociedade.
Os legisladores devem olhar
com mais carinho a importância da comunicação política/eleitoral.
E depois de eleitos o
que esperar dos novos governantes?
Os novos prefeitos
deverão ser administradores de crises, pois é o que enfrentarão a partir de 01
de Janeiro.
Prefeituras com muito pouco
ou já sem nenhuma capacidade de investimentos, estão gerenciando despesas e
demandas essenciais, sem expectativa em curto prazo de progredir com as
necessidades da população e da cidade.
Na comunicação, os
governantes devem se ater a transparência e a necessidade premente de colocar
para a população as dificuldades e as soluções encontradas, de preferencia
junto com a sociedade organizada.
O eleitor trocou seu
voto pela melhoria de sua vida na cidade, e é isso o que ele espera receber e
ser comunicado. Votei em você e você o que está fazendo para melhorar minha
vida?
Comunicação para o
político é como o ar que respira; se parar morre.
Carlos
Manhanelli
Mestre
em Comunicação pela Universidade Metodista de São Paulo
Presidente
da ABCOP – Associação Brasileira dos Consultores Políticos. Acompanhou esse ano 43 campanhas majoritárias
no Brasil.
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