segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Eleitores não se recordam em quem votaram

Às vésperas das eleições deste ano, grande parte da população afirma não se lembrar em quem votou para os cargos do Legislativo em 2010. O Comércio entrevistou dez pessoas em Jaú e 50% delas declararam que não sabem mais o nome de seus candidatos para deputado federal e estadual em 2010 (leia textos).
O levantamento mostra distanciamento da população em relação ao Legislativo, esfera do poder responsável por elaborar as leis brasileiras. O excesso de candidatos e de eleitos – são 81 senadores, 513 deputados federais e 94 deputados estaduais em São Paulo – é um dos motivos apontados por especialistas como a causa do esquecimento das pessoas.
Para o presidente da Associação Brasileira dos Consultores Políticos e Assessores Eleitorais, Carlos Manhanelli, a população brasileira não sabe para que servem os cargos do Legislativo.
“Na concepção do povo brasileiro, tem importância o Executivo, pois são os governadores e o presidente que sempre estão na mídia e anunciam mudanças para a população. Seria necessário mais transparência ao trabalho do Legislativo, mostrando como ele pode interferir na vida das pessoas. Assim, seria possível construir uma memória política”, ressalta Manhanelli.
De acordo com presidente da associação, a memória política deriva da importância que a população dá ao Legislativo. Somente com aumento da credibilidade deste poder seria possível cobrar maior acompanhamento das pessoas em relação aos seus candidatos.
“Nosso sistema democrático é representativo. O Legislativo tem candidatos representando geograficamente ou socialmente toda a sociedade. Enquanto não conseguirmos mostrar que o Legislativo realmente influencia no dia a dia, as pessoas não vão dar importância nenhuma ao voto”, acrescenta.
Consciência
A falta de consciência política seria mais um dos motivos apontados por especialistas para o esquecimento sobre os candidatos. No Brasil, é comum que as pessoas votem em determinado deputado ou senador por indicação da família ou de um amigo.
“Observo que o povo nunca se esquece de seus candidatos para governador e presidente, porque votam por convicção própria. Mas falta consciência para o voto do Legislativo, pois muitas pessoas escolhem seus deputados e senadores a partir de um favor ou uma indicação de alguém”, diz o sociólogo Sinésio Baccheto, articulista do Comércio do Jahu.
Para Baccheto, se houvesse mais atenção do povo ao processo político, a população seria menos enganada pelo próprio sistema. “Se não nos lembramos em quem votamos, não vamos ter formação e informação sobre o andamento político do País”, acrescenta.