3 por quatro - Carlos Manhanelli: "Não há candidato de laboratório
Tribuna do Norte – Natal – R.G.N
Publicação: 02 de Maio de 2010 às 00:00
Carlos Augusto Manhanelli é considerado um dos mais ativos consultores de marketing do país. Basta uma rápida conversa para perceber a larga experiência acumulada por ele. Longe de frases prontas e jargões, Manhanelli fala com propriedade, desmistifica conceitos e aponta as mazelas da política brasileira atual. Para ele, não há candidato fabricado em laboratório. “Não é possível (fazer um candidato de laboratório). Um candidato tem que ter qualidades e condições mínimas para ser político”, destaca Carlos Manhanelli. No entanto, ele admite que as perspectivas para a política administrativa brasileira não são nada animadoras enquanto “o direito de ser candidato for hereditário”. “Enquanto o direito de ser candidato no Brasil for hereditário, ou seja, sempre os mesmos ou seus parentes e aderentes dificilmente teremos esperança de dias melhores”, analisa o escritor e consultor, que tem mais de dez livros lançados. Nessa ótica, o eleitor brasileiro também não dedica atenção às propostas coletivas. Até que ponto o eleitor dedica importância a propostas dos candidatos? O eleitor brasileiro ele realmente compara propostas? “Ele compara quando observa vantagens individuais. Poucos os que votam por melhorias coletivas”, responde de pronto. Manhanelli já participou de duas campanhas presidenciais no Brasil e no Equador, mas não revela o nome dos seus clientes. “Não revelo os nomes dos meus clientes, por isso tenho a confiança deles”, diz o autor. Manhanelli chama atenção para a diferença entre as atuações dos candidatos da chapa majoritária e proporcional. “Na majoritária, temos como condição primeira, a liderança do candidato no próprio partido. Nas proporcionais, conta a liderança geográfica ou social. Quanto ao que conta mais, não existe um fator único que leve ao voto e ao não voto. É uma somatória de fatores que fazem com que o eleitor decida o voto”, comenta o consultor. Questionado sobre qual a campanha mais difícil que já fez, em mais de 200 onde já atuou, Carlos Manhelli diz que a complicada é aquela onde o candidato busca uma assessoria de marketing, mas não sabe exatamente o que é o trabalho. “A campanha mais difícil é aquela em que o candidato contrata um trabalho de marketing e nem tem ideia do que vem a ser isso. Contrata porque ouviu falar que é bom e que precisa, mas para que serve, não tem nem ideia”, comenta o escritor. O convidado de hoje do 3 por 4 é um consultor renomado, um escritor conhecido, um profissional que traz lições na própria argumentação sobre campanha política. Começaria pegando um “gancho” com o nome do novo livro (lançado recentemente chamado “Marketing Eleitoral – O passo a passo do nascimento de um candidato”): como nasce um candidato? Nasce das necessidades da população, detectada através de pesquisas, onde se tem a convergência da verdade do candidato com essas necessidades. Muito se fala em “candidato fabricado em laboratório”. É possível? Não é possível. Um candidato tem que ter qualidades e condições mínimas para ser político. A liderança de um candidato está relacionada a quê: comunidade, sindicato, entidade? No caso de candidato a cargo proporcional, sim. Ele deve ser líder. Sem isso, não é candidato nem a inspetor de quarteirão. No trabalho que o senhor realiza de consultoria, qual a grande diferença de atuação entre o candidato da proporcional e da majoritária? O que conta mais para cada um desses candidatos? Na majoritária, temos como condição primeira a liderança do candidato no próprio partido. Nas proporcionais, conta a liderança geográfica ou social. Quanto ao que conta mais, não existe um fator único que leve ao voto e ao não voto. É uma somatória de fatores que fazem com que o eleitor decida o voto. O senhor faz um trabalho de consultoria. Perguntaria: o que difere a consultoria do assessor de marketing? Em que cada um pode colaborar para o trabalho do candidato? O assessor é aquele que trabalha diretamente com o candidato, dependendo financeiramente deste. O consultor tem o papel de médico, é terceirizado e não depende financeiramente do candidato. Os dois são importantes em qualquer situação. O senhor já trabalhou em mais de 200 campanhas políticas. O que torna uma campanha política difícil? A campanha mais difícil é aquela em que o candidato contrata um trabalho de marketing e nem tem ideia do que vem a ser isso. Contrata porque ouviu falar que é bom e que precisa, mas para que serve, não tem nem idéia. O senhor faz trabalho de consultoria não só no Brasil, mas também no exterior. O que chama atenção da campanha no Brasil da realizada nos demais países? Não existe diferença nas técnicas empregadas no Brasil e em outros países democráticos. O talento do consultor está na adaptação destas técnicas à realidade de cada país ou cidade. Até que ponto conta o carisma do candidato para ele ser eleito? Conta bastante, principalmente nas campanhas proporcionais. Qual a “fotografia” que o senhor tem do pleito de 2010 no Brasil? Neste momento é uma grande incógnita, mesmo porque a campanha eleitoral mesmo ainda não começou. Estamos tendo apenas alguns embates de pré campanha. O eleitor está interessado na campanha política ou está desinteressado? Por quê? Tem ainda poucas pessoas interessadas no processo eleitoral, mesmo porque ainda temos uma copa do mundo antes das campanhas eleitorais, que deverá permear a atenção da população por um bom tempo. Campanha eleitoral no Brasil sempre é muito cara. Até que ponto o dinheiro influencia para o candidato ganhar a eleição? A democracia tem seu preço. Quanto custou as duas ditaduras que tivemos em nosso país? Dinheiro ajuda, mas não garante eleição. Criatividade e vontade ajudam muito mais. Até que ponto a divulgação de pesquisas eleitorais influencia no voto do eleitor? Estudos nos EUA e no Brasil detectam um efeito chamado “Bad Wagon” traduzindo para o nosso “Maria vai com a outras”. Existe sim uma parcela da sociedade que é influenciada pela divulgação de pesquisas, mas é uma parcela e não sua totalidade. No pleito 2010 o que será determinante para o voto? Vários fatores serão determinantes para o voto, porem, o alto índice de aceitação do governo Lula, será sem duvida um dos fatores determinantes na hora do voto. Muito se fala em ficha-limpa. Essa discussão chega ao eleitor ou fica só na imprensa? Infelizmente fica na mídia, por enquanto. Temos que fazer um esforça para aumentar a consciência política do nosso povo. O senhor afirmou que o carisma conta muito para um candidato. É possível “construir um carisma” ou é algo nato de cada pessoa? Carisma e simpatia não se constrói. É nato. A tentativa de construção dessas qualidades parecerá teatro e o povo vai perceber sem dúvida. Se o senhor tivesse que dar um conselho para quem deseja ser candidato em 2010, o que o senhor diria? Majoritário: apresentar propostas que possam somar e trazer mais benefícios a população. Proporcional: terá que se destacar no meio de tantos. É possível ter esperança de “dias melhores” com o perfil de políticos postos hoje no Brasil? Enquanto o direito de ser candidato no Brasil for hereditário ou seja sempre os mesmos ou seus parentes e aderentes dificilmente teremos esperança de dias melhores. Até que ponto o eleitor dedica importância a propostas dos candidatos? O eleitor brasileiro realmente compara propostas? Ele compara quando observa vantagens individuais. Poucos os que votam por melhorias coletivas.
Tribuna do Norte – Natal – R.G.N
Publicação: 02 de Maio de 2010 às 00:00
Carlos Augusto Manhanelli é considerado um dos mais ativos consultores de marketing do país. Basta uma rápida conversa para perceber a larga experiência acumulada por ele. Longe de frases prontas e jargões, Manhanelli fala com propriedade, desmistifica conceitos e aponta as mazelas da política brasileira atual. Para ele, não há candidato fabricado em laboratório. “Não é possível (fazer um candidato de laboratório). Um candidato tem que ter qualidades e condições mínimas para ser político”, destaca Carlos Manhanelli. No entanto, ele admite que as perspectivas para a política administrativa brasileira não são nada animadoras enquanto “o direito de ser candidato for hereditário”. “Enquanto o direito de ser candidato no Brasil for hereditário, ou seja, sempre os mesmos ou seus parentes e aderentes dificilmente teremos esperança de dias melhores”, analisa o escritor e consultor, que tem mais de dez livros lançados. Nessa ótica, o eleitor brasileiro também não dedica atenção às propostas coletivas. Até que ponto o eleitor dedica importância a propostas dos candidatos? O eleitor brasileiro ele realmente compara propostas? “Ele compara quando observa vantagens individuais. Poucos os que votam por melhorias coletivas”, responde de pronto. Manhanelli já participou de duas campanhas presidenciais no Brasil e no Equador, mas não revela o nome dos seus clientes. “Não revelo os nomes dos meus clientes, por isso tenho a confiança deles”, diz o autor. Manhanelli chama atenção para a diferença entre as atuações dos candidatos da chapa majoritária e proporcional. “Na majoritária, temos como condição primeira, a liderança do candidato no próprio partido. Nas proporcionais, conta a liderança geográfica ou social. Quanto ao que conta mais, não existe um fator único que leve ao voto e ao não voto. É uma somatória de fatores que fazem com que o eleitor decida o voto”, comenta o consultor. Questionado sobre qual a campanha mais difícil que já fez, em mais de 200 onde já atuou, Carlos Manhelli diz que a complicada é aquela onde o candidato busca uma assessoria de marketing, mas não sabe exatamente o que é o trabalho. “A campanha mais difícil é aquela em que o candidato contrata um trabalho de marketing e nem tem ideia do que vem a ser isso. Contrata porque ouviu falar que é bom e que precisa, mas para que serve, não tem nem ideia”, comenta o escritor. O convidado de hoje do 3 por 4 é um consultor renomado, um escritor conhecido, um profissional que traz lições na própria argumentação sobre campanha política. Começaria pegando um “gancho” com o nome do novo livro (lançado recentemente chamado “Marketing Eleitoral – O passo a passo do nascimento de um candidato”): como nasce um candidato? Nasce das necessidades da população, detectada através de pesquisas, onde se tem a convergência da verdade do candidato com essas necessidades. Muito se fala em “candidato fabricado em laboratório”. É possível? Não é possível. Um candidato tem que ter qualidades e condições mínimas para ser político. A liderança de um candidato está relacionada a quê: comunidade, sindicato, entidade? No caso de candidato a cargo proporcional, sim. Ele deve ser líder. Sem isso, não é candidato nem a inspetor de quarteirão. No trabalho que o senhor realiza de consultoria, qual a grande diferença de atuação entre o candidato da proporcional e da majoritária? O que conta mais para cada um desses candidatos? Na majoritária, temos como condição primeira a liderança do candidato no próprio partido. Nas proporcionais, conta a liderança geográfica ou social. Quanto ao que conta mais, não existe um fator único que leve ao voto e ao não voto. É uma somatória de fatores que fazem com que o eleitor decida o voto. O senhor faz um trabalho de consultoria. Perguntaria: o que difere a consultoria do assessor de marketing? Em que cada um pode colaborar para o trabalho do candidato? O assessor é aquele que trabalha diretamente com o candidato, dependendo financeiramente deste. O consultor tem o papel de médico, é terceirizado e não depende financeiramente do candidato. Os dois são importantes em qualquer situação. O senhor já trabalhou em mais de 200 campanhas políticas. O que torna uma campanha política difícil? A campanha mais difícil é aquela em que o candidato contrata um trabalho de marketing e nem tem ideia do que vem a ser isso. Contrata porque ouviu falar que é bom e que precisa, mas para que serve, não tem nem idéia. O senhor faz trabalho de consultoria não só no Brasil, mas também no exterior. O que chama atenção da campanha no Brasil da realizada nos demais países? Não existe diferença nas técnicas empregadas no Brasil e em outros países democráticos. O talento do consultor está na adaptação destas técnicas à realidade de cada país ou cidade. Até que ponto conta o carisma do candidato para ele ser eleito? Conta bastante, principalmente nas campanhas proporcionais. Qual a “fotografia” que o senhor tem do pleito de 2010 no Brasil? Neste momento é uma grande incógnita, mesmo porque a campanha eleitoral mesmo ainda não começou. Estamos tendo apenas alguns embates de pré campanha. O eleitor está interessado na campanha política ou está desinteressado? Por quê? Tem ainda poucas pessoas interessadas no processo eleitoral, mesmo porque ainda temos uma copa do mundo antes das campanhas eleitorais, que deverá permear a atenção da população por um bom tempo. Campanha eleitoral no Brasil sempre é muito cara. Até que ponto o dinheiro influencia para o candidato ganhar a eleição? A democracia tem seu preço. Quanto custou as duas ditaduras que tivemos em nosso país? Dinheiro ajuda, mas não garante eleição. Criatividade e vontade ajudam muito mais. Até que ponto a divulgação de pesquisas eleitorais influencia no voto do eleitor? Estudos nos EUA e no Brasil detectam um efeito chamado “Bad Wagon” traduzindo para o nosso “Maria vai com a outras”. Existe sim uma parcela da sociedade que é influenciada pela divulgação de pesquisas, mas é uma parcela e não sua totalidade. No pleito 2010 o que será determinante para o voto? Vários fatores serão determinantes para o voto, porem, o alto índice de aceitação do governo Lula, será sem duvida um dos fatores determinantes na hora do voto. Muito se fala em ficha-limpa. Essa discussão chega ao eleitor ou fica só na imprensa? Infelizmente fica na mídia, por enquanto. Temos que fazer um esforça para aumentar a consciência política do nosso povo. O senhor afirmou que o carisma conta muito para um candidato. É possível “construir um carisma” ou é algo nato de cada pessoa? Carisma e simpatia não se constrói. É nato. A tentativa de construção dessas qualidades parecerá teatro e o povo vai perceber sem dúvida. Se o senhor tivesse que dar um conselho para quem deseja ser candidato em 2010, o que o senhor diria? Majoritário: apresentar propostas que possam somar e trazer mais benefícios a população. Proporcional: terá que se destacar no meio de tantos. É possível ter esperança de “dias melhores” com o perfil de políticos postos hoje no Brasil? Enquanto o direito de ser candidato no Brasil for hereditário ou seja sempre os mesmos ou seus parentes e aderentes dificilmente teremos esperança de dias melhores. Até que ponto o eleitor dedica importância a propostas dos candidatos? O eleitor brasileiro realmente compara propostas? Ele compara quando observa vantagens individuais. Poucos os que votam por melhorias coletivas.
Detalhes Carlos Augusto Manhanelli, 54 anos, participou, ao longo de 35 anos de 238 campanhas políticas e eleitorais realizadas no Brasil e no Exterior, e vive dando cursos para consultores de marketing político no Brasil, América Latina, Estados Unidos, África e em diversos países da Europa. Ao contrário de consultores como Duda Mendonça, João Santana e outros, Manhanelli não faz campanhas – orienta sobre como fazê-las. Dá conselhos para os candidatos e seus assessores. Atualmente, presta consultoria em oito países, para dezenas de políticos brasileiros e candidatos presidenciais de outros países. Tem 10 livros publicados e está lançando agora o décimo primeiro no qual resume, didaticamente, toda a sua trajetória, desde seu começo nos departamentos de marketing das principais televisões brasileiras até o momento em que se enveredou pelo marketing político e eleitoral e nunca mais saiu dessa atividade. O livro Marketing Eleitoral – O passo a passo do nascimento de um candidato foi lançado pela Geração Editorial e conta com 144 páginas.
Perfil
Uma boa campanha eleitoral?A que tem um bom candidato
O que não pode faltar a um candidato?Vontade, disposição, saúde e honestidade de ações e atitudes
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