segunda-feira, 22 de agosto de 2011

AFAGO DE GOVERNADORES DA OPOSIÇÃO A DILMA É INSTITUCIONAL



DCI – DIÁRIO COMERCIO E INDUSTRIA
22/08/11 - 00:00 > POLÍTICA
Aderson Passos


São Paulo - A receptividade dos governadores tucanos Geraldo Alckmin (SP) e Antonio Anastasia (MG) à presidente Dilma Rousseff, verificada no lançamento do Pacto Sudeste do plano Brasil Sem Miséria na semana passada, em São Paulo, tem apenas um caráter institucional. A avaliação é do analista político Carlos Manhanelli. - "Há entre governadores e o Executivo federal uma relação de dependência. Os governos estaduais precisam de dinheiro federal para cumprir as promessas de campanha. E uma relação institucional acidentada não contribui para a vinda de recursos. Essa relação faz parte do jogo", resume o consultor.

O diretor da Manhanelli Associados, especializada em marketing político, completa ainda que os afagos de Dilma à oposição não terão força suficiente para afogar a pretensão de PSDB, DEM e PPS de instalar uma CPI no Congresso para investigar irregularidades nos ministérios.

"A relação com o Congresso é diferente porque os legisladores só dependem de emendas parlamentares que o governo, o que é muito diferente das relações com os governadores porque dependem dos repasses federais para completar seus orçamentos. Não vejo por onde a Dilma pode brecar a mobilização em torno da CPI", completa Manhanelli.

Assinaturas

Passados seis dias da mobilização para a coleta de assinaturas visando a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista para investigar as denúncias de corrupção no governo Dilma Rousseff, a oposição contabiliza até agora a adesão de 20 senadores e de 115 deputados federais. Para conseguir a instalação da investigação é necessária a coleta de 27 adesões no Senado e de 171 deputados na Câmara.

Na Câmara, o pedido contou com assinaturas de parlamentares que engrossavam as fileiras da base governista como os deputados Tiririca e Paulo Freire (SP) e do ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho (PR-RJ). Além deles, outros nove integrantes da sigla firmaram apoio à investigação. Também entre os signatários do pedido está o delegado Protógenes Queiroz,que é filiado ao PCdoB paulista, e o ministro dos Esportes, Orlando Silva. Na lista de assinaturas da Câmara também há apoios de quadros do PV e do PSol.

http://www.dci.com.br/Afago-de-governadores-da-oposicao-a-Dilma-e-institucional_-diz-analista-5-387412.html

AS INTENÇÕES DE VOTO DA NOVA CLASSE MÉDIA BRASILEIRA


Nas próximas eleições municipais, em centros urbanos como Campinas, deve ser montado um laboratório para diagnosticar como a população pensa e age

Após a publicação do artigo O papel da oposição na imprensa, no qual o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) orientou seu partido a debruçar-se sobre a 'nova classe média', os partidos tentam alinhar seus discursos. Passaram a rever as estratégias e abrir um diálogo mais próximo com esse quase 30 milhões de brasileiros que ascenderam à classe C nos últimos dez anos. Cidadãos que passaram a desfrutar de um poder de compra até então distante de suas realidades.

Porém, a inflação tem comido parte desses rendimentos. Os partidos, então, passaram a se perguntar; até que ponto a perda do poder de compra e o medo de regredir à classe D e E pode afetar o voto desses quase 20 milhões de eleitores? Nas próximas eleições municipais, principalmente nos maiores centros urbanos, como Campinas, um grande laboratório deve ser montado para diagnosticar como pensam e agem esses 'batalhadores brasileiros' , como definiu o sociólogo Jessé de Souza em seu livro Os Batalhadores Brasileiros - Nova Classe Média ou Nova Classe Trabalhadora?'.

'Serão as pesquisas, quantitativas e qualitativas, que servirão para descobrir qual é a demanda que essa nova classe média tem. E, com certeza, elas estão ocorrendo agora e continuarão sendo feitas nas próximas eleições' , afirmou o presidente da Associação Brasileira de Consultores Políticos (ABCOP), Carlos Manhanelli. Entretanto, na visão dele, poderão ocorrer surpresas em 2014 no âmbito estadual e nacional. 'As eleições municipais são diferentes. Ainda que o cidadão e essa classe emergente tenha alguma afinidade ideológica com o partido, interfere muito o local e a realidade na qual ele vive na hora do voto' , disse.

Para o cientista político da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Valeriano Mendes Ferreira Costa, a antiga classe média é diferente da atual. 'Enquanto uma é mais conservadora, vota por uma estabilidade, nós não sabemos exatamente qual é o comportamento dessa nova classe média. Essa nova classe emergente é a classe trabalhadora que conseguiu estabilização da renda. Ela tem um vinculo muito forte com o trabalho e com a expectativa de vida. Ela pensa no futuro dos filhos. É uma classe que reclama muito dos impostos. É preciso mais tempo para sentir uma mudança real, pois ainda está obscuro em que setor ela está inserida' , afirmou.

É o caso do auxiliar administrativo Ademir Bazzanella, de 49 anos. Ele notou que sua situação financeira melhorou nos últimos anos porém, também percebeu que o salário tem perdido poder aquisitivo de antes. 'Nos últimos dois anos parece que eu não consigo mais comprar a mesma quantidade que eu conseguia antes. Se a Dilma não deixar a peteca cair, eu voto nela, senão eu mudo para alguém que me dê estabilidade, não importa o partido' , contou.

Costa também explicou que em 1990 a então classe média apostou na estabilidade, que era a proposta do PSDB, mas em 2000 apoiou Lula na promessa de mais empregos. 'Agora ela está um pouco perdida e mais exigente. Essas pessoas não caem na lábia do populismo e não aceitam o velho reformismo' , relatou o cientista político. Grávida de nove meses, a auxiliar administrativa Francine Aparecida Prudêncio da Silva, de 26 anos, tem o costume de discutir o voto com o marido. 'Na última eleição assistimos aos debates e conversamos para ver em quem iríamos votar. Votamos os dois no mesmo. Agora, na próxima que tiver, acho que o candidato tem que conseguir manter crescimento e estabilidade. Se não der, prefiro pelo menos a estabilidade' , contou.

No ponto de vista da gerente Viviane Pereira de Souza, de 25 anos, a presidente não tem tido sucesso em manter as mesmas políticas de seu antecessor. 'A inflação está subindo e a educação está cada vez pior. Não estou gostando. Eu votei pelo candidato e não pelo partido. Se continuar assim, na próxima eleição eu mudo o voto' , disse.

Para Costa, o ano de 2011 está 'praticamente perdido' para Dilma no que diz respeito à economia e inflação, o que pode ter reflexos no voto dessa classe emergente. 'Se ela não conseguir manter um crescimento com estabilidade, essa nova classe média tem a tendência de ser mais conservadora e escolher pela estabilidade ao invés do crescimento' , explicou. Segundo ele, o governo é o grande favorito para a reeleição se conseguir fazer um bom trabalho, do contrário, abre espaço até mesmo para candidaturas alternativas como a da ex-senadora Marina Silva (PV) e de o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB).

Disputa

Enquanto os tucanos apostam na indecisão do voto dessa fatia da população, os petistas colocam as fichas na crença de que as melhorias dos últimos anos irão, por si só, 'fazer a cabeça desses cidadãos' . 'O que pudemos verificar nas últimas eleições é que a população forma muito sua opinião em cima de situações concretas do que ela vê e sente. Ela formula uma verdade que tem muito mais peso que uma notícia no jornal' , afirmou o deputado estadual e presidente estadual do PT, Edinho Silva (PT).

O deputado federal Vanderlei Macris (PSDB), vice-presidente estadual do partido, disse que após o artigo de FHC, toda a legenda se convenceu de que era preciso mudar a linguagem e a forma de comunicação com os brasileiros, bem como trabalhar na reformulação e unificação do discurso. 'Essa classe que ascendeu não se sente representada por um movimento político específico. Acredito que o PSDB precisa estar voltado para esse setor, pois temos propostas muito claras. E tenho certeza que a inflação como está irá atrapalhar o PT, pois ninguém quer andar para trás. Ela é o pior instrumento de corrosão da renda. Isso bate de frente com os interesses da população e fomos nós que trouxemos a tranquilidade econômica ao País' , relatou o deputado.

As eleições municipais servirão, segundo ele, para 'dar o recado' aos partidos, principalmente ao governo, se algo estiver errado. 'Não é definitivo, mas é um sinal. Eleições municipais são diferentes das estaduais e nacionais, mas com certeza muitas pesquisas e informações serão colhidas para entender essa nova classe média brasileira. Com o último Senso do IBGE também já temos um grande volume de informações para ajudar a adequar o discurso' , explicou.

Para o presidente estadual do PT, a identidade dessa fatia da população ainda não está definida, porém são os petistas que estão mais próximos dessa classe ascendente. 'Eles têm identificação com o governo Lula, pois foi esse governo que proporcionou essa ascensão social, uma nova perspectiva de futuro e auto-estima. Eles se sentem parte de um projeto de nação e ninguém tira isso deles. Essa é a maior aquisição que eles tiveram. Não acredito que essas pessoas, que obtiveram esses direitos, virarão as costas para mais empobrecidos' , declarou.

Mas, na opinião do tucano, o discurso do rival 'está caindo por terra' . 'Essa ideia de que o Brasil é o País mais maravilhoso do mundo e que não há defeitos está se desgastando. Todo mundo sente na carne a inflação que eles não tem conseguido dominar. Eles são patrimonialistas e acham que o governo é propriedade do partido. Nós entendemos o governo como instrumento da sociedade' , disse.

Eleições municipais

Para a deputada estadual e presidente do diretório regional do PSDB, Célia Leão, a tentativa nas próximas eleições municipais será a de tentar envolver todos os segmentos e dialogar com todas as classes. 'Todas as pessoas são importantes no processo eleitoral. Temos um programa de governo que é para todos, mas vamos pegar dentro dele o que tem especificamente para cada setor. A política tem que melhorar a vida das pessoas, senão ela não serve para nada' , disse.

Segundo ela, as pesquisas apenas têm um resultado científico. 'Serve para mapear de onde vieram essas pessoas e conhecer parte dessa sociedade. Quando fazemos campanha, buscamos o voto de quem não vota também, pois eles podem influenciar o quem vota' , explicou.

Líder do DEM na Câmara Municipal de Campinas, o vereador Dário Saadi disse que a bandeira que será defendida por seu partido será a da redução da carga tributária. 'A desoneração tributária é um tema que com certeza interessa à essa classe emergente e terá muito peso. O DEM, junto com o PSDB, foi responsável pela estabilidade econômica do País. Precisamos chamar uma discussão mais aprofundada sobre isso' , disse.

Para o presidente do diretório regional do PT, Ari Fernandes, essa classe emergente não é apenas formada por trabalhadores, mas também por pequenos empresários. 'Não é uma classe nova. É uma classe que melhorou de qualidade de vida. A classe que já era média antes, não se afina muito com o PT, ao contrário dessa classe emergente. Queremos nos aproximar dessa fatia através da recuperação de ideias e posições históricas do partido' , explicou.

Segundo ele, a antiga classe média tem 'estranhado dividir espaços públicos e compartilhar o progresso' com os cidadãos que ascenderam socialmente. 'Isso é um sinal de progresso como um todo e achamos isso muito saudável. Não acho que a inflação possa nos prejudicar, e o recado do FHC para o PSDB focar nessa nova classe média, não nos preocupa' , afirmou Fernandes.

Com a ascensão dos cerca de 30 milhões de brasileiros à classe média, o presidente do diretório regional do PMDB, Arnaldo Salvetti, afirmou que, por ser 'a maior fatia da pirâmide social' , eles é que 'irão moldar um novo perfil de povo' . 'O primeiro resultado desta ascensão social foi sentido no aumento do consumo, pois, claro, as pessoas tinham necessidades e desejos imediatos. Mas o verdadeiro impacto transformador da sociedade virá agora com a melhoria da formação educacional, especialmente através do acesso à informação, que naturalmente provocará uma maior consciência social e política' , disse.

http://www.rac.com.br/noticias/brasil/85954/2011/06/03/as-intencoes-de-voto-da-nova-classe-media-brasileira.html

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Investigação pode atrapalhar pretensão eleitoral de Marta

São Paulo - A prisão do ex-secretário Executivo do Ministério do Turismo pela Polícia Federal na Operação Voucher terá reflexos nas pretensões da senadora Marta Suplicy que tenta alavancar seu nome para representar o PT na disputa à Prefeitura de São Paulo ano que vem.

Mario Moysés atuou no Ministério do Turismo entre 2007 e 2008 e presidiu a Empresa Brasileira de Turismo (Embratur). O cientista político Francisco Fonseca, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), reconhece que Marta pode ter a sua pretensão de concorrer em São Paulo prejudicada, e que o momento é de cautela. "Setores do PT podem usar esse episódio [a prisão de Mário Moysés] nas prévias, assim como os adversários, se ela conseguir lançar candidatura. Mas o fato de haver prisão não significa condenação. Ele [Moysés] pode ser absolvido. Então é muito cedo para avaliar estragos. As convenções só vão acontecer no ano que vem", minimiza Fonseca.
Sócio da Manhanelli Associados, que atua em marketing político eleitoral, Carlos Manhanelli flagra igualmente que a ex-prefeita fica vulnerável a ataques mesmo que seu auxiliar venha a ser absolvido pela Justiça.

Flanco
"Essa prisão abre um flanco tanto interno quanto externo. Haja condenação judicial ou não", avalia o professor, que leciona na Universidade de Salamanca (Espanha).
Ele observa também uma tentativa da mídia em geral de aplicar ao governo de Dilma Rousseff uma marca de corrupção, mas alerta a que desde a gestão de FHC (1994-2002) a base do governo é formada pelos mesmos partidos.
"Não parecem simples coincidência esses escândalos na Casa Civil e mais recentemente nos Ministérios dos Transportes, da Agricultura e do Turismo. Eu peço a atenção para o fato de a mídia colar uma imagem de corrupção ao governo. O que muita gente esquece é que a base do governo de Dilma é exatamente a mesma dos governos de Lula e de Fernando Henrique. Não estou afirmando que não há corrupção, mas levantando que a Polícia Federal e a Justiça é que devem esclarecer os fatos", observa Fonseca.
Manhanelli entende que a teoria de que a mídia está contra a presidente equivale a uma "síndrome de perseguição" e advertiu que as medidas de saneamento nos diferentes ministérios estão sendo tomadas pela presidente.


<http://www.dci.com.br/Investigacao-pode-atrapalhar-pretensao-eleitoral-de-Marta-5-385260-dci.html#>

"Jingle bom é aquele que cai no gosto do eleitor"

ENTREVISTA A REVISTA VEJA





Consultor político lança livro sobre o uso da música nas campanhas eleitorais
Branca Nunes




"O jingle Ei, Ei, Eymael, do José Maria Eymael, prova que um bom jingle é apenas uma das ferramentas da campanha – ele jamais elegerá sozinho um candidato"

Um dos maiores especialistas brasileiros em marketing político, Carlos Manhanelli é apaixonado por tudo o que diz respeito a campanhas eleitorais. Há 37 anos, coleciona filmes, jingles, objetos e outros documentos relativos aos pleitos no Brasil.
Parte desse acervo serviu como fonte de pesquisa para seu 12º livro, Jingles eleitorais e marketing político – uma dupla do barulho, lançado na última semana. Nesta entrevista ao site de VEJA, o presidente da Associação Brasileira dos Consultores Políticos e professor do curso Máster em Assessoramento de Imagem e Consultoria Política da Pontifícia Universidade de Salamanca, na Espanha, fala sobre os principais jingles brasileiros, conta qual a importância deles nas campanhas políticas e analisa as estratégias de marketing dos principais candidatos à Presidência nas eleições de 2010.
Abaixo, os principais trechos da entrevista concedida por Manhanelli:

Por que escrever um livro sobre jingles políticos?
Durante o mestrado que fiz na Faculdade Metodista de São Paulo, percebi que não havia no país um único livro que analisasse de maneira completa os jingles políticos brasileiros. Assim, decidi que minha tese não se limitaria aos jingles, mas os localizaria dentro do contexto das campanhas eleitorais e situaria essas campanhas no momento histórico que o país estava passando. O resultado é um livro que conta a história do Brasil republicano a partir dos jingles eleitorais.

Como nasceu o jingle no Brasil?
A música Seu Julinho Vem, composta em 1929 por Francisco José Freire Júnior, pode ser considerada a pioneira. Foi a primeira vez que criaram uma canção exclusivamente para enaltecer determinadas características de um político. Antes, o que havia eram músicas satíricas ou de protesto, com críticas aos candidatos. Getúlio Vargas, adversário de Júlio Prestes naquela eleição, também inovou com a impressão de cartazes e o uso do rádio, embora de forma ainda bastante embrionária.

O que determina a qualidade de um jingle?
Um jingle bom é aquele que cai no gosto da população de tal maneira que se torna eterno. Numa campanha, cada ferramenta tem a sua função: os santinhos, os cartazes, o rádio, a propaganda eleitoral gratuita e as inserções na televisão. A do jingle é cair no gosto dos eleitores.

Quais os melhores jingles brasileiros?
O Varre, varre, varre vassourinha, do Jânio Quadros, é um dos maiores clássicos de todos os tempos. Ei, Ei, Eymael, do José Maria Eymael, prova que um bom jingle é apenas uma das ferramentas da campanha – ele jamais elegerá sozinho um candidato. Bota o retrato do velho, de Getúlio Vargas, também está entre essas preciosidades e tornou-se um hit carnavalesco da época. Lula lá é o último grande jingle brasileiro, tanto que sempre é reutilizado de alguma forma nas campanhas do Lula. Outro que merece destaque é o Eu vou jangar, criado para a campanha de João Goulart para a vice-presidência, em 1960. Naquela época, o presidente e o vice eram eleitos separadamente. O jingle permitia que as pessoas colocassem o seu próprio nome na letra da música. Eu, por exemplo, poderia cantar “Para Vice presidente, Manhanelli vai jangar, é Jango, é Jango. É o João Goulart”.


http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/manhanelli-jingle-bom-e-aquele-que-cai-no-gosto-do-eleitor

MATÉRIA ESTADÃO

Por Isadora Peron, estadao.com.br,10/8/2011

Amador engajado dá lugar a expert em marketing

No fim da década de 1980, tanto o alfaiate José Raimundo de Castro quanto o músico Hilton Acioli não cobraram um centavo para escrever os jingles que se tornaram símbolos dos candidatos José Maria Eymael e Luiz Inácio Lula da Silva. Eram outros tempos. Hoje, há uma rede de profissionais especializada em, literalmente, transformar em música para os ouvidos as propostas dos candidatos. A maioria das empresas trabalha fazendo jingles comerciais e aproveita a época das eleições para faturar.
Ricardo Engels Garay, sócio da produtora Jinga, não fala em valores, mas diz que em ano de eleição é como se houvesse um mês a mais na receita da empresa. O publicitário PC Bernardes, dono da Amics Áudio, diz que as eleições municipais são um período melhor para as empresas do que quando há disputa para a Presidência. 'Em eleições para presidente e governador, você tem no máximo umas 60 campanhas grandes pelo País. Já nas municipais, você tem pelo menos umas mil que compensam. O mercado é maior.'
O professor do curso de publicidade do Mackenzie Adolpho Queiroz diz que essa profissionalização do que antes tinha ares de amadorismo pode ser uma das explicações de por que os jingles das eleições recentes não ficaram na memória do eleitor. 'Os marqueteiros tem utilizado técnicas e instrumentos muito parecidos e isso nivela as campanhas por baixo.'
O especialista em marketing político Carlos Manhanelli tem outra explicação: 'Os jingles que marcam mais são os das campanhas que estão mais aquecidas'. 'Por exemplo, o do Jânio Quadros na década de 60. Qualquer pessoa com mais de 40 anos, se você falar 'Varre, Varre', canta o resto. Depois, tivemos a campanha do Lula, que também foi altamente emocional. As outras não foram tão emotivas', avalia. 'Então, por melhor que seja o jingle, ele não gruda, não vira o famoso chiclete de ouvido.


http://estadao.br.msn.com/ultimas-noticias/amador-engajado-d%C3%A1-lugar-a-expert-em-marketing-1