sexta-feira, 15 de junho de 2012

Partidos buscam famosos para "puxar votos" nas eleições

Portal Terra – Eleições 2.012

15 de junho de 2012 • 11h05
THAÍS SABINO

A cena se repete a cada dois anos: famosos decoram um número e um punhado de promessas e vão à TV pedir votos. Apenas na campanha de 2010, participaram da disputa os ex-jogadores de futebol Vampeta e Marcelinho Carioca; o cantor Netinho de Paula; o lutador Maguila e o palhaço Tiririca, que acabou eleito com 1,3 milhão de votos. As eleições deste ano não devem ser exceção, com as prováveis candidaturas de Charles Henriquepedia (PTdoB); do filho de Tiririca, Tirulipa (PSB); de João Kléber (PTB) e de Léo Áquila (PV). A intenção dos partidos seria a de usar a celebridade como "puxador" de votos para eleger o maior número possível de candidatos.



"Nas eleições proporcionais (vereadores e deputados), se o Tiririca faz mais de 1 milhão de votos, ele não apenas se elege, como leva mais três ou quatro no cangote", diz o porta-voz do PDT, Oswaldo Maneschy.


Para o deputado estadual e pré-candidato à prefeitura do Rio de Janeiro Marcelo Freixo (Psol), colocar um famoso como candidato já "virou estratégia eleitoral". "Elege um famoso, esse arrasta uma bancada inteira. Dependendo do famoso, consegue colocar mais dois ou três candidatos não eleitos na Câmara." O sistema de eleição proporcional destinam os votos de um vereador ou deputado ao partido, cujos demais candidatos acabam beneficiados. "Por exemplo, se o Neymar é candidato, certamente vai explodir de votos, que serão somados aos das pessoas com pouquíssimos", explicou Freixo.


Em um cenário em que Neymar recebesse 800 mil votos, o número seria dividido pelo total de cadeiras para vereadores e, supondo que o resultado (coeficiente eleitoral) obtido fosse 70 mil, o partido elegeria um novo vereador a cada 70 mil votos. "Nesse exemplo, ele poderia fazer mais de 10 (vereadores). Mas, na realidade, é muito difícil ultrapassar quatro ou cinco. Na última eleição, eu tive 177 mil votos e levei comigo uma deputada com apenas 6 mil", lembrou Freixo.


A consultora política Gil Castillo afirma que a primeira análise feita para confirmar a viabilidade da candidatura é aferir o quanto o respectivo famoso é, de fato, conhecida. "Se a pessoa tem (re)conhecimento alto e, de certa forma, agrada o eleitor, é uma chance de o partido se dar bem. Alguns candidatos do Legislativo jamais teriam votos suficientes se os votos fossem diretos", disse.


O especialista em marketing político Carlos Manhanelli vê eficácia na estratégia. "Mesmo que ele (o famoso) só fizer tchauzinho na TV, vai ter um bom número de votos. Soma votos de legenda, leva mais vereadores ou deputados." Para ilustrar sua tese, Manhanelli lembra o caso de Enéas Carneiro (Prona, PR), que ganhou fama com o bordão "meu nome é Enéas". "Quando ele aparecia, começou a falar para as pessoas que esquecessem o número dele - votassem no 56, que estaria votando nele", lembrou. Em 2002, Enéas foi o deputado mais votado do País, com mais de 1,5 milhão de votos.


O presidente do PTdoB, Vinícius Cordeiro, admite que o partido adota o expediente de dedicar mais tempo na televisão para candidatos famosos. "O Tiririca foi amplamente ajudado pelo partido que o colocou nas inserções. Foi colocado como puxador de voto. A gestão de um partido acha que o candidato terá mais votos e destina mais tempo de propaganda a ele", diz Cordeiro.


Famoso ou anônimo


"Nós temos alguns princípios de marketing político: só se vota em quem se conhece. Quando você tem uma pessoa muito famosa, o primeiro trabalho que você faz numa campanha, que é tornar o candidato conhecido, já está feito", afirma Manhanelli. Um candidato famoso, segundo o especialista, tem "de 30% a 35% mais chances de ser eleito do que um anônimo" e ainda pode fazer uma campanha mais barata. O mesmo vale para candidatos de reeleição.


Mas, para ser eleito, não basta ter fama. "Eu fiz um estudo de todos os famosos que tentaram entrar na política. Poucos foram os que conseguiram", observa Manhanelli.


De acordo com Gil Castillo, existem outros componentes para o sucesso nas eleições. "O candidato tem que representar alguma ideia, ser líder de algum seguimento. Nas eleições passadas, as candidaturas do Romário e do Tiririca se consolidaram porque eles representavam algo. Romário, o esporte; o Tiririca, o voto de protesto", explicou. Para a consultora, as propostas do candidato precisam atender aos anseios da população.


Cordeiro ainda observa que o uso de celebridades para puxar votos é mais comum em candidaturas de deputados que de vereadores, já que, nas eleições municipais, há mais contato com os eleitores. "Se a pessoa tem mais atuação na comunidade, já tem votos garantidos, mais até do que um famoso", sustenta.


A Lei enfraquece os fracos
Para o porta-voz do PDT, o controle da propaganda eleitoral deixa os candidatos desconhecidos e com menos condições financeiras em desvantagem. "Hoje em dia, é impossível uma figura sair do zero e ganhar as eleições. O candidato que sai do zero não pode nem ser notícia. Antigamente, podia pintar muros, colocar cartazes e outras coisas. Hoje, as pessoas precisam perder um tempo danado para dizer que não são vigaristas", sugere Maneschy. Carlos Manhanelli concorda. "A Lei 11.300, de 2006, proibiu brindes e showmício. Protege quem já está no poder e barra as novas lideranças", lamenta.


Codeiro aponta o pouco tempo para se fazer campanha como um fator que impulsiona cada vez mais a eleição de famosos. "A campanha mais curta e restrita não consegue debater as ideias ou levar ao eleitorado um pouco da distinção da chapa. Uma campanha mais politizada e longa diminuiria o voto pela visibilidade midiática", concluiu.

http://noticias.terra.com.br/eleicoes/2012/noticias/0,,OI5815828-EI19136,00-Partidos+buscam+famosos+para+puxar+votos+nas+eleicoes.html


terça-feira, 12 de junho de 2012

Campanha para prefeito custa no mínimo R$ 2mi

DIÁRIO WEB

São José do Rio Preto, 10 de Junho, 2012 - 2:15

Se sentar na cadeira de prefeito de Rio Preto custa pelo menos R$ 2 milhões. A avaliação foi feita por especialistas em marketing político e produtores de televisão a pedido do Diário. Segundo o cálculo elaborado por marqueteiros, cada voto conquistado na eleição municipal deve custar, em média R$ 17, estima Carlos Manhanelli, especialista em marketing eleitoral com diversos livros publicados sobre o assunto. O valor estimado do voto conquistado foi obtido em análises de campanhas vitoriosas nas principais cidades brasileiras.

Em Rio Preto, na última eleição, em 2008, o prefeito Valdomiro Lopes (PSB) declarou à Justiça Eleitoral gastos de R$ 1,98 milhão para um universo de 109 mil votos no segundo turno. Para ampliar a votação, chegando a aproximadamente 120 mil votos, número que daria ao prefeito a garantia da reeleição, ele terá que desembolsar, no mínimo, R$ 2,04 milhões. O superfaturamento das campanhas é verificado quando comparado com 2004, quando o ex-prefeito Edinho Araújo declarou gastos de R$ 750 mil para se reeleger.
A proporção do especialista vale para os demais pré-candidatos João Paulo Rillo (PT), Manoel Antunes (PDT), Maurício Bellodi (PV), Marcelo Henrique (Psol) e Daniel Caldeira (PSL) e incluem desde gastos com programa eleitoral até o custeio de cabos eleitorais. O petista, por exemplo, gastou R$ 1,06 milhão na eleição de 2008 e conquistou 103 mil votos no segundo turno. Os valores estimados podem variar para cima ou para baixo.
“O custo da campanha varia de acordo com a dificuldade da disputa e não pelo tamanho da cidade”, explica Manhanelli. Do montante a ser investido na campanha, 40% será direcionado para os programas de televisão, que exigem equipamentos de ponta e profissionais qualificados. As produtoras de televisão se adequaram às exigências dos candidatos e, principalmente, dos eleitores, que não aceitam programas de baixa qualidade.
De acordo com o produtor Adriano Nunes, de Rio Preto, atualmente as emissoras de televisão produzem novelas e telejornais com imagens e conteúdo de alto padrão e, por isso, os eleitores não aceitam mais programas eleitorais com padrões inferiores. Para obter qualidade, as produtoras investem em equipamentos. Até um aeromodelo de helicóptero foi adaptado para captar imagens aéreas.
Do chão, acionando um controle remoto e auxiliado por um diretor de fotografia, Nunes consegue captar imagens que antes exigiam equipamentos pesados e até o uso de avião. “Esse aeromodelo será uma das novidades para a campanha eleitoral de 2012. Aparelho semelhante foi usada nas filmagens de Gabriela (novela que Globo exibirá)”, afirmou o produtor.
O custo para o uso desse equipamento na produção de programas eleitorais será diluído nos 40% do orçamento final da campanha. De acordo com a estimativa de gastos, a campanha vitoriosa de R$ 2 milhões deverá reservar pelo menos R$ 800 mil para a produção dos programas de televisão.

Alta Definição
O aeromodelo é apenas uma das novidades que serão usadas nos programas de televisão exibidos nas eleições municipais de 2012. De acordo com o produtor Renato Brito, de Rio Preto, todas as imagens dos programas serão captadas com equipamento HD, sigla da expressão em inglês “High Definition”, que significa Alta Definição. “O programa eleitoral tem que ter boa qualidade de imagem e produção para o candidato não cair no descrédito”, disse.
Brito também afirmou que o uso de equipamentos compactos vai ganhar força na eleição deste ano. “Câmeras fotográficas com capacidade de filmagem serão muito usadas nas produções das campanhas, sempre com ótima qualidade de captação de imagens”, disse. “O eleitor já tem parâmetros de programas bons e, por isso, os candidatos não podem apresentar programas de baixa qualidade”, completou.

Redes sociais serão vedete
Os investimentos em internet crescem a cada campanha eleitoral. Em 2008, especialistas estimaram que a rede mundial de computadores consumiria aproximadamente 7% do orçamento de uma campanha eleitoral para prefeito. Para 2012, esse índice chega a 15%. “Os investimentos em internet devem ser avaliados de acordo com o contexto da cidade”, disse o publicitário Carlos Manhanelli.
Tanto que, pela primeira numa campanha municipal em Rio Preto, candidatos devem contratar equipes exclusivamente para monitorar e alimentar sites, blogs e, principalmente, redes sociais como Twitter e Facebook. Os principais candidatos a prefeito, como Valdomiro Lopes (PSB), Manoel Antunes (PDT), Maurício Bellodi (PV) e João Paulo Rillo (PT), já mantêm assessores e simpatizantes em alerta nas redes sociais.
A qualquer comentário positivo ou negativo sobre seus candidatos se manifestam. Estimativas de especialistas em marketing político e produtores apontam que uma campanha vitoriosa para a Prefeitura de Rio Preto exige investimentos de pelo menos R$ 300 mil na internet.

Pesquisas
O mesmo valor deve ser reservado por coligações, partidos e candidatos para custear pesquisas eleitorais. O custo das despesas com esse item varia de acordo com a dificuldade da disputa. “Em determinados casos a pesquisa é feita para corrigir os rumos da campanha. Então, se o cenário apresentar uma eleição muito disputada, o investimento em pesquisa pode ser ainda maior”, disse Manhanelli.
As despesas com programas de televisão, internet e pesquisas deverão consumir aproximadamente 70% do orçamento de uma campanha. Os 30% restantes serão distribuídos para a produção dos programas de rádio, material impresso em gráficas e com a contração de pessoal para trabalhar como cabo eleitoral.
Considerando o gasto que o prefeito Valdomiro Lopes (PSB) teve na eleição de 2008 - R$ 1,9 milhão - comparado com o salário recebido pelo chefe do Executivo - R$ 9 mil - seriam necessários 18 anos de mandato para recuperar o valor investido.
Além disso, com os R$ 2 milhões estimados como gastos para se eleger prefeito de Rio Preto, seria possível, entre outros, construir duas unidades básicas de saúde (UBS) de R$ 1 milhão cada. Ou então comprar mais de 13,3 mil cestas básicas de R$ 150 cada.

Em São José, pré-candidatos adotam discurso 'paz e amor'

JORNAL O VALE  - Jornal Bom dia Sorocaba – Diário de São Paulo
June 10, 2012

Filipe Manoukian
São José dos Campos

A disputa deste ano pela Prefeitura de São José dos Campos, segundo prometem os concorrentes, deverá ser pacífica e propositiva --pelo menos em um primeiro momento.

Mesmo assim, temas polêmicos que não envolvem diretamente a administração da cidade, como aborto, religião e homossexualismo, e que dizem mais respeito ao perfil dos candidatos, podem aparecer durante os embates, segundo alerta o especialista em marketing político Carlos Manhanelli.
No começo, a linha “paz e amor” deve dominar os debates entre os prefeituráveis.
O marketing do PSDB, na figura do pré-candidato Alexandre Blanco, por exemplo, vai se basear nas palavras “tradição, credibilidade e inovação”.
“Em linhas gerais, o marketing vai trabalhar o que é verdade, a tradição com renovação”, afirma Blanco.
“O PSDB, em quatro mandatos, 16 anos, tem o acúmulo de experiência, de conhecimento da máquina administrativa. É a tradição e a experiência na gestão pública, mas com a capacidade de se reciclar, renovar e ousar, trazendo ideias novas.”
O PT, por sua vez, vai apostar, segundo seu pré-candidato Carlinhos Almeida, na “transparência e sinceridade”. “Falando com franqueza aquilo que penso e só assumindo compromissos que possam sem efetivados”, disse o petista.
“Vamos mostrar que, com nossa eleição, a cidade poderá avançar, acelerar seu desenvolvimento e promover o desenvolvimento das pessoas através de programas nas áreas da educação, saúde, transporte, habitação, esportes”, continuou.

Outros candidatos.
Assim como PSDB e PT, que prometem não fazer, em nenhum momento e independentemente das ações dos adversários, uma campanha destrutiva, pensam os outros candidatos ao Paço.
“Tenho falado até para os pré-candidatos a vereador da nossa chapa para fazermos uma campanha limpa. Mesmo na hora de apontar problemas, a ideia não é atacar PSDB, e sim mostrar que temos condições de fazer melhor”, disse o pré-candidato do PP,

Alexandre da Farmácia.
Mesmo discurso tem o pré-candidato do PSB, Antonio Alwan. “Apontar defeitos e contradições não significa baixar o nível, mas mostrar que existem diferenças consideráveis na maneira de encarar os problemas do município e implantar soluções para eles.”
Pelo PV, o pré-candidato Cristiano Pinto Ferreira também diz que fará “uma campanha de ideias”. “O que for positivo do governo, vamos elogiar, e o que for negativo vamos apresentar soluções.”

O único partido a não descartar, já de início, um estilo mais agressivo é o PSTU, com o pré-candidato Antonio Donizete Ferreira, o Toninho.
“Minha campanha será para apresentar um projeto que seja de interesse da classe trabalhadora e do povo pobre. Evidentemente, não vamos esconder o que pensamos dos programas dos outros, que defendem todos as mesmas coisas.”
Toninho Ferreira, pré-candidato do PSTU

PONTO DE VISTA
'Se um bater, o outro vai reagir', afirma especialista
São José dos Campos
O especialista em marketing político Carlos Manhanelli afirmou que o discurso dos pré-candidatos a prefeito em São José segue a “cartilha da boa campanha”.
“Um bom embate é aquele de propostas, de apresentação de um plano de governo que satisfaça as carências da população”, disse Manhanelli.
“Pelo cenário de São José, a tática do PSDB tem que ser essa de mostrar o que pode fazer mais, sob o discurso ‘no rastro do que eu fiz, posso fazer mais’”, explicou.
Já do lado do PT, Manhanelli afirmou que a sigla deveria “trabalhar a imagem do partido que aparece no país, colocando mais a questão social, do progresso com a visão social, citando os exemplo do ex-presidente Lula \[Luiz Inácio Lula da Silva\] e da presidente Dilma \[Rousseff\]”.

Táticas. O especialista afirmou, no entanto, que a linha “paz e amor” é frágil.
“A campanha eleitoral começa na técnica, mas, se um candidato começa a bater, o outro também precisa reagir”, afirmou Manhanelli.
“Tudo depende do andamento da campanha. Se os argumentos programáticos não funcionam, aí vale de tudo. Como aconteceu na última disputa pela Prefeitura de São Paulo, quando houve até insinuações de que um candidato era gay”, completou.


Marketing do PSDB
Mote de campanha
Baseado nas palavras “tradição, credibilidade e inovação”
Marqueteiro
Deve ser Osair Vasconcelos, responsável pelas campanhas de Emanuel Fernandes e Eduardo Cury
Onde evoluir
O pré-candidato tucano, Alexandre Blanco, aponta que seus antecessores trouxeram desenvolvimento industrial, econômico, na área de tecnologia e de serviços a São José. “A hora, agora, é buscar qualidade de vida”, afirma Blanco

Calendário eleitoral
A partir de 6 de junho, será liberada a campanha eleitoral nas ruas e na internet

Marketing do PT
Mote de campanha
“Transparência e sinceridade”
Marqueteiro
Não definiu (ou divulgou) quem fará o marketing. O pré-candidato petista, Carlinhos Almeida, diz que não acredita em gurus do marketing
Onde evoluir
Carlinhos Almeida diz que seu plano de governo vai visar “o desenvolvimento das pessoas através de programas nas áreas da educação, saúde, transporte, habitação, esportes”

Calendário eleitoral
O período da propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão Ccomeça no dia 21 de agosto e perdura até o dia 4 de outubro, às vésperas do pleito

http://www.ovale.com.br/mobile/nossa-regi-o/em-s-o-jose-pre-candidatos-adotam-discurso-paz-e-amor-1.266983

http://diariosp.com.br/noticia/detalhe/24355/Pre-candidatos+adotam+discurso+'paz+e+amor'

http://www.redebomdia.com.br/noticia/detalhe/24355/Pre-candidatos+adotam+discurso+'paz+e+amor'


segunda-feira, 4 de junho de 2012

Carlos Manhanelli analisa estratégias de marketing nas eleições deste ano

JORNAL A CRITICA – MANAUS – AMAZONAS



04/06/2.012


Presidente da Associação Brasileira de Consultores Políticos fala sobre eleições municipais, diz que políticos estão se planejando cada vez mais cedo e que não existe “transferência” de votos, por melhor que seja o cabo eleitoral



Há mais de 20 anos o professor e publicitário Carlos Manhanelli foi buscar a fundo o entendimento do marketing político, o que lhe rendeu a publicação de 16 livros sobre o tema, como autor, co-autor e coordenador.


Em 1978, ele criou a Manhanelli Associados, a primeira empresa especializada em Marketing Político Eleitoral no Brasil. Desde lá sua empresa já participou de 236 campanhas eleitorais e projetos de marketing político no Brasil, na America Latina e no Continente Africano.


Manhanelli atualmente é o presidente da Associação Brasileira de Consultores Políticos (Abcop), com sede em São Paulo, e que há mais de duas décadas promove seminários, congressos e cursos de capacitação profissional no Brasil e Exterior.


O professor, que fará consultoria, este ano, para 16 candidatos nas eleições municipais, afirma que os políticos estão começando a se planejar mais cedo para uma disputa eleitoral. Ele também critica parentes de candidatos que dão "pitacos" em campanhas e defende que o apoio político só consegue transferir voto se o candidato for um bom candidato. A CRÍTICA entrevistou o marquetólogo no Congresso Brasileiro de Estratégias Eleitorais e Marketing Político realizado em Fortaleza, Ceará.


Por que o marketing político está tão determinante numa eleição?


O marketing político se tornou determinante numa eleição pelo próprio progresso que o marketing obteve no Brasil. Nós temos estudado a fundo o que acontece nas campanhas eleitorais e aplicado as técnicas que se consagraram como sendo eficientes desde 1954, ainda na primeira campanha que usou o marketing político no Brasil, que foi a de Celso Azevedo (UDN), para a Prefeitura de Belo Horizonte. Toda técnica consagrada se torna uma ciência e é isso que o marketing político eleitoral vem fazendo ao Brasil.


De que forma a pesquisa de opinião pode garantir o sucesso de uma candidatura?


Garantir o sucesso ela não vai garantir. Ela é uma bússola. É como se você estivesse no meio do mato com uma bússola te mostrando a direção. A garantia de você chegar bem ao final desse caminho é você obedecer o que o instrumento de localização está dizendo. Você vai acabar chegando ao lugar certo. A pesquisa é isso: é a bússola de uma campanha. Ela vai mostrar pra você qual é a direção. O caminho é você quem faz.


Por que muitos candidatos deixam para fazer pesquisa somente em época de eleições?


Esse tipo de político que faz pesquisa apenas em eleição está preocupado somente em se eleger, conseguir o voto do eleitor. Ele não está preocupado em satisfazer desejos, necessidades e os anseios, porque se estivesse faria pesquisa para saber o que a população precisa.


Quais as chances de um candidato se eleger entre aquele que nasce espontaneamente e aquele produzido pelo marketing político?


Um é um líder nato e o outro não existe. Não existe ninguém produzido pelo marketing político. O marketing político pega candidatos com qualidade para poder apresentar ao eleitorado e destaca essas qualidades. É isso que o marketing político faz. Marketing político não faz teatro, não fabrica candidato. O candidato tem que ter qualidade para que o marketing político possa fazer alguma coisa.


O que representa a presença de um profissional do marketing político na campanha orientando um candidato?


Hoje é fundamental. O próprio projeto tecnológico na área da comunicação, a conscientização política da população através da imprensa acaba levando uma obrigação dos candidatos a se apresentarem com uma comunicação mais limpa, mais consistente e que seja realmente efetiva. E quem pode fazer isso é um profissional de marketing político eleitoral.


E quando a família ou amigo de um candidato interferem na estratégia de marketing montada pelo profissional?


Normalmente o candidato tem alguém na família que quer da algum "pitaco", alguma opinião e essa opinião sempre é errada porque em geral o parente não tem um conhecimento cientifico. Então é ruim quando um profissional experiente, com estudo, leva uma peça publicitária para o candidato e ele coloca esse produto para apreciação do filho, da mulher e do cunhado como se essas pessoas tivessem alguma experiência em poder analisar essa peça. É uma interferência muito negativa quando isso acontece.


O marketing eleitoral tem condições de fazer com que o político consiga transferir seus votos da última eleição para um determinado candidato?


Não. O marketing não tem essa função e nem tem esse milagre. Quem consegue transferir voto é o próprio candidato que está saindo como candidato. O apoio que ele recebe só vai ser bem vindo se ele for um bom candidato. Não adianta você dar um apoio para um candidato que não tem a mínima condição de ser candidato ou de ter alguma consistência vitoriosa. Vai ser jogar esse apoio fora por melhor que ele seja, acaba jogando fora. Eu já ganhei muitas campanhas eleitorais contra prefeitos e governadores que apoiavam candidatos que não tinham valores que a população queria. Quando isso acontece normalmente esse apoio não vale de absolutamente nada.


O presidente dos EUA Barack Obama e mais recente a presidente Dilma Rousselff usaram muito bem a internet para se comunicar com seus eleitores. Como esta ferramenta poderá ser usada pelos candidatos nas eleições municipais?


No livro "Internet e eleições: bicho de sete cabeças?", que lançamos este ano, eu e a Gil (Castillo) explicamos bem como é que isso funciona. A internet, em campanhas menores, funciona bem com a militância. É o primeiro grupo a ser atingido pela internet. O segundo são os filiados partidários. Quando você se filia num partido obviamente você vai torcer para que esse partido ganhe a eleição e para isso você tem que ter a informação. Então o primeiro mailing (relação de endereços/contatos) que você tem que ter são os filiados. Mas o problema é que no Brasil você não tem um partido que tenha esse cadastro completo, bonito, resolvido para que você na hora que chegue com uma ação de marketing possa disseminar.


Por que os partidos não têm?


Porque todo partido no país é muito desorganizado, não dão importância pra isso. Agora com ao advento da internet começou a cair à ficha. Mas cadê as fichas dos cadastros desse pessoal, cadê os emails ?Ninguém pegou. E muitos diretórios nem ficha tem ou não sabem nem quem são os filiados municipais. Deixam pra fazer em cima da hora e em cima da hora... é aquela confusão, sai tudo errado. Não se localizam as pessoas e na hora de usar a ação já perdeu tempo de usar.


Qual será a grande novidade desta eleição?


Novidade não tem. O pessoal está achando que é a internet é novidade, não é. Nós da Abcop usamos a internet em campanha eleitoral desde 1996. Eu tenho uma entrevista que eu dei a TV Gazeta, em São Paulo, de 1996 (eleições municipais), falando do Walter Feldman e do Francisco Rossi que foram os dois primeiros a usarem essa ferramenta para veicular a sua campanha eleitoral. Então o que todo mundo está achando que é uma grande novidade não é.


Mas essa ferramenta pode ser usada, este ano, como nunca antes, não?


O que aconteceu foi o seguinte: existe uma lei liberando o uso da internet ou quase tudo na internet, porque até duas campanhas atrás era proibido. Essa é a grande novidade. Só que é uma novidade como foi o rádio, em 1923, mas que só foi usado com eficiência na campanha de 1950, como a televisão que veio para o Brasil em 1953, mas só foi usada com eficiência, na política, nas eleições de 1984. Há um período de maturação em qualquer veículo. E a internet passa por esse período de maturação. Ela ainda não esta pronta para ser usada como ferramenta de cooptação e persuasão de eleitores.


O ex-presidente Getúlio Vargas utilizou muito bem o rádio na campanha na década de 50. A internet hoje deixou o rádio para trás?


A internet ainda não deixou nenhum veículo de lado. Quem deixou o rádio para trás foi a televisão. A televisão vende e a internet compra. Você não recebe da internet nada que obrigue você a comprar. Quando você recebe você deleta. Na televisão ela está te vendendo toda hora um carro. A internet é uma mão inversa da televisão. O que temos hoje e vai continuar por algum tempo, como maior arma de persuasão, ainda será o rádio e a televisão – e a TV com maior ênfase.


Por que os candidatos deixam para planejar a campanha muito em cima das convenções e não ao menos um ano antes da eleição?


Isso está mudando e faz algum tempo. O meu escritório está com 16 contratos de campanhas eleitorais assinados há mais de um ano. Então nós temos já uma conscientização entre políticos, de que eles têm que ter um caminhar na comunicação, no marketing político com antecedência. Os que estão deixando para última hora são os que normalmente vão perder a eleição.

http://acritica.uol.com.br/manaus/Amazonas-Manaus-Amazonia-Carlos-Manhanelli-estrategias-marketing-eleicoes_0_703729621.html