sábado, 12 de março de 2011

PROPOSTA PROÍBE CONTRATAÇÃO DE CABOS ELEITORAIS


Está tramitando na Câmara dos Deputados projeto de lei 8040/10, do ex-deputado Arnaldo Madeira que proíbe a contratação de cabos eleitorais.
Talvez seja por esse tipo de pensamento que o até então Deputado, tenha se tornado ex.
Com a legislação vigente, as campanhas eleitorais foram obrigadas a contatar oficialmente seus cabos eleitorais e fazer folha de pagamento com recolhimento de tributos e tudo o mais.
O ex-deputado argumenta que: “as eleições viraram um negócio, e o voto um produto a ser comercializado. Para gerenciar esse negócio, afirma Madeira, nasceu à figura do cabo eleitoral, que recebe de acordo com o número de votos angariados. “Por isso, ser cabo eleitoral no Brasil virou profissão sazonal”, critica.
Segurar bandeira, colocar e retirar placas das ruas, carregar e distribuir panfletos, operacionalizar a campanha e garantir um emprego, mesmo que seja sazonal (assim como o é no natal) para o ex-deputado é angariar votos e influenciar o eleitor.
Cada vez mais eu me convenço de que muitos dos deputados eleitos não conhecem nem as campanhas eleitorais que participam, pois, com certeza outros organizam e operacionalizam para eles, pois se conhecessem e já tivessem colocado a mão na massa não iriam propor o fim de quem realmente trabalha em campanhas eleitorais e que tem a oportunidade de aumentar sua renda através de um trabalho limpo e honesto.
Para Madeira, o fim da "mercantilização do voto" assegurará a vivência de uma democracia plena. “O sistema vigente repudia a compra do voto, mas permite a sua influência pelo cabo eleitoral”, aponta.
Influencia do cabo eleitoral? Será que o nobre ex-deputado se dignará a segurar bandeira nas ruas, ou irá à praça pública distribuir panfletos com suas propostas de trabalho?
Outra questão colocada pelo ex.
Democracia plena? Como chamar de democracia plena um país que tem o voto como obrigação e não como direito? Enquanto continuarmos com o voto obrigatório não poderemos nunca chamar o Brasil de “democracia plena”
Mas nosso ex-deputado faz uma ressalva com relação aos cabos eleitorais não remunerados, que, segundo ele, “influenciam não pelo poder da moeda, mas pelo poder da palavra” e devem continuar a existir.
Então o problema não está na influencia e sim na remuneração de quem trabalha?
Quanta incoerência em tão pouco espaço.
O que os nossos nobres representantes querem, no frigir dos ovos, é que se trabalhe de graça para eles, carregando bandeiras, distribuindo planos de governo e parlamentar, carregando pacotes em comitês e andando em veículos velhos para colocar os cavaletes nas ruas e depois retira-los.
Em troca meu querido cabo eleitoral você ganha um sincero: Muito obrigado.

segunda-feira, 7 de março de 2011

A MÍDIA DEVE DECLARAR APOIO A CANDIDATO?

Apoio político. Declarar ou não
http://portaldacomunicacao.uol.com.br/graficas-livros/38/artigo209251-1.asp
O que pensam os editores sobre a mídia assumir o candidato ou manter a isenção

Aprendeu-se na faculdade que a imparcialidade é a base para a credibilidade e a qualidade do texto jornalístico. Veículo que é sério pratica essa lição. Quando o assunto é política em tempo de eleição, entretanto, vale o velho dito popular "toda regra tem sua exceção". Está aí uma questão que ainda causa certo mal-estar entre os editores, pois, embora o apoio político aconteça, muito raramente é assumido pelos veículos.
"O problema não é apoiar um candidato, mas a falta de clareza que vemos aqui no Brasil. O leitor é desinformado e os veículos mentem, falta honestidade. Exemplos de apoio velado não faltam", aponta Mino Carta, diretor da revista CartaCapital (Ed. Confiança), lembrando da campanha que elegeu Fernando Collor, em 1989. "A Veja até inventou a expressão 'Caçador de marajás'. O jogo está aí, mas não assumido. O Serra é o candidato de hoje, assim como foi o Alkmin, em 2006, o Serra, em 2002, o Collor, em 89. Nesse ponto, acho o Estadão mais claro. Todo dia solta editorial para atacar o Governo Lula. É mais assumido", avalia.
Se, dizem, futebol e religião não se discute, política é gosto popular. Todo mundo tem uma colocação a fazer e - especialmente na forma de conduzir a cobertura - a conversa vai longe. Pelo menos, até o presente momento, as opiniões divergem. "Embora a posição oposta também possa ser legítima, a Folha mantém uma tradição de apartidarismo, e não apóia candidatos", afirma Otávio Frias Filho, diretor de redação da Folha de S.Paulo.
"Apenas nos editoriais", enfatiza Heródoto Barbeiro, jornalista da rádio CBN e da TV Cultura, que, com essa ressalva, é a favor do apoio declarado de um veículo a um candidato . "E o apoio explícito em editorial é uma informação a mais para o leitor poder ver se esse veículo está sendo isento; por exemplo, pelo tratamento dado aos demais candidatos", resume. Conteúdo jornalístico isento, com todas as informações com as quais as pessoas poderão formar suas próprias opiniões. O argumento é endossado por Ricardo Kotscho, diretor-adjunto e repórter da revista Brasileiros, e autor do blog Balaio do Kotscho. "Não existe neutralidade ou imparcialidade, então é importante um veículo informar sua posição em editorial", justifica.
Para Frias, embora haja "deslizes aqui e ali", de maneira geral a cobertura política realizada pelos principais jornais diários brasileiros é isenta e equilibrada. "O Globo parece-me menos isento, ao menos no que diz respeito à política carioca. Já a Veja tem um viés político tão explícito e ostensivo, que compromete sua isenção", analisa

Maturidade política
Nos Estados Unidos, esse apoio é já tradicional. Em 2008, dois dos mais importantes jornais norte-americanos - o The New York Times e The Washington Post -defenderam em editorial candidaturas à presidência dos Estados Unidos. O The New York Times assumiu claramente sua preferência por Barack Obama. O Brasil tem poucos exemplos: a CartaCapital apoiou o candidato Lula nas duas últimas eleições presidenciais, em 2002 e 2006; nos anos 90 o Estadão e o Jornal da Tarde defenderam Mário Covas e Marta Suplicy, que disputavam o governo e a prefeitura de São Paulo, respectivamente. A revista Trip (Trip Editorial) trouxe a então candidata a vereadora Soninha Francine na capa da edição 125, com a chamada A Trip Vota Nela.
"Demonstrar o apoio político não quer dizer não praticar o bom jornalismo. É possível mostrar uma posição sem, com isso, deixar de ouvir todos e relatar, sem preconceito e atitudes preestabelecidas. Em outros países é diferente. A Argentina trata melhor da cobertura política. Lá, você vê posturas diferentes", compara Carta. O caso, prossegue, é que aqui existe uma implacável defesa do poder, desde o Golpe de 64. A defesa de 64. "Temos histórias da censura mal contadas até hoje. A imprensa brasileira não dizia Golpe, dizia Revolução. Não faltam passagens para contar."

A lei em TV e rádio
A concessão, no caso de TV e rádio, impõe aos meios a proibição expressa de opiniões sobre candidatos. Mesmo se não houvesse essa restrição legal, a Rede Globo, por meio da Central Globo de Comunicação, afirma que não apoiaria abertamente uma candidatura. No entanto, poderá: "Apesar disso, a emissora considera que o dispositivo legal atenta contra a liberdade de expressão, e que a decisão de apoiar ou não candidatos, com o ônus ou o bônus que isso acarreta, deveria caber a cada emissora, segundo seus valores, como ocorre nas democracias consolidadas".
Para Frias, uma concessão - caso da TV - deve adotar a postura de isenção política. "Jornais, revistas e sítios eletrônicos, que se situam na esfera da sociedade civil, e não do Estado, em minha opinião, devem ser totalmente livres nesse aspecto", defende o diretor de redação da Folha de S.Paulo.
Marion Strecker, diretora de conteúdo do portal UOL, considera ser mais difícil produzir jornalismo independente quando há apoio político declarado. "Nesse caso", ela diz, "o veículo precisa levar muito rigorosamente a sério seu espírito crítico para garantir aos repórteres a independência necessária para exercer a investigação jornalística, e garantir aos editores poder publicá-la, independentemente do partido político tomado por ele". Kotscho rebate: "Em uma redação, todo mundo sabe naturalmente quem os controladores do veículo apoiam, somente quem não tem essa informação é o público."
Marion vê na TV aberta o maior potencial de manipulação da opinião dos eleitores. "É o veículo que atende gratuitamente a quase totalidade da população do país, sem interatividade nem participação ativa da audiência, e tem o maior poder de mexer com as emoções do eleitor."
Alguns casos se tornaram notórios da influência da mídia em eleições. Um dos mais célebres aconteceu em 1989. A edição do último debate entre Collor e Lula, nos telejornais da Rede Globo, foi considerada favorável ao primeiro candidato, e decisiva em sua vitória.

O papel da internet
Será extremamente relevante o papel desempenhado pela internet nas campanhas preparadas para as eleições desse ano, pelos principais candidatos e partidos. E, diferentemente de anos anteriores, quando a legislação relegava-a a papel quase decorativo, ela agora poderá ser aproveitada em algumas de suas mais dinâmicas possibilidades, como email marketing, redes sociais, blogs, instant messengers, e mesmo para solicitação e recebimento de doações. Partidos e políticos não poderão realizar propaganda paga na internet. Já aqueles que se sentirem prejudicados por informações veiculadas na web poderão solicitar direito de resposta.
A importância atribuída à internet nas próximas eleições pode ser avaliada pela contratação - ainda não confirmada oficialmente, mas já noticiada pela mídia -, de Ben Self, coordenador da vertente digital da campanha que elegeu Barack Obama à presidência dos Estados Unidos, para a equipe de campanha da candidata Dilma Roussef. Dono da agência Blue State Digital, além de mobilizar imensos contingentes de eleitores em torno dessa candidatura, via mídias digitais, Bem Self arrecadou aproximadamente US$ 500 milhões, fundamentais para o custeio da campanha de Obama.
No Brasil, a participação da web nas verbas de campanha, em 2010, deverá situar-se entre 9% ou 10% do total, prevê Carlos Manhanelli, diretor da consultoria de marketing e comunicação política Manhanelli Associados, e presidente da Associação Brasileira de Consultores Políticos. Segundo ele, a internet ainda não será utilizada em escala muito ampla, por ser a primeira experiência de utilização de suas diversas possibilidades no marketing eleitoral.
Além disso, prossegue Manhanelli, a realidade brasileira é diferente da norte-americana. Lá, as campanhas duram um ano - começam nas chamadas eleições primárias, nas quais os partidos políticos escolhem seus candidatos -, e aqui abrangem apenas três meses. "Tempo talvez insuficiente para o público acostumar-se ao uso desse meio. Mas a internet pode ser uma ferramenta muito eficaz de comunicação política, pois ela e o telefone constituem as únicas alternativas de comunicação interativa", aponta.