segunda-feira, 19 de abril de 2010

Entrevista ao Zero Hora

Alianças nacionais. problemas locais

Embate de Dilma e Serra para a Presidência gera desavenças nos Estados, divide partidos e dificulta construção de alianças
Polarizados na disputa pelo Planalto, Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) enfrentam dificuldades para conciliar as pretensões eleitorais com os interesses de aliados nos Estados. É um jogo movido a barganhas, chantagens e dissimulações, e não raro, o boicote até entre colegas de partido.– Há uma questão de sobrevivência das lideranças regionais, onde muitas vezes o candidato a presidente tem poder limitado. Teremos traições de todas as ordens – prevê o historiador Marco Antonio Villa, da Universidade Federal de São Carlos. Capitalizando a popularidade do presidente Lula, Dilma largou em vantagem na construção de palanques estaduais. Entre os principais candidatos a governador, desfruta do apoio de 37, contra 29 que preferem Serra. A iminente saída de Ciro Gomes (PSB) da eleição presidencial pode ampliar o arco de aliados. Em contrapartida, o tucano tem menos conflitos locais. Enquanto Dilma enfrenta dualidades em 15 Estados, Serra tem problemas em seis.– Os partidos se consideram donos dos candidatos. Quando fecham aliança nacional, querem obediência em todos os Estados. Só que há composições políticas diferentes das acertadas nos gabinetes de Brasília – diz Carlos Manhanelli, presidente da Associação Brasileira de Consultores Políticos. Assustado com as resistências, o PT promove jantar na segunda-feira, no qual se reúnem Dilma, o comando de campanha e representantes de PMDB, PDT, PR e PC do B. O encontro foi organizado para tentar frear dissabores verificados após as viagens desastrosas da ex-ministra a Minas Gerais e ao Ceará. Serra, por sua vez, tem evitado visitas a Estados conflagrados e deixou a costura de acordos a cargo da direção do PSDB. Nas próximas viagens, sequer cogita participar de eventos partidários. O tucano deu prioridade a encontros com entidades e caminhadas por grandes centros urbanos, mantendo prudente distância da navalha dos acordos eleitorais.

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