quinta-feira, 27 de maio de 2010

Na era virtual, Dilma, Marina e Serra apostam no rádio durante a pré-campanha

Jornal "O Globo"
País

Eleições 2010
Publicada em 26/05/2010 às 21h57, Silvia Amorim


SÃO PAULO - Na era dos blogs e das redes sociais da internet, a corrida por popularidade tem levado os pré-candidatos à Presidência da República a recorrerem ao tradicional rádio para marcar suas posições junto ao eleitorado. Esta quarta-feira foi mais um dia em que José Serra (PSDB), Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PV) dedicaram espaço privilegiado em suas agendas para entrevistas a emissoras de todo o país. Desde abril, os três juntos já participaram de pelo menos 53 programas, o que dá uma média de uma "aparição" por dia de um dos presidenciáveis nessa mídia.
A ofensiva não é por acaso. Os programas de rádio são considerados pelas campanhas um canal estratégico para alavancar o potencial eleitoral dos pré-candidatos. A preferência é sempre por emissoras populares e de grande audiência, que têm uma penetração maior junto ao eleitorado que está fora dos grandes centros. Nessas oportunidades, Serra, Dilma e Marina exploram suas plataformas principalmente na área social. Temas como a continuidade do Bolsa Família são obrigatórios. Serra foi quem participou de mais programas
Nesta quarta, Dilma fez uma maratona midiática. De manhã,
a petista deu entrevista a programas nas rádios Record e Tupi, em São Paulo , e, à noite, participou do jornal SBT Brasil . Serra cancelou visita a Gramado (RS) e foi para o Rio para dar uma entrevista à Rádio Globo . Marina dedicou o fim de tarde a um programa na Rádio Bandnews , em São Paulo.
Há uma diferença, entretanto, sobre o que move cada um dos presidenciáveis a se lançar nessa incursão. Serra, por exemplo, usou as rádios para se tornar mais popular no Nordeste e, com isso, amenizar a fama de ser um candidato dos centros urbanos. Já Dilma recorreu ao rádio para se fazer conhecer como candidata do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Marina também se lançou à empreitada para se tornar mais conhecida.
" Enquanto não tem campanha oficialmente, as rádios são o único caminho para falar com esse segmento mais popular da população e que é maioria do eleitorado "
Em geral, as campanhas aproveitam as visitas aos estados para fazer essa ofensiva. Mas isso não impede os pré-candidatos de fazerem participações à distância.
Serra é, por enquanto, o campeão em entrevistas. Esteve, pelo menos, em 21 programas conversando com ouvintes da Bahia, Paraíba, Pernambuco, Natal, Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Marina fez 18 e Dilma, 13.
- Enquanto não tem campanha oficialmente, as rádios são o único caminho para falar com esse segmento mais popular da população e que é maioria do eleitorado - analisa o presidente da Associação Brasileira de Consultores Políticos e professor da Universidade de Salamanca em Comunicação Política, Carlos Manhanelli. "Busca mais violenta" nesta eleição, diz consultor
Com o início oficial das eleições, em julho, acredita o consultor, a procura pelas rádios tende a arrefecer. Um dos motivos é o rigor da legislação eleitoral para rádio e TV. Outra razão é que a agenda dos candidatos acaba ficando mais carregada. Além disso, tem a veiculação do horário eleitoral na TV e no rádio a partir de agosto. Embora em toda eleição a procura por programas de rádio ocorra, Manhanelli vê neste eleição uma procura maior:
- Acredito que agora há uma busca mais violenta, talvez porque esteja havendo uma fiscalização mais rigorosa entre os partidos da postura dos pré-candidatos nos eventos públicos.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Ciência explica por que, no voto, emoção pesa mais que razão

Descoberta de pesquisas nos EUA de que escolha do candidato não é racional impõe questionamento sobre sentido da ideia de democracia representativa

HÉLIO SCHWARTSMANDA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Como o eleitor escolhe seus candidatos? A resposta, já há tempos intuída por políticos e marqueteiros e que agora ganha apoio da neurociência, é que, na definição do voto, emoções são significativamente mais importantes que a razão.Experimentos conduzidos nos EUA pelo psicólogo Drew Westen mostram que, com base apenas em questionários de cinco minutos sobre os sentimentos das pessoas em relação a certos temas, é possível prever com 80% de acuidade a resposta que elas darão a perguntas bastante precisas, como "o presidente mentiu ou disse a verdade?", "a Constituição autoriza ou não a adoção da medida proposta pelo governo?".Enriquecer esse modelo com conteúdos mais propriamente racionais, considerando também informações sobre a situação em que o presidente teria mentido, por exemplo, tem impacto negligenciável nas previsões, que ganham apenas entre 0,5 e 3 pontos percentuais de precisão. Em outras palavras, a realidade é só um detalhe para o eleitor, que raramente muda sua opinião em virtude de fatos que lhe sejam apresentados.As implicações dessas descobertas, que vão ganhando atenção crescente dos departamentos de psicologia e ciência política nos Estados Unidos, não são triviais. Se o voto não é o resultado de uma escolha racional e ponderada do cidadão -e poderia, em princípio, ser substituído por um teste de personalidade-, a ideia da democracia representativa continua a fazer sentido?LivrosQuestões como essa estão bem sistematizadas em dois livros lançados nos EUA. Em "The Political Brain" (o cérebro político), de 2007, Westen, hoje na Universidade Emory, dedica 500 páginas a recapitular experimentos que esmiúçam o comportamento do eleitorado e a mostrar as estratégias que costuma dar certo em campanhas.No outro, "The Political Mind" (a mente política), o linguista e cientista cognitivo George Lakoff usa 300 páginas para explicar por que os cérebros de conservadores e progressistas funcionam de forma diferente (e inconciliável).Mirando alto, Lakoff, hoje na Universidade da Califórnia em Berkeley, aproveita o livro para advogar pela fundação de um "novo iluminismo", no qual a razão deixaria de ser idealizada como uma máquina de calcular objetiva e desapaixonada e passaria a ser considerada como o que de fato é: um processo bem menos razoável, no qual 98% das "decisões" ocorrem inconscientemente e sob influência de emoções que nem sequer desconfiamos possuir."Frames"O cérebro político pensa em termos de "frames" (enquadramentos) e metáforas. Podemos chamar um grupo armado que lute por uma causa determinada de "terroristas" ou de "combatentes da liberdade". E isso faz toda a diferença."Frames" são mais que etiquetas ideológicas que pregamos a objetos. A capacidade dos neurônios de se conectar em redes que podem ser ativadas por contiguidade semântica faz com que as palavras escolhidas tenham o dom de comunicar sentimentos. Sem nos dar conta, sempre que lemos a palavra "terror", sensações de angústia e medo são acionadas. De modo análogo, a palavra "liberdade" dispara estímulos positivos.Experimentos de Westen mostraram que a ativação dessas redes, embora inconsciente, influencia fortemente as nossas decisões.Assim, os embates políticos não se resolvem tanto no plano das propostas, mas principalmente das narrativas que partidos e postulantes escolhem para contar suas histórias e transmitir seus valores. Devem constituir uma história fácil de contar e que fale ao cérebro emocional do eleitor.Especialmente para Lakoff, metáforas são muito mais que um recurso linguístico para explicar ideias. Elas são a matéria-prima do pensamento e têm existência física no cérebro. Pares de ideias frequentemente disparadas juntas acabam se consolidando numa rede neuronal que se torna mais forte à medida em que vai sendo mais utilizada.Sempre que uma conexão é ativada, ela inibe o acionamento de redes alternativas que possam existir. O viés do militante em favor de seu partido não é necessariamente mau-caratismo (veja quadro). Ele de fato percebe o mundo de forma menos objetiva.ModeraçãoA questão que fica é: a democracia ainda para em pé? Num quadro em que as decisões dos eleitores são principalmente fruto de uma combinação de propaganda subliminar com estímulos consolidados ao longo dos primeiros anos de vida, faz sentido determinar o destino da nação através do voto?A resposta é afirmativa. Antes de mais nada, nem todo mundo é um militante radical e nem todas as questões debatidas são politicamente explosivas. Um número significativo de pessoas não é tão veemente em suas convicções políticas e adota visões de mundo ora conservadoras, ora progressistas dependendo do assunto. É em geral esse contingente que acaba definindo o resultado de eleições. Não deixa de ser uma virtude da democracia que os destinos de um país sejam definidos pelos mais moderados.Outro ponto é que, embora seja difícil contornar conexões neuronais já consolidadas, não é impossível. Discursos que ofereçam "frames" alternativos e explicitem os processos mentais em operação podem levar o eleitor a mudar de ideia, constituindo uma forma legítima de persuasão política.Apesar de as democracias modernas terem sido concebidas por filósofos iluministas que as moldaram segundo uma concepção de razão que hoje sabemos falsa, o fato é que há mais de 200 anos elas vêm se mostrando um sistema bastante funcional, capaz na maioria das vezes de autocorrigir-se.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Historia do Marketing Eleitoral 2

Um pouco mais da historia do MKT Politico Eleitoral nesse belo texto de Nelson Valente.

Em 1960, o que era moderno e eficaz na campanha para a Presidência da República, como o rádio e os aviões DC 3, tornou-se obsoleto ou ultrapassado na campanha de hoje. Na era das telenovelas, telepropaganda, telejornal, Internet, televangelismo, o avanço tecnológico propiciado pela modernização do país, produziu a figura do telepolítico, personagem central das campanhas conduzidas, dirigidas pela televisão.
Noventa anos depois da primeira disputa entre candidatos a Presidente do Brasil – Hermes da Fonseca e Rui Barbosa em 1910 – o País elegeu um novo telepresidente: Fernando Collor de Mello.
Dos lombos de burro, cavalgados pelo presidenciável João Pessoa na campanha de 1929, aos jatinhos executivos usados pelos candidatos de hoje em seus deslocamentos de campanha, muita coisa mudou. O prodigioso desenvolvimento dos meios de comunicação, ao longo do século XX, modificou todo o ambiente político. O contato entre líderes políticos e sua base, a relação dos cidadãos com o universo das questões públicas e mesmo o processo de governo sentiram, e muito, o impacto da evolução tecnológica da mídia.
Já no começo do século, fez-se notar a presença do rádio, secundado pelo cinema, que se mostrou um importante instrumento de propaganda. Os novos meios exigiam novos tipos de políticos, que soubessem como utilizá-los. Cada um à sua maneira, Franklin Roosevelt, nos Estados Unidos, e Hitler, na Alemanha, tornaram-se símbolos da política da era do rádio. (Assim como Hollywood e a UFA berlinense representaram duas formas diferentes de aproveitamento político do cinema.)
Mas o meio dominante, desde que surgiu, e que por enquanto não parece ser desafiado pelas novas tecnologias, é a televisão. Ela revolucionou nossa percepção do mundo, em especial do mundo social e,dentro dele, da atividade política. Disputa eleitoral e República não nasceram juntas. Campos Sales (em 1898), Rodrigues Alves (1902) e Afonso Pena (1906), os Presidentes que vieram após os patriarcas Deodoro e Floriano, se elegeram sem fazer força.
Nada de campanha, nada de batalhar voto nas ruas. A disputa lembrava mais as eleições indiretas do período militar, movidas a acordos e influências internas. O primeiro embate eleitoral, de verdade, colocou em campos opostos Hermes da Fonseca e Rui Barbosa em 1910. Conhecido como bom de oratória, é provável que, se a comunicação eletrônica já existisse na época o Águia de Haia tivesse sido melhor sucedido. Rui Barbosa fechou seu escritório de advocacia no Rio e mergulhou na campanha, percorrendo os Estados do Rio, São Paulo, Minas Gerais e Bahia, utilizando-se de trem, vapor e até canoas.
Sua campanha constou de 8 conferências e 15 discursos. Todo este tour de force, entretanto, não foi suficiente para derrotar Hermes da Fonseca, que preferiu ficar no Rio, costurando acordos e trabalhando as bases na capital federal, vencendo por 200 mil votos.
O político e erudito baiano não se conformou e voltou a tentar a presidência anos depois, desta vez disputando com Epitácio Pessoa. Mas havia alguma coisa nele que não cativava as massas e Rui amargou nova derrota depois de percorrer os mesmos estados. Conseguiu 120 mil votos contra 300 mil de Epitácio Pessoa, numa réplica da eleição anterior.
Os anos vinte também não premiaram os candidatos de melhor campanha. Embora Nilo Peçanha tenha fretado um navio para percorrer o norte do País em busca de votos – ampliando o raio de ação dos candidatos presidenciais que se limitava, até então, ao eixo Rio-Salvador – foi Arthur Bernardes quem ganhou as eleições. Mais uma vez, venceu quem se manteve mais próximo ao Distrito Federal, maior colégio eleitoral da época.
Campanha mesmo, para incendiar os ânimos da população e provocar algo parecido como o que temos hoje, só veio acontecer mesmo nas eleições de 1929. A intensa polarização entre Getúlio Vargas, candidato da Aliança Liberal, e o situacionista Júlio Prestes (apoiado pelo Presidente Washington Luís), que ganhou mas não levou, acendeu a paixão política do País – levando-o, em seguida, à Revolução de 30 – e teve no rádio um aliado importante, ainda que embrionário.
O então Presidente da Paraíba, João Pessoa, cogitado para vice-Presidência da República na chapa de Getúlio, foi assassinado por um desafeto no calor dos acontecimentos políticos, quando tomava um sorvete na Confeitaria Glória, no centro do Recife, dando uma boa medida do clima passional que cercava a sucessão.
Como contribuição às campanhas políticas, a eleição de 29 introduziu, entre outras novidades, os grandes comícios, como o que Getúlio Vargas realizou na Esplanada do Castelo, no Rio, na época uma grande área vazia. Mesmo tendo perdido as eleições – teve 700 mil votos contra 1,5 milhão de Júlio Prestes, em resultado até hoje contestado, que pode ter inaugurado as fraudes eleitorais –, Getúlio inovou na campanha, imprimindo cartazes, usando o rádio com desembaraço e patrocinando a marchinha mais popular, entre os jingles que também aportavam pela primeira vez no cenário eleitoral.
Escrita e interpretada por Lamartine Babo, a marchinha Gegê (Seu Getúlio) se sobrepunha ao Hino a João Pessoa, ao Hino a Juarez (homenageado o candidato menos votado, Juarez Távora) e à satírica Bico-de-Lacre não vem, em que Oswaldo Santiago usava o apelido do candidato governista Júlio Prestes para expô-lo ao ridículo.
A partir de 1945, o rádio passou a exercer papel decisivo nas eleições e, na bancada Constituinte de então, já constavam vários locutores, guindados à Câmara Federal pelas ondas médias do rádio.
A campanha de 50/51 inaugurou a presença do locutor oficial nos comícios, que viria a ser difundida nas eleições posteriores, desde que Getúlio Vargas – eleito em 51 – adotou o radialista Dalwan Lima, da cidade de Campos, no Estado do Rio, como locutor oficial da presidência. O mesmo Dalwan notabilizou-se como locutor dos comícios de Juscelino Kubitschek na campanha de 1955 que, vitorioso, também o empregou como locutor. Dalwan, um nome que se tornou célebre na história das campanhas do no 50, também subiu aos palanques na campanha de 1960, quando Juscelino tentou como pôde eleger o Marechal Henrique Lott como seu sucessor.
Com a vitória e a posterior renúncia de Jânio Quadros, o locutor campista só retornou ao governo no período João Goulart, desta vez como assessor de Imprensa da presidência, dando uma demonstração da força do rádio nos acontecimentos políticos da época.
Se os cientistas políticos tendem a restringir a importância da mídia, os estudiosos da comunicação costumam, como observou Jânio da Silva Quadros, exagerá-la, a ponto de julgar que a política, totalmente dominada pela lógica dos meios, tornou-se um mero espetáculo entre outros. A mídia eletrônica, sobretudo a TV, rompeu a segmentação de públicos própria da mídia impressa e contribuiu para redefinir as relações entre mulheres e homens, crianças e adultos, leigos e especialistas.
Aprofundou as transformações no discurso político, de certa maneira unindo o sentimento de intimidade, transmitido pelo rádio, com o apelo imagético próprio do cinema.
A campanha de 50/51 também consolidou as grandes excursões pelo país, o corpo-a-corpo pelo voto, o envolvimento dos candidatos com os eleitores os grandes centros e pequenos vilarejos.
O avião se insere como meio de transporte na caça ao voto e os candidatos são vistos, cruzando os céus da pátria em minúsculos teco-tecos e em modernos Super Convair.A aventura aérea – frequentemente por rincões onde os aeroportos eram simples campos de terra – salpicou a campanha de 1955 e também a de 60 – de lances emocionantes, que variavam do risco real ao anedótico, em que o mais marcante parece ter sido a capotagem que o teco-teco que levava o candidato Adhemar de Barros sofreu ao tentar o pouso em uma pista de barro em Jacarezinho, no norte do Paraná.
O monomotor acabou embicado na pista com a cauda para o ar, como que plantando bananeira), mas o candidato saiu ileso, apenas com um corte na testa. “Só o peru morre na véspera”, declarou Adhemar aos jornais, na ocasião do acidente. Depois disso, ainda percorreu 52 mil quilômetros e amargou mais duas panes de avião, uma em Mato Grosso e outra na Bahia. Nem assim venceu as eleições.
A campanha de 1955 registrou ainda, outro acidente envolvendo, desta vez, o candidato integralista Plínio Salgado, que a caminho de um dos seus 320 comício para eleger-se Presidente, capotou como carro no interior de São Paulo, fraturando o nariz.
Em 1960, foi a vez do marechal Lott fraturar uma perna no desabamento de um palanque em Minas Gerais.
O candidato udenista Juarez Távora, maior adversário de Juscelino na campanha de 1955, percorreu ao longo de 100 dias, 35 mil quilômetros de avião, trem e automóvel para visitar 315 cidades, a um custo de 15 milhões de cruzeiros. Mas a campanha mais instigante foi a de Juscelino.
Começando por Jataí, em Goiás, quando instado por um popular, comprometeu-se a transferir a capital para Brasília, o candidato da coligação PSD/PTB realizou 293 comícios, fez 1.215 discursos, visitou 274 cidades, perfazendo o total de 382 horas de vôo. Juscelino, durante a campanha, utilizou três aviões, atravessando o País e estabelecendo dois recordes para vôos diretos de longa distância: de Manaus a Anápolis, e de Belém a Belo Horizonte. Foi eleito em 3 de outubro de 1955 com 3 milhões de votos ou 33,8% do total.
Cinco anos depois, na campanha de 1960, Jânio Quadros, Henrique Lott e mais uma vez, Adhemar de Barros continuaram os longos corpo-a-corpo pelo país disputando um eleitorado estimado já em 15 milhões de pessoas. Uma novidade foi introduzida por Jânio – que acabou vitorioso por esmagadora maioria: o Trem da Vitória, que percorreu São Paulo de ponta a ponta com o candidato a bordo.
Em cada estação do estado que já era, então, o maior colégio do país, o trem parava e o candidato realizava um minicomício, empolgando as multidões.
A disputa de 1960 introduziu a televisão na campanha – ainda que timidamente como o rádio em 1929 –, mas foi a precursora da parafernália de propaganda eleitoral que influenciou todos os pleitos da idade eleitoral moderna: cartazes a cores, faixas, objetos de campanha (escudos, vassouras, espadas, plásticos, botões etc.).
Na área do jingle político, a campanha do candidato a vice, João Goulart do PTB, produziu na voz do sambista Jorge Veiga, a mais célebre e popular marchinha eleitoral da história do Brasil. O candidato elegeu-se e ficou provada a eficiência do marketing político nas campanhas modernas sob a égide decisiva da mídia eletrônica.
O símbolo da vassoura, que levou Jânio Quadros ao Planalto na mesma eleição, sinalizou também para os políticos que, a partir dali, além de plataformas de governo, repertório de promessas e qualidades pessoais, eles teriam que com um aliado novo e fundamental na conquista do voto: o profissional de propaganda e marketing.
O que os políticos e nem o Brasil podiam imaginar, era que as diretas seriam desativadas pelo golpe militar de 1964 e os especialistas em marketing aguardariam 29 anos para por em prática suas técnicas.
Em 1964, Jango foi deposto e os militares assumiram o poder, nele permanecendo 28 anos. A revolução foi incruenta em seus primeiros momentos, mesmo assim, as tropas do Exército cercaram o Congresso para impedir a reação dos representantes do povo.
Uma vez no governo, os militares consolidaram a posição de Brasília como capital federal, tornando-a irreversível. Numa cerimônia que em certo sentido colocou o ponto final no regime discricionário, em abril de 1985, em meio à dor do povo brasileiro, Brasília fez o velório do Presidente Tancredo Neves. Ele não chegara a tomar posse, mas sua eleição representava o retorno à vida democrática do país.Em março de 1990, depois de fulminante campanha eleitoral em dois turnos, Fernando Collor de Mello se empossa na Presidência da República para reiniciar a tradição dos Presidentes eleitos diretamente pelo povo. Ninguém pode fugir à História. Clara ou oculta, essa “senhora”, está presente em todos os nossos dias. Sempre considerado importante. Não só ela mas também esse cavalheiro, mais misterioso ainda, sem o qual ela não poderia existir: o Tempo.


terça-feira, 18 de maio de 2010

QUANDO COMEÇOU O MKT POLÍTICO NO BRASIL?


PROF. CID PACHECO O COMEÇO DE TUDO

Este texto é uma transcrição da conferência de João Moacir de Medeiros no I Seminário "Voto é Marketing?" da UFRJ, 1992 repassada no Curso de Marketing Político e Eleitoral por Carlos Manhanelli. que foi contada a ele pelo Prof. Cid Pacheco que na época era estagiário na JMM e fez parte desta campanha. Vale dizer que João Moacir de Medeiros tem trajetória marcante na história da propaganda brasileira. Fundou em 1950 - e dirigiu por 40 anos a JMM Publicidade, uma das mais importantes agências nacionais. "Vou contar uma história que se tornou a primeira campanha de Marketing Político no Brasil. Em 1954, dois candidatos polarizavam a disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte: Amintas de Barros, pelo PSD e Celso Azevedo, pela UDN. Foi o ano do suicídio de Getúlio Vargas, que estava em plena glória, mas também em pleno combate, um ano marcado por grande comoção política. Juscelino Kubitschek, na época governador de Minas, também estava em plena glória. Amintas de Barros era tido como imbatível por ser o candidato de Juscelino e de Getúlio.A UDN resolveu lançar outro candidato. Então, fui chamado pelo Magalhães Pinto, que me fez um pedido com ceticismo: "Veja que propaganda você pode fazer para o Celso não perder muito feio..."Celso Azevedo tinha também o apoio de um pequeno partido, o PDC, Partido Democrático Cristão. A eleição ia acontecer em um prazo de cinco semanas.Restou-me a improvisação. Eu nunca dispensei a pesquisa porque sempre fui um repórter. Procurei alinhar as informações a respeito do Celso Azevedo. Ele era um jovem engenheiro de 40 anos, nunca havia ocupado cargos públicos e era muito tímido. Sabia fazer as coisas, mas não sabia falar em público. Era um homem de bem, o currículo dele podia ser resumido nisto. Amintas de Barros era um político populista do velho estilo, gostava de tomar uma "cachacinha" como o povo, uma pinga mineira; orador inflamado; brilhante criminalista e uma figura muito conhecida em Belo Horizonte, principalmente por suas participações nos júris populares. Dizia-se, então que Amintas não podia perder. Tinha o apoio de JK e de Getúlio, num ano marcado pelas campanhas contra o golpe. E tinha o apoio do PSD mineiro, talvez um dos partidos mais fortes da história brasileira e do PTB de Vargas. O que podia fazer Celso Azevedo?Eu perguntava às pessoas um pouco "mineiramente": "Escuta aqui, eu sou de fora, estou de passagem, sou um caixeiro viajante. Estou ouvindo falar da eleição, da campanha ... Me fala aí, quem você acha que vai ganhar?" Diziam: "Tem o Amintas de Barros, esse é o certo. Tem também um outro para fazer páreo." Depois apareceu um outro candidato, mas não teve importância. Conseguimos polarizar a eleição entre Amintas de Barros e Celso Azevedo. Descobrimos, numa pesquisa, que Belo Horizonte nunca havia tido um prefeito natural da cidade. Portanto, seria o primeiro filho de Belo Horizonte a governar sua cidade natal. Era o lado que poderia ser explorado do ponto de vista emocional. Nós procuramos tirar partido daí. Uma pesquisa entre o povo - com os motoristas de táxi e os barbeiros, que eram fontes de informação - me levou à seguinte conclusão: a única qualidade de Celso Azevedo que podia ser explorada, era o fato de ele ser um engenheiro. Eu perguntava às pessoas: "Esquecendo o nome, esquecendo o candidato, você escolheria entre um político, que é um advogado brilhante, ou um engenheiro? Quem você acha que pode resolver os problemas da sua rua, do seu bairro, da sua cidade?" A maioria das pessoas respondia que preferia o engenheiro. Nós chegamos à conclusão que, numa eleição, as pessoas estão interessadas sobretudo na sua rua, no seu bairro, na sua cidade. O aspecto partidário, as ligações ideológicas, nada disso tem importância. Então eu imaginei que as pessoas tinham que decidir entre um engenheiro, que podia resolver os problemas da cidade, os problemas do bairro, e um político. Posso dizer que essa foi a primeira campanha de posicionamento: o engenheiro de um lado, o político de outro.A campanha ocorreu em três semanas. Fizemos uma série de anúncios. O primeiro deles dizia: "Os problemas de Belo Horizonte são problemas seus, mas são problemas técnicos. Confie sua solução a um técnico, a um engenheiro, a um homem capas: Celso Azevedo". Esse era o termo fundamental da campanha. Descobriu-se também que o povo tinha aspirações muito concretas. Então, a nossa proposta ao Celso foi que ele não fizesse promessas muito grandes, que a campanha girasse em torno de algumas propostas aceitáveis: o povo não gostava de grandes promessas, porque elas perdem credibilidade.Ele concentrou sua plataforma em torno de dois itens: o problema de transporte coletivo para os bairros mais distantes e o problema de calçamento de algumas ruas. Com calçamento, o transporte poderia chegar mais longe. Mas não era calçamento de asfalto! Ele ia para os bairros, fazia pequenas reuniões e explicava como calçar aquela rua com pé-de-moleque - um sistema anterior ao paralelepípedo, que os escravos mineiros adotavam no calçamento das velhas cidades. Se o transporte não chegava porque não havia uma ponte, ele fazia uma exposição simples de quantos sacos de cimento, quilos de ferro, vergalhões, e de quanto tempo de trabalho seriam necessários para construir aquela ponte. Ele ganhava credibilidade do eleitor mostrando que sabia fazer as coisas, que sabia resolver os problemas.O resultado dessa campanha foi realmente inesperado. Ela teve apoio no rádio com um jingle que se tornou extremamente popular. Ele tinha uma letra criada por mim e musicada pelo Sinval Neto. Dizia assim: "O povo reclama com razão / minha casa falta água / minha rua não tem pavimentação / Mas não basta reclama, meu senhor / é preciso votar no prefeito de valor". Era uma letra simples, mas abordava exatamente uma coisa: que não bastava reclamar, era preciso votar, era preciso fazer uma escolha. Foi feito um programa de informação no rádio, convidamos o povo, não para os grandes comícios, mas para reuniões em que Celso mostrava como resolver os problemas sem discursos. Sem grandes discursos e sem grandes promessas; só aquelas em que o povo pudesse acreditar.De propósito, nós esquecemos o outro candidato. Achamos que devíamos fazer campanha a favor do Celso Azevedo e não contra o Amintas de Barros. Eu nunca ocupei o nosso tempo e a atenção do nosso ouvinte, do nosso eleitor, com histórias sobre o adversário. As histórias sobre o adversário sempre colaboram contra nós. Foi o esquema que deu certo.Diziam que Amintas não podia perder porque tinha o apoio de Getúlio Vargas no ano do seu suicídio. A eleição foi em outubro. Em julho, três meses antes da eleição, Vargas foi a Belo Horizonte e foi fotografado abraçado com Amintas de Barros. Em agosto, o presidente se suicidaria. O PSD mineiro e o PTB exploraram esse fato, lançando um folheto que mostrava a foto com a seguinte legenda: "Um voto no Amintas é uma pétala de rosa no túmulo de Getúlio". Isso era uma exploração sentimental enorme. E nós não podíamos combater Getúlio; ele estava morto!Para concluir, em três semanas de campanha, Celso Azevedo foi eleito por maioria absoluta. Quando Amintas se deu conta e quis reagir, já era tarde. Esta, em resumo, é a primeira de uma campanha de Marketing eleitoral.Na minha opinião, o voto é Marketing na medida em que você leva a mensagem do candidato ao conhecimento de muitos. Muitas vezes, o candidato é desconhecido de muitos; outras, uma de suas faces ou idéias é desconhecida. Então, é preciso projetar o candidato e tentar fazer com que suas idéias sejam focalizadas. O Marketing tem esse valor."

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Presidenciáveis encaram saia-justa no rádio popular

ENTREVISTA ESTADÃO
10 de maio de 2010 0h 00
Flávia Tavares, Angela Lacerda, Júlio Castro, Tiago Décimo e Carmen Pompeu - O Estado de S.Paulo

Um jornalista que chame um presidenciável de pé frio ou o atraia para uma saia-justa com perguntas maliciosas seria, muito provavelmente, evitado ao máximo pelos candidatos e suas assessorias. Mas, num período em que os políticos ainda não podem fazer propaganda e se dirigir sem intermediários ao eleitorado, a mídia é sua principal arma e os tais jornalistas "inconvenientes" são até procurados pelos pré-candidatos.
Quando os presidenciáveis viajam pelos Estados e têm o objetivo de se mostrar para o público local em programas de grande audiência falar com radialistas populares é parada obrigatória. É o caso dos jornalistas Eduardo Costa e Mônica Miranda, da Rádio Itatiaia, de Belo Horizonte. Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV) já passaram pelos microfones da emissora de maior audiência de Minas.
No início de abril, Dilma foi a Belo Horizonte determinada a reforçar a estratégia de se vincular à terra em que nasceu - e da qual se mudou em 1973, indo para Porto Alegre. A petista escorregou na "casca de banana" lançada pelos entrevistadores ao admitir a hipótese de o eleitorado mineiro optar por um movimento já batizado de "Dilmasia" - de votar em Dilma para presidente e no aliado de Aécio Neves (PSDB), Antonio Anastasia, para o governo. Detalhe: os então pré-candidatos do PT ao governo de Minas, Patrus Ananias e Fernando Pimentel, acompanhavam a ex-ministra no estúdio.
"Quando Dilma respondeu aquilo, percebi que ela tinha falado uma grande bobagem", disse a apresentadora. Costa e Mônica concordam num ponto: a petista e Serra estão se esforçando ao máximo para contrariar a impressão geral de que são pouco carismáticos.
Jogo de cintura. "Ir a programas populares, seja de rádio ou de TV, é a forma que os políticos têm de falar para um público que não assiste à TV Câmara ou à TV Senado", avalia Sirio Possenti, professor do Departamento de Linguística da Unicamp e especialista em análise do discurso. "A linguagem tem de se diferenciar para essa audiência. Se o político não consegue falar na toada do apresentador, pode ser tido como muito duro e sem jogo de cintura."
Na Rádio Itatiaia, Mônica tentou tirar Serra do sério ao lembrar a fama de pé frio do ex-governador no futebol e atribuir a ele a derrota do Cruzeiro na decisão da Taça Libertadores do ano passado - Serra assistiu ao jogo no Mineirão, ao lado do então governador Aécio Neves. O tucano, palmeirense fanático, reagiu com fleugma.
Para Eduardo Costa, a entrevista mais interessante foi a de Marina, que relatou sua história de vida. Mônica não concorda, mas lembra que a pré-candidata do PV foi a mais "paparicada" na rádio. "Como diz um amigo, quem vota na Marina é ambientalista e jornalista", provoca.
Em Pernambuco, o microfone obrigatório é de Geraldo Freire, "o comunicador da maioria". O programa é o Supermanhã, líder de audiência há 19 anos. A emissora é a Rádio Jornal de Pernambuco, a que "fala para o mundo". Com essas credenciais, Freire, 57 anos, 44 de carreira, não precisa de esforço para ser escolhido pelos presidenciáveis nesta fase de pré-campanha.
Em abril, ele entrevistou Serra e Dilma. Amigo do presidente Lula, ouviu dele, no ar, em uma de suas visitas ao Estado que "quem vem a Pernambuco e não vem ao programa do Geraldo Freire, não vem a Pernambuco". Pelo microfone de Geraldo já passaram personalidades políticas como Tancredo Neves, Mário Covas, Ulysses Guimarães e Fernando Collor.
Bom relacionamento. Irreverente, Geraldo fala palavrão no ar e não poupa ninguém. Ele sempre declara seu voto depois de cada eleição, o que nunca o impediu de ter bom relacionamento com políticos de todos os matizes ideológicos. É considerado amigo de Lula - relação iniciada quando o presidente "não era nada" - e do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB).
Em sua mais recente visita à Bahia, em abril, Serra teve como última programação uma entrevista. no estúdio da Rádio Metrópole FM, ao apresentador Mário Kertész, que já foi prefeito de Salvador. Menos de uma semana depois, no dia 20, foi Dilma, quem "apareceu" no dial da capital baiana, em entrevista, por telefone, a José Eduardo Alves, conhecido como Bocão, apresentador da Rádio Sociedade AM.
As entrevistas não foram garimpadas pelos apresentadores ou pela produção das emissoras. Foram os próprios assessores dos candidatos que entraram em contato com as rádios. "Nosso programa tem audiência de 120 mil pessoas por minuto", justifica Bocão. "É uma rádio feita para a zona rural, para a periferia. É natural que procurem."
Na avaliação do publicitário Carlos Manhanelli, a campanha de Dilma é que está forçando essa aparição e a de Serra vai atrás. "Ela é a candidata de gabinete, que precisa aumentar sua exposição. No momento, eles estão buscando ampliar o tal índice de conhecimento. Só depois vão apresentar propostas e pedir votos", opina o publicitário.
Para Manhanelli, quando os pré-candidatos são entrevistados e cantam, por exemplo, um tango ou um samba - como Dilma e Serra já fizeram -, eles mostram aos eleitores que são humanos e "destroem a ideia de que políticos são produtos como sabonetes".
Âncora do programa Osman Lincoln é o Show, que vai ao ar na rádio Cultura Jovem Pan AM, de Joinville, Osman Lincoln entrevistou Dilma por telefone em 26 de abril. Durou 40 minutos. "A repercussão da entrevista superou todas as expectativas. A Dilma aproveitou bem o espaço para expor suas ideias. Já estamos mexendo os pauzinhos para ouvir Serra e Marina."
Segundo Sirio Possenti, o tom de voz no rádio pode ser determinante para causar uma boa impressão. "Se o candidato gagueja, não fica à vontade, passa uma ideia de insegurança, de pouca clareza. Se fala firme, parece ser uma pessoa segura e sólida."
Possenti atribui esse esforço de aparecer em programas populares a uma tendência mundial de mudança no discurso político. "A intenção dos políticos agora é parecer simpático, parecer seguro e parecer saber o que diz", explica.
Espaço na agenda. A assessoria de Dilma chegou a pedir que ela fosse ouvida pelo radialista de maior audiência do Ceará, Paulo Oliveira, quando esteve em Fortaleza em 13 de abril. A petista deu azar, pois não tinha nenhum espaço na agenda entre 5 e 9 horas da manhã - e acabou participando do programa conduzido por Ênio Carlos, titular do horário que sucede o de Paulo Oliveira, na Rádio Verdes Mares.
Serra agendou para o dia 18 deste mês sua participação no programa. O radialista pretende fazer-lhe duas perguntas básicas: "Quem é José Serra?" e "O que José Serra pretende fazer como presidente da República?". "Vou abordar também o boato de que ele não gosta de nordestino, espalhado na região nas eleições de 2002", diz Oliveira. "Ao responder perguntas maliciosas ou difíceis e mostrar que não são robôs, os candidatos tendem a se aproximar do eleitorado", afirma Possenti.
Para entenderAs mudanças na lei eleitoral aprovadas pelo Congresso no ano passado permitiram oficialmente que pré-candidatos concedam entrevistas a emissoras de rádio e televisão. De acordo com a nova regra, entrevistas não constituem propaganda eleitoral antecipada, desde que não haja pedidos de votos - os pré-candidatos podem, inclusive, expor plataformas de governo e assumir promessas de campanha.
Antes das alterações, havia margem na legislação para considerar estas entrevistas como propaganda fora de época - uma posição, no entanto, que nunca foi acolhida pela Justiça. As mudanças do ano passado apenas incorporaram a jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100510/not_imp549475,0.php

sábado, 15 de maio de 2010

ENTREVISTA AO DCI 03/05

Diário Comércio e Industria

03/05/10 - 00:00 POLÍTICA

Dilma precisa tomar as rédeas da campanha, avaliam especialistas
anderson passos

BRASÍLIA - A pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff (PT-RS), precisa tomar as rédeas de sua campanha eleitoral para evitar erros como os cometidos na largada da sua pré-candidatura. A avaliação é de cientistas políticos ouvidos pelo DCI que ainda não descartam uma eventual chapa pura do PSDB e veem a pulverização dos votos do ex-presidenciável Ciro Gomes (PSB) entre todos os concorrentes da disputa. Para os especialistas, a tensão no PT é decorrente da divisão de comando da sigla, aliada à inexperiência da candidata do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O consultor Carlos Manhanelli atribui ao PT a maior parcela de culpa do fraco desempenho de Dilma em eventos públicos e entrevistas na televisão. Para o analista, o PT está dando as cartas do discurso dela, o que não pôde fazer com o presidente Lula nas duas últimas eleições. “O Lula foi blindado pelo Duda Mendonça num acordo tácito firmado com o PT em 2002 e 2006. O João Santana [marketeiro de Dilma] não é o culpado dessas manifestações equivocadas que ela vem fazendo. Acontece que o PT está dando as cartas nesse momento, e a Dilma está perdendo o foco.” Manhanelli disse que o PT teve de “engolir Lula” e que Dilma terá de fazer movimento semelhante para não se contaminar pelas ideias do partido. “Ela tem de se impor. Tem bagagem e formação cultural para isso, diferentemente do Lula, que foi blindado.” Mais cauteloso, Ricardo Ribeiro, da MCM Consultores, reconheceu que a campanha de Dilma não vai bem, mas esquivou-se de responsabilizar o partido. Para ele, a inexperiência de Dilma está falando mais alto. “Ela fez declarações infelizes em
viagens a Minas Gerais e ao Ceará e, mais recentemente, se saiu muito mal no episódio da foto da atriz Norma Bengell publicada no site dela e na entrevista ao Datena”, lembra. Já o consultor político e professor de Comunicação da Universidade de São Paulo, Gaudêncio Torquato, disse que ainda é muito cedo para fazer uma avaliação definitiva porque a campanha, de fato, só começa após as convenções partidárias e com a propaganda gratuita em rádio e TV. Para ele, o que está ocorrendo com Dilma é que “muita gente puxa ela pelo braço” e a leva para qualquer direção. “Todo mundo cobra que a Dilma mude a sua atitude, mas é preciso ter cuidado: o eleitor percebe o artificialismo dos candidatos. A Dilma tem de ser ela mesma, apresentar as ideias que ela tem sobre o Brasil.”Dos consultores ouvidos pelo DCI, apenas Ricardo Ribeiro ainda faz menção à possibilidade de que o ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves (PSDB) componha a chapa puro-sangue como vice de José Serra. “Dependerá da campanha do Antônio Anastásia [PSDB] ao Governo de Minas. Se PT e PMDB confirmarem um entendimento no estado, os tucanos poderão investir numa nova oferta para o Aécio em troca de mais exposição ao Anastásia, por exemplo.” Torquato e Manhanelli, no entanto, defendem que a investida sobre o senador Francisco Dornelles (PP) também pode trazer bons frutos à chapa presidencial tucana. Torquato reconheceu as virtudes do pepista, mas alertou a que o PP ocupa um ministério no Governo Lula [Márcio Fortes, Cidades] e tem em São Paulo um quadro polêmico com o Paulo Maluf. Manhanelli avalia que a saída de Ciro provocará uma divisão equânime dos votos dele para Serra e Dilma.

http://www.dci.com.br/noticia.asp?id_editoria=5&id_noticia=325841

segunda-feira, 3 de maio de 2010

ENTREVISTA CORREIO BRAZILIENSE

Renata Mariz
Publicação: 30/04/2010 07:00 Atualização: 30/04/2010 08:11

Lula entre os mais influentes Revista norte-americana inclui o presidente pela segunda vez na lista das personalidades com maior prestígio internacional

O trabalho de engraxate para ajudar a família, a perda do dedo em acidente como operário de fábrica e a morte da primeira mulher na sala de parto de um hospital público constam da apresentação de Luiz Inácio Lula da Silva na revista Time, que o elegeu, ontem, um dos 25 líderes e uma das 100 pessoas mais influentes do mundo. Além de passagens sobre a origem humilde do presidente do Brasil, o texto escrito pelo cineasta Michael Moore, a pedido da publicação, aponta o Bolsa Família como um dos maiores feitos de Lula. O pré-candidato ao Planalto pelo PSDB, José Serra, principal oponente do nome petista para a sucessão, Dilma Roussef, elogiou a indicação do presidente pelo Twitter. Para especialistas em marketing político, estar na lista da Time é uma conquista invejável, mas sem grandes frutos no campo político.“É um verdadeiro prêmio ser indicado por uma das publicações mais sérias do mundo. Não só para o Lula, mas para o Brasil. Na cabeça da maioria da população, porém, essa é só uma das tantas reverências que ele já recebeu, como quando Obama o chamou de ‘o cara’”, compara o presidente da Associação Brasileira de Consultores Políticos, Carlos Manhanelli. O presidente dos Estados Unidos é outro da lista dos 25 mais influentes. Logo que a revista divulgou os nomes, chegou-se a pensar que Lula era o número um entre os premiados, por estar no topo do comunicado. Em seguida, a Time esclareceu que não existe ranking.Antenado ao Twitter, Serra foi um dos que se confundiram. Na primeira mensagem postada, afirmou: “Parabéns ao presidente Lula, escolhido líder do ano pela revista americana Time. É bom para o Brasil”. Em seguida, alertado por uma internauta sobre o esclarecimento da revista, escreveu: “Não é um ranking. O presidente Lula é um dos 25 líderes. Bom do mesmo jeito para o Brasil”. A inclusão do presidente na lista da Time é uma consequência da política externa praticada por ele, na opinião de Carlos Sérgio dos Santos Monteiro, da CP3 Consultoria, Planejamento, Publicidade e Pesquisa. “Foi uma conquista fantástica para um país que só era conhecido pelo futebol e samba há até bem pouco tempo”, comenta. Em 2004, Lula já havia aparecido na lista da Time — ocasião em que foi descrito como “a voz dos países em desenvolvimento”.Em rede nacional de rádio e TV ontem à noite pelo Dia do Trabalhador, Lula falou sobre os feitos do governo — indo das melhorias econômicas até a Copa do Mundo. Não deixou de mencionar o pré-sal como um dos passaportes do país para um futuro melhor. Enquanto o programa era divulgado, o presidente se reuniu com quatro ministros, senadores da base aliada e com José Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobras, para traçar um cronograma de votação do marco regulatório do pré-sal, no Senado. Ficou decidido que o ponto mais polêmico, os royalties, só será votado depois das eleições. Os outros projetos — criação da Petrosal, capitalização da Petrobras e o Fundo Social — têm de estar aprovados até o fim de maio. “No projeto do Fundo Social, vamos emendar o texto do modelo de partilha (das áreas a serem exploradas). Esse projeto voltará para a Câmara”, afirmou o senador Romero Jucá.

http://www.correiobraziliense.com.br/
/app/noticia182/2010/04/30/politica,i=189683/LULA+ENTRE+OS+MAIS+INFLUENTES.
shtml

domingo, 2 de maio de 2010

ENTREVISTA AO DIÁRIO DO NORTE - NATAL RGN

3 por quatro - Carlos Manhanelli: "Não há candidato de laboratório
Tribuna do Norte – Natal – R.G.N
Publicação: 02 de Maio de 2010 às 00:00

Carlos Augusto Manhanelli é considerado um dos mais ativos consultores de marketing do país. Basta uma rápida conversa para perceber a larga experiência acumulada por ele. Longe de frases prontas e jargões, Manhanelli fala com propriedade, desmistifica conceitos e aponta as mazelas da política brasileira atual. Para ele, não há candidato fabricado em laboratório. “Não é possível (fazer um candidato de laboratório). Um candidato tem que ter qualidades e condições mínimas para ser político”, destaca Carlos Manhanelli. No entanto, ele admite que as perspectivas para a política administrativa brasileira não são nada animadoras enquanto “o direito de ser candidato for hereditário”. “Enquanto o direito de ser candidato no Brasil for hereditário, ou seja, sempre os mesmos ou seus parentes e aderentes dificilmente teremos esperança de dias melhores”, analisa o escritor e consultor, que tem mais de dez livros lançados. Nessa ótica, o eleitor brasileiro também não dedica atenção às propostas coletivas. Até que ponto o eleitor dedica importância a propostas dos candidatos? O eleitor brasileiro ele realmente compara propostas? “Ele compara quando observa vantagens individuais. Poucos os que votam por melhorias coletivas”, responde de pronto. Manhanelli já participou de duas campanhas presidenciais no Brasil e no Equador, mas não revela o nome dos seus clientes. “Não revelo os nomes dos meus clientes, por isso tenho a confiança deles”, diz o autor. Manhanelli chama atenção para a diferença entre as atuações dos candidatos da chapa majoritária e proporcional. “Na majoritária, temos como condição primeira, a liderança do candidato no próprio partido. Nas proporcionais, conta a liderança geográfica ou social. Quanto ao que conta mais, não existe um fator único que leve ao voto e ao não voto. É uma somatória de fatores que fazem com que o eleitor decida o voto”, comenta o consultor. Questionado sobre qual a campanha mais difícil que já fez, em mais de 200 onde já atuou, Carlos Manhelli diz que a complicada é aquela onde o candidato busca uma assessoria de marketing, mas não sabe exatamente o que é o trabalho. “A campanha mais difícil é aquela em que o candidato contrata um trabalho de marketing e nem tem ideia do que vem a ser isso. Contrata porque ouviu falar que é bom e que precisa, mas para que serve, não tem nem ideia”, comenta o escritor. O convidado de hoje do 3 por 4 é um consultor renomado, um escritor conhecido, um profissional que traz lições na própria argumentação sobre campanha política. Começaria pegando um “gancho” com o nome do novo livro (lançado recentemente chamado “Marketing Eleitoral – O passo a passo do nascimento de um candidato”): como nasce um candidato? Nasce das necessidades da população, detectada através de pesquisas, onde se tem a convergência da verdade do candidato com essas necessidades. Muito se fala em “candidato fabricado em laboratório”. É possível? Não é possível. Um candidato tem que ter qualidades e condições mínimas para ser político. A liderança de um candidato está relacionada a quê: comunidade, sindicato, entidade? No caso de candidato a cargo proporcional, sim. Ele deve ser líder. Sem isso, não é candidato nem a inspetor de quarteirão. No trabalho que o senhor realiza de consultoria, qual a grande diferença de atuação entre o candidato da proporcional e da majoritária? O que conta mais para cada um desses candidatos? Na majoritária, temos como condição primeira a liderança do candidato no próprio partido. Nas proporcionais, conta a liderança geográfica ou social. Quanto ao que conta mais, não existe um fator único que leve ao voto e ao não voto. É uma somatória de fatores que fazem com que o eleitor decida o voto. O senhor faz um trabalho de consultoria. Perguntaria: o que difere a consultoria do assessor de marketing? Em que cada um pode colaborar para o trabalho do candidato? O assessor é aquele que trabalha diretamente com o candidato, dependendo financeiramente deste. O consultor tem o papel de médico, é terceirizado e não depende financeiramente do candidato. Os dois são importantes em qualquer situação. O senhor já trabalhou em mais de 200 campanhas políticas. O que torna uma campanha política difícil? A campanha mais difícil é aquela em que o candidato contrata um trabalho de marketing e nem tem ideia do que vem a ser isso. Contrata porque ouviu falar que é bom e que precisa, mas para que serve, não tem nem idéia. O senhor faz trabalho de consultoria não só no Brasil, mas também no exterior. O que chama atenção da campanha no Brasil da realizada nos demais países? Não existe diferença nas técnicas empregadas no Brasil e em outros países democráticos. O talento do consultor está na adaptação destas técnicas à realidade de cada país ou cidade. Até que ponto conta o carisma do candidato para ele ser eleito? Conta bastante, principalmente nas campanhas proporcionais. Qual a “fotografia” que o senhor tem do pleito de 2010 no Brasil? Neste momento é uma grande incógnita, mesmo porque a campanha eleitoral mesmo ainda não começou. Estamos tendo apenas alguns embates de pré campanha. O eleitor está interessado na campanha política ou está desinteressado? Por quê? Tem ainda poucas pessoas interessadas no processo eleitoral, mesmo porque ainda temos uma copa do mundo antes das campanhas eleitorais, que deverá permear a atenção da população por um bom tempo. Campanha eleitoral no Brasil sempre é muito cara. Até que ponto o dinheiro influencia para o candidato ganhar a eleição? A democracia tem seu preço. Quanto custou as duas ditaduras que tivemos em nosso país? Dinheiro ajuda, mas não garante eleição. Criatividade e vontade ajudam muito mais. Até que ponto a divulgação de pesquisas eleitorais influencia no voto do eleitor? Estudos nos EUA e no Brasil detectam um efeito chamado “Bad Wagon” traduzindo para o nosso “Maria vai com a outras”. Existe sim uma parcela da sociedade que é influenciada pela divulgação de pesquisas, mas é uma parcela e não sua totalidade. No pleito 2010 o que será determinante para o voto? Vários fatores serão determinantes para o voto, porem, o alto índice de aceitação do governo Lula, será sem duvida um dos fatores determinantes na hora do voto. Muito se fala em ficha-limpa. Essa discussão chega ao eleitor ou fica só na imprensa? Infelizmente fica na mídia, por enquanto. Temos que fazer um esforça para aumentar a consciência política do nosso povo. O senhor afirmou que o carisma conta muito para um candidato. É possível “construir um carisma” ou é algo nato de cada pessoa? Carisma e simpatia não se constrói. É nato. A tentativa de construção dessas qualidades parecerá teatro e o povo vai perceber sem dúvida. Se o senhor tivesse que dar um conselho para quem deseja ser candidato em 2010, o que o senhor diria? Majoritário: apresentar propostas que possam somar e trazer mais benefícios a população. Proporcional: terá que se destacar no meio de tantos. É possível ter esperança de “dias melhores” com o perfil de políticos postos hoje no Brasil? Enquanto o direito de ser candidato no Brasil for hereditário ou seja sempre os mesmos ou seus parentes e aderentes dificilmente teremos esperança de dias melhores. Até que ponto o eleitor dedica importância a propostas dos candidatos? O eleitor brasileiro realmente compara propostas? Ele compara quando observa vantagens individuais. Poucos os que votam por melhorias coletivas.
Detalhes Carlos Augusto Manhanelli, 54 anos, participou, ao longo de 35 anos de 238 campanhas políticas e eleitorais realizadas no Brasil e no Exterior, e vive dando cursos para consultores de marketing político no Brasil, América Latina, Estados Unidos, África e em diversos países da Europa. Ao contrário de consultores como Duda Mendonça, João Santana e outros, Manhanelli não faz campanhas – orienta sobre como fazê-las. Dá conselhos para os candidatos e seus assessores. Atualmente, presta consultoria em oito países, para dezenas de políticos brasileiros e candidatos presidenciais de outros países. Tem 10 livros publicados e está lançando agora o décimo primeiro no qual resume, didaticamente, toda a sua trajetória, desde seu começo nos departamentos de marketing das principais televisões brasileiras até o momento em que se enveredou pelo marketing político e eleitoral e nunca mais saiu dessa atividade. O livro Marketing Eleitoral – O passo a passo do nascimento de um candidato foi lançado pela Geração Editorial e conta com 144 páginas.
Perfil
Uma boa campanha eleitoral?A que tem um bom candidato
O que não pode faltar a um candidato?Vontade, disposição, saúde e honestidade de ações e atitudes

sábado, 1 de maio de 2010

ENTREVISTA NA REDE VIDA

Processo eleitoral é tema de entrevista na Rede Vida

Professor Manhanelli esclarece dúvidas sobre as eleições de 2010 no programa Caminhos da Comunidade

Na última sexta-feira (23), o consultor político e mestre em comunicação social, professor Carlos Manhanelli, e o sociólogo e mestrando em antropologia politica, Caio Manhanelli, firmaram um debate junto ao apresentador Sebastião Missiara, sobre as tendências da campanha eleitoral deste ano.
Todos lembraram que o confronto será mais intenso após o término da Copa do Mundo, período em que as coligações partidárias de todo o país devem estar minuciosamente articuladas.
Dentro desse contexto, o professor Manhanelli lembra que o voto é movido pela emoção e não pela razão, assim sendo, o candidato que emocionar mais, sai na frente. “O voto se conquista com o coração e não com a cabeça”, defende.
Este ano, o pleito elegerá além do presidente da República, deputados estaduais e federais, senadores e governadores em todas as cidades do país, e apesar dessa ordenação eleitoral, o consultor político lembra que as estratégias para as campanhas majoritárias e proporcionais devem ser diferenciadas. “Quem está apostando no uso na TV para as campanhas de deputado estadual e federal vai dar um tiro no pé”, entende Manhanelli justificando que o espaço de cada candidato é muito pequeno e o número de pretendentes é alto, o que não ocorre nas campanhas majoritárias, ou seja, para a presidência da República e os governos estaduais.
Uma alternativa cogitada por Missiara, no decorrer do programa, é o uso da internet, tema bastante debatido nas ‘rodas de consultoria política’. Apesar de mostrar-se como mais uma alternativa de comunicação eleitoral, o sociólogo Caio Manhanelli entende que essa ferramenta servirá prioritariamente para abastecer a mídia de informações. “É mais fácil um boato correr pela internet, do que as informações de um candidato, porque o material produzido pela internet é muito questionável”, comenta. Ainda assim, o sociólogo entende que a ferramenta contribuirá muito com a grande mídia, que utilizando-se das informações, posteriormente checadas, veicularão, levando noticias ao grande público, alvo das eleições
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