Diário Comercio e Industria.
19/09/11 - 00:00; POLÍTICA
São Paulo - Ainda que tenham se rebelado contra a Comissão Provisória que dirige o PMDB paulista, peemedebistas ligados ao ex-governador Orestes Quércia dificilmente vão conseguir impor à legenda a realização imediata de eleições nos diretórios municipais que sofreram intervenção da Executiva estadual. Os consultores de marketing político Carlos Manhanelli (Manhanelli Associados) e Cristiano Noronha (Arko Advice) entendem que dois pontos fragilizam as reivindicações dos "rebeldes": a falta de uma liderança para reivindicar a realização das eleições e ainda a forte influência que o vice-presidente Michel Temer passou a ter na legenda desde a morte de Quércia em dezembro passado.
Para Manhanelli, o PMDB histórico ficou no passado.
"O PMDB histórico tinha Montoro, Covas, Quércia, Fleury e não houve renovação. Eu acho que esse grupo simpático ao Quércia tem o direito de 'espernear', mas não creio que vá mudar alguma coisa. O grupo do Temer chega para ficar", afirma.
Noronha entende que os dissidentes conseguirão, no máximo, dificultar, mas não impedir que Temer imponha seu domínio ao PMDB paulista.
"O grande problema que eu vejo é que não tem quem aglutine, não tem uma liderança. De outro lado, o Michel Temer é bem articulado. Toda a mobilização para a troca de comando em São Paulo se fez ao lado dos deputados estaduais", aponta.
O consultor da Arko Advice completa que não vê muita alternativa aos quercistas.
"Eles [aliados do ex-governador] podem se acomodar diante dessa nova realidade ou sair. Esses quadros precisam entender que o Brasil não é a Argentina, onde sobrevive o Peronismo, onde as pessoas se confundem com os partidos. Quando lideranças como um Leonel Brizola ou um Orestes Quércia morrem, os movimentos políticos que eles lideraram tendem a se enfraquecer porque é impossível você ter um substituto à altura", explica Cristiano Noronha.
Contexto nacional
Os dois estudiosos também avaliaram o desconforto vivido pelo PMDB nacional, seja por conta da proximidades do processo eleitoral ou pelas trapalhadas do líder da legenda na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), que teve sua credibilidade abalada pela recente indicação de dois políticos com ficha suja para o Ministério do Turismo.
"O PMDB, com a proximidade da eleição, já tem acenado que a parceria com o governo vai continuar no plano institucional, mas que a legenda vai ter candidaturas próprias no ano que vem e em 2014", lembra Carlos Manhanelli.
Já Noronha sinaliza que, embora fragilizado, Henrique Alves tem tempo para reverter a desconfiança. "A eleição à mesa diretora da Câmara será em fevereiro de 2013. Então ele tem tempo para reverter o quadro", finaliza.
19/09/11 - 00:00; POLÍTICA
São Paulo - Ainda que tenham se rebelado contra a Comissão Provisória que dirige o PMDB paulista, peemedebistas ligados ao ex-governador Orestes Quércia dificilmente vão conseguir impor à legenda a realização imediata de eleições nos diretórios municipais que sofreram intervenção da Executiva estadual. Os consultores de marketing político Carlos Manhanelli (Manhanelli Associados) e Cristiano Noronha (Arko Advice) entendem que dois pontos fragilizam as reivindicações dos "rebeldes": a falta de uma liderança para reivindicar a realização das eleições e ainda a forte influência que o vice-presidente Michel Temer passou a ter na legenda desde a morte de Quércia em dezembro passado.
Para Manhanelli, o PMDB histórico ficou no passado.
"O PMDB histórico tinha Montoro, Covas, Quércia, Fleury e não houve renovação. Eu acho que esse grupo simpático ao Quércia tem o direito de 'espernear', mas não creio que vá mudar alguma coisa. O grupo do Temer chega para ficar", afirma.
Noronha entende que os dissidentes conseguirão, no máximo, dificultar, mas não impedir que Temer imponha seu domínio ao PMDB paulista.
"O grande problema que eu vejo é que não tem quem aglutine, não tem uma liderança. De outro lado, o Michel Temer é bem articulado. Toda a mobilização para a troca de comando em São Paulo se fez ao lado dos deputados estaduais", aponta.
O consultor da Arko Advice completa que não vê muita alternativa aos quercistas.
"Eles [aliados do ex-governador] podem se acomodar diante dessa nova realidade ou sair. Esses quadros precisam entender que o Brasil não é a Argentina, onde sobrevive o Peronismo, onde as pessoas se confundem com os partidos. Quando lideranças como um Leonel Brizola ou um Orestes Quércia morrem, os movimentos políticos que eles lideraram tendem a se enfraquecer porque é impossível você ter um substituto à altura", explica Cristiano Noronha.
Contexto nacional
Os dois estudiosos também avaliaram o desconforto vivido pelo PMDB nacional, seja por conta da proximidades do processo eleitoral ou pelas trapalhadas do líder da legenda na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), que teve sua credibilidade abalada pela recente indicação de dois políticos com ficha suja para o Ministério do Turismo.
"O PMDB, com a proximidade da eleição, já tem acenado que a parceria com o governo vai continuar no plano institucional, mas que a legenda vai ter candidaturas próprias no ano que vem e em 2014", lembra Carlos Manhanelli.
Já Noronha sinaliza que, embora fragilizado, Henrique Alves tem tempo para reverter a desconfiança. "A eleição à mesa diretora da Câmara será em fevereiro de 2013. Então ele tem tempo para reverter o quadro", finaliza.