sexta-feira, 29 de novembro de 2013

O NOVO MARKETING POLITICO

Marketing político - Nizan Guanaes
Publicitário e presidente do Grupo ABC

O marketing político pensa só no eleitor, o marketing público vai além e pensa no cidadão.
Quando as eleições se avizinham, tenho sempre meu nome lembrado por variados partidos políticos para fazer campanhas. Sinto-me honrado com a lembrança, mas sou um empresário no comando de um grupo de comunicação com mais de 3.000 colaboradores, e com o grande sonho de firmá-lo entre os maiores do mundo do qual não posso me desviar.

Fui, aliás, um marqueteiro acidental. Era o redator criativo da campanha de FHC - criava os comerciais. O marqueteiro mesmo era o grande Geraldo Walter, meu sócio. Na reeleição, ele morreu de um câncer galopante e coube a mim o papel de marqueteiro, para o qual não tinha nem estofo nem maturidade. Mas, guiado pelo professor Lavareda, lá fui eu.

Odeio a palavra marqueteiro, ela é uma gozação que nossos amigos jornalistas inventaram. E a praga colou.


E marqueteiro não ganha eleição. Marqueteiro perde.

O importante é o candidato, a circunstância política, as alianças, o plano de governo, o discurso, a visão. Mas isso no Brasil, em geral, está virando “marquetagem”. Os candidatos dizem o que dá nas pesquisas. Os comerciais são todos testados. Fica tudo com cara de Botox. Tudo com cara igual.

Todos os que vêm falar comigo querem que eu tire da cartola um slogan, um comercial de 30 segundos que ganhe a campanha. Isso não existe.

O Brasil precisa de uma visão, de um conjunto de ideias que apaixonem o País.

É preciso transitar do marketing político para o marketing público. O marketing político pensa só no eleitor, o marketing público vai além e pensa no cidadão.

O marketing político faz a campanha, o marketing público ajuda a pensar políticas públicas. O marketing tradicional pensa só na venda. O marketing moderno foca a experiência da compra, os problemas, a fidelização. É uma visão maior, inclusiva e progressista.

O marketing público constrói partidos reais, e partidos reais constroem o País.

Getúlio e Juscelino tiveram ideias. Certas, erradas, modernas, absurdas, mas eram ideias. Tinham visão e senso de história.

Não tenho ouvido até agora em entrevistas, comerciais e debates nada que arrebate, nada de emocionante, que empolgue o Brasil.

Não temos que discutir a melhor campanha, mas as melhores propostas. As grandes campanhas foram aquelas que tinham propostas contundentes, não maquiagem e produção de Hollywood.

Não precisamos discutir se Dilma, Aécio e Campos ou Marina são boas pessoas. São todos boas pessoas. É preciso discutir o que eles farão pelo Brasil.

Assumindo aqui o papel de provocador, não do especialista, fico pasmo com a falta de ambição e de um grande plano, por exemplo, para o turismo no Brasil, com os grandes ímãs da Copa do Mundo e da Olimpíada já diantes de nós. É preciso pensar o turismo como uma das coisas mais fundamentais do Brasil, com sua capilaridade nacional e populacional e seu poder de atração para o Made in Brazil.

Indo ao mais básico, a educação e a saúde, que já estão sendo repensadas, inclusive com o empurrão democrático das ruas. Qual o repensamento logístico para distribuir saúde e educação? Não pode haver sinergias nessa entrega, já que o consumidor desses serviços é a mesma pessoa? O que podemos fazer com as novas e incríveis ferramentas digitais para reduzir os custos do governo?

Uma provocação ainda maior: vamos redividir o Brasil por planos de vocação, aglutinando em torno de gestores competentes núcleos de desenvolvimento - um Brasil agropecuário, um Brasil industrial, um Brasil turístico e outros. Isso obviamente sem aumentar a máquina administrativa, pelo contrário, reunindo recursos, conhecimento e cérebros para gastar menos e fazer mais, de forma multidisciplinar.

Portanto está na hora das ideias, não de maquiagens.

Precisamos de ideias que emocionem o mais simples dos homens e que possam não só trazer votos mas, principalmente, levar esse país a dar o novo salto que ele tanto carece, na velocidade que ele precisa e na ambição do seu tamanho.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

LEGISLAÇÃO DIMINUI CUSTO DE CAMPANHA?

Paul Joseph Goebbels, mentor da propaganda nazista, dizia que uma mentira falada muitas vezes acaba se tornando verdade.

A nova legislação eleitoral vem amparada novamente. na maior mentira que se conhece: Que as reformas na legislação eleitoral irão diminuir os custos de campanha.

O mesmo argumento mentiroso foi usado quando da edição do fascículo da legislação eleitoral que proibiu showmícios e santinhos. (sim fascículo, pois nossa legislação eleitoral é fascicular, ou seja, em cada eleição um fascículo diferente e regras diferentes).

As novas regras agora proíbem cavaletes, cartazes, pinturas em muro e os bonecões que faziam a alegria da garotada quando desfilavam pelas ruas.

Mas, porque nossos legisladores estão tão preocupados em limitar a propaganda eleitoral?

Vamos aos fatos (e contra eles não há argumentos)

Quem faz a legislação são os deputados federais, os mesmos que se beneficiam quando limitam a propaganda eleitoral.

Que benefício?  Nossos deputados têm quatro anos de mandato, onde estão sempre mandando cartões de natal, prestação de contas do mandato, jornais e revistas com seus feitos,  cartões de aniversários e outros lembretes a seus eleitores e a população em geral.  Eles ainda usufruem da mídia pelos quatro anos do mandato, aparecendo  falando a seus eleitores. E o candidato novo ao cargo de deputado, que espaço tem? Apenas o espaço da propaganda eleitoral. Então se os que já detêm mandato diminuem o tempo e os veículos dos novos postulantes ao cargo, eles ficam com uma grande vantagem na corrida eleitoral. Fácil a conta: Quem já tem mandato, tem quatro anos para mostrar , convencer e persuadir os eleitores das suas propostas e trabalho. O candidato novo, a nova liderança que pleiteia o cargo de deputado tem apenas 3 meses para fazer o mesmo que eles fazem em quatro anos, ou seja cooptar e persuadir os eleitores a votar neles.

É uma conta altamente injusta, mas tá claro que quem está no poder e tem o poder de legislar, está legislando em causa própria.  E legislar em causa própria é altamente imoral. Não querem largar o poder sob nenhuma hipótese, tem medo de perder o mandato, então utilizam a legislação, que são eles que fazem, para coibir que novas lideranças possam pleitear o cargo e concorrer com eles em condições iguais de disputa.

E ai alardeiam que “Estamos mudando a legislação para diminuir os custos de campanha eleitoral”. Mentira deslavada.

Quem trabalha com comunicação sabe que a supressão de veículos que possam levar a mensagem dos candidatos só torna outros veículos mais onerosos. Quem não mais investe em comícios, aumenta o numero de carros de som, quem não mais utiliza os bonecões, estará aumentando a frequência e o custo em telemarketing e assim por diante.

O tamanho da população a ser convencida e persuadida a votar é o mesmo. A frequência da comunicação continua tendo a mesma necessidade, então quando eliminam o uso de veículos, aumenta-se e concentram-se os gastos em outros. 

A verdade nesta e nas outras reformas eleitorais que apenas coíbem veículos de comunicação é que os atuais deputados (principalmente os jurássicos, que não tem mais argumento de voto e perderiam a eleição para novas propostas de trabalho e novas lideranças) querem preservar o poder a qualquer custo, e para que não descubram a falcatrua que estão montando, berram aos quatro cantos que “O que estamos fazendo é baratear os custos de eleição”.

Goelbs fez a mesma coisa no nazismo.