terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

RECUO DE AÉCIO ENTREVISTA AO DCI

Recuo de Aécio sobre chapa pura pode gerar perda de voto

Anderson Passos
Diário Comercio e Industria - 08/02/2010

SÃO PAULO - A reabertura do diálogo entre o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, com a cúpula do PSDB para integrar como vice a chapa encabeçada pelo colega paulista José Serra à Presidência da República pode não assegurar a transferência de votos imaginada pelos tucanos no estado. Essa é avaliação de cientistas políticos ouvidos pelo DCI. Na última semana, o mineiro admitiu pela primeira vez que tem o desejo de continuar trabalhando por Minas na condição de senador. No entanto, informalmente, ele estaria consultando lideranças tucanas a fim de reavaliar a condição de ser o vice. Para Carlos Manhanelli, mestre em Comunicação Social pela Universidade Metodista de São Paulo, se o mineiro retroceder, pode desagradar eleitores."Se ele recuar, vai pegar mal. Vai ser um tiro no pé. O eleitor mineiro se sentiu relegado com o fato de ser colocado em segundo plano quando Serra tirou Aécio da disputa interna", comenta. Manhanelli, que também é professor no curso Máster en Asesoramiento de Imagen y Consultoría Política (Maicop) da Universidade de Salamanca, na Espanha, entende que Aécio é o plano B do PSDB, caso Serra continue caindo nas pesquisas. Ele defende ainda que o vice não tem visibilidade política. O consultor em marketing político Chico Santa Rita, relata que esteve em Uberlândia (MG), na semana passada, e colheu a sensação de que os mineiros não querem ver o atual governador do estado sob a sombra de Serra."Os mineiros querem o Aécio na cabeça de chapa ou na disputa ao Senado. Entendem que seja um desprestígio para Minas", afirma Santa Rita. O marqueteiro, no entanto, discorda da tese de que o vice seja uma opção ruim para o governador mineiro. "Há vices e há vices. Tem os que se deixam apagar e os que retomam sua trajetória política. O Marco Maciel (DEM) foi vice do Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e está lá no Senado. O próprio José Alencar (PRB) tem uma atuação destacada e, não fosse pelas limitações de saúde, podia concorrer à sucessão do próprio Lula", pondera. Já o consultor político e professor da Universidade de São Paulo, Gaudêncio Torquato, entende que Aécio Neves pode sensibilizar os mineiros a abraçar a chapa pura dos tucanos. "Ele [Aécio] tem que investir num apelo emotivo para atrair os mineiros a votar na chapa pura. Mas há riscos porque o eleitor pode achar estranho ele dizer que sai senador e daqui a pouco ele se torna vice do Serra", avalia.
Dilma e Ciro. Já o crescimento da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT-RS), registrado em recentes levantamentos eleitorais à Presidência, é avaliado pelos cientistas como fruto da exposição midiática e da transferência de votos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo a sondagem do Vox Populi, a ministra cresceu nove pontos percentuais enquanto Serra, provável candidato do PSDB, perdeu cinco pontos. No cenário com Ciro Gomes (PSB), Serra tem 34%, Dilma 27%, Ciro 11% e Marina Silva (PV) 6%. Na pesquisa espontânea, encomendada pelo CNT/Sensus, o governador de São Paulo figura com 33,2% pontos, seguido de perto por Dilma, que obteve 27,8%, um empate técnico. O professor Carlos Manhanelli avalia que "o crescimento de Dilma se dá, claramente, pela exposição dela na mídia e pela presença em palanque ao lado do presidente Lula", afirmou. Gaudêncio Torquato concorda e acredita que a ministra deve alcançar os 30% da preferência antes de deixar o governo. Indica que Dilma poderá manter os índices mesmo fora do governo, se manter o ritmo da agenda para mobilizar o partido nos estados. "Onde ela [Dilma] for, a mídia vai estar em cima. Isso pode ajudar a manter um bom índice nas pesquisas quando a campanha começar", avalia Torquato. Chico Santa Rita considera, no entanto, que é preciso cautela com a alta da ministra Dilma Rousseff nas pesquisas. "É preciso verificar é se isso se torna uma tendência a partir de mais pesquisas", aponta. Para Santa Rita, não basta a aprovação de Lula como acessório e que a ministra-candidata deve ter capacidade de se sustentar sozinha. "Isso se faz quando o candidato apresenta propostas". Quando o assunto é Ciro Gomes, Santa Rita acredita que a candidatura não decola porque o deputado estaria com o filme queimado por "manifestações machistas anteriores". Torquato acrescenta que Ciro pode sair à Presidência, mas deve ser "engolido" na propaganda eleitoral gratuita da televisão por Serra e Dilma. Manhanelli classifica o socialista como "um peão no xadrez eleitoral" e que para a candidatura ganhar fôlego é preciso ter uma intenção de votos sólida.

2 comentários:

  1. Além de colocar Minas em segundo plano, um recuo de Aécio pegaria muito mal, porque o Governador foi muito categórico ao recusar este cargo. Ceder às pressões, agora, seria uma desmoralização.

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  2. Aqui em MG não existe uma influência total do governador Aécio Neves, existe uma tradição petista forte com políticos de grande influência hoje também, como Fernando Pimentel e o ministro Patrus Ananias.

    Por isso, mesmo se essa chapa puro sangue do PSDB se formar não acredito que seja alguma garantia de votação de MG em massa... a coisa é mais complexa do que parece (vide a eleição de Márcio Lacerda, que precisou do apoio de todos os lados e ainda levou sustos).

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