terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Caso Cesare Battisti

RIT TV entrevista Manhanelli sobre caso de Cesare Battisti


O Profº MS Carlos Manhanelli, na tarde da última sexta-feira (14), concedeu entrevista para a RIT TV, dando sua opinião a respeito da decisão do ex-presidente Lula de negar o pedido de extradição de Cesare Battisti.

Segundo Manhanelli, ao negar o pedido, Lula levou em consideração a similaridade do caso com os fatos que ocorreram entre o governo militar e os guerrilheiros que lutavam por outra ideologia. A luta de Battisti, assim como a luta dos revolucionários brasileiros na década de 60, 70 e 80, foi totalmente ideológica, e não por serem criminosos. Se Lula fosse contra Battisti, estaria indo contra a luta ideológica de seus companheiros de partido.

O fato do ex-presidente não ter deixado a decisão para a atual Presidente Dilma Rousseff, entende-se como uma forma de evitar colocá-la em uma situação onde falariam que Dilma defendeu Battisti por ter agido da mesma forma que ele no passado. “A Dilma, assim como Cesare Battisti, foi uma guerrilheira. Já o Lula, não pegou em armas”, ressaltou o professor.

Também foi levantada a questão sobre o STF (Supremo Tribunal Federal) ter discordado com a decisão do ex-presidente, que para Manhanelli é muito importante, pois é uma atitude que caracteriza a democracia. Onde ninguém é obrigado a assinar em baixo das decisões do presidente, reafirmando a independência dos poderes.

Na entrevista, o professor também salientou que mesmo com o governo italiano tendo demonstrado desconforto quanto a extradição negada pelo governo brasileiro, a presença do Embaixador Italiano na posse da presidente Dilma mostra que não passou de um descontentamento da Itália e que a decisão do Brasil foi respeitada.

A entrevista será transmitida durante um debate sobre a decisão do ex-Presidente Lula, que irá ao ar na RIT TV, canal 40 UHF ou 12 pela Net e 6 pela Sky, ou ao vivo pelo site vejamso.com.br.

Legenda: A entrevista vai ao ar na próxima quarta-feira (19), às 22:10, na RIT TV (Rede Internacional de Televisão).

domingo, 2 de janeiro de 2011

Para analistas, primeiro discurso teve mensagem ‘ampla’ e alguns ‘recados’

Fabrícia Peixoto
Da BBC Brasil em São Paulo
em 1 de janeiro, 2011 - 18:41 (Brasília) 20:41 GMT


Em seu primeiro pronunciamento como presidente do Brasil, Dilma Rousseff privilegiou um texto sem foco em temas específicos, o que resultou em uma mensagem “um tanto ampla”, na avaliação de especialistas ouvidos pela BBC Brasil.

A avaliação é de que Dilma mencionou praticamente “todos os temas” relevantes para o país na atualidade durante o discurso no Congresso, mas sem estabelecer compromissos.
“Ouvimos um discurso amplo, com uma quantidade enorme de temas, mas sem ênfases pontuais”, diz Leonardo Barreto, cientista político e professor da Universidade de Brasília (UNB).
Segundo ele, um dos “poucos momentos” de ênfase ocorreu na menção à reforma tributária, classificada como “inadiável” pela nova presidente.
“Ela falou de praticamente tudo, mas muito rapidamente. Falou de economia, política externa, da questão social, mas sempre de forma muito cuidadosa, sem grandes compromissos”, diz o professor.

Simbolismos
Na opinião do consultor político Carlos Manhanelli, a preferência por “abraçar” os mais variados temas acabou resultando em uma fala “linear”, ou seja, “sem grandes pontos de emoção”.
"Mesmo um discurso político, feito no Congresso, poderia ter tido um toque mais emotivo”, diz.
Mas apesar de “genérico”, o texto lido pela presidente Dilma Rousseff no Congresso Nacional refletiu alguns “simbolismos” referentes à nova ocupante do Palácio do Planalto.
“O principal deles é, sem dúvida, o fato de uma mulher estar subindo a rampa do Palácio do Planalto. Nesse sentido, Dilma tenta se comparar ao ex-presidente Lula, que durante sua posse chamou atenção para o fato de ter sido o primeiro metalúrgico eleito”, diz.
Ainda de acordo com Manhanelli, Dilma Rousseff também reforçou a ideia de que “não pode errar”, à semelhança do recado dado por Lula nos últimos anos.
“De certa forma, são discursos parecidos. Assim como Lula, Dilma busca enfatizar um fato inédito como forma de dar maior destaque à sua eleição”, acrescenta o especialista.
Situação ‘confortável’
Na avaliação dos analistas ouvidos pela BBC Brasil, Dilma Rousseff toma posse em um momento “bastante favorável” ao país, com a estabilidade econômica e indicadores positivos.
A situação é diferente daquela vivenciada por Lula em 2003, quando o então presidente eleito precisava “conquistar a confiança” da elite empresarial, tanto no Brasil como no exterior.
“Dilma assume em um momento mais favorável, sem ter que se explicar muito do ponto de vista econômico”, diz
Manhanelli.
Barreto lembra ainda que o discurso de Lula, em 2003, teve um forte cunho de mudança, com a promessa de um “novo caminho” para o país.
“Já no caso de Dilma, a questão principal do discurso é a continuidade da política de seu antecessor, o que reduz ainda mais a possibilidade de grandes novidades no discurso”, diz o professor da UNB.
Recados
Apesar da generalidade do discurso, os analistas ouvidos pela BBC Brasil apontam alguns “recados” dados pela presidente Dilma Rousseff em seu primeiro pronunciamento.
Um dos mais fortes foi na menção a sua história como ativista política durante o regime militar, quando foi presa e torturada.
Dilma disse não “carregar ressentimentos ou rancor”, acrescentando ainda que não haveria “retaliações” durante seu governo.
“Esse não deixa de ser um recado importante aos militares, uma tentativa de minimizar eventuais rusgas”, diz
Manhanelli.
Já o professor da UNB chama atenção para o trecho em que Dilma “estende a mão à oposição”, sugerindo certa “generosidade” àqueles que não a apoiaram durante a campanha.
“Senti falta de um afago aos deputados e senadores, sobretudo em um momento delicado na relação entre o novo governo e o Legislativo”, diz Barreto.